quarta-feira, 7 de julho de 2021

Deu na Imprensa - 07/07/2021

 

Os jornais tiram a crise política das manchetes de primeira página e, com exceção da edição brasileira do El País, que mantém as denúncias de corrupção no foco — 'Pirata da vacina' que negociou com ministério, Davati montou esquema para lucrar com prefeituras de MG — todos os outros tratam de assuntos diversos.

Folha destaca que São Paulo tem indício de transmissão local da variante deltaEstadão coloca no centro das atenções a indicação de André Mendonça por Jair Bolsonaro para vaga no Supremo: Ministro que agiu contra críticos é nome de Bolsonaro para o STFO Globo carrega na questão econômica: Guedes quer cortar subsídios para reduzir IR de empresas. E Valor informa que União fecha 341 mil acordos para receber R$ 100 bilhões.

Folha traz nova denúncia contra o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), acusado pela Receita Federal de simulação financeira para ocultar R$ 2,2 milhões. Alvo de PF e CPI, líder de Bolsonaro na Câmara não comprovou origem de depósitos, segundo o fisco; deputado nega irregularidades. Ele teria montado uma "engenharia" com empresas para simular operações financeiras e não ter comprovado a origem de depósitos bancários que somam R$ 2,2 milhões, de 2013 a 2015. O fisco impôs ao parlamentar uma multa de 150% sobre o valor do imposto devido, índice que é aplicado em casos de sonegação, fraude ou conluio. A cobrança contra Barros totaliza R$ 3,7 milhões. 

Ainda sobre Barros e outras denúncias de corrupção no Ministério da Saúde, Folha noticia que a sócia da empresa Precisa, responsável pela venda com suspeita de superfaturamento da Covaxin, enganou o Ministério da Saúde em compra de R$ 20 milhões na gestão de Ricardo Barros. "Sócia de empresa que vendeu vacina indiana usou 'expedientes obscuros' e fez governo crer que entregaria medicamentos em 2017", destaca o jornal.

Folha ainda relata que o dono da Precisa, empresa que fez a intermediação da vacina indiana Covaxin, escondeu durante reunião no Ministério da Saúde o preço do imunizante e manifestou "desconforto em informar valores", no mesmo momento em que a empresa fabricante na Índia, a Bharat Biotech, apresentava diretamente à pasta uma quantia a ser praticada: US$ 15 por dose.

Estadão reporta que as empresas que negociaram vacinas no Ministério da Saúde, desconhecidas no mercado, ampliaram negócios no governo Bolsonaro. Belcher Farmacêutica e Precisa Medicamentos são alvos da CPI por suspeita de irregularidades nas negociações de imunizantes.

O Globo destaca o alerta da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que denunciou ontem, durante sessão da CPI da Covid, os erros em documentos 'fajutos' apresentados pelo governo sobre a compra de Covaxin. Ela apontou uma série de erros, falsificações e até de inglês, para dizer que houve fraude e que os documentos jamais deveriam ter tramitado no ministério. O mais grave, porém, eram dados que poderiam elevar o preço pago pela pasta. Os documentos foram exibidos no mês passado pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, e pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco.

Jornais relatam que senadores da CPI da Covid apontam novos indícios de falhas na compra da Covaxin pelo governo depois da servidora do Ministério da Saúde que atua como fiscal do contrato, Regina Célia Silva Oliveira, admitir em depoimento que o processo ficou sem fiscalização por cerca de um mês. Ela também afirmou que não viu nada "atípico" no processo da Covaxin e que não cabia a ela corrigir falhas no chamado invoice, a fatura para o pagamento pelas doses. 

Hoje a CPI toma o depoimento do ex-diretor Roberto Dias, acusado por Luiz Dominguetti de pedir propina de US$ 1 por dose da Covaxin — um negócio com propina no valor de R$ 2 bilhões. Dias é acusado por Luis Ricardo Miranda, que revelou o esquema da Covaxin no Ministério da Saúde, de pressioná-lo diretamente para acelerar o processo.

Apesar de tudo isso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), voltou a afirmar que não há, neste momento, nenhum fato novo que tenha ligação direta com Bolsonaro e que justifique a abertura de um processo de impeachment. Diante de tudo isso, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) fez um apelo para que Bolsonaro se pronuncie sobre o caso.

E a desigualdade brasileira continua a crescer. Folha destaca que a pandemia empurrou 4,3 milhões para renda muito baixa nas metrópoles brasileiras. O total de pessoas em domicílios com rendimento do trabalho inferior a um quarto do salário mínimo passa para 24,5 milhões. O movimento, que preocupa pesquisadores, foi verificado na quarta edição do boletim Desigualdade nas Metrópoles. A crise tem nome, apesar de o jornal evitar denominar o responsável pelo agravamento da desigualdade brasileira: Bolsonaro e a sua política ultraliberal.

COLUNISTAS

Dos colunistas, só Bernardo Mello Franco, no Globo, trata das novas denúncias de envolvimento direto de Bolsonaro com o esquema de rachadinhas — denunciado pelo UOL na segunda-feira"O Ministério Público já havia comprovado os desvios no escritório de Flávio Bolsonaro, denunciado por organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Agora uma nova gravação situa o presidente no topo do esquema" aponta. "Esta não é a primeira vez que Bolsonaro aparece como beneficiário da rachadinha. O MP já havia descoberto que Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da primeira-dama. O procurador Augusto Aras não quis investigar o caso, e o Supremo decidiu arquivá-lo nesta semana".

Elio Gaspari escreve que o mandato de Jair Bolsonaro está em perigo"As vacinas podem lhe custar o governo", avalia.  "As pedaladas que custaram o mandato a Dilma Rousseff tinham um algo de malandragem contábil, só. O rolo das vacinas tem muito mais que isso. Ainda faltam-lhe, contudo, as digitais de Jair Bolsonaro. Os irmãos Miranda denunciaram a picaretagem indiana durante uma conversa, e ele não fez nada. É forte, mas pode ser pouco". Ele arrisca: "O mandato de Jair Bolsonaro está em perigo. Na melhor das hipóteses (para ele) a reeleição torna-se um sonho perdido que milicianos não conseguirão reativar".

No EstadãoRosângela Bittar diz que Bolsonaro pode até anular os 125 pedidos de impeachment, cobrando a generosa fatura com que garantiu a Lira o controle da Câmara. "O que o presidente não pode é evitar a presente erosão da sua popularidade. Perdas refletidas no abandono do empresariado, na debandada dos produtores rurais, no afastamento da classe média antipetista, que agora procura nova saída. São forças que o elegeram em 2018 e ele esperava multiplicar em 2022", constata. "Resumo da ópera: Bolsonaro minguou eleitoralmente e, ao que tudo indica, irreversivelmente".

ÍNDIOS

Painel da Folha noticia que entidades da sociedade civil acionaram a ONU contra projeto que dificulta demarcação de terras indígenas no Brasil. Conectas, Apib e outras pedem que organização cobre medidas da Câmara e do Senado. Elas encaminharam um "apelo urgente" em que pedem à organização que cobre medidas imediatas de autoridades brasileiras sobre a possível aprovação do Projeto de Lei 490. O texto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e, segundo as entidades, inviabiliza a demarcação de terras indígenas, ameaça os territórios existentes e tira direitos previstos na Constituição.

PRIVATIZAÇÕES

Estadão noticia que o procurador-geral da República, Augusto Aras, diz que serviços postais e correio aéreo nacional não podem ser privatizados como quer o governo. Parecer enviado pelo procurador-geral da República ao STF vem no mesmo dia em que o Ministério da Economia anunciou a venda de 100% dos Correios. Ele diz que é inconstitucional a privatização do serviço postal e do correio aéreo nacional por meio de projeto de lei, como o governo tenta no Congresso. Seria necessária a aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC).  A Câmara pautou para votar este mês o projeto que abre caminho para a privatização dos Correios. O projeto também transforma a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), fundada em 1969, durante a ditadura militar, em sociedade de economia mista. 

ECONOMIA

Jornais destacam que o Ministério da Economia quer estimular a guerra de empresas para cortar R$ 40 bilhões em subsídios e reduzir Imposto de Renda. Pressionado a promover uma redução mais forte da carga tributária sobre empresas, o ministro Paulo Guedes decidiu acoplar a reforma do Imposto de Renda a uma proposta de corte de subsídios. A redução dos incentivos tributários será usada pelo governo como mecanismo de compensação para viabilizar uma redução de até dez pontos percentuais do IR sobre pessoas jurídicas. O objetivo é buscar um corte de até R$ 40 bilhões em diversos incentivos.

REFORMA POLÍTICA

Coluna do Estadão registra que em encontro na residência oficial da Câmara a maioria dos presidentes de partidos demonstrou ser contra a proposta do "distritão". Estavam no encontro Baleia Rossi (MDB), Ciro Nogueira (PP), Gilberto Kassab (PSD), Luciano Bivar (PSL), além da própria relatora da reforma política e presidente do Podemos, Renata Abreu (SP). Lira, que até aqui vinha se empenhando na mudança, disse que se manterá neutro. Porém, apesar dessa posição, dirigentes disseram que bancadas estão divididas.

BRASIL NA GRINGA

Reportagem do português Diário de Notícias destaca que corrupção na compra de vacinas pode derrubar Bolsonaro"Ministério da Saúde pressionou pela aquisição de Covaxin a preços sobrefaturados. E quis desviar um dólar por cada dose de AstraZeneca. Presidente é acusado de crimes como prevaricação, charlatanismo, lesa-humanidade e, talvez, corrupção ativa e passiva", resume o correspondente João Almeida Moreira.

O inglês The Guardian noticia que o Brasil começa a reprimir 'sommeliers de vacinas' na pandemia"Cidades de todo o Brasil estão reprimindo os "sommeliers de vacinas" que buscam escolher suas doses de Covid, apesar da epidemia devastadora que ainda atinge a maior nação da América Latina", escreve o correspondente Tom Phillips"Mais de meio milhão de brasileiros perderam suas vidas em um surto que o presidente do país, Jair Bolsonaro, é acusado de maltratar ruinosamente. Mesmo assim, alguns cidadãos se mostraram surpreendentemente seletivos quanto à marca de vacina que recebem".

O argentino Página 12 noticia a circulação da variante Delta do coronavírus no Brasil"Detectados dois casos de circulação local da variante Delta do coronavírus em seu território. Eles são um homem de 30 anos e uma mulher de 22 anos, ambos do estado do Rio de Janeiro. Ambos contraíram a doença localmente, pois não viajaram para o exterior", informa. "Os dois casos foram descobertos por sequenciamento genômico e confirmados nas cidades de Seropédica e São João de Meriti. Em São João de Meriti, é a paciente de 22 anos que, segundo a prefeitura, está 'isolada em sua residência, onde recebe tratamento e fará novo exame sete dias depois'".

INTERNACIONAL

Um dos destaques do dia no noticiário internacional é o assassinato do presidente haitiano, Jovenel Moise, morto a tiros. Homens armados invadiram sua residência em Porto Príncipe. A primeira-dama está ferida. Filho de um comerciante e de uma costureira, Jovenel Moïse estava à frente do país onde a tensão aumenta semana após semana. Soma-se à crise política um ano de pavor devido à pandemia do coronavírus, aos furacões e à onda de violência e sequestros que deixaram a anestesiada a uma população que tem mais armas em seu poder do que nunca.

Washington Post destaca na primeira página — embora não em manchete principal — que aumento da taxa nos EUA pode desencadear problemas no mundo em desenvolvimento"Ministros das finanças globais se reunirão em meio a preocupações sobre os níveis de dívida nos países em desenvolvimento", reporta. "A retomada dos fluxos financeiros privados para a África, Ásia e América Latina afastou a onda antecipada de inadimplências e reestruturações de dívidas. Mas fez isso ao custo de aumentar uma pilha de dívidas já inchada: o total de empréstimos dos mercados emergentes chegou a US$ 86 trilhões no final de março, mais de US$ 11 trilhões durante a pandemia".

Ainda no noticiário internacional, o Diário do Povo — órgão do Partido Comunista da China — destaca em manchete de primeira página que o presidente Xi Jinping exorta os partidos políticos mundiais a assumir a responsabilidade pela busca do bem-estar das pessoas, o progresso da humanidade. Os pontos centrais da fala dele no encontro da Cúpula Mundial dos Partidos Políticos: 1. Os partidos políticos precisam definir o curso certo e assumir sua responsabilidade histórica para garantir o bem-estar do povo e buscar o progresso da humanidade. 2. Diante da pandemia, os partidos devem se opor à prática de politizar a pandemia ou anexar um rótulo geográfico ao vírus. 3. Os partidos devem se opor conjuntamente à prática de buscar o bloqueio e a divisão de tecnologia, bem como a dissociação. 4. "O julgamento sobre se um país é democrático ou não deve ser feito por seu povo, não por um punhado de outros". 5. "A China nunca buscará hegemonia, expansão ou esfera de influência".

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Governo estende auxílio emergencial até outubro

Estadão: Isenção a 'super-ricos' no IR é de 60%; demais contribuintes têm 25% 

Folha: SP tem indício de transmissão local da variante delta

Estadão: Ministro que agiu contra críticos é nome de Bolsonaro para o STF 

O Globo: Guedes quer cortar subsídios para reduzir IR de empresas

Valor: União fecha 341 mil acordos para receber R$ 100 bilhões

El País (Brasil): 'Pirata da vacina' que negociou com ministério, Davati montou esquema para lucrar com prefeituras de MG

BBC Brasil: Quem é André Mendonça, advogado e pastor indicado por Bolsonaro ao STF

UOL: Receita acusa Barros de simulação financeira para ocultar R$ 2,2 milhões

G1: CPI questiona hoje ex-diretor do Ministério da Saúde sobre suposto pedido de propina

R7: Ações contra reajustes feitos pelas operadoras dos planos de saúde sobem 1.600% em 2 anos

Luis Nassif: China amplia a participação no comércio exterior brasileiro

Tijolaço: A 'terceira via' virou pó

Brasil 247: Receita Federal acusa Ricardo Barros de simulação financeira para ocultar R$ 2,2 milhões

DCM: Mãe de Jair Renan chantageou Bolsonaro para usar seu sobrenome na eleição

Rede Brasil Atual: Lira manda Câmara começar a discutir mudanças nos planos de saúde

Brasil de Fato: Depoimento de fiscal do Ministério da Saúde reforça irregularidades no contrato da Covaxin

Ópera Mundi: Breno Altman: Frente Ampla uruguaia é exemplo para esquerda brasileira

Fórum: "Últimos dias de pobre": Negociadores da Davati celebravam valores de venda suspeita de vacina

Poder 360: Maior operação contra a corrupção, Lava Jato sai de cena quase esquecida

Vi o Mundo: Brasil volta a experimentar militares no poder: desmanche, morticínio, privilégios e, sim, muita corrupção

New York Times: Eric Adams vence a primária democrata para prefeito de Nova York

Washington Post: Pentágono cancela contrato JEDI de US$ 10 bilhões

WSJ: Wall Street dividida sobre forçar banqueiros a retornar ao escritório

Financial Times: Negócios temem "carnificina" de pessoal antes do fim das regras de isolamento

The Guardian: Receios de que 10 milhões possam enfrentar o isolamento no verão com o aumento de casos de Covid-19

The Times: Regras de viagem descartadas em semanas para vacinados

Le Monde: Vacinação: mais medidas de incentivo em estudo 

Libération: Axel Kahn. Morte de um homem de palavras

El País: Governo catalão cria um fundo para avaliar 34 ex-funcionários de alto escalão

El Mundo: Lei de Segurança Nacional. O presidente reserva plenos poderes em situações de emergência

Clarín: Ficam 14 mil no exterior e o governo não define quando poderão voltar

Página 12: Millagro na Praça de Maio

Granma: Raúl e Díaz-Canel transmitem seus desejos de uma recuperação rápida ao Papa Francisco

Diário de Notícias: Tribunais libertam cidadãos de confinamentos. Profissionais de saúde sentem-se desautorizados

Público: Portugal volta a ter mais de um milhão de pessoas sem médico de família

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Esperando pelo Talibã

The Moscow Times: Nove corpos recuperados de acidente de avião no Extremo Oriente da Rússia

Global Times: Defender o multilateralismo, buscar cooperação, diz Xi na reunião

Diário do Povo: Xi exorta os partidos políticos mundiais a assumir a responsabilidade pela busca do bem-estar das pessoas, o progresso da humanidade

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