segunda-feira, 19 de julho de 2021

O método Bolsonaro: um golpe à democracia em câmera lenta

 


O presidente Jair Bolsonaro não é o primeiro populista de extrema direita no mundo. Mas, sem dúvida, "é o adversário mais poderoso que a democracia brasileira já enfrentou em meio século”. A definição foi feita em 2019 por Yascha Mounk, professor da Universidade John Hopkins (EUA), em seu livro O povo contra a democracia, em que ele retratou como os líderes de países como Turquia, Hungria e Filipinas, uma vez eleitos, destroem o regime democrático por dentro. Em pouco mais de dois anos e meio na Presidência do Brasil, Bolsonaro desenhou um claro modus operandi, que é esmiuçado pela equipe do EL PAÍS em uma reportagem especial publicada neste domingo. Uma tática de erosão democrática amarrada a um projeto global.

Enquanto parte de sua atividade se concentra em perseguir seus críticos, inventar notícias falsas e fomentar crises políticas com os outros Poderes, a máquina do Estado é utilizada para fortalecer os pilares que poderiam sustentá-lo no Governo para além do voto. Se sua estratégia discursiva parece uma cópia da empregada por Donald Trump nos Estados Unidos, sua metodologia mais poderosa é, paradoxalmente, a mesma a adotada pelo chavismo: garantir a lealdade dos militares, a espinha dorsal do Governo.

O correspondente Mauricio Vicent narra, de Havana, como está Cuba depois dos protestos vividos há uma semana e explica as nuances que fizeram a situação explodir na ilha. No Malecón, em cada esquina de seus sete quilômetros há dois ou três policiais. De vez em quando, em alguns parques se veem grupos de civis gritando lemas para reafirmar sua adesão à revolução. Já no Brasil, Felipe Betim conta como criticar o regime de Cuba ainda é um tabu entre a esquerda.

Dos Estados Unidos, Amanda Mars conta a história de Joe Ligon, o condenado juvenil à prisão perpétua que mais tempo ficou encarcerado no país. Ele foi preso aos 15 anos e deixou a prisão aos 83. Foi pela televisão que ele viu a história passar: a Guerra do Vietnã, a chegada do homem à Lua, os atentados do 11 de Setembro, o primeiro transplante de coração, a eleição de Donald Trump. “As notícias das cinco [da tarde] me levavam em viagem pelo mundo", diz ele.


O método Bolsonaro: um assalto à democracia em câmera lenta
O método Bolsonaro: um assalto à democracia em câmera lenta
Em quase três anos de Governo, presidente promove corrosão da democracia, quebra pactos sociais do Brasil e, seguindo o modelo ultradireitista de outros países, ameaça um legado de 36 anos de regimes democráticos

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