sábado, 3 de julho de 2021

Aliados improváveis se unem em protestos contra Bolsonaro neste sábado

 


No Brasil existem aproximadamente 114 grupos indígenas que desconhecem o jogo político em Brasília, mas podem vir a ser totalmente afetados pelas decisões tomadas naquele tabuleiro. Gil Alessi conta como estes nativos isolados da Amazônia Legal — que, por decisão própria, não possuem qualquer contato com a sociedade — podem ser extintos caso o PL 490/2007 seja aprovado. O projeto, que autoriza as possibilidades de contato com as aldeias dos rincões amazônicos, abre as portas para o “genocídio” indígena. Em tramitação na Câmara dos Deputados, o PL é a representação "da anti-política que desmantela o arcabouço legal criado ao longo das últimas décadas para garantir a igualdade forma e material dos povos indígenas no Brasil”, escrevem Laura Trajber Waisbich e Ilona Szabó, do Instituto Igarapé.

As novas denúncias de corrupção contra Jair Bolsonaro e o alto escalão de seu Governo na gestão da crise sanitária no Brasil embalam, neste sábado, uma nova onda de protestos de rua pelo impeachment do presidente. Desta vez, é o ensaio, ainda precário, de união de movimentos  e atores de diferentes ideologias que tentam amplificar a força das manifestações nas grandes capitais. O objetivo é tentar provar que o Arthur Lira, o presidente da Câmara que tem o poder de começar ou não um processo de destituição, está errado quando diz que não há apoio, nem sequer nas ruas, para a queda do presidente. Acompanhe com o EL PAÍS as manifestações em tempo real. Enquanto isso, no plano legal, não houve espaço de manobra para o procurador-geral da República, Augusto Aras. Nesta sexta-feira, provocado pelo Supremo Tribunal Federal, o chefe da PGR teve de levar adiante a  investigação contra Bolsonaro no caso Covaxin. A repórter Marina Rossi explica que o que está em jogo no inquérito, autorizado no Supremo ainda na sexta à noite.

Passadas algumas semanas do início da Copa América no Brasil há uma conclusão reinante: este é um evento ofuscado. Ofuscado pela pandemia de covid-19, por uma seleção que, apesar de boa performance, parece não empolgar fora dos empurrões da TV Globo, que não transmite o torneio, e pelas revelações da CPI da Pandemia. Diogo Magri conversou com especialistas sobre a impopularidade do campeonato, classificado como um “tiro na água” por muitos. "Bolsonaro quis usar a Copa América como uma cortina de fumaça. Mas é um delírio achar que o esporte tem esse poder mágico de anestesiar a sociedade da forma que o Governo pensa”, opina José Paulo Florenzano, antropólogo do esporte e professor da PUC-SP.

Para refletir no fim de semana semana, uma longa entrevista de Borja Hermoso com Pierre Lévy, o filósofo tunisiano que há 30 anos já falava e escrevia com desenvoltura sobre assuntos como o teletrabalho, as fake news e a realidade virtual. Um visionário que defende as possibilidades educativas, culturais e sociais das novas tecnologias digitais, ele alerta para seus abusos e perigos. "A partir do momento em que há linguagem, há mentira e há manipulação. A natureza humana não se transformou, continua sendo a mesma. Assim, no fundo, essas possibilidades tecnológicas são como um espelho que nos faz nos refletirmos nele, e ver o melhor que há em nós… e também o pior", diz.



Indígenas isolados entram em risco de extinção com avanço de PL na Câmara
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