O secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, e o de Desburocratização, Paulo Uebel, pediram demissão ontem, no final do dia.
São a sétima e oitava baixas da equipe econômica que assumiu o governo junto ao ministro Paulo Guedes. “Ele me diz que é muito difícil privatizar”, explicou Guedes, a respeito de Mattar. “Ele reclama que a reforma administrativa parou, disse sobre Uebel. “Se me perguntarem se houve uma debandada hoje, houve”, continuou. “Quem dá o timming é a política, quem tem voto é a política. Se o presidente da Câmara quiser pautar algo, é pautado. Se o presidente da República quiser mandar uma reforma, é mandado. Se não quiser, não é mandado. Quem manda não é o ministro e nem os secretários. E os secretários, enquanto o negócio não anda, podem desistir ou insistir. A nossa reação à debandada que aconteceu hoje é acelerar as reformas. É mostrar que, olha, nós vamos privatizar. Nós vamos insistir nesse caminho. Pelo menos, nós vamos lutar.” Ao assumir o cargo, Paulo Guedes falava em vender estatais à soma de R$ 1 trilhão. Em 2019. Desde então, nenhuma estatal foi vendida e uma foi criada. (Poder 360)
Enquanto geria a debandada, Guedes se reunia, também, com os presidentes de Câmara e Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. Com eles, defendeu a manutenção do teto de gastos. “Os conselheiros do presidente que estão aconselhando a pular a cerca e furar teto vão levar o presidente para uma zona sombria, uma zona de impeachment, de irresponsabilidade fiscal. O presidente sabe disso, o presidente tem nos apoiado.” (G1)
Conheça: Os oito nomes que já debandaram da equipe econômica, incluindo Joaquim Levy, Mansueto Almeida e Marcos Cintra. (Globo)
Fábio Zanini: “Mattar cuidava da redução do Leviatã, como gosta de definir o próprio Guedes, e Uebel tratava de livrar o empreendedor brasileiro das amarras oficiais. Não é à toa que a reação imediata à saída dos secretários foi de decretar a morte do casamento conservador-liberal que elegeu Jair Bolsonaro. Em fevereiro de 2018, quando era apenas ‘o economista de Bolsonaro’ e a vitória do capitão ainda era vista com extremo descrédito, Guedes deu uma de suas primeiras entrevistas de fôlego. Prometeu um governo menor, dizendo que o país era ‘paraíso dos rentistas e inferno dos empreendedores’. Fez também pregação de fé sobre um amplo programa de privatizações, que tocaria até em vacas sagradas. ‘Se privatizar tudo, você zera a dívida, tem muito recurso para saúde e educação. Ah, mas eu não quero privatizar tudo. Privatiza metade, então. Já baixa metade da dívida’, disse. Questionado se havia clima político para isso, devolveu a pergunta. ‘É o contrário: tem clima para não privatizar? Você vê clima para continuar com as estatais? Por que não pode vender o Correio? Por que não pode vender a Petrobras?’ Dois anos e meio, os atrasos na trinca privatização-desoneração-desregulamentação emparedaram Guedes. O Leviatã está sendo osso duro do roer.” (Folha)
Vera Magalhães: “Minha mãe era a rainha dos adágios. Um dos que ela achava mais divertidos (e politicamente incorretíssimo) era, se referindo a qualquer pessoa de que não gostasse: ‘Fulano para idiota só faltam as penas.’ Ao incauto que objetasse que idiota não tem penas, ela completava, triunfante: ‘Então não falta nada.’ Para o governo Jair Bolsonaro descambar para o nacional-desenvolvimentismo, só faltam as penas. Neste caso, as penas são a saída de Paulo Guedes. O ministro da Economia vem resistindo. Haja Karl Popper para justificar, talvez para si próprio, como continuar acreditando que um governo que colocou as reformas em banho-maria para comprar um plano do governo Médici recauchutado, ainda pode ser chamado de liberal. Na verdade, há algum tempo já, os bolsonaristas raiz passaram a incluir os liberais no mesmo saco de pancadas em que colocam comunistas, isentões e outros inimigos imaginários. Os próprios filhos do presidente entoam a cantilena de que os liberais querem destruir Bolsonaro.” (Estadão)
O ministro da Justiça, André Mendonça, se recusou a enviar o dossiê que coletava informações sobre servidores públicos por serem antifascistas ao Supremo. Perante a pressão do Congresso, não resistiu. Uma cópia foi enviada para a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência. (BR Político)
Meio em vídeo: Professor de Literatura da Uerj, João Cezar de Castro Rocha leu, assistiu e ouviu o principal da produção do bolsonarismo para compreender a visão muito particular que o governo tem da história recente do Brasil. É a partir dela que lê o país e o mundo, assim como escolhe atuar. Nossa entrevista da semana. Assista.
A senadora Kamala Harris, da Califórnia, completará a chapa do democrata Joe Biden como candidata à vice-presidência americana. Filha de um pai jamaicano e de uma mãe indiana, ela é a primeira mulher negra a estar numa chapa presidencial de um dos dois grandes partidos e, aos 55, já tem uma extensa carreira política. Foi procuradora-geral da Califórnia e, no Senado, tem assento em duas das principais comissões — a de Justiça e a de Inteligência. Por sua política mais rígida com o crime, o que teria levado a um aumento desproporcional da prisão de jovens pobres na Califórnia, é criticada pela esquerda. Mas seu perfil atrai eleitores mais ao centro, que é o objetivo de Biden. O candidato à presidência democrata tem 77 anos — a idade que Ronald Reagan tinha ao deixar a Casa Branca. E ele foi o presidente mais velho no cargo. No caso de sua eleição, portanto, Harris deve ser a candidata do partido já em 2024. (Vox)
Alexander Burns e Katie Glueck: “A escolha reflete um reconhecimento empático da diversidade da coalizão do Partido Democrata e o papel fundamental que mulheres negras, particularmente, têm na legenda. Sem seu apoio, Biden dificilmente teria sido nomeado candidato. Ao escolher uma mulher negra, ele mostra reconhecer esta imensa dívida política. Quando os democratas finalmente aprovarem Harris como vice, em um mês, eles provavelmente estarão também a indicando como líder do partido na corrida presidencial e 2024.” (New York Times) |
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