quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Guedes quer fim do abono salarial por Renda Brasil


O impasse para construção do sucessor do Bolsa Família segue. O ministro Paulo Guedes propõe extinguir o abono salarial — o valor, pago a 23,3 milhões de trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, representa anualmente R$ 18,3 bilhões. Seria o suficiente para arcar com 83% do novo benefício, o Renda Brasil. Hoje, o Bolsa Família paga em média R$ 190 mensais a 14 milhões de famílias. O presidente Jair Bolsonaro gostaria de atingir 20 milhões de famílias e pagar pelo menos R$ 300 ao mês. Ele acredita que conseguirá, assim, suplantar a memória dos anos Lula e consolidar uma base de eleitores. No Ministério da Economia, a dificuldade é fazer com que o programa não ultrapasse o teto de gastos. Bolsonaro não gosta da ideia de extinguir o abono e Guedes enfrentará resistência também no Congresso Nacional. (Globo)

Então... O Senado aprovou, ontem, convite para que Guedes vá se explicar. Na semana passada, quando a Casa derrubou o veto presidencial à autorização de reajustes salariais para servidores públicos, o ministro afirmou que os senadores haviam cometido “um crime contra o país”. Os parlamentares gostariam de entender o que ele quis dizer. (G1)

A situação do ministro não é boa. Ontem, ele escolheu não ir ao Palácio para assistir ao evento de lançamento do Casa Verde e Amarela, substituto do programa Minha Casa, Minha Vida. O convite para Guedes veio com insistência. Muitas das autoridades no Palácio ouvidas pela jornalista Carla Araújo especulavam nomes que poderiam substituí-lo. Ao menos no entorno do presidente, vontade de fritá-lo, há. (UOL)

Pois é... A sensibilidade social do presidente ainda requer ajustes. Discursando na abertura do Congresso Nacional da Associação de Bares e Restaurantes, lamentou o fim do trabalho infantil. “Meu primeiro emprego, sem carteira assinada, eu tinha 10 anos”, ele comentou. “Bons tempos, né? Onde menor podia trabalhar. Hoje, ele pode fazer tudo, menos trabalhar, inclusive cheirar um paralelepípedo de crack.” (Globo)

Merval Pereira: “Discute-se no entorno do presidente se ele deve largar de lado a fantasia que usou nos meses recentes e reassumir seu verdadeiro eu, agressivo e desbocado, ou se deve continuar calado, sem se manifestar, como se fosse uma pessoa sensata que pensa antes de falar. A cautela que manteve desde a prisão de Fabrício Queiroz, recomendada pela imprevisibilidade das consequências, trouxe dividendos para sua melhora de popularidade, ou ela deveu-se apenas ao auxílio emergencial para a Covid-19? São casos graves no caminho de Bolsonaro para a sonhada reeleição. Ele vai ter que avaliar qual a melhor fantasia para tentar superar os obstáculos.” (Globo)

Vinicius Torres Freire: “Jair Bolsonaro quer mais do que dobrar a despesa com o Bolsa Família, associar o programa a um plano de emprego e rebatizá-lo de ‘Renda Brasil’ ou de ‘Alguma Coisa Verde Amarela’. Não há dinheiro. Assim, o governo faz um psicodrama fiscal em público: ‘Bolsonaro quer’; ‘heroica equipe econômica se debate’ para encontrar o tutu. Não vai achar a não ser que: 1) derrube o teto de gastos; 2) corte salários de servidores: vai ser a próxima ofensiva, que tem apoio de Rodrigo Maia e ganha ares de campanha; 3) acabe com vinculações e indexação de despesas previstas na Constituição (como o piso para saúde e educação ou o reajuste do salário mínimo pela inflação).” (Folha)



Volta com força a articulação dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, sobre a possibilidade de concorrerem à reeleição na mesma legislatura. Os dois vêm conversando nos bastidores com os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. No Supremo, a avaliação é de que os dois vêm desempenhando papel fundamental no equilíbrio entre os poderes. (Estadão)

Não é coincidência... O grupo Muda Senado, que inclui cerca de 20 senadores e prega combate à corrupção decidiu que não insistirá mais na criação da CPI da Lava Toga, conta Guilherme Amado. Um dos argumentos usados por Alcolumbre no STF para defender sua reeleição é que um dos membros do grupo pode terminar eleito. (Época)



A ministra Cármen Lúcia deu ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, 48 horas para que explique a decisão de lançar a nova cédula de R$ 200. Três partidos — PSB, Rede e Podemos — foram ao Supremo argumentar que a nota facilitaria crimes financeiros e lavagem de dinheiro. (Globo)

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