Uma menina capixaba, de 10 anos, viajou por primeira vez de avião com destino a Recife. Ao lado da avó e levando consigo um sapo de pano a tiracolo, ela seguia para cumprir seu desejo, apoiado pela mulher que a cria, e pelo Código Penal brasileiro. Estuprada pelo tio desde os 6 anos, ela engravidou sem saber o que isso significava. Seu caso seria apenas mais um num país em que quatro meninas de até 13 anos são estupradas a cada hora. Mas virou alvo de joguete político, com holofotes da ministra da Secretaria da Mulher, Damares Alves. A clínica em que iniciou o procedimento foi cercada por conservadores histéricos, que ficaram cegos para a monstruosidade que ela viveu. Apoiada pelo doutor Olímpio Moraes Filho, a vítima —uma criança negra e de uma família pobre—, foi acolhida por uma equipe que se emocionou com sua disposição de encarar seu drama e em proteger sua vida, uma vez que a gravidez em tão tenra idade é de risco.
Outros médicos deram o que falar neste final de semana. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta fez um alerta forte sobre o Sistema Único de Saúde que, segundo ele, foi minado pelo Governo, como contou aos repórteres Afonso Benites e Beatriz Jucá. “O que vem pela frente é mais complicado do que o que já ficou para trás”, disse ele, a respeito das ações preventivas de saúde que deixaram de ser tocadas e que podem causar uma explosão de outras doenças no futuro. “Quando voltarmos a fazer as mamografias, vamos encontrar muito câncer de mama já com metástase, no estágio quatro.” Nesta edição você lê também o perfil do ministro interino na Saúde, Eduardo Pazuello, escrito por Naiara Galarraga Cortázar. Esse militar, que ao chegar ao Ministério admitiu não saber nada de saúde, costuma insistir que não é nem médico nem político. Seu negócio é a gestão, a logística, a intendência. Mas suas qualidades não são celebradas por quase 90% dos brasileiros que sequer sabem seu nome, segundo o Datafolha.
No exterior, um mar de gente na Bielorrússia exige novas eleições, depois da vitória de Aleksandr Lukashenko, que governa o país desde 1994. Há suspeitas de fraudes no pleito, e os bielorrussos exigem a sua renúncia, nas maiores mobilizações da história da Bielorrússia.
E nesta segunda o EL PAÍS entrevista ao vivo a deputada Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da CPMI das fake news no Congresso. A parlamentar será entrevistada pelo colunista do EL PAÍS Xico Sá e pelo correspondente em Brasília Afonso Benites. A conversa será transmitida ao vivo, às 16h, no site, redes sociais e canal do YouTube do jornal. Acompanhe.
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segunda-feira, 17 de agosto de 2020
O médico e os monstros no estupro de uma menina de 10 anos
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