Witzel afastado do Governo do Rio

A sexta-feira acordou com a adrenalina a mil no Rio de Janeiro. O governador Wilson Witzel foi afastado do cargo por decisão do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, ao mesmo tempo em que uma operação policial bateu na casa de servidores públicos e empresários em investigação sobre fraudes no sistema de saúde em plena crise da covid-19. O pastor Everaldo Pereira, presidente do Partido Social Cristão, foi preso. Justiça ou disputa política? Witzel teve uma eleição surpreendente em 2018 depois de colar seu nome ao do presidente Jair Bolsonaro na reta final da disputa eleitoral. Mas em setembro de 2019 a relação azedou com a clara disposição do governador do Rio mirar a disputa presidencial de 2022 e seu interesse explícito em se afastar do presidente. Nesta edição trazemos também o dilema da volta às aulas em duas capitais, São Paulo, epicentro da covid-19 no Brasil, e Manaus,  “Se meu filho perder um ano, não vai fazer diferença para ele lá na frente. Mas se eu perder um filho, sim. Prefiro perder um ano a perder um filho”. A pesquisadora Érika Andreassy, 47, está há quase cinco meses trabalhando em casa com a presença dos dois filhos, João Pedro, 15, e Camilo, 10, ambos estudantes de escolas públicas de São Paulo. “Está bem puxado”, diz ela, que não conta com mais ninguém para dividir os cuidados. O caso dela exemplifica as angústias sobre a volta às aulas na cidade, uma perspectiva que põe o sindicato dos professores em franca resistência, explica a reportagem de Marina Rossi. Para aprofundar a discussão, o EL PAÍS foi até o Amazonas, laboratório da volta às aulas presenciais no Brasil, onde as escolas de ensino médio estaduais reabriram em 10 de agosto. A capital Manaus atravessa a segunda semana de retomada com ao menos 10% dos professores da rede pública com testes positivos para o novo coronavírus e com protesto dos professores. “Estou meio com medo ainda. Tem gente morrendo. Não queria voltar, não”, diz o estudante Felipe dos Santos à repórter Steffanie Schmidt. Manaus reabre escolas quando as mortes por covid-19 voltam a crescer. Ainda nesta edição, a correspondente Naiara Galarraga Gortázar conta a extraordinária visita de indígenas isolados a uma aldeia remota no Acre. Mais de dez deles se aproximaram amigavelmente e conviveram durante horas com seus anfitriões para surpresa de especialistas.