A capital libanesa, Beirute, foi atingida ontem por uma violenta explosão que atravessou quarteirões, matou pelo menos 100 na conta conhecida até esta manhã às 7h, e feriu mais de 4 mil. O Instagram @locatevictimsbeirut foi erguido para que as pessoas publiquem fotografias dos que ainda não apareceram. Segundo o canal de TV local MTV, pelo menos 250 mil pessoas ficaram sem suas casas. A crise pode se tornar rapidamente mais grave nos próximos dias — foram destruídos os silos de grãos do porto, levando 80% do estoque libanês de trigo num país em que o pão é a base das refeições. (Guardian)
No total, foram duas as explosões — a segunda, muito maior, foi sentida no Chipre, a quase 250 quilômetros de distância, ergueu uma nuvem em cogumelo que se dissipou num halo, com o núcleo central denso e avermelhado, e foi seguida por uma onda de choque que estilhaçou vidros num raio de dez quilômetros. A desconfiança do governo, no momento, é de que a primeira ocorreu em um armazém de fogos de artifício na região do porto. A segunda explosão se deu após a ignição de 2,7 mil toneladas de nitrato de amônia, estocados ali perto desde que confiscados pelo governo, faz seis anos. O produto químico é usado em fertilizantes mas tem a característica de oxigenar incêndios, o que o torna componente de muitos explosivos, aumentando seu potencial destrutivo. O governo libanês não descarta a possibilidade de atentado terrorista, mas não é a hipótese principal com a qual trabalha. (New York Times)
Filmada por inúmeros ângulos: assista à explosão. (G1)
Guga Chacra: “Impossível pensar uma catástrofe maior do que a do Líbano. Uma nação em colapso econômico, crise política, pandemia e agora esta gigantesca explosão no porto de Beirute. Triste. A economia libanesa dependia de um movimento contínuo de envio de remessas da diáspora e, em menor escala, de outros estrangeiros para o Líbano. Era praticamente um esquema de pirâmide. Durou mais de duas décadas e sobreviveu inclusive à guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006 e aos anos de guerra civil na vizinha Síria. Mas não resistiu aos protestos contra a corrupção e o sistema político e à pandemia. A pressão cresceu e o país entrou em um colapso financeiro similar ao da Argentina em 2001, quando seu esquema de câmbio fixo e juros altos também naufragou. A crise política também persiste. Muitos libaneses não se sentem representados. O país possui um sistema sectário, no qual o poder é dividido entre as principais religiões. O presidente é cristão maronita; o premier, muçulmano sunita; e o presidente do Parlamento, muçulmano xiita. Até instalaram um governo tecnocrático recentemente, mas foi insuficiente para amenizar a situação e a chegar a um acordo com o FMI para o país ter fundos para cumprir as suas obrigações.” (Globo)
O senador Flávio Bolsonaro admitiu pela primeira vez, em entrevista exclusiva aos repórteres Paulo Cappelli e Thago Prado, do Globo, que seu ex-chefe de gabinete Fabrício Queiroz pagava suas contas pessoais. De acordo com ele, com recursos de suas contas pessoais que nada tinham a ver com depósitos irregulares. “Pode ser que, por ventura eu tenha mandado, sim, o Queiroz pagar uma conta minha. Pego dinheiro meu, dou para ele, ele vai ao banco e paga para mim”, afirmou. “Querer vincular isso a alguma espécie de esquema que eu tenha com o Queiroz é como criminalizar qualquer secretário que vá pagar a conta de um patrão no banco.” O filho Zero Um nega origem ilícita. “Minhas contas são investigadas desde 2007. Se você pegar esse dinheiro, R$ 120 mil, e diluir em 12 anos, vai dar R$ 1.000 por mês. Isso é muito? Não é muito. Qualquer plano familiar baratinho é mais do que isso. Não tem ilegalidade. A origem dos recursos é toda lícita. Tenho uma vida simples para caramba. Não esbanjo nada. Meu modo de vida passa longe de uma pessoa rica. Tenho meu conforto e sempre trabalhei muito para isso. Sou deputado estadual desde os 20 anos. Quando ainda era deputado, morava com a minha mãe. Consegui fazer uma economia e construí meu patrimônio. Tudo o que faço e o que tenho é declarado. O problema não sou eu que declaro o que tenho. O problema é quem não declara o que tem, bota em nome de amante, de laranja. O que não é o meu caso.” (Globo)
Vera Magalhães: “Não se pode dizer que quem permaneceu no governo depois da dantesca reunião ministerial de 22 de abril não seguiu as ordens do chefe. Escancarar a questão das armas, dar acesso a Jair Bolsonaro a relatórios de inteligência, criar um serviço de arapongagem paralelo e ‘passar a boiada’ na desregulamentação ambiental prescindindo do Congresso. Foi tudo dito, sem medir as palavras. Está tudo sendo feito. André Mendonça ganhou o lugar de Sérgio Moro pela sua lealdade ao presidente e agora terá de explicar ao Supremo e ao Congresso se e com que intenção mandou produzir dossiês sobre funcionários públicos, acadêmicos e sabe-se lá mais que supostos ‘adversários’ do presidente. O silêncio de Bolsonaro e seus malabarismos com emas e caixas de cloroquina deram a alguns incautos a impressão de que ele teria se moderado. O capitão e seus soldados, no entanto, estão apenas fazendo de bico fechado aquilo que alardearam com gravadores ligados na reunião dos círculos do inferno.” (Estadão)
Vinicius Torres Freire: “A reforma tributária Bolsonaro-Guedes quer tirar R$ 32 bilhões por ano dos trabalhadores com carteira assinada, porque pretende diminuir a contribuição patronal para o FGTS. Quer acabar com as deduções com despesas médicas e educação no Imposto de Renda ou limitá-las — se acabasse com tudo, seriam outros R$ 20 bilhões anuais. O imposto que substituiria o PIS/Cofins, a CBS, deve aumentar a carga tributária, em particular pesando mais sobre serviços consumidos pelos mais ricos, que se chamam de classe média (que pagam escolas e outros cursos, profissionais de saúde, terapeutas em geral, advogados, arquitetos etc.). Uma nova CPMF vai encarecer tudo para todo mundo e vai reduzir ainda mais o rendimento das aplicações financeiras. Lucros e dividendos seriam mais tributados, pegando de jeito profissionais liberais. Em resumo, o 10% mais rico do país, que tanto votou em Jair Bolsonaro, não parece ciente de que está para levar uma tunga do seu eleito. Esse 10% mais rico se chama de ‘classe média’, pois mede seu padrão de consumo com a escala de países como Estados Unidos e aqueles da Europa ocidental. A maioria de fato não é ‘rica’, nesse critério, mas está no topo da pirâmide da pobreza brasileira.” (Folha)
Meio em vídeo: A economista Elena Landau conhece teoria com profundidade, assim como a máquina pública e o setor privado. É também fundadora do Livres, o movimento suprapartidário dos liberais raiz brasileiros. Entrevistada da semana, ela fala sobre o não-liberalismo no governo Bolsonaro e explora quais os caminhos para o Centro na próxima eleição. Quem, afinal, é o parceiro ideal numa disputa? Assista.
O STF decidiu retirar a delação do ex-ministro Antonio Palocci da ação penal contra o ex-presidente Lula que tramita na 13ª Vara Federal de Curitiba. Trata-se do caso em que se acusa Lula de ter recebido irregularmente, da Odebrecht, o terreno no qual foi erguido seu instituto. Votaram pela retirada, na segunda turma, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Edson Fachin foi contra. Cármen Lúcia e Celso de Mello não participaram do julgamento. (Poder 360) |
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