O noticiário permanece quente e a temperatura em Brasília em alta por conta das novas denúncias de corrupção contra o presidente Jair Bolsonaro e a pressão crescente da oposição. Nas manchetes dos jornais, dá para avaliar o tamanho da encrenca para o governo Folha: Planalto tenta proteger Bolsonaro de escândalos. Estadão: Superpedido de impeachment e denúncias pressionam Planalto. O Globo: Planalto barrou demissão de funcionário da Saúde. E, na edição brasileira do El País: Ação contra Bolsonaro dá passo inédito em Haia, e indígenas querem denunciá-lo por genocídio e por ecocídio. O novo pedido de impeachment, apresentado ontem à Câmara, está nas capas dos jornais – embora só tenha recebido manchete do Estadão – e mostra uma elevação da pressão política sobre o governo, que se desdobra em agrados ao Centrão para tentar segurar o pedido. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), disse que, por enquanto, o pedido continuará parado. O desespero é grande, porque o governo precisa evitar a ampliação da crise política, que tem no líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, o centro das suspeitas. A CPI antecipou para esta quinta-feira o depoimento de empresário que denunciou propina bilionária no governo Bolsonaro. Luiz Paulo Dominguetti Pereira, da Davati, que denunciou o pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina da AstraZeneca, será ouvido pela comissão a partir das 9h. Ricardo Barros deve comparecer à CPI na semana que vem. A Procuradoria da República abriu investigação criminal para apurar compra da Covaxin pelo governo Bolsonaro. O Globo acrescenta pimenta ao revelar que o General Eduardo Pazuello tentou demitir, em outubro do ano passado, o diretor Roberto Dias. E o desligamento de Dias – afilhado político de Barros — foi barrado pelo Palácio do Planalto a pedido do então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Dias foi exonerado ontem depois de vir a público a denúncia de que ele pediu propina de US$ 1 por cada dose de vacina. E nem os militares estão ficando bem na foto. Painel da Folha noticia que um dos que estiveram reunidos na famigerada reunião com empresário em que foi pedida propina era um militar, que abriu empresa de intermediação na véspera de reunião de suposta propina de US$ 1 por dose. Trata-se do coronel da reserva Marcelo Blanco da Costa. Ele será convocado pela CPI da Covid. Blanco foi assessor do Ministério da Saúde na gestão de Roberto Dias. Entre os colunistas, a posição geral é de condenação ao governo. Míriam Leitão: Pedir US$ 1 de propina por vacina é sequestrar o país e pedir resgate. Merval Pereira: Sistema de compra de insumos pela Saúde tem de sofrer devassa. William Waack: Bolsonaro confessou ser impotente diante do esquema que ele fortaleceu. Maria Cristina Fernandes: CPI terá que atravessar o pântano do Congresso. Guerra acontece dentro da própria base aliada. Atenção à outro texto de Maria Cristina Fernandes, apontando que há em curso uma operação para esvaziar uma eventual volta do PT ao Planalto: a adoção do semipresidencialismo — um arranjo para revogar o presidencialismo de plenos poderes e vitaminar uma parlamentarismo branco. O artigo se chama "A verdadeira terceira via". Leia a íntegra ao final deste briefing. A situação é ruim e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, fareja a fragilidade de Bolsonaro, apontando, na Folha, que a crise fortalece defesa do impeachment do presidente. "Não se pode banalizar o impeachment, é preciso ter cuidado. A base governista é grande e não pode ser menosprezada também. Mas quando é inevitável, é inevitável", afirma. Na economia, a crise no governo já começa a colocar investidores e empresários com a pulga atrás da orelha. Folha relata que escândalo na Saúde pode atrapalhar reformas e causar fuga de capital. O tom da reportagem é lacônico: "Empresários e investidores brasileiros começam a ficar consternados com a série de escândalos envolvendo a compra de vacinas pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Para eles, se o presidente não agir rápido para dar uma resposta contundente à crise, o cenário pode comprometer o andamento das reformas políticas no Congresso, aumentar o risco-país e levar a uma fuga de capital, especialmente em uma eventual abertura de processo de impeachment contra Bolsonaro". Outro temas relevante na economia é a manutenção da taxa recorde de desemprego no Brasil, que atingiu alta histórica de 14,7%. Os números mostram deterioração no mercado de trabalho continuando a desacelerar gradualmente em relação ao ano anterior, mas ainda em alta. O assunto ganha repercussão internacional, com a Reuters alardeando os resultados. Vinícius Torres Freire resume, na Folha: Copo do emprego pode estar meio cheio ou meio vazio, mas está pingado de sangue. "Número de pessoas com algum trabalho ainda é o mais baixo desde 2012, pelo menos", aponta. LULA Painel da Folha registra o novo ataque de Ciro Gomes ao ex-presidente Lula. O ex-ministro da Integração no governo Lula diz que a crise de Bolsonaro está virando tragédia shakesperiana para Lula. "Para o presidenciável, petista não comenta denúncias de corrupção para evitar que relembrem escândalos", aponta a coluna. "Denunciar ou não? Pedir impeachment ou não? Este ser ou não ser é um oportunismo estratégico muito perigoso. Ou Lula resolve suas contradições ou elas vão lhe devorar", completa Ciro. A Folha não informa que Lula ontem celebrou a entrega do superpedido de impeachment nas redes sociais, como repercutiram sites como UOL, Brasil 247, revista Fórum, Brasil de Fato e Rede Brasil Atual e Último Segundo. BRASIL NA GRINGA Na imprensa internacional, o novo pedido de impeachment de Bolsonaro é um dos destaques do dia sobre a cobertura do Brasil na mídia estrangeira. Reuters informa que Bolsonaro demite oficial após alegações de corrupção enquanto crescem os pedidos de impeachment. O material foi replicado pelo jornal inglês The Guardian. O funcionário supostamente pediu suborno em um acordo de vacina contra o coronavírus. "A última acusação de corrupção para abalar o governo e desencadear novos pedidos de impeachment do presidente", resume. A Associated Press também destaca a demissão de oficial de saúde após alegações de corrupção. Em outro despacho, a Reuters informa que, sob pressão por causa de alegações de corrupção na campanha de compra de vacinas de seu governo, o presidente disse que não seria retirado por um inquérito de alto nível do Senado. O francês Le Monde noticia que a imagem de Bolsonaro está maculada por escândalos com a compra de vacinas Covid-19. "O presidente é acusado de 'prevaricação' por parte da oposição ou de não cumprimento das suas funções de chefe de Estado", sublinha. "Ele gosta de se apresentar como o campeão da luta contra a corrupção. Um capitão valente, simples e honesto, lutando contra as elites 'ladras' de Brasília. Mas a imagem de Jair Bolsonaro está seriamente manchada. O presidente do Brasil agora está envolvido em uma série de escândalos de peculato, envolvendo a compra de vacinas contra a Covid-19". O espanhol El País também destaca o novo pedido de abertura de processo de afastamento do líder da extrema-direita brasileira. Bolsonaro acrescenta novo abaixo-assinado para 'impeachment' por suspeitas de corrupção na compra de vacinas. "Duas autoridades denunciam perante uma comissão do Senado um suposto pedido de suborno a um laboratório e pressão a favor de uma empresa indiana", informa. O português Público também repercute a denúncia: responsável do governo brasileiro pediu suborno para comprar vacinas. Página 12, da Argentina, também destaca as novas suspeitas de corrupção envolvendo o governo brasileiro na compra de vacinas da Astrazeneca. Vacinagate: Nova denúncia de suborno contra o governo de Jair Bolsonaro no Brasil. "Funcionários do Ministério da Saúde teriam colocado como condição para a realização da operação o pagamento de um dólar de propina para cada vacina", relata. O argentino Clarín destaca as declarações do presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Carlos Lula, alertando que o Covid segue em descontrole total no país. 800.000 mortes estimadas. Brasil se cansa da pandemia do coronavírus: "Naturalizamos 2.000 mortes por dia", diz. Ele afirma que não é mais possível manter a população em casa para conter as infecções que ainda avançam. O New York Times publica artigo do vereador Eduardo Suplicy, assinado com a deputada democrata Rashida Tlaib, de Michigan, defendendo que as pessoas sejam prioridades na reconstrução da economia. "Uma rede de segurança robusta e inclusiva mais do que se paga", apontam. "A dor e a ruptura do presente são sintomas de crescente desigualdade e declínio democrático. Para superá-los, devemos construir uma base para a prosperidade compartilhada hoje". "Desde sua criação em outubro de 2003, o Bolsa Família ajudou a reduzir a porcentagem de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza do Banco Mundial de mais de 9% para pouco menos de 3%. Embora o presidente Jair Bolsonaro tenha ignorado os especialistas em saúde pública e agravado tanto a crise de Covid quanto a taxa de pobreza, os defensores da renda básica pressionaram para expandir o orçamento e a cobertura da política". INTERNACIONAL Financial Times destaca em manchete os jogos de guerra dos EUA e Japão em meio a tensões crescentes entre China e Taiwan. Oficiais militares americanos e japoneses começaram a planejar seriamente um possível conflito no último ano do governo Trump, de acordo com seis pessoas que pediram anonimato. A atividade inclui jogos de guerra ultrassecretos e exercícios conjuntos nos mares do Sul e do Leste da China. Toda a imprensa internacional repercute as celebrações dos 100 anos do Partido Comunista da China, com questionamentos e avaliações sobre os erros e a longevidade do poder no gigante asiático. O Global Times traz editorial Cem anos de glória criados, uma causa eterna para construir, em que diz: "Nesta conjuntura histórica crítica, olhando para a estrada sinuosa do passado, olhando para a estrada à frente das lutas, estamos cheios de entusiasmo, paixão e orgulho". Washington Post resume: China marca um século de seu Partido Comunista com pompa, propaganda e punho de ferro. O centenário dá ao governo chinês a chance de mostrar seu poder e alcance. E banha o país de vermelho. O New York Times destaca: Marcando o centenário do Partido, Xi adverte que a China não será intimidada. "O líder da China, Xi Jinping, disse que potências estrangeiras 'quebrariam a cabeça e derramariam sangue' se tentassem impedir a ascensão do país", relata. Outro dos destaques do dia na imprensa internacional – a segunda notícia na capa do NYTimes – é o indiciamento da organização Trump e de alto executivo em investigação tributária. Os negócios da família do ex-presidente e seu diretor financeiro, Allen Weisselberg, devem aparecer no tribunal nesta quinta-feira, 1º de julho. É a manchete do Washington Post: Empresa de Trump e CFO dizem ter sido indiciados. O New York Times anuncia com chamada na primeira página a morte de Donald Rumsfeld, secretário de Defesa durante a Guerra do Iraque, aos 88 anos. Ele serviu a quatro presidentes, supervisionou uma guerra que muitos disseram que nunca deveria ter sido travada. Mas ele disse que a remoção de Saddam Hussein "criou um mundo mais estável e seguro". Washington Post lembra que Rumsfeld supervisionou duas guerras. O Times de Londres o chama de "falcão dos Estados Unidos". O francês Le Monde se refere a ele como "o arquiteto das guerras do Iraque e do Afeganistão". O jornal ainda noticia que um funcionário da OMS denuncia o acesso desigual às vacinas na América Latina e no Caribe. Em um momento "em que estamos vendo algum alívio do vírus em países do Hemisfério Norte", Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde da OMS, disse em entrevista coletiva que, para a maioria dos países do Hemisfério Sul, "o fim permanece um futuro distante. " Apenas uma pessoa em cada dez foi totalmente vacinada contra a Covid-19 na América Latina e no Caribe, acrescentou, chamando-a de uma "situação inaceitável". "O acesso às vacinas Covid-19 não deve ser um privilégio para poucos, mas um direito que todos nós compartilhamos". Na imprensa inglesa, The Times destaca os planos para um programa de reforço da vacina Covid no Reino Unido. Metade da população receberá uma terceira injeção de coronavírus junto com a vacina contra a gripe a partir de setembro para reduzir o risco de mais restrições neste inverno. Todos os adultos com 50 anos ou mais serão incentivados a tomar as vacinas. A oferta de terceiras doses para menores de 50 anos não foi descartada, acrescenta, mas é menos urgente. Já o britânico The Guardian relata que há temores sobre a segurança dos eventos em massa depois que 1.300 torcedores escoceses que viajaram a Londres para uma partida da Euro 2020 testaram positivo para coronavírus. Dados publicados pela Public Health Scotland na quarta-feira mostraram que 1.991 pessoas com teste positivo participaram de um ou mais eventos da Euro 2020 durante o período de infecção. E quase dois terços dos casos relataram viagens a Londres para um evento da Euro 2020, incluindo 397 pessoas que estavam em Wembley para o confronto Inglaterra x Escócia, em 18 de junho. O francês Libération destaca na capa a onda de calor que assola o Canadá, que registrou quase 50ºC. "Nos últimos dias, o noroeste do continente americano, com seu clima geralmente temperado e úmido, registrou recordes absolutos de calor, aproximando-se dos 50°C perto de Vancouver. Diz-se que a onda de calor matou centenas", informa. O oeste americano será capaz de se adaptar ao aquecimento global? |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Planalto tenta proteger Bolsonaro de escândalos Estadão: Superpedido de impeachment e denúncias pressionam Planalto O Globo: Planalto barrou demissão de funcionário da Saúde Valor: Gestores ainda veem ganho na B3 antes da fase eleitoral El País (Brasil): Ação contra Bolsonaro dá passo inédito em Haia, e indígenas querem denunciá-lo por genocídio e por ecocídio BBC Brasil: Covid: Como vacinação em massa desde janeiro teria mudado rumo da pandemia no Brasil UOL: Planalto tenta proteger Bolsonaro, após denúncia de propina G1: CPI ouve hoje representante de empresa que diz ter recebido pedido de propina R7: Caixa libera saque da terceira parcela do auxílio emergencial para beneficiários nascidos em janeiro Luis Nassif: Com Supremo e com tudo, Barros montou o mais macabro esquema de corrupção da história Tijolaço: Na TVT, CPI e as baratas agitadas DCM: Procuradoria da repúblicaR abre investigação criminal contra a Covaxin Rede Brasil Atual: Unidade em superpedido de impeachment é inédita desde Diretas Já. 'Início do fim de Bolsonaro', dizem líderes Brasil de Fato: Oposição e ex-aliados de Bolsonaro protocolam superpedido de impeachment em Brasília Ópera Mundi: Esquerda precisa repensar seu papel pedagógico, diz Daniela Mussi Fórum: PF abre inquérito pra investigar compra da Covaxin Poder 360: Entenda a acusação de propina de US$ 1 por dose de vacina New York Times: Margens se aproximam na contagem revisada da corrida principal Washington Post: Empresa de Trump e CFO dizem ser indiciados WSJ: Robinhood concorda em pagar US$ 70 milhões para encerrar investigação regulatória Financial Times: EUA e Japão realizam jogos de guerra em meio a tensões na China sobre Taiwan The Guardian: Temores sobre eventos de massa após 1.300 torcedores escoceses pegarem Covid The Times: Obtenha vacina contra a gripe em cada braço a partir do outono Le Monde: Cuidadores: a vacinação obrigatória está se aproximando Libération: Canadá, 49,6ºC El País: Referendo, nunca. Jamais Clarín: Baixou o ritmo de vacinação e há 4,1 milhões de doses que não foram aplicadas Página 12: Juntos pela mudança acendem o estopim da guerra gaúcha Granma: A jovem ilha é vacinada, cresce a esperança na ilha grande Diário de Notícias: 4.ª vaga. Reforço de medidas em vez de confinamento, pedem os especialistas Público: Algarve admite limitar gozo de férias de verão dos profissionais de saúde Frankfurter Allgemeine Zeitung: Kramp-Karrenbauer promete um balanço patrimonial sem adornos do Afeganistão The Moscow Times: Rússia impõe exames biométricos e de drogas para estrangeiros Global Times: Xi analisa a missão histórica do Partido Comunista da China Diário do Povo: A China realiza a construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos |
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