quinta-feira, 1 de julho de 2021

Homem da propina no Ministério da Saúde tinha proteção de parlamentares

 Exonerado na noite de terça-feira após denúncia de ter cobrado propina na negociação para comprar vacinas, o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias tinha costas muito quentes. Em outubro do ano passado o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a demiti-lo, mas voltou atrás por pressões políticas. Segundo fontes no Planalto, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), à época presidente do Senado, intercedeu pessoalmente por Dias. (CBN)

Dias foi acusado por Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como intermediário da empresa Davati Medical Supply, de exigir US$ 1 por dose das vacinas da AstraZeneca em negociação — o valor da propina chegaria a R$ 1 bilhão. Uma troca de emails obtida pela CPI da Pandemia comprova que Dias chegou a negociar com a Davati. (Poder360)

A CPI antecipou para hoje o depoimento de Dominguetti Pereira, autor da denúncia contra Dias. Não era seu dia — a agenda previa o depoimento de Francisco Emerson Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos, empresa que intermediava a venda de outra vacina, a indiana Covaxin. Este é o caso denunciado pelo deputado Luís Miranda e seu irmão servidor, Luís Ricardo Miranda. Os senadores decidiram jogar Maximiano para sexta após ele conseguir com o STF um habeas corpus para ficar em silêncio, concedido pela ministra Rosa Weber. (Metrópoles)

Pois é... Ontem “depôs” o empresário Carlos Wizard, suspeito de integrar e financiar o chamado “gabinete paralelo”, um grupo que aconselharia o presidente Jair Bolsonaro à revelia do Ministério da Saúde. Wizard tinha justamente um habeas corpus destes. Fez um pronunciamento inicial, negou a existência do gabinete paralelo, e a partir daí se recusou a responder às perguntas dos senadores. Os parlamentares estavam preparados e repetiram à exaustão vídeos colhidos na internet de Wizard receitando o pacote Ivermectina-Cloroquina. Em dois destes vídeos, ele ri debochado de quem morreu por, em suas palavras, “ter ficado em casa”. Para a oposição, o empresário “amarelou”, enquanto os governistas destacavam suas ações humanitárias. (UOL)

As denúncias envolvendo Dias e as suspeitas de favorecimento e superfaturamento na compra da vacina indiana Covaxin não parecem ter surpreendido o vice-presidente Hamilton Mourão. Segundo ele, a corrupção sempre “andou” no Ministério da Saúde. (Folha)

Quem não está tão calmo é Bolsonaro. Durante a inauguração de uma estação de radar da FAB no Mato Grosso, ele atacou duramente a CPI. “Não vai ser com mentiras ou com CPI integrada por sete bandidos que vão nos tirar daqui”, afirmou exaltado. (Globo)




Uma ampla e até então improvável frente de políticos e organizações de oposição protocolou ontem na Câmara um “superpedido” de impeachment contra Jair Bolsonaro. O documento consolida os argumentos de outros 123 pedidos, atribuindo ao presidente da República 23 diferentes crimes de responsabilidade. A lista de signatários é a mais heterogênea possível, indo de PT e PSOL ao MBL. Discursaram, em sequência, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o líder do MBL, Kim Kataguiri (DEM-SP). Também assiaram o pedido ex-bolsonaristas, como os deputados Joice Hasselmann (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP). (G1)

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), porém, já avisou que, pelo menos por enquanto, o superpedido vai para a mesma gaveta dos convencionais. “Não será feito agora, né. Tem que esperar”, disse ele. Lira aguarda o resultado da CPI da Pandemia — e o desenrolar do cenário político. (Estadão)




Enquanto a PEC do voto impresso aguarda votação na comissão especial da Câmara, representantes de dez partidos se reuniram ontem com os ministros do STF Alexandre Moraes e Gilmar Mendes para manifestar sua oposição à mudança. Moraes presidirá o TSE na eleição do ano que vem. Eles discutiram ações para reafirmar a segurança das urnas eletrônicas. Embora tenham maioria para derrubar a PEC no Plenário, os partidos querem encerrar o assunto ainda na comissão. (CNN Brasil)




A forte rejeição no Senado à indicação do advogado-geral da União, André Mendonça, a uma vaga no STF está forçando Bolsonaro a repensar o nome para o lugar de Marco Aurélio, que se aposenta no dia 12. O pré-requisito de ser “terrivelmente evangélico” diminui o leque de opções. O presidente já pensa que adiar a indicação para agosto, dando tempo para que Mendonça conquiste os senadores ou para que um nome alternativo surja. (Globo)




Morreu ontem nos EUA, aos 88 anos, o ex-secretário de Estado Donald Rumsfeld, que exerceu o cargo nos governos de Gerald Ford (1975-1977) e George W. Bush, entre 2001 e 2006. Sob Bush, coube a ele comandar a reação ao 11 de Setembro, culminando com a deposição do Talibã no Afeganistão. Por outro lado, Rumsfeld foi um dos entusiastas da invasão do Iraque, baseada em acusações e provas falsas. A ação desestabilizou a região e abriu espaço para a ascensão de grupos extremistas como o Estado Islâmico. (G1)

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