quarta-feira, 24 de junho de 2020

Bolsonaro vai prestar depoimento à PF


O presidente Jair Bolsonaro deve depor nos próximos dias — ao menos, esta é a informação passada pela Polícia Federal ao ministro Celso de Mello, do Supremo. Ele é investigado no inquérito que apura se houve intromissão de sua parte para colocar alguém que velasse por seus interesses no comando da própria PF, no estado do Rio. (Poder 360)

Em geral, o presidente da República tem a prerrogativa de depor por escrito. Mas, de acordo com a leitura do ministro Celso de Mello, isto vale para quando as autoridades são ouvidas como vítimas ou testemunhas. Bolsonaro é acusado. Está em suas mãos a decisão de exigir um depoimento pessoal. (Estadão)

A situação do presidente não é meramente protocolar. Uma das provas para o pedido de interferência seria sua menção, na reunião gravada em vídeo e tornada pública, em que cita expressamente o desejo. “Não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa”, disse Bolsonaro. “Vai trocar.” À época, os generais do Palácio argumentaram que o presidente não se referia à PF e sim a sua segurança pessoal. Só que, depondo em juízo e sob pena de perjúrio, o general Augusto Heleno contou outra história. “Não houve óbices ou embaraços”, disse. “Por se tratar de militares da ativa, as substituições do Secretário de Segurança e Coordenação Presidencial, do Diretor do Departamento de Segurança Presidencial e do Chefe do Escritório de Representação do Rio de Janeiro foram decorrentes de processos administrativos internos do Exército Brasileiro.” (G1)

Gustavo Alves: “A resposta aos responsáveis pelo inquérito que apura se Bolsonaro tentou interferir indevidamente na PF do Rio não só enfraquece a versão de que o presidente estivesse falando sobre os agentes subordinados ao GSI. Um dos mais próximos auxiliares de Bolsonaro, Heleno também delimitou até onde vai em nome do presidente que tanto defende. O marco é dado pelo artigo 342 do Código Penal, que tipifica o crime de falso testemunho. Trocas na equipe de segurança de Bolsonaro no Rio foram feitas em março, pouco antes da reunião, cuja gravação é um dos elementos do inquérito conduzido sob a orientação do ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello. Os registros destas substituições desmentiriam Heleno, e assim, o general teve de desmentir a versão do presidente. Se o presidente insistir que estava falando da segurança pessoal, terá contra si a palavra do fiel, até certo ponto, Heleno. A reunião do dia 22 de abril já está na origem da saída de Sergio Moro da pasta de Justiça e de Abraham Weintraub do Ministério da Educação, e ligada ao questionamento feito por investidores estrangeiros sobre o compromisso do Brasil com o meio ambiente, por causa da declaração de Ricardo Salles, responsável pela pasta, de que iria tentar ‘passar a boiada’ de mudanças de regulações para a área. Agora, criou uma fissura no núcleo dos ministros mais próximos de Bolsonaro.” (Globo)



Pois é — há que se falar de Abraham Weintraub. O inquérito no qual o ex-ministro da Educação responde por crime de racismo contra chineses foi remetido pelo Supremo à primeira instância. Não há mais foro privilegiado. E um grupo de parlamentares representando seis partidos enviaram, à Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, um pedido para que explique como Weintraub entrou no país no último sábado. Ele já não era mais ministro e há um veto para que brasileiros entrem no país salvo raras exceções. “Ficamos preocupados que Weintraub tenha sido admitido sob falsas pretensões para se esquivar do inquérito”, argumentam na carta. (G1)

Rodrigo Maia: “Não entendi por quê. Ele estava fugindo de alguém? Estranho, né? Vai ser a primeira vez na história que alguém diz que está exilado e tem o apoio do governo, né? Geralmente, é o contrário: as pessoas fogem porque estão sendo perseguidas pelo governo. Então, eu acho que é uma coisa meio atabalhoada, né? Não faz muito sentido. Ninguém está sentindo a falta dele no Ministério da Educação, né? Ninguém queria que ele ficasse do Brasil de qualquer jeito porque, de fato, é uma pessoa que mais atrapalhou do que ajudou.” (UOL)

Valdo Cruz: “Bolsonaro não gostou nem um pouco dos últimos movimentos do seu ex-ministro da Educação, que sempre contou com seu apoio e prestígio, mas agora perdeu pontos com ele. Por isso, o já sinalizou que ainda vai estudar se vai renovar o mandato de Weintraub na instituição mundial a partir de outubro. Dentro do Palácio do Planalto, a forma como Weintraub deixou o país, dando a aparência de uma ‘fuga’, criou constrangimentos. Ele viajou para os Estados Unidos ainda na condição de ministro, o que levantou críticas de que o governo teria dado ‘cobertura’ para uma ‘saída sorrateira’. Além disso, tentou emplacar uma renovação completa no Conselho Nacional de Educação, indicando doze novos nomes sob influência do ideólogo Olavo de Carvalho. A decisão do Palácio do Planalto foi barrar as indicações de Weintraub que buscavam agradar Olavo de Carvalho, que também perdeu pontos junto ao presidente depois de ameaçá-lo nas redes sociais.” (G1)



O ex-galã de Malhação Mário Frias tomou posse como secretário de Cultura em um evento fechado e não anunciado, no Ministério do Turismo. (UOL)




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