terça-feira, 23 de junho de 2020

Olha o que você fez!




Nos últimos dias, fomos surpreendidos por algumas boas notícias em meio ao caos chamado 2020.

Em abril, fizemos um vídeo sobre o penoso dia a dia dos sepultadores do cemitério paulista de Vila Formosa, o maior do Brasil. Eles recebem salário-base de R$ 755 por 12h de trabalho de alto risco. O vídeo sensibilizou os quatro restaurantes do coletivo Cozinha de Combate, que decidiu doar 60 quentinhas diariamente para os sepultadores. Além disso, o projeto Por Nossa Conta passou a entregar 60 cestas básicas e outras 60 cestas de limpeza para esses trabalhadores. O trabalho vai continuar pesado e arriscado, mas certamente a mobilização é um alento para esses profissionais invisibilizados, que ficaram comovidos com a generosidade.

Poucos dias depois, com a publicação do vídeo “O Enem, a favela e o coronavírus”, uma pessoa doou cinco laptops para o projeto Unifavela, enquanto outro leitor fez um depósito de mais de R$ 2 mil na conta do grupo. No ano passado, o Unifavela teve nada menos que 100% dos seus estudantes aprovados em universidades públicas do Rio de Janeiro.

É por esses e tantos outros motivos que falamos que nosso jornalismo é de impacto. Toda matéria do Intercept é feita com o objetivo de gerar algum ganho para a sociedade. Isso pode ser uma doação, como nos exemplos acima, mas também pode ser a mudança em uma lei ou a investigação de um crime.

Há duas semanas, por exemplo, um projeto do deputado federal Nilto Tatto propôs alteração na Lei Geral das Telecomunicações. Se o projeto virar lei, as operadoras ficam proibidas de vender dados de deslocamento de usuários, ainda que “anonimizados”. No texto do PL, Tatto cita a reportagem do Intercept “Nós identificamos dois clientes dos dados de localização ‘anônimos’ vendidos pela Vivo”, do dia 13 de abril, que chegou à identidade de dois cidadãos apenas com base em informações de deslocamento vendidas pela Vivo à Secretaria de Turismo do Espírito Santo. (Pense, por um instante, nas implicações disso na privacidade de todos nós…)

Nosso trabalho é focado em promover as condições para as mudanças que queremos ver no mundo. Eu sei que isso parece muito utópico, mas te garanto que é verdade. A missão do Intercept é fazer jornalismo pautado em interesse público, direitos humanos e justiça. É isso que a gente faz todos os dias graças ao apoio de leitores como você.

Nossos leitores espalham nossas reportagens, ajudam a bombar nossas redes sociais, pressionam autoridades públicas e financiam tudo que fazemos. Sem essa ajuda, nada acontece. Não haveria quentinhas, doação para o pré-vestibular ou as inúmeras mudanças que estimulamos na legislação.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário