terça-feira, 16 de junho de 2020

Governistas pressionam por queda de Weintraub


O ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi multado em R$ 2 mil pelo governo do Distrito Federal por ter circulado sem máscara durante um protesto bolsonarista no domingo. É o menor de seus problemas. Durante a segunda, porque no protesto voltou a insinuar o desejo de prisão de ministros do Supremo, a pressão dentro do Planalto para que seja demitido chegou ao ponto máximo. De acordo com Andréia Sadi, militares e políticos no governo gostariam que ele deixasse a pasta até quarta-feira, quando ocorrerá a posse do deputado Fabio Faria no Ministério das Comunicações. 

É para evitar o constrangimento de sua presença no mesmo ambiente em que estarão os outros presidentes de Poderes — incluindo José Antonio Dias Toffoli, do STF. De um dos assessores do presidente, Sadi ouviu mais: “O ideal seria ele ir para o exterior”, afirmou a pessoa. O temor é de que o Supremo ordene a prisão de Weintraub. Ontem mesmo, a Corte formou maioria contra a retirada do ministro do inquérito das fake news, derrubando o pedido de habeas corpus feito em seu nome pelo ministro da Justiça, André Mendonça. Weintraub é investigado por ter afirmado que, por ele, “botava esses vagabundos na cadeia, começando no STF”. (G1)

O presidente Jair Bolsonaro tenta contornar a situação. “Ele não foi muito prudente ao participar dessa manifestação, apesar de não ter falado nada grave ali”, disse em entrevista à Band News. “Ele não estava representando o governo, estava representando a si próprio. Como tudo que acontece cai no meu colo, mais um problema, estamos tentando solucionar.” A busca é por aquilo que no Planalto vem sendo descrito como ‘saída honrosa’. Assista.

Então... Presa foi a ativista Sara Winter, responsável pelas poucas dezenas de militantes do grupo chamado 300, que durante o sábado disparou fogos de artifício contra o prédio do Supremo. Foram ela e mais cinco ativistas, todos com mandados autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes. (Poder 360)

Pois é... As jornalistas Lilian Tahan e Isadora Teixeira descobriram que com um dos ativistas presos, Renan Sena, estava um celular no qual há histórico de conversas com figuras relevantes do governo. A investigação procura descobrir o grau da integração entre os 300 e o Planalto. (Metrópoles)

No Roda Viva de ontem, o ministro Luís Roberto Barroso, membro do STF e presidente do TSE, comentou o ataque. “Era uma quantidade muito pequena de manifestantes”, afirmou a respeito do ataque. “Simbolicamente você alvejar com petardos, ainda que de artifício, é uma imagem muito feia e muito triste. Vi com tristeza, com uma preocupação simbólica, mas com pequena preocupação real. Acho que são muito poucos e são irrelevantes, pessoas desajustadas, mas em quantidade irrisória.” Assista.



Christian Lynch, cientista político da Uerj: “Os generais palacianos apoiaram o governo porque achavam que o Brasil precisava de um freio de arrumação. Como Bolsonaro não dispunha de experiência, pensaram que poderiam imprimir certa racionalidade na gestão. Essa expectativa se frustrou devido à hegemonia do núcleo reacionário, onde estão os filhos do presidente e a quem ele acredita dever sua eleição, graças à importação e adaptação de técnicas empregadas pelo populismo de Trump. Os militares tentam transmitir a impressão de maior moderação e lidar com a apreensão do Alto Comando, que não vê com bons olhos a exploração política pelos Bolsonaro da imagem do Exército. Os generais palacianos e os Bolsonaro estão momentaneamente unidos, hoje, por causa da ameaça de cassação da chapa pelo TSE. Então as diferenças parecem ter se apagado. E os Bolsonaro aproveitam para jogar os militares contra juízes, explorando uma velha rivalidade sobre quem seria o guardião da Constituição. Mas eles seguem enxugando gelo, tentando viabilizar o governo. Em breve vão se dar conta, se já não deram, que o governo que desejam só será viável sem Bolsonaro e seu núcleo radical, que inviabilizam a racionalidade político-administrativa e solapa a credibilidade da corporação militar, associando-a à pessoa do presidente. Então, será a hora de negociar com parlamentares e juízes uma saída, que passará pelo Mourão.” (Globo)



Utilizando-se da Lei de Segurança Nacional, que data do Regime Militar, o ministro da Justiça André Mendonça pediu à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República abertura de inquérito para investigar o jornalista Ricardo Noblat. Seu crime foi publicar uma charge de Renato Aroeira, na qual um Bolsonaro transforma a cruz vermelha de um hospital numa suástica e comenta – ‘bora invadir outro?’ Mendonça vê ali calúnia e difamação de Bolsonaro e acusa Noblat e ter feito ‘falsa imputação de crime’. (Congresso em Foco)



O Ministério Público Federal estuda transferir para o MP do Rio a investigação preliminar a respeito do senador Flávio Bolsonaro. O procurador Sérgio Pinel entendeu ter encontrado “fortes indícios de prática de crime de lavagem de dinheiro” no caso das rachadinhas. (Globo)

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