Brasil perde a chance de reverter a curva da covid-19

A curva de novos casos e óbitos em decorrência do coronavírus no Brasil voltou a subir, depois de se aproximar de uma estabilização na semana anterior. Com exceção da região Norte, o país todo registrou um aumento no número de infectados na última semana, marcada pelo relaxamento da quarentena em diversos Estados e municípios. De acordo com o Ministério da Saúde, que apresentou nesta quarta-feira um balanço da semana epidemiológica passada e falou em “aumento significativo de novos casos”, entre os dias 14 e 20 de junho houve um acréscimo de 22% nos contágios. Uma semana antes, o aumento havia sido de 2%. O número de óbitos notificados também desenhou no gráfico uma curva mais ascendente, crescendo 7% agora, diante de uma queda de 4% no período anterior. Nesta quarta-feira, o país chegou a marca dos 1.188.631 infectados e 53.830 óbitos. Na Amazônia brasileira, a indignidade com que os indígenas são tratados durante a pandemia de covid-19 abriu um "novo e pavoroso capítulo de violação dos direitos dos povos originários pelo Estado brasileiro", afirma Eliane Brum. "Três mulheres vivem um horror para o qual será preciso inventar um nome", destaca a colunista do EL PAÍS. Em maio, elas e seus bebês foram levados para Boa Vista, capital de Roraima, com suspeitas de pneumonia. Nos hospitais, as crianças teriam sido contaminadas pelo coronavírus. E morreram. Seus pequenos corpos desapareceram, possivelmente enterrados no cemitério da cidade. Duas das mães estão com covid-19, amontoadas na Casa de Saúde Indígena (CASAI), abarrotada de doentes. Lá, corroídas pelo vírus, imploram pelos seus bebês. Já em Brasília, o fantasma de Fabrício Queiroz segue assombrando o Planalto na figura do advogado Frederick Wassef, em cuja casa o leal faz-tudo da família Bolsonaro foi capturado na semana passada. Com livre trânsito nos bastidores do poder, Wassef se comporta ―ou se comportava― como o Sancho Pança do presidente. Enquanto na frente das câmeras o presidente seguia em sua luta quixotesca contra os moinhos de vento ―a “histeria” do coronavírus, os governadores, o PT, o comunismo e toda sorte de delírio―, o advogado agia fora dos holofotes para manter o controle das batalhas reais que acontecem nos tribunais. Mas suas contradições nos últimos dias podem acabar respingando no inquérito que tanto atormenta o presidente Jair Bolsonaro e seu primogênito Flávio, conta a reportagem de Felipe Betim.

Brasil volta a registrar um “aumento significativo” de casos de covid-19 Ministério da Saúde, que na última semana comemorava estabilização de casos, alerta para a interiorização da doença