quinta-feira, 4 de junho de 2020

Governo ameaça manifestantes e teme movimento pró-impeachment


O governo federal endureceu o discurso, ontem. Pela manhã, em artigo, o vice-presidente Hamilton Mourão chamou as pessoas que saíram em protesto pela democracia de baderneiros, classificou suas ações como abuso e afirmou que pretendem ensanguentar as ruas do país. O presidente Jair Bolsonaro apertou ainda mais na retórica. “São marginais”, ele disse, “terroristas.” O temor do Planalto é de que a onda de protestos contra o governo ganhe corpo e se torne um movimento pelo impeachment. Em São Paulo, a PM tenta organizar para que os protestos pró e contra governo ocorram em dias separados. Além das torcidas organizadas, neste domingo deverão ir para a rua também movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de esquerda. (Estadão)

Bernardo Mello Franco: “O general Hamilton Mourão desistiu de bancar o moderado. Chamou manifestantes contrários ao governo de ‘delinquentes’, atacou a imprensa e aderiu à campanha contra o ministro Celso de Mello, do STF. Numa acusação sem provas, ligou os ativistas pró-democracia ao ‘extremismo internacional’. Em seguida, incentivou o aumento da repressão. ‘Baderneiros são caso de polícia, não de política.’ O general nunca usou esses termos para condenar as marchas que pedem golpe militar e outras ilegalidades que agradam à caserna. No fim do artigo, Mourão escreveu que o Brasil, governado pela extrema direita, estaria livre de ‘administrações tomadas por ideologia’. Conta outra, general.” (Globo)

Bruno Boghossian: “Bolsonaro busca uma intervenção militar sob encomenda. Em menos de um ano e meio, o presidente e seus aliados ameaçaram chamar as Forças Armadas ao menos sete vezes para reprimir opositores e intimidar críticos do governo. O assunto voltou nas últimas semanas, quando Eduardo propôs acionar as Forças Armadas para pôr ‘um pano quente’ nos embates entre o Planalto e o STF — a favor do governo, é claro. Foi seguido pelo pai, que divulgou um vídeo que defendia essa hipótese, um dia depois. O presidente continua à procura de conflitos. Nesta quarta, citou o uso da força para reprimir protestos e chamou de terroristas os manifestantes que foram às ruas. Foi o mesmo termo que ele empregou no ano passado, quando apresentou a proposta que protegeria militares durante operações dessa natureza.” (Folha)



Aliás... Para sentir o clima, assista a esta troca entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e um deputado bolsonarista. (UOL)



Enquanto isso, os ministros do Supremo se movem. O ministro Luís Roberto Barroso agendou para o dia 9 próximo o julgamento, no TSE, de duas ações que podem levar à cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. No dia seguinte, o STF decide sobre a constitucionalidade do inquérito que move sobre fake news. (Poder360)
Internamente, os ministros estão buscando um acordo entre si para sanar vícios e reduzir questionamentos jurídicos a respeito do inquérito. O relator, Alexandre de Moraes, deve se abster de voto. (Folha)



O conselho de administração do Banco do Nordeste destituiu Alexandre Borges Cabral, seu novo presidente. Ele havia sido indicado para o cargo pelo Centrão embora seja investigado pelo TCU por irregularidades em contratações que fez na Casa da Moeda, em 2018. (Poder360)

Valdo Cruz: “A decisão de exonerar o recém-nomeado presidente do Banco do Nordeste irritou os novos aliados do presidente Jair Bolsonaro no Centrão. Os parlamentares do bloco queriam indicar outro nome, mas Cabral foi sugerido pela equipe econômica para ser apadrinhado pelo PL. Agora, dizem parlamentares do PL, se poderá colocar na conta do partido a indicação de um nome que não foi sugerido pela legenda e acabou derrubado em tempo recorde.” (G1)



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