quarta-feira, 17 de junho de 2020

Sergio Moro: “A popularidade é irrelevante, com o tempo a verdade prevalece”

Brasil

Quando o ex-juiz Sergio Moro (Maringá, 1972) aceitou seguir o ultradireitista Jair Bolsonaro no Governo, fez uma aposta arriscada. Entregava o seu capital político como símbolo anticorrupção a um deputado veterano e incendiário, um nostálgico da ditadura. A lua de mel acabou no fim de abril, como um divórcio ruim, não consensual, e uma acusação bomba contra o mandatário: ele queria trocar o diretor-geral da Polícia Federal e interferir na corporação por interesses pessoais.  Em uma entrevista ao EL PAÍS feita por videoconferência em Curitiba, onde está isolado com a família, Moro critica os arroubos autoritários de Bolsonaro, mas diz que não vê riscos de uma ruptura democrática. "A democracia brasileira é consolidada, essas turbulências vão passar", garantiu.
Enquanto a discussão sobre uma possível ruptura institucional e as ações contra o bolsonarismo seguem no país —nesta terça, congressistas ligados ao presidente tiveram seus sigilos fiscais quebrados com autorização do STF— a pandemia de coronavírus continua avançando. O país somou 923.189 casos e 45.000 óbitos e já vê reflexos graves em sua força de trabalho. Cerca de 17,7 milhões de pessoas não procuraram emprego na última semana do mês passado por receio de contrair a covid-19 ou de não haver vagas e outras 10,9 milhões estavam desempregadas e, mesmo procurando, não conseguiram uma ocupação. Com isso, o país alcançou a marca de 28,6 milhões de pessoas que queriam um emprego, mas enfrentaram dificuldades para conseguir uma colocação no mercado. Os dados são os primeiros resultados da PNAD Covid-19 divulgada nesta terça-feira pelo IBGE. A pesquisa aponta que menos da metade da população economicamente ativa tinha uma ocupação no mês passado.
Mas nem tudo são más notícias. Seis meses depois do início da pior pandemia do século XXI, que já matou quase meio milhão de pessoas no mundo todo, pesquisadores no Reino Unido afirmam ter encontrado o que, por enquanto, é o primeiro tratamento capaz de evitar mortes por covid-19: a dexametasona. Os responsáveis pelo ensaio clínico informaram nesta terça-feira que a droga reduz a mortalidade entre os doentes muito graves, que precisam de respiração assistida, e também entre aqueles que necessitam de oxigênio. O medicamento não demonstrou benefícios entre pacientes com casos mais leves de covid-19.

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Ex-ministro, que sofreu desgaste pela Vaza Jato e por sair do Governo, encara resistência em manifestos pró-democracia. Ele não vê risco de ruptura

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