segunda-feira, 29 de junho de 2020

Não adianta vestir amarelo ... quando se está é vermelho e negro de ódio

Então... A Folha de S. Paulo começou ontem uma campanha pró-democracia. Ancora sua linha editorial no último Datafolha, que ouviu de 75% dos brasileiros que a democracia é o melhor regime perante as alternativas. Trata-se do maior índice em 30 anos desde que a pergunta começou a ser feita. Em dezembro último, este número era de 62%. Conforme os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao regime aumentaram, o apoio foi junto. O slogan do diário, ‘Um jornal a serviço do Brasil’ foi trocado até 2022 por ‘Um jornal a serviço da democracia’ e, em memória às Diretas Já, a redação incentiva seus leitores a vestirem amarelo. (Folha)

A campanha das Diretas é um marco importante na história da Folha. O jornal, que dentre os três grandes foi o mais simpático ao regime militar nos anos de chumbo de acordo com a Comissão Nacional da Verdade, se converteu no início da década de 1980 e foi o primeiro a abraçar a campanha por eleições livres para substituir João Figueiredo no Planalto. (Carta Capital)

Mauro Paulino e Alessandro Janoni, do Datafolha: “Apenas um em cada dez brasileiros adultos admite que, em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura do que um regime democrático. O único subgrupo que mantém apoio a práticas antidemocráticas e valorização dos feitos da ditadura militar no Brasil é o de devotos do presidente, os bolsonaristas mais ferrenhos, que correspondem hoje a 15% da população, segundo cálculo do Datafolha. Pela primeira vez desde o início do mandato, o presidente é reprovado pela maioria dos mais ricos, grupo que, junto aos mais escolarizados, compõem universo estratégico na formação da opinião pública, especialmente no modelo de comunicação priorizado por sua gestão, via redes sociais.” (Folha)

Pois é... A percepção de autoritarismo no governo encontrou eco no Planalto. Após uma política de confronto continuado com Judiciário e Congresso, e a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz no escritório do advogado do presidente, o bolsonarismo recuou. Jair Bolsonaro quer paz e evitar brigas, disseram dois de seus interlocutores ao repórter Gustavo Maia. O avanço dos processos na Justiça ajudaram a convencê-lo. Outro recuo é dos ministros militares. Pararam de falar do artigo 142 da Constituição como se autorizasse as Forças Armadas a intervirem caso houvesse conflito entre os poderes. (Globo)

Diz Lauro Jardim que um dos principais conselheiros de Bolsonaro nesta nova fase tem sido o ex-presidente Michel Temer. Ele foi um que, sob intensa pressão, conseguiu se manter no governo até o fim do mandato. (Globo)

Tales Faria: “A nova versão ‘Jairzinho Paz e Amor’ alegra os políticos, especialmente do centrão, mas seus aliados mais antigos, os bolsonaristas de raiz, não estão gostando nada, nada. A avaliação dos bolsonaristas é de que Bolsonaro está acuado e sob a tutela dos militares. É o que diz claramente um dos principais blogueiros do grupo, Bernardo Küster, em vídeo postado no seu blog. Segundo Küster, os militares compõem ou indicaram ‘muitos, muitos e muitos’ cargos da administração federal, porque os conservadores não têm quadros. E se os militares saírem, o ‘governo desmorona’. O guru da ala mais radical dos bolsonaristas, Olavo de Carvalho, faz coro. Não só reproduziu em sua conta no Facebook o vídeo de Bernardo Küster, como afirmou em uma postagem própria deste sábado, 27: ‘Patriotismo militar é apenas corporativismo enfeitado, pago com dinheiro civil.’ Neste sábado, 27, no entanto, Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois do presidente, deu um recado otimista para o seu grupo: ‘Não se muda décadas de destruição em menos de dois anos. Todos queremos mudanças rápidas e explícitas, entretanto nem sempre essa é a saída!’ E qual a saída? Segundo eles, "o povo tomar as rédeas do governo". Sabe-se lá como.” (UOL)

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