Em plena crise sanitária sem precedentes, o Brasil segue acompanhando a arrastada novela da saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, do cargo. Nesta quarta, o ministro estrelou uma longa entrevista coletiva em tom de despedida, na qual assegurou a permanência da sua equipe, ao menos por enquanto, e dobrou a aposta contra o presidente Jair Bolsonaro. Ele manteve o tom de enfrentamento que resultou na perda do apoio da ala militar do Governo e reforçou que não mudará sua conduta no combate ao coronavírus, já que se apoia “na ciência”. Após coletiva desafiante, o ministro falou à revista Veja que a saída é irreversível e comentou sobre a relação turbulenta com o presidente: “Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né?”. A reportagem de Afonso Benites e Beatriz Jucá explica que ainda não há consenso sobre o nome de um substituto para Mandetta e que a mudança provoca temor entre os secretários de Saúde de Estados e municípios que miram Brasília em busca de coordenação contra a pandemia. Retirar Mandetta do posto terá custos: de acordo com a nova pesquisa do Atlas Político, 76% são contra a demissão do ministro. O levantamento também mostrou números dramáticos da crise: 51,6% dos entrevistados dizem que já perderam renda e outros 12,3% afirmam que perderam o emprego.
Enquanto isso, a Covid-19 continua a se espalhar pelo Ocidente ao mesmo tempo em que uma segunda onda atinge a Ásia. Com um número de infectados que já passa de 2 milhões, parece cada vez mais claro que apenas uma vacina poderá devolver o mundo à normalidade. A corrida para encontrar a solução, sem esquecer sua dimensão propagandística, continua. Os projetos dos EUA e da China, que começaram seus testes clínicos no mês passado, continuam na liderança: o injetável do gigante asiático já está preparado para passar para a segunda fase. Na Europa, um grupo de países elabora aplicativos de celular para rastrear infectados pelo coronavírus. Apple e o Google já se puseram a trabalhar juntos numa colaboração inédita para facilitar esse protocolo global. Esse tipo de tecnologia de vigilância é cada vez mais visto como a única grande alternativa para conter os contágios. Mas, se as duas empresas que controlam a maioria dos celulares do mundo a introduzirem, saberemos que servirão agora para combater a pandemia, mas não há garantias de que, mais adiante, a técnica venha a ser usada para fins menos construtivos.
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