quarta-feira, 8 de abril de 2020

Governo solta, enfim, auxílio de R$ 600


O presidente Jair Bolsonaro passou o dia sem aparecer. Não se deteve à porta do Alvorada como faz quase toda manhã e, esperado na coletiva que a equipe econômica preparou para às 9h, no Planalto, de última hora achou por bem não ir. Assumiu o comando o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. Tendo ao lado Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, Onyx anunciou, enfim, o auxílio emergencial de R$ 600, que será pago por três meses, a quem mais precisa. Para receber, informais, autônomos, desempregados e aqueles registrados em MEIs devem se cadastrar no site ou baixar o app — para Android ou iPhone. Quem não tiver conta em banco poderá criar uma, livre de taxas ou outros custos, na Caixa. A expectativa é de que até 30 milhões de pessoas o façam. Um acordo do governo com a Febraban garante que o dinheiro depositado não será usado para cobrir pendências anteriores. A expectativa é de que o valor comece a ser liberado a partir da quinta-feira. (G1)

Pelo menos 21 milhões de pessoas, e microempresários e trabalhadores formais pobres, precisam de ajuda e não estão contemplados pelo programa. (Globo)

Bolsonaro não se mostrou pessoalmente, mas passou pelo Twitter — foram cinco os tuítes, ontem. Três em defesa do uso de hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Um com desejos de pronta recuperação para o premiê britânico Boris Johnson. O quinto foi resposta ao ex-candidato à presidência, Fernando Haddad. “Nunca tinha visto um presidente se colocar em situação tão humilhante”, escreveu o petista. Se referia ao recuo de Bolsonaro, que perante pressão de todas as instituições decidiu não demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A resposta de Bolsonaro não foi por escrito. Mandou uma foto do ex-presidente Lula cercado por policiais federais durante o enterro de seu neto. (Twitter)

Pois é... Segundo um estudo realizado no Twitter entre 17 de março e 4 de abril, o bolsonarismo está perdendo espaço na plataforma. Nos tuítes com maior engajamento, 71% foram negativos ao presidente e 20,5%, positivos. O restante, neutro. (Núcleo)

Ainda assim... A coletiva dada por Mandetta no Ministério da Saúde, quando confirmou a sua equipe que permaneceria no cargo, deixou o presidente mais irritado, conta Bela Megale. Bolsonaro acho que seu ministro não baixou o tom. (Globo)

Carlos Andreazza: “Jair Bolsonaro — acuado — radicalizará. O exame dos padrões de seu comportamento assim indica. Ele pode estar mesmo isolado — mas é a publicidade desse isolamento, sinal externo de fraqueza, o que mobiliza a reação do reacionário que governa o Brasil. A ideia de que estaria isolado e sem força para demitir um auxiliar, de que Mandetta lideraria um governo paralelo garantido por generais, de que o presidente, tutelado, já seria uma espécie de rainha de Inglaterra — isso consiste em cenário a que um populista autoritário como Bolsonaro, um girassol cujo norte é o calor das redes, não se submete. Reagirá. Radicalizará.” (Globo)

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