CAPA – Manchete principal: *”Na pandemia, Bolsonaro demite o ministro que defendeu isolamento”*
EDITORIAL DA FOLHA - *”Bárbaros no portão”*: Enquanto os bárbaros ameaçam arrombar o portão, as autoridades da cidade sitiada discutem o sexo dos anjos. A lamentável confusão que culminou na troca do ministro da Saúde na fase mais crítica da luta contra a epidemia do novo coronavírus faz evocar essa imagem. O presidente da República, convertido por sua ignorância e pusilanimidade no maior estorvo à coordenação dos esforços sanitários, é o único responsável por ter produzido mais um ruído em torno do nada. Figura minúscula da política, insiste em desperdiçar energias de um país em emergência. Em razão dessa conduta abstrusa de Jair Bolsonaro, uma camisa de força institucional foi sendo tecida em torno da Presidência. Governadores e prefeitos, gestores diretos da saúde pública, tiveram de tomar decisões onerosas para seus cidadãos protegendo-se de uma saraivada de críticas desonestas e desinformadas do chefe de Estado. A ameaça constante de que decretos do Planalto viessem a se sobrepor às ordens de restrição de atividades das autoridades locais exigiu do Supremo Tribunal Federal a declaração, unânime entre os ministros, da ilegitimidade de atos unilaterais do Executivo federal. Os presidentes e as maiorias da Câmara e do Senado armaram-se para rebater e rechaçar as barbaridades que pudessem surgir da famigerada caneta de Jair Bolsonaro. O próprio Ministério da Saúde teve de aprender a operar num ambiente hostil, em que o presidente da República contrariava, com gestos e falas, a normativas da pasta, que não diferem em nada das que prevalecem em todo o planeta. A muito custo, reitere-se, foi erguida essa barreira de contenção ao poder de destruição do chefe do governo, em meio à batalha sem precedentes contra a pandemia. Por isso, não será uma troca de ministro que colocará tudo a perder. A opção pelo oncologista Nelson Teich tem a vantagem de eliminar nomes exóticos e obscurantistas que eram cogitados. Mas o desconhecimento, pelo novo ministro, do que seja a complexa máquina da saúde pública no Brasil vai cobrar um preço de aprendizagem em que o país não precisaria incorrer. Defender, como Teich, a massificação dos testes é correto, porém insuficiente. A questão é como fazer um país que testa pouquíssimo passar a processar milhões dessas avaliações em poucos meses. E como seu ministério vai ajudar agora, emergencialmente, os hospitais cujas UTIs estão se exaurindo? Essa não é uma questão teórica. Brasileiros vão morrer desassistidos na fila da saúde pública se ela não for respondida com ações tempestivas e muito bem planejadas. Os desafios do novo ministro são concretos e prementes. Tudo o que ele não tem é mais tempo a perder.
PAINEL - *”Bolsonaro diz ter dados de inteligência de plano de Maia, Doria e STF contra ele”*: Jair Bolsonaro tem dito a parlamentares que recebeu um dossiê com informações de inteligência de que Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governador João Doria (PSDB-SP) e um setor do STF estão tramando um plano para dar um golpe e tirá-lo do governo. Sob esse argumento, deu início a conversas com líderes de partidos. Ele não apresentou a nenhum deputado ou senador qualquer prova do suposto plano arquitetado. Nesta quinta (16), Bolsonaro partiu para o ataque contra Maia. Diante do cenário, o presidente tem tentado se aproximar de Davi Alcolumbre (DEM-AP), de quem não desconfia, por enquanto. Apesar de posturas diferentes e divergências, os presidentes do Senado e da Câmara têm se posicionado de maneira conjunta em diversos momentos. Não é a primeira vez que Bolsonaro fala sobre supostos planos para lhe atingir. Em março, disse que a eleição de 2018 foi fraudada e que tinha provas, mas nunca as mostrou. No mesmo mês, deixou no ar alguma informação privilegiada sobre o coronavírus, dizendo que a população logo saberia que estava sendo enganada por governadores e prefeitos.
PAINEL - *”De saída do cargo, Mandetta alfinetou Onyx por demora em pagar auxílio emergencial”*: Levou 11 dias até Bolsonaro usar a tinta de sua caneta e demitir Luiz Henrique Mandetta (Saúde), como prometera em 5 de abril. Já o Ministério da Cidadania não conseguiu, no mesmo período, concluir o pagamento dos informais inscritos no auxílio emergencial. A Caixa informou que começaria a pagar os primeiros 3,5 milhões na noite desta quinta (16). O presidente critica o isolamento sob o argumento de que os mais pobres são os mais atingidos. Em uma de suas últimas entrevistas no cargo, Mandetta não poupou Onyx Lorenzoni pela demora, e deu uma alfinetada. "O ministro Onyx, com toda essa proteção social, com os recursos chegando na mão das pessoas [...] isso ajuda muito não só as famílias, mas a economia". Mandetta sugeriu ainda que o colega aproveitasse a rede assistencial que já existe e que, misteriosamente, o governo decidiu não usar. Referia-se aos Crass [Centro de Referência de Assistência Social], um braço da seguridade social federal nos municípios. "Tem muita coisa acontecendo na ponta e muita experiência exitosa no Brasil afora", disse.
PAINEL - *”'As pessoas estão deixando o transporte público e usando carro', diz Ibaneis sobre volta do trânsito no DF”*
PAINEL - *”Governos de Norte e Nordeste pedem dicas ao Maranhão para trazer respiradores ao Brasil”*: O plano elaborado pelo governo do Maranhão de comprar respiradores da China e trazê-los pela Etiópia, escapando dos radares de EUA e Europa, revelado pelo Painel, despertou o interesse de chefes de outros estados, que procuraram a gestão Flávio Dino (PC do B). Busca Os governos de Ceará, Piauí, Amapá e Amazonas ligaram nesta quinta (16) para saber como encontrar respiradores disponíveis na China e trazê-los por rotas pouco visadas pelos principais centros. O Pará aguarda a chegada de 400 respiradores até o final da próxima da semana, também com parada na África. "Temendo qualquer intercorrência que pudesse colocar em risco a chegada dos equipamentos comprados pelo governo do estado, também adotamos procedimentos cautelares. Contratamos frete aéreo exclusivo para nossos equipamentos, que chegarão diretamente a Belém", diz Alberto Beltrame, secretário estadual de Saúde do Pará.
*”Bolsonaro demite Mandetta e anuncia Nelson Teich para o Ministério da Saúde”* - O ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) foi demitido nesta quinta-feira (16) pelo presidente Jair Bolsonaro, após um longo processo de embate entre eles diante das ações de combate ao coronavírus. O presidente anunciou o oncologista Nelson Teich no lugar de Mandetta, que confirmou sua demissão por meio de sua conta no Twitter. "Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar", escreveu. "Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país", completou. A divulgação da demissão de Mandetta foi seguida de panelaços contra Bolsonaro em bairros de São Paulo e do Rio. Nelson Teich, que chegou a ser cogitado para o posto durante a campanha eleitoral de 2018, foi recebido pelo presidente na manhã desta quinta. O nome do oncologista tem o respaldo do secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, da equipe econômica e da cúpula militar. O nome do médico também é apoiado pelo empresário Meyer Nigri, presidente da Tecnisa. Contou a favor de Teich a experiência empresarial e formação econômica. A avaliação do presidente é a de que o médico poderia equilibrar as ações da pasta entre medidas voltadas para evitar mortes por coronavírus, mas que minimizem o impacto econômico das medidas de restrição, uma de suas preocupações. No encontro pela manhã, segundo relatos de presentes, o médico fez uma exposição sobre as suas propostas para a pasta e expôs seu ponto de vista sobre políticas de enfrentamento ao coronavírus. Além do presidente e de Teich, participaram da reunião ministros palacianos, como Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Apesar de o presidente ser favorável ao que ele chama de quarentena vertical, que preserva apenas os grupos de risco, Teich já se posicionou a favor do isolamento social, ponto de discórdia de Bolsonaro com Mandetta. Com a dificuldade de encontrar alguém com respaldo na classe médica, Bolsonaro passou a adotar como condição um nome que, apesar de ter posições diferentes da dele, não protagonize embates públicos. Teich tem o apoio do presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), Lincoln Lopes Ferreira, que também participou do encontro. A relação entre Bolsonaro e Mandetta estava desgastada havia cerca de um mês por divergências na condução do combate à pandemia do coronavírus. Na última quarta-feira (15), em uma entrevista em tom de despedida ao lado de sua equipe, Mandetta afirmou que havia descompasso com o Palácio do Planalto e indicou a sua demissão como certa. Mandetta voltou a defender a manutenção do caminho da ciência, em uma crítica indireta às pressões que sofre do presidente, contrário ao isolamento social e defensor do uso de medicamento sem eficácia e segurança comprovadas. Bolsonaro vinha batendo de frente com seu auxiliar e, nos últimos dias, deu celeridade à busca por um substituto. Desde o início da crise, Bolsonaro tem ignorado orientações sanitárias, sem demonstrar preocupação com a crise do coronavírus, e ao mesmo tempo pressiona governadores e prefeitos a abrandar a política de isolamento social. Já Mandetta é crítico da aglomeração de pessoas e defensor do isolamento horizontal, em linhas com a OMS (Organização Mundial da Saúde) para evitar o contágio do novo coronavírus. Segundo antecipou a coluna Painel, da Folha, Mandetta avisou sua equipe na noite desta terça-feira (14) que Bolsonaro já procurava um nome para o seu lugar. O ministro conversou com integrantes da pasta em clima de despedida e avisou que combinou de esperar a escolha do substituto. Mandetta afirmou a interlocutores que cometeu um erro ao dar a entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no último domingo (12), com uma série de críticas indiretas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e reconheceu que, diante disso, seu cargo está novamente ameaçado. Depois de escapar na semana passada de uma demissão que muitos consideravam certa, o ministro foi avisado que sua saída do governo federal voltava a ser uma possibilidade nos dias seguintes. Além da visível perda de sustentação entre os militares, que consideraram o tom da entrevista um ato de insubordinação, Bolsonaro levou em conta que até mesmo alguns líderes do Congresso criticaram o tom adotado na entrevista do ministro. A falta de fortes mobilizações nas redes sociais em defesa do titular da Saúde também foi lida pelo presidente como uma brecha para efetuar a demissão. Na entrevista à TV Globo, domingo, Mandetta disse que a população não sabe se deve seguir as recomendações do Ministério da Saúde (favorável ao isolamento social) ou de Bolsonaro (crítico de medidas como o fechamento de comércios, por exemplo). O titular da Saúde também criticou quem rompe as regras de distanciamento para ir à padaria, numa crítica a Bolsonaro —o presidente foi na semana passada a um estabelecimento do tipo em Brasília e consumiu alimentos no balcão. Justamente essa insistência em bater de frente com Bolsonaro custou a Mandetta o apoio da ala militar no Palácio do Planalto. A avaliação foi a de que o ministro desprezou o esforço do núcleo militar para que ele fosse mantido no cargo e está preocupado apenas com a sua imagem pública, em uma tentativa de se candidatar a governador de Mato Grosso do Sul em 2022 —Mandetta vinha dando seguidos sinais de enfrentamento ao presidente desde a ameaça de sua demissão na semana passada, sendo a entrevista o último deles. O descontentamento do grupo fardado ficou evidente nesta terça-feira (14) com uma declaração do vice-presidente, general Hamilton Mourão. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Mourão afirmou que o ministro da Saúde cometeu uma falta grave na fala à TV Globo. "Cruzou a linha da bola, não precisava ter dito determinadas coisas", afirmou o vice. Mourão, no entanto, avaliou que o melhor seria o presidente não demitir o auxiliar neste momento. Durante a segunda-feira, Mandetta conversou com aliados. Justificou que decidiu dar a entrevista porque ficou irritado com o comportamento de Bolsonaro no sábado (11), durante uma visita a obras de um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás (GO). Na ocasião, o mandatário mais uma vez ignorou orientações das autoridades sanitárias e promoveu aglomerações —o titular da Saúde acompanhou a cena de longe. Os interlocutores que conversaram com o ministro na segunda disseram que ele reafirmou que não pediria demissão, mas reconheceu que estava numa situação de maior debilidade do que na semana passada.
*”Bolsonaro busca nova política contra coronavírus com demissão de Mandetta e entrada de Teich”* - Após semanas de embates em torno de medidas de combate à crise do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou nesta quinta-feira (16) a demissão de Luiz Henrique Mandetta, 55, do comando do Ministério da Saúde e nomeou o oncologista Nelson Teich, 62, para o cargo. Em pronunciamento ao lado do novo ministro, no Palácio do Planalto, Bolsonaro voltou a atacar governadores e prefeitos por ações de isolamento social, como fechamento de comércios, e indicou querer mudança no rumo das ações de combate ao vírus. "Quem tem poder de decretar estado de defesa ou de sítio —depois de uma decisão do Parlamento— é o presidente da República, e não prefeito ou governador. O excesso não levará à solução do problema. Muito pelo contrário, [ele] se agravará", afirmou. "Devemos tomar medidas sim para evitar a proliferação ou expansão do vírus, mas pelo convencimento e com medidas que não atinjam a liberdade e as garantias individuais de qualquer cidadão", acrescentou Bolsonaro. O discurso foi acompanhado de panelaços em protesto em diversas cidades. Deputados, senadores e governadores também disseram lamentar a decisão do presidente. Em nota conjunta, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), adotaram tom contundente sobre a exoneração do correligionário. "A maioria das brasileiras e dos brasileiros espera que o presidente Jair Bolsonaro não tenha demitido Mandetta com o intuito de insistir numa postura que prejudica a necessidade do distanciamento social e estimula um falso conflito entre saúde e economia", escreveram. Mais tarde, Bolsonaro acusou Maia de conspirar para tirá-lo do cargo e qualificou como péssima a atuação dele. O presidente afirmou ainda que avalia enviar um projeto de lei ao Poder Legislativo aumentando a lista de atividades consideradas essenciais durante o estado de emergência decretado por causa da pandemia do coronavírus. A ideia da iniciativa é flexibilizar as medidas restritivas decretadas por estados e municípios, viabilizando, por exemplo, a reabertura de comércios e restaurantes. Segundo Bolsonaro, pode ser considerada essencial toda atividade que permita "levar um prato de comida para a casa". Na quarta-feira (15), o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu por unanimidade que estados e municípios têm autonomia para as medidas. Em nova investida contra governadores, em especial contra João Doria (PSDB), de São Paulo, a quem considera um adversário para 2022, o presidente falou que jamais mandaria prender quem estivesse nas ruas em desrespeito a regras de quarentena. Doria chegou afirmar que as pessoas que violarem as regras da quarentena em São Paulo serão advertidas e orientadas, mas que, se insistirem, poderão ser presas. "Os excessos que alguns cometeram, que se responsabilizem por eles. Eu jamais mandaria as minhas Forças Armadas prenderem quem estivesse nas ruas", disse Bolsonaro. Ele defendeu a flexibilização de medidas de isolamento social, mas, em tom mais moderado do que costuma adotar, afirmou que esse processo precisa ser "gradual". Para o mandatário, o coronavírus trouxe uma "máquina de moer empregos", expondo principalmente as pessoas mais humildes, que "não podem ficar em casa por muito tempo". "Conversei com o Nelson [Teich] que gradativamente nós temos que abrir o emprego no Brasil. Essa grande massa de humildes não tem como ficar presa dentro de casa. E o que é pior, quando voltar não ter emprego. O governo não tem como manter esse auxílio emergencial [de R$ 600 para informais] ou outras ações por muito tempo", disse. Bolsonaro afirmou que conversou com o novo ministro sobre a flexibilização das regras de restrição social. "Sei e reitero que a vida não tem preço, mas a economia e o emprego têm que voltar à normalidade. Não o mais rápido possível, como conversado com o dr. Nelson, mas ele tem que começar a ser flexibilizado, para que exatamente não venhamos a sofrer mais com isso." Após ser anunciado ministro, Teich disse que "tudo vai ser tratado absolutamente de uma forma técnica e científica". Afirmou que não haverá nenhuma definição brusca sobre isolamento social. Ressaltando estar alinhado ao presidente, o ministro também disse que economia e saúde "não competem entre si". Antes de ser convidado a assumir o ministério, à tarde, Teich teve um encontro com o presidente pela manhã. Contou a favor da Teich a formação econômica e a experiência em gestão empresarial. O médico é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos. A aposta do presidente é a de que o médico possa equilibrar as ações da pasta entre medidas voltadas para evitar mortes por coronavírus, mas que minimizem o impacto econômico das restrições. +++ Por fim, a reportagem não mostra qual é essa nova política que Bolsonaro vai adotar.
*”Demissão de Mandetta provoca panelaços contra Bolsonaro em diferentes pontos do país”* - A demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde provocou panelaços nesta quinta-feira (16) em diferentes pontos do país. Em São Paulo, houve protestos na área central da cidade, nos bairros da Bela Vista, Consolação, Jardins e Santa Cecília. Em Pinheiros (zona oeste), Ipiranga e Brooklin (ambos na zona sul) moradores também fizeram panelaços. Das janelas e varandas, também houve sons de vuvuzelas e gritos de "genocida", "presidente lixo" e "fora, Bolsonaro". Apoiadores do presidente gritaram "mito" de volta. Em Laranjeiras e Copacabana, bairros da zona sul do Rio de Janeiro, e na Tijuca, zona norte, também houve manifestações contra a demissão. Panelaços ainda foram registrados em Brasília (Asa Norte, Asa Sul e Sudoeste), em Porto Alegre, em Belo Horizonte, em Salvador, no Recife, em Londrina (PR) e em Ribeirão Preto (SP). No bairro Petrópolis, em Porto Alegre, moradores gritaram "vamos morrer" pela janela. Mandetta foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, após um longo processo de embate entre eles diante das ações de combate ao novo coronavírus. O presidente convidou o oncologista Nelson Teich para assumir o lugar de Mandetta. Os panelaços contra o presidente começaram no dia 17 de março e coincidiram com o início da fase mais aguda das medidas de quarentena pelo país contra o novo coronavírus. +++ O jornal assume a interpretação de que os panelaços ocorreram em função da demissão do ministro da Saúde, mas é mais provável que tenham ocorrido pela simples aparição de Jair Bolsonaro na TV.
*”Mandetta foi de 'grande exemplo' a 'traidor' para a direita no Twitter”* *”Novo ministro, Nelson Teich diz que economia e saúde não competem entre si”* *”Bolsonaro troca ministro mas segue impedido de reverter ações de governadores e prefeitos”* ANÁLISE - *”Sem cloroquina e com testes que não existem, Bolsonaro se rende à realidade”*
*”Direita alinhada a Bolsonaro vê saída de 'político' Mandetta e entrada de 'técnico' Teich”* - A direita alinhada ao governo elogiou a mudança no Ministério da Saúde e caracterizou a troca de comando no combate à Covid-19 como a vitória da técnica, representada pelo ministro que chega, sobre a política, que seria personalizada pelo que sai. “O [Nelson] Teich é um técnico, não é um conservador ou um progressista. Acho isso fantástico”, afirmou o anestesista Luciano Dias Azevedo, que é atuante em grupos conservadores. Membro da Cúpula Conservadora das Américas e do Docentes pela Liberdade, entidade que reúne professores universitários de direita, Azevedo tem sido atuante junto ao presidente Jair Bolsonaro na defesa do uso do medicamento hidroxicloroquina para pacientes em estágio inicial da doença. Na semana passada, esteve no Palácio do Planalto numa reunião com o presidente e outros profissionais de saúde. Ao lado da médica Nise Yamaguchi, que chegou a ser cogitada para assumir o ministério, tentou convencer o agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta a liberar o medicamento, sem sucesso. Ele diz esperar que Teich tenha outra atitude sobre o tema. “A questão é dar acesso a possibilidades de tratamento. Não é a apenas a hidroxicloroquina, é dar a oportunidade para que o quadro das pessoas vulneráveis não se agrave”, afirmou. Sobre o isolamento social, Azevedo diz que é importante ter “alguém que resolva”. “O Mandetta fez muita coisa certa. Segurou uma bronca gigantesca. Mas faltou o timing para flexibilizar essa situação”, afirmou. Embora diga não conhecer pessoalmente o novo ministro, Azevedo afirma que acompanha bem seu trabalho e se disse bastante animado com a escolha de Bolsonaro. “É uma pessoa extremamente minuciosa. Precisamos de algum que venha apaziguar os ânimos. Está morrendo gente conservadora e não conservadora”, afirmou. Outras reações na direita seguiram a linha de destacar o lado “técnico” do novo titular da Saúde e minar a imagem de Mandetta como a de alguém apenas interessado em promoção pessoal com fins eleitorais. “Temos um ministro da Saúde que é médico, não um político com CRM [registro profissional], sem filiação partidária. É especialista em gestão na área da saúde, não em jantares de madrugada”, disse Carlos Barros, professor conservador, no Twitter. Para o site bolsonarista Crítica Nacional, “Henrique Mandetta teve oportunidade e tempo suficiente para expor sua incompetência e despreparo para gerenciar a área de saúde, além de expor sua deslealdade política e falta de compromisso com as diretrizes do governo Bolsonaro”. Em contraposição, Teich foi descrito pelo site Brasil Sem Medo, ligado ao filósofo Olavo de Carvalho, como “um dos mais importantes oncologistas do país e empresário consagrado no setor médico-hospitalar”. Na base parlamentar de Bolsonaro, o currículo de “profissional nota 11, vários MBAs e especialista em saúde da economia” foi saudado pelo deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS), que festejou: “Isolamento vertical vem aí”. Na mesma linha, Daniel Silveira (PSL-RJ) disse que a troca foi “uma mudança necessária não só pela saúde, mas para desaterrorizarmos e libertarmos nosso povo”. Outra integrante da tropa de choque do presidente, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou que a escolha de Teich ocorreu por ser uma pessoa “extremamente técnica”. “O presidente fazia questão que fosse um médico com experiência em gestão e que fosse uma pessoa com várias qualidades. Dentre elas, alinhamento ideológico e o cuidado de falar sobre problemas de maneira privada, não levar para o público, como o Mandetta vinha fazendo”, afirmou a deputada.
*”Avesso a polêmicas antes da pandemia, Mandetta sai sem implementar sua principal bandeira”*
FERNANDO CANZIAN - *”Como Jekyll e Hyde, Mandetta também contribuiu para voo cego na crise”*: Diante da inépcia agressiva do presidente Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta ganhou ares de herói racionalista na condução da crise da Covid-19. Por trás de sua aparente calma e segurança, no entanto, não foram pequenas as derrapadas do ministro da Saúde. O aspecto mais imperdoável foi a demora em acordar para a necessidade de massificar testes de casos suspeitos. Além de não permitir saber por onde o vírus anda, essa falha custará caro ao país, que estará mais infectado do que poderia quando decidir relaxar o isolamento. A pasta também foi lenta na mobilização para comprar equipamentos de segurança às equipes médicas e não se moveu para tentar normatizar as regras de confisco desses materiais pelos estados e municípios —gerando arbitrariedades em que hospitais chegaram a perder máscaras até para porteiros de edifícios por decisão da Justiça do Trabalho. O ministério também não soltou uma regra única para as 47,7 mil equipes de agentes de saúde informarem casos suspeitos, levando a uma subnotificação gigantesca. Por último, foi só nesta semana que decidiu criar uma plataforma única onde os hospitais deverão informar a ocupação de leitos de UTI. Muitos desses aspectos foram levantados antecipadamente por especialistas e em reportagens nesta Folha, mas o atraso nas medidas ainda mantém o país numa espécie de voo cego, e sem que tivesse aproveitado a chegada em câmera lenta da epidemia para acelerar providências técnicas. O primeiro caso de infecção pelo coronavírus no Brasil foi detectado no dia 25 de fevereiro, de um homem que viajou para a Itália, país que tinha então cerca de 400 casos confirmados e duas dezenas de mortos. Na época, China e Coreia do Sul já eram modelos acabados em que o Brasil poderia se espelhar para lidar com a crise, fazendo, por exemplo, lockdowns regionalizados e a massificação de testes para casos suspeitos. A compra maciça de testes pelo Brasil só seria anunciada em 21 de março, quase um mês após o primeiro caso, embora ninguém ainda saiba exatamente onde esses kits se encontram. Como comparação, Chile e Peru hoje fazem mais testes que o estado de São Paulo, tanto em números relativos à população quanto absolutos. Quando o Brasil entrou em isolamento, ele também atingiu igualmente cidades distantes sem casos confirmados e os grandes centros urbanos —de onde pessoas não testadas puderam viajar livremente, espalhando rapidamente o vírus. Por fim, numa variação de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, o ministro médico que desempenhou seu papel de forma irretocável em bons momentos acabou dominado pelo político que se escondia em Mandetta. Em vez de reforçar sua altivez e técnica e deixar Bolsonaro brincado sozinho com a cloroquina, o ex-deputado federal do DEM entrou no jogo do presidente, com idas e vindas para medir sua força política diariamente. Quando chamou de “sórdidos” os meios de comunicação no fim de março para agradar Bolsonaro, Mandetta já dava sinais de confundir o seu papel e de subestimar o caráter do presidente, que finalmente acabaria criticado pelo ministro no horário nobre do Fantástico. Ainda assim, e para a grande sorte de Mandetta, a bomba da falta de testes, das UTIs lotadas e das mortes às centenas agora explodirá na cara de Bolsonaro.
*”Bolsonaro acusa Maia de conspiração e diz que atuação do presidente da Câmara é péssima”* - O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), acusou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de conspirar para tirá-lo do Palácio do Planalto e qualificou como péssima a atuação do deputado. "Parece que a intenção é me tirar do governo. Quero crer que esteja equivocado", disse Bolsonaro ao comentar a aprovação pela Câmara de um projeto de socorro aos estados. A proposta determina que a União irá transferir R$ 80 bilhões, segundo cálculos de líderes partidários, por seis meses, como forma de compensação pelas perdas de ICMS (imposto estadual) e ISS (municipal) diante da crise econômica. "Se isso tudo for aprovado, e outras coisas virão pela forma como está se comportando, vão matar a galinha dos ovos de ouro, que é o Brasil", afirmou. "Isso que o senhor está fazendo não se faz com o nosso Brasil. Lamento, mas não se faz com o Brasil. Isso é falta de patriotismo, falta de um coração verde e amarelo, falta de humanismo com este país maravilhoso que se chama Brasil", afirmou Bolsonaro. O chefe do Executivo disse ainda que as medidas adotadas por Maia são escandalosas. "Lamento muito a posição do Rodrigo Maia, que resolveu assumir o papel do Executivo", afirmou em entrevista à CNN Brasil. "Ele tem que me respeitar como chefe do Executivo." "Qual o objetivo do senhor Rodrigo Maia? Resolver o problema ou atacar o presidente da República? O sentimento que eu tenho é que ele não quer amenizar os problemas. Ele quer atacar o governo federal, enfiar a faca", disse Bolsonaro. O presidente da República reclamou de falta de diálogo da parte de Maia e afirmou que o presidente da Câmara "está conduzindo o país para o caos". "Não temos como pagar uma dívida monstruosa que está aí, não temos recurso. Qual a intenção? É esculhambar a economia para enfraquecer o governo para que eles possam voltar em 2022? "Ele sabe que está errada a posição dele", disse. "Péssima a sua atuação." Bolsonaro insinuou outros interesses da parte de Maia, mas não detalhou. "A gente sabe seu tipo de diálogo. Este diálogo não vai ter comigo." "O Brasil não merece o que o senhor Rodrigo Maia está fazendo com o Brasil. O Brasil não merece a atuação dele dentro da Câmara", disse Jair Bolsonaro. Pouco depois, Maia rebateu as acusações, também em entrevista à CNN Brasil. O deputado afirmou que Bolsonaro usou “um velho truque da política” de trocar a pauta para tentar desviar a atenção da demissão de Mandetta. Ele disse ainda que busca evitar que se repita no Brasil o mesmo que está acontecendo nos Estados Unidos, na Espanha e na França, onde o número de mortos pela Covid-19 subiu muito nas últimas semanas. “Independente de questões políticas, nunca deixei de dialogar com quadros técnicos de ninguém”, afirmou. “Agora, também não podemos aceitar que apenas uma visão de Brasil sobre a crise prevaleça. O que prevalece é o diálogo”, afirmou. Maia também afirmou que o governo politiza as decisões do Legislativo, mesmo as que favorecem o Executivo, mas descartou retaliações. “Não há nenhuma intenção da Câmara de prejudicar o governo, de enfrentar o governo. Queremos sentar na mesa com urgência com pautas preestabelecidas”, afirmou. “O presidente não vai ter de mim ataques. Ele pode atacar, ele joga pedra e o Parlamento vai jogar flores para o governo federal.”
*”Dona de açougue muda versão sobre irmão de Bolsonaro, mas testemunhas mantêm relato”* REINALDO AZEVEDO - *”Queda de Mandetta é o menor dos problemas; a bolha de irrealismo é bem maior”*
*”Sem prévias, candidato do PT à Prefeitura de SP será definido em votação restrita”* - Após cancelar as prévias que definiriam seu candidato a prefeito em São Paulo por causa da pandemia de coronavírus, o PT estabeleceu nesta semana que o novo método de escolha será uma votação virtual entre os 46 membros do diretório municipal do partido. Pré-candidatos, no entanto, recorrem dessa decisão. Em reunião nesta quinta-feira (16) dos dirigentes do PT paulistano, ficou acertado que a votação virtual será feita no dia 30 de abril. As prévias deveriam ter ocorrido em 22 de março, e o partido, ao suspendê-las, estabeleceu o fim de abril como prazo para definir um nome. A resolução da executiva nacional do PT, de que as escolhas de candidato a prefeito e vice, da chapa de vereadores e de coligações serão feitas pelos diretórios municipais vale para todas as cidades. Nas que possuem mais de 100 mil eleitores e geração de TV, como é o caso de São Paulo, a decisão deverá ser referendada pela executiva nacional. As deliberações sobre candidaturas e alianças deverão ser aprovadas até 5 de julho. Apesar de a direção municipal ter marcado a data da votação interna, a maioria dos pré-candidatos opina que o PT de São Paulo deveria esperar os recursos serem debatidos pelo diretório nacional antes de prosseguir com a deliberação. Laércio Ribeiro, presidente do diretório municipal do PT de São Paulo, afirma que apenas está seguindo a deliberação da executiva nacional ao marcar a data e que, caso algum recurso seja acatado no futuro, ele irá reconsiderar ou refazer as decisões já tomadas. Os pré-candidatos insatisfeitos propõem que as prévias sejam mantidas, mas pela internet —por meio de cadastro e senha. O argumento é que o resultado seria mais representativo em oposição à escolha de um colegiado restrito. Nas prévias, os cerca de 150 mil filiados do PT no município estão aptos a votar, mas a expectativa era de que 20 mil participassem de fato. Para Ribeiro, a realização da votação ampla e online é inviável num curto espaço de tempo. Ele aponta problemas técnicos. por exemplo: numa família de filiados em que só haja um computador, poderá haver mais de um voto por IP? "É um momento de crise, de excepcionalidade. Nenhum mecanismo disponível agora vai ser democrático. As prévias online podem excluir militantes de periferia sem acesso à internet", diz. Já se manifestaram contra o novo método de escolha os deputados Paulo Teixeira, Carlos Zarattini e Alexandre Padilha, o vereador Eduardo Suplicy e o urbanista Nabil Bonduki, que são pré-candidatos. Para eles, o acesso à internet pelos militantes não será um problema. Também concorrem a ativista do movimento negro Kika da Silva e o ex-deputado Jilmar Tatto, que já era considerado favorito nas prévias com todos os filiados e também tem mais chances de ganhar na votação do diretório municipal, pois seus aliados formam maioria no colegiado. Para seus adversários, a votação mais participativa, porém, abriria maiores chances aos demais. Suplicy, por exemplo, ganhou projeção nos últimos dias ao ver aprovada no Congresso a renda básica emergencial do coronavírus, uma pauta que sempre defendeu. Tatto é membro da executiva nacional do PT e integra a CNB (Construindo um Novo Brasil), corrente majoritária do partido, da qual também faz parte a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann (PR). Ele não quis comentar sobre o processo de escolha determinado pelo partido. Para Zarattini, há uma tentativa de impor o nome de Jilmar como candidato em São Paulo sem que haja uma discussão mais abrangente. "Jilmar, Gleisi e a CNB estão atropelando a democracia interna no partido. Temos o direito de ouvir a base do PT", diz. "O PT tem que avançar. Não pode, em um momento em que está disseminado o uso da internet e do celular, dizer que as prévias não podem ser pela internet", completa o deputado. Zarattini, Nabil e Suplicy apresentaram recurso contra a decisão de suspender as prévias, tomada ainda em março. Já outros nomes do PT, como Rui Falcão, Valter Pomar e Joaquim Soriano, questionaram em recurso a resolução do partido desta semana, de que a escolha deve ser feita em votação dos membros dos diretórios municipais. Nesta quinta, Padilha também entrou com recurso próprio contra a resolução da executiva nacional. "Não concordo com o PT, no século 21, restringir a participação ao diretório municipal, quando a sociedade inteira, inclusive a direção do PT e o Congresso Nacional, está se utilizando a tecnologia da informação para promover encontros mais amplos e mais democráticos", disse. O deputado destacou a importância política e estratégica da eleição em São Paulo e defendeu que haja critérios diferentes para a escolha do candidato a prefeito dependendo da cidade. "Não concordo com colocar no mesmo saco os mais de 200 municípios que têm mais de 100 mil eleitores, que têm realidades diversas e têm que ter critérios diversos." Teixeira, que é vice-presidente do PT, não chegou a apresentar recurso, mas votou contra a resolução na executiva nacional. "Defendo prévias eletrônicas e não num colégio tão fechado. São Paulo é a linha de frente das eleições municipais", afirma. Ele acredita ainda que uma solução para o dilema deve ser costurada com lideranças do partido, como o ex-presidente Lula e o ex-prefeito Fernando Haddad, que desde o princípio se recusou a concorrer novamente na cidade em 2020. A resolução do PT sobre a escolha de candidatos diz ainda que em cidades com 20 mil a 100 mil eleitores, a decisão do diretório municipal deve ser referendada pela executiva estadual. Em cidades administradas pelo PT hoje ou que já foram administradas pelo PT, caberá a uma executiva superior referendar a escolha. Nas cidades onde o PT não terá candidato a prefeito, decidindo apoiar a candidatura de outro partido, é obrigatório ter ao menos a chapa de candidatos a vereador própria. O limite legal para registro de candidaturas é agosto. Entre os petistas, há preocupação com a indefinição da candidatura em São Paulo. A falta de um nome atrasa a elaboração de programa de governo, a montagem da chapa de vereadores e a estratégia para tornar conhecido o candidato escolhido. Também dificulta respostas do partido a adversários que já se apresentaram para a disputa, como Márcio França (PSB), numa aliança de esquerda com o PDT, e o prefeito Bruno Covas (PSDB), que concorrerá á reeleição. À direita, também há nomes já lançados para a corrida, como Andrea Matarazzo (PSD), Filipe Sabará (Novo), Joice Hasselmann (PSL) e Arthur do Val (Patriota). À esquerda, Orlando Silva sairá pelo PC do B. Ainda há incerteza em relação a José Luiz Datena (MDB), que negocia a vaga de vice na chapa tucana, e à ex-prefeita Marta Suplicy, que está filiada ao Solidariedade e pode ser candidata a prefeita ou a vice. O PSOL tampouco escolheu seu candidato entre Guilherme Boulos, Samia Bomfim e Carlos Gannazi. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) até agora também não tem um nome que o represente em São Paulo. Seu partido, a Aliança pelo Brasil, não estará pronto até o pleito de outubro.
*”Bolsonaro ataca jornalistas uma vez a cada 3 dias, aponta entidade de imprensa”* ENTREVISTA - *”'Não tem fundamento nos vincular ao PSDB', diz Smanio, de saída da chefia do MP-SP”* *”Justiça nega ação contra Alckmin por suspeita de irregularidade no Rodoanel”*
*”Em reviravolta, Trump deixa decisão de reabertura econômica com governadores”* *”Europa adota remédios de emergência para epidemia de violência doméstica”*
*”Empresas querem que medidas provisórias na crise virem permanentes”* - Associações empresariais de vários setores estão pressionando o governo federal a ampliar as primeiras medidas tomadas para ajudar empresas a atravessar a fase mais aguda da crise do coronavírus, num momento em que os efeitos econômicos da epidemia se tornam mais evidentes. Elas querem aumentar o alcance das medidas emergenciais, esticar prazos para pagamento de impostos e reabrir discussões iniciadas antes da epidemia, na tentativa de convencer o governo de que o atendimento de suas reivindicações permitirá acelerar a recuperação da economia depois que o pior passar. O Ministério da Economia afirma que recebeu mais de 1.300 pedidos de vários setores, desde o início da crise, em março. Descontados os pleitos redundantes, ele calcula que tenha atendido totalmente 30% e parcialmente outros 20%. Os demais foram arquivados, ou ainda estão sendo analisados. No início de abril, o governo adiou para o segundo semestre o prazo para recolhimento de dois tributos federais, PIS e Cofins, e das contribuições previdenciárias de abril e maio. A medida deu fôlego para o caixa das empresas, mas ficou muito aquém dos pedidos feitos pelas associações. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) havia pedido a prorrogação do vencimento de todos os tributos federais por 90 dias. Um grupo de entidades representativas do varejo pediu a suspensão do recolhimento dos tributos por 180 dias, e seu pagamento em parcelas sem correção no ano que vem. "A evolução da crise está mostrando que não vai adiantar só jogar para frente, porque muitas empresas não vão conseguir pagar", diz Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). "O governo vai ter que entrar com dinheiro a fundo perdido em algum momento". Para micro e pequenas empresas enquadradas no Simples, foi prorrogado por 90 dias o recolhimento da parte da União nos tributos. Valores cobrados em abril, maio e junho deverão ser pagos pelas empresas no fim do segundo semestre, em três parcelas a partir de outubro. As principais associações empresariais também pediram a suspensão dos pagamentos devidos pelas companhias que aderiram aos vários programas de refinanciamento de dívidas tributárias, os Refis. O governo não atendeu esses pleitos, mas as entidades continuam insistindo na reivindicação. A Procuradoria-Geral da Fazenda foi autorizada a suspender por 90 dias procedimentos de rescisão dos parcelamentos de devedores que não conseguirem pagar suas parcelas agora, mas a medida não oferece alívio aos inadimplentes depois desse período, considerado insuficiente para muitas empresas. "O risco é que uma momentânea falta de caixa neste momento faça voltar um problema que a empresa já tinha equacionado quando entrou no programa de parcelamento, antes da crise", afirma Eduardo Lucano, presidente-executivo da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). A entidade também pediu ao Ministério da Economia que permita às empresas deduzir dos seus impostos o valor das doações que fizerem para auxiliar o combate ao coronavírus. Pelas regras atuais, doações a entidades consideradas de utilidade pública são dedutíveis, mas não doações feitas a governos. De acordo com levantamento feito pelo Ministério da Economia, 28% dos pedidos recebidos pelo governo são de alívio na área tributária, 22% são propostas de mudança de normas e obrigações das empresas, 18% são pedidos de facilidades de crédito e 13% são mudanças na área trabalhista. O governo ampliou recursos disponíveis no sistema financeiro para crédito, criou linhas emergenciais nos bancos públicos e mecanismos para compensar perdas que trabalhadores sofrerão, mas tem hesitado em ampliar medidas por causa do impacto do aumento de gastos para as contas públicas. A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) tem cobrado providências para blindar receitas das concessionárias de estradas e outros serviços contra ações de governos locais e pede relaxamento de obrigações contratuais que elas não conseguirão cumprir se a paralisia da economia for prolongada. "Há dezenas de projetos em andamento no Congresso que propõem redução de pedágios e outras medidas que atingem as receitas das concessionárias sem oferecer compensação, amplificando o impacto da retração da economia sobre as empresas", diz o presidente-executivo da Abdib, Venilton Tadini. O Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), que representa grandes empreiteiras, propôs ao governo um programa de retomada de obras públicas custeado por um esquema financeiro garantido por multas devidas pelas empresas atingidas pelas investigações da Operação Lava Jato. Como os acordos de leniência que elas firmaram ao decidir cooperar com a Justiça preveem pagamentos ao longo de mais de vinte anos, a ideia seria usar os créditos futuros para levantar financiamento no mercado e destinar o dinheiro a obras que fazem parte da carteira das empreiteiras e estão paradas. O plano foi formulado pelas empresas antes da crise, mas a conversa com o governo não andou. Com a chegada do coronavírus, as empreiteiras resolveram retomar o assunto. O presidente do Sinicon, Cláudio Medeiros, ligado à Odebrecht, calcula que o fundo poderia levantar R$ 7 bilhões para investimentos. O Ministério da Infraestrutura tem acenado às empreiteiras com um pacote de R$ 30 bilhões para realização de obras em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos depois que a fase mais aguda da crise passar. Os projetos estão prontos para começar, mas dependem da liberação de recursos do Orçamento. A apresentação dessas iniciativas é também uma tentativa do governo de conter as pressões por novas medidas de alívio agora. "Estamos discutindo as urgências do presente, mas também precisamos pensar no momento da retomada", diz o secretário de Desenvolvimento da Infraestrutura do ministério, Diogo Mac Cord.
*”É prematuro falar em fim do isolamento, diz Arminio Fraga”* PAINEL S.A. - *”Atraso em demissão de Mandetta favorecia escolha de Bolsonaro para o cargo”*
PAINEL S.A. - *”Demissão de Mandetta foi bem recebida entre empresários”*: Nos setores mais afetados pela crise, a troca do ministro foi bem recebida. Manoel Linhares, presidente da Abih (associação da indústria de hotéis), diz que faltava sintonia entre Mandetta e Bolsonaro. Ele espera que um novo modelo de isolamento, só com pessoas do grupo de risco, seja analisado para retomar as atividades aos poucos. "Estava ficando sufocante. Sendo otimista, a hotelaria vai demorar três anos para voltar [ao desempenho de antes da pandemia]", afirma Linhares. Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (associação de bares e restaurantes), afirma que a dissonância entre presidente e ex-ministro causou incerteza no setor privado. “O que está matando o empresariado é não saber o que fazer porque tem dois discursos”, diz. Segundo ele, sob o ponto de vista de gestão, Mandetta perdeu valor.
PAINEL S.A. - *”Vendas online em supermercados continuam em alta, diz setor”* PAINEL S.A. - *”Pandemia atrai 5% de novos consumidores para o delivery de comida, diz pesquisa”*
*”Medida vai permitir troca de trabalhadores entre empresas durante a crise”* - O governo Jair Bolsonaro (sem partido) prepara a edição de uma MP (medida provisória) para permitir a cessão de trabalhadores entre empresas. A regra deverá valer durante a crise do coronavírus. A Folha teve acesso ao esboço do texto em discussão na equipe do ministro Paulo Guedes (Economia). Bolsonaro deverá editar a MP na próxima semana. Pelas regras, quando houver suspensão de contrato de trabalho ou redução de jornada e salário, o empregado poderá ser cedido, caso aceite, para uma empresa a fim de suprir mão de obra. Um trabalhador de uma montadora, por exemplo, com contrato de trabalho suspenso em razão da produção paralisada, poderá ser transferido para uma fábrica de respiradores hospitalares. Nesse caso, preservam-se o contrato com a montadora e o salário integral. Passado o período acordado, o trabalhador volta aos quadros de funcionários da montadora. A regra valeria por até três meses. Hoje, essa possibilidade está prevista na legislação trabalhista apenas para empresas terceirizadas. Por isso a necessidade da apresentação da MP. "A medida provisória em tela autoriza a cessão temporária do contrato de trabalho entre o empregador cedente e o tomador cessionário, mediante anuência escrita do empregado, sem caracterização de mais de um vínculo de emprego", diz o texto. Nenhuma transferência de mão de obra ocorre sem o consentimento do trabalhador. Caso ele opte pela cessão, as duas empresas firmarão um contrato que só terá validade com a assinatura do funcionário cedido. O esboço da MP define ainda as condições para a transferência. O acordo deverá prever a garantia "de todas vantagens e direitos previstos no contrato de trabalho do empregado com o cedente". Se houver aumento de jornada na nova empresa, deverá haver remuneração adicional proporcional. Isso inclui o pagamento dos adicionais de trabalho insalubre, se for o caso. Também deverá haver concordância expressa do empregado "com o exercício de atividades no período noturno ou em condições insalubres e perigosas". Essa é uma exigência reproduzida da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Obrigações tributárias, previdenciárias e trabalhistas, como o depósito na conta do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), continuarão sob responsabilidade do cedente. No entanto, a empresa poderá obter o reembolso dessas despesas referentes ao período em que o trabalhador foi cedido. Cada funcionário cedido terá folhas de pagamento distintas. A empresa cedente não poderá cobrar luvas ou obter qualquer outra forma de remuneração por ter fechado o contrato de cessão. Inicialmente, a transferência de trabalhadores estava prevista na medida provisória 936 editada há duas semanas. Essa medida autorizou a suspensão dos contratos por dois meses ou a redução de jornada de ao menos 25% com corte de salário. A ideia defendida pelo secretário especial de Previdência Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, e pelo secretário de Trabalho, Bruno Dalcomo, já era incluir a cessão de contrato de trabalho como medida compensatória. No entanto, o texto demorou a ficar pronto. O governo preferiu editar a MP 936 para evitar atraso. Segundo os técnicos envolvidos na elaboração do texto, a transferência de funcionários entre empresas foi uma ação usada por países em períodos de guerra para frear o desemprego. Ela permite o deslocamento de mão de obra entre setores. Existe ainda uma segunda vertente. Na batalha contra o coronavírus, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convocou as montadoras de veículos a produzir ventiladores pulmonares. No Brasil, esse movimento, chamado de reconversão industrial, está em curso motivado principalmente pelos estados, que tentam adaptar unidades industriais para a produção de insumos hospitalares. Até fabricantes de bebidas passaram a produzir álcool para a população, artigo em falta nas prateleiras dos supermercados. Empresas têxteis poderiam fabricar máscaras e aventais de uso hospitalar. A medida provisória abre espaço para que profissionais como agentes de turismo, hoje completamente desalentados diante da paralisia das viagens e eventos, possam ter seus empregos (e salários) garantidos ao longo da pandemia —seja em indústrias convertidas ou em outros ramos de atividade que na crise estão em alta, como o varejo eletrônico e os supermercados.
*”Mansueto nega dificuldade do governo em se financiar depois de fazer alerta sobre dívida”* - Após assinar nota técnica que relata problemas relacionados à venda de títulos públicos, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse nesta quinta-feira (16) que o governo não tem dificuldade em se financiar. Em documento publicado na quarta-feira (15) para apontar impactos gerados pelo pacote de socorro a estados aprovado pela Câmara, Mansueto e sua equipe afirmam que o Tesouro tem enfrentado, desde antes da pandemia do novo coronavírus, dificuldades de colocar títulos com vencimentos longos no mercado. A nota ressalta que, diante do cenário atual de incertezas, o governo foi obrigado a cancelar diversos leilões de títulos públicos durante o mês de março. Em videoconferência promovida pela Necton Investimentos nesta quinta, porém, Mansueto adotou tom moderado e disse que não há problemas. Ele disse que já houve períodos de desconfiança sobre a capacidade de financiamento do Tesouro, o que não se observa atualmente. “A gente não tem problema de financiamento. A gente não vende mais [títulos] porque está fazendo administração de taxa e acha que não precisa ir ao mercado exatamente agora. Não tem nenhum problema de financiamento”, afirmou. O secretário explicou que, neste momento, o Tesouro “não está desesperado para voltar ao mercado” e vai esperar uma estabilização dos indicadores da economia. Segundo ele, o governo tem hoje um colchão de recursos que permite passar alguns meses sem leilões de títulos. Mansueto disse que é natural que o governo pague um prêmio adicional aos compradores de títulos, mas disse que as taxas hoje estão baixas em relação a anos anteriores. O secretário justificou que a redução da busca por títulos de longo prazo está relacionada à ausência de apetite de agentes como fundos de pensão e investidores estrangeiros, mesmo antes da crise do coronavírus. Na nota divulgada no dia anterior, Mansueto afirmava que nenhum governo tem capacidade de se endividar infinitamente ao mesmo tempo que controla a inflação. “Ainda que, em tese, um governo possa ofertar quantos títulos quiser, ele só poderá emitir se tiver alguém que os compre. Em casos extremos, a demanda por títulos públicos pode tender a zero”, disse no documento. Nesta quinta, ele afirmou que a dívida bruta do governo deve ficar entre 85% e 90% do PIB (Produto Interno Bruto) no encerramento deste ano e minimizou a gravidade do patamar. “Se a gente consolidar na saída [da crise] uma agenda de reforma, com inflação controlada e juros baixo, não me assusta esse tamanho tão alto da dívida”, afirmou. O secretário evitou traçar cenários específicos para sanear as contas públicas após a pandemia. “O ajuste fiscal em 2020 não é prioritário. Temos que gastar mais com saúde, proteger pessoas em situação frágil e ter políticas de manutenção de emprego. A gente vai sair com um buraco fiscal maior e uma dívida maior. Como vamos pagar isso, é um debate do próximo ano”, disse.
*”Câmara aprova projeto que amplia auxílio de R$ 600; pais solteiros receberão R$ 1.200”* - A Câmara aprovou nesta quinta-feira (16) o projeto que amplia a concessão do auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais, incluindo a possibilidade de pagamento de R$ 1.200 a pais solteiros. Os deputados, no entanto, barraram dispositivos aprovados no Senado, entre eles um que ampliava o BPC (benefício para idosos e deficientes carentes). O texto-base foi aprovado em votação simbólica. Como houve mudanças em relação ao projeto do Senado, a proposta volta para apreciação dos senadores. A seguir, vai a sanção ou veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O projeto altera trechos da lei que regulamenta o pagamento de R$ 600 a trabalhadores informais e detalha categorias e grupos que podem receber o benefício, como pescadores artesanais, agricultores familiares, quilombolas e catadores de materiais recicláveis, além de taxistas e motoristas de aplicativos, entre outras. Segundo o texto aprovado nesta quinta, cada família terá direito a duas cotas do benefício. Se for mais vantajoso, o auxílio substituirá, temporariamente, o Bolsa Família. A família pode acumular um Bolsa Família e um auxílio ou optar por receber as duas cotas do auxílio. Mães adolescentes também terão acesso à ajuda. A lei sancionada por Bolsonaro limitava a mães solteiras a possibilidade de receber duas cotas do auxílio. O texto aprovado nesta quinta pela Câmara amplia o benefício para pais chefes de família, que poderão receber R$ 1.200. Também permite que bancos públicos possam contratar fintechs (empresas de tecnologia do setor financeiro) para fazer o pagamento do benefícios. O texto proíbe as instituições financeiras de fazer qualquer tipo de desconto que possa reduzir o valor do auxílio. No pagamento do auxílio que já está sendo feito, clientes da Caixa Econômica reclamaram de que dívidas estavam sendo descontadas de débitos já existentes no banco. CPF Os deputados também proibiram que o auxílio seja negado para trabalhadores que não tenham CPF ou título de eleitor. Além disso, tornaram obrigatório que o cadastro tenha mecanismos para viabilizar a regularização de CPFs de beneficiários que estejam com situação cadastral suspensa. Segundo o texto, o fato de o trabalhador estar com o CPF suspenso ou irregular não será impeditivo para que recebam a ajuda. O projeto impede ainda que aposentadorias, pensões e benefícios sejam suspensos ou reduzidos enquanto durar a pandemia, exceto em caso de óbito ou quando houver indícios de irregularidade e potencial risco de realização de gastos indevidos na concessão. Além disso, permite a suspensão do pagamento das parcelas de empréstimos do Fies (Fundo de Financiamento ao estudante da Educação Superior). Será possível suspender duas parcelas, para contratos de estudantes que ainda cursam a universidade ou que estejam em fase de carência. O projeto autoriza ainda a suspensão de quatro parcelas para contratos em fase de amortização.
*”Auxílio de R$ 600 deve ser pago a 70 milhões de pessoas, prevê ministério”*
*”Governo articula para assumir comando do projeto dos estados no Senado”* - Contra a pressão de governadores no Senado, o governo articula para que um aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assuma a relatoria do projeto de socorro aos estados na crise do novo coronavírus. O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), chegou a ser sondado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para a vaga. Mas a indicação ainda não está certa. Cabe ao relator comandar as negociações sobre a proposta. Um senador próximo do Planalto sinalizaria que o acordo a ser costurado com congressistas será cumprido, avaliam governistas, que tentam evitar o veto —sugerido pelo ministro Paulo Guedes (Economia)— a um pacote amplo de auxílio aos estados e municípios. Na Câmara, que aprovou um plano rejeitado pelo governo, o relator foi o deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), aliado do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que trava um embate com Guedes sobre o formato do auxílio a governadores e prefeitos na pandemia.Em carta a Alcolumbre, 25 governadores pediram que o Senado aprove integralmente o projeto da Câmara. Ligados a Bolsonaro, Marcos Rocha (Rondônia) e Antonio Denarium (Roraima) --ambos do PSL-- foram os únicos chefes de Executivo estaduais que não assinaram o documento, apresentado na noite desta quarta-feira (15). Governadores e prefeitos pedem ao Planalto mais dinheiro para enfrentar a Covid-19 e para manter a máquina pública funcionando. Com a queda da economia, a receita dos estados e municípios está caindo. Há gestores que dizem que logo ficarão sem recursos para pagar salários. Mais amplo do que deseja a equipe econômica, o pacote de socorro articulado por Maia foi aprovado na segunda (13) por larga margem --431 votos a 70. E, agora, está em análise no Senado. No MDB, maior bancada do Senado, os governadores Helder Barbalho (PA) e Renan Filho (AL), por exemplo, pedem celeridade aos correligionários. O plano da Câmara beneficia mais estados do Sul e Sudeste. Porém, o projeto prevê montante de recursos para a divisão maior que o de Guedes. Auxiliares de Bolsonaro reconhecem a resistência de congressistas à proposta enxuta do Ministério da Economia diante da forte queda de receitas nos estados e municípios. Por isso, as negociações tendem a um auxílio de tamanho intermediário —entre o de Maia (que pode passar de R$ 200 bilhões, segundo o governo) e o de Guedes (R$ 40 bilhões). O Senado fez, na quarta (15), uma manobra para ter protagonismo no debate sobre o plano de auxílio aos estados. Numa batalha política pela notoriedade durante a crise, as duas Casas emperram votações de projetos relacionados à pandemia. O Senado decidiu anexar o projeto da Câmara a um de autoria do senador Antônio Anastasia (PSD-MG). Assim, caberá à Casa a palavra final sobre o pacote. Alcolumbre usa o projeto de socorro para cobrar que a Câmara vote propostas já aprovadas por senadores e que dependem de aval dos deputados. Mas, em relação ao conteúdo do plano de socorro, as negociações ainda estão em aberto no Senado, Casa que representa os estados. O plano aprovado na Câmara prevê que toda a perda de arrecadação de ICMS (imposto estadual) e de ISS (municipal), em relação ao ano passado, será compensada. Essa conta seria paga pelo governo federal, que contesta esse modelo pela falta de previsibilidade da despesa. Diversos estados já registram uma queda de 30% na receita de ICMS —taxa usada pela Câmara para estimar o custo do pacote dos deputados aos cofres públicos neste ano (R$ 89,6 bilhões). Mas o plano de Maia prevê uma ajuda variável. Se o recuo na arrecadação for maior, o gasto da União para cobrir esse rombo também crescerá. A cada 10% de desfalque nas contas regionais, a União tem de pagar R$ 28 bilhões aos entes, calcula o Ministério da Economia. O custo total da proposta ficaria em R$ 149 bilhões em caso de perdas de 50% na arrecadação. Se o patamar for de 70%, o impacto seria de R$ 205 bilhões. O governo evita fazer uma estimativa única de despesa com o projeto aprovado pela Câmara porque a compensação não é fixa e, na avaliação de técnicos, os governos regionais tenderão a ceder a pressões de empresários por isenções fiscais. O plano de socorro aos estados aprovado pela Câmara permite que governadores e prefeitos adiem o pagamento de impostos ou até mesmo isentem as empresas, deixando essa conta para o governo federal.Guedes tenta no Senado desidratar a proposta da Câmara. Ele quer um pacote que soma R$ 77,4 bilhões, sendo R$ 40 bilhões de repasses diretos aos estados e municípios. O resto seria suspensão de dívidas com a União e bancos públicos. O governo ainda não descartou totalmente a ideia de editar uma medida provisória (que tem efeito imediato), principalmente se não houver um acordo até o fim de abril. A pressão crescerá quando governadores e prefeitos tiverem que pagar os salários no início de maio. Maia afirmou nesta quinta que a contraproposta do governo (R$ 77,4 bilhões) inviabilizaria quase todos os estados em um prazo de 45 a 60 dias. Para ele, Guedes oferece apenas R$ 22 bilhões aos governadores e prefeitos. O restante seria transferido para a área de saúde, sem resolver o problema de caixa dos governos regionais. "Eu não vou entrar nesse jogo de números, nessa fake news da equipe econômica, usando números para tentar enganar a sociedade e a imprensa", criticou Maia. Procurado, o Ministério da Economia não se manifestou.
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NELSON BARBOSA - *”E pur si muove!”* *”Pedidos de auxílio-desemprego nos EUA chegam a 22 milhões após coronavírus”* *”Cidades paulistas contam 1.000 casos e 100 mortes a mais que governo de SP”* *”Hospitais do interior de SP esperam há dois meses recursos para leitos de UTI”* *”Coronavírus lota hospital Emílio Ribas, e médicos correm para evitar escolher quem morre”* *”Cidade de SP já tem três hospitais lotados na zona leste; casos vão a 11.568 no estado”*
*”Periferia lidera número de mortos por Covid-19 na cidade de São Paulo”* - Os bairros da periferia de São Paulo lideram o número de mortes confirmadas ou suspeitas de contaminação pelo novo coronavírus. Segundo dados divulgados pela prefeitura da capital paulista, 1.207 óbitos relacionados à Covid-19 foram registrados entre os dias 23 de fevereiro e a última segunda-feira (13) no município. Do total de mortos, a maioria residia em bairros situados em regiões carentes da cidade. O distrito que teve a maior quantidade de vítimas fatais foi a Brasilândia, na zona norte, com 33 casos. Em seguida estão: Sapopemba (28), Itaquera (27), São Lucas (24), Grajaú, Jaraguá, Freguesia do Ó, Cangaíba e Cidade Tiradentes, com 22 casos em cada um desses locais. O aumento das mortes na periferia representa uma mudança no mapa do coronavírus na cidade. No início da pandemia, em março, os casos da doença em São Paulo eram concentrados em bairros nobres, como Pinheiros, Jardim Paulista, Itaim Bibi e Perdizes, na zona oeste. A Secretaria Municipal da Saúde avalia que houve uma migração do vírus para a periferia. Segundo a pasta, no início da pandemia, os casos eram importados. Ou seja, os infectados pegaram a doença no exterior e trouxeram para a cidade. No segundo momento, com a transmissão comunitária, a doença passou a se espalhar dentro do município, chegando até os extremos da capital. Para a pasta, dois fatores podem explicar a alta de casos na periferia: o descumprimento da quarentena e a dificuldade de manter o isolamento social em moradias geralmente com muitas pessoas. Segundo o prefeito Bruno Covas (PSDB), o aumento dos casos na periferia é resultado da "defasagem habitacional" em São Paulo. Muito populosas, essas regiões têm moradores de renda mais baixa que, na avaliação da gestão Bruno Covas (PSDB), acabam indo às ruas para conseguir o sustento. Nos últimos dias, foram comuns as filas em frente às agências da Caixa Econômica, com pessoas em busca do auxílio emergencial do governo federal, de R$ 600, ou de informações. Dados divulgados nesta semana pelo governo estadual gestão João Doria (PSDB) mostram que na capital a taxa de isolamento social está em torno de 50%, quando a meta é de 70% da população em casa. Para a Secretaria Municipal de Saúde, o avanço da Covid-19 na periferia é preocupante, já que os moradores de bairros mais pobres têm uma dependência maior do sistema público de saúde. Por esse motivo, a pasta afirma ter aumentado o número de leitos destinados a portadores da doença. Dois hospitais de campanha já estão em funcionamento, no estádio do Pacaembu (zona oeste) e no Anhembi (zona norte), e um terceiro deve entrar em operação no início de maio no complexo esportivo do Ibirapuera. Outra medida foi anunciada nesta quinta-feira (16) pelo secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann. O estado irá transformar o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Heliópolis (zona sul) em hospital de campanha para a Covid-19. O local terá 170 leitos, sendo 30 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), e deverá começar a funcionar em 15 dias. Covas admite que uma das alternativas estudadas é adaptar os CEUs (Centros Educacionais Unificado) para que funcionem como centro de acolhimento de contaminados, para evitar que transmitam a doença para outras pessoas. "O que verificamos é, se for o caso, adaptar os CEUs que estão próximos à periferia para isolamento de pessoas infectadas", afirmou. Entretanto, o tucano ressaltou que, por enquanto, a prefeitura insistirá no "convencimento" de que as pessoas devem manter o isolamento social. Dificuldades Médicos especialistas em pandemias confirmam a tendência de migração do novo coronavírus das áreas nobres para a periferia e citam que é mais difícil conter a proliferação da doença em bairros pobres. O epidemiologista André Ribas de Freitas, professor da faculdade São Leopoldo Mandic, afirma que nas periferias há maior concentração de pessoas nas casas, o que dificulta o isolamento social. Ele acrescenta que, mesmo fora das moradias, as condições são favoráveis para a transmissão do vírus. "As favelas têm muitas vielas estreitas, por onde as pessoas passam para entrar ou sair de suas casas. É impossível manter dois metros de isolamento nesses locais", complementa. Outro ponto mencionado pelo epidemiologista é o fato de que, nas áreas pobres, muitos moradores são trabalhadores informais, cuja renda diminuiu drasticamente ou foi cortada após a quarentena. Segundo ele, muitas dessas pessoas acabaram tendo de voltar para as ruas para tentar garantir algum sustento. O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, aponta um outro motivo que explica o aumento da doença na periferia: a falta de condições sanitárias adequadas. "Nessas regiões, nem sempre se consegue um ambiente adequadamente ventilado. Verifica-se, inclusive, falta de água e sabão para higiene das mãos." Na tarde desta quinta, o prefeito Bruno Covas afirmou que, por meio de uma parceria com a Sabesp, estão sendo instaladas pias comunitárias em bairros carentes da cidade, para que a população possa se higienizar corretamente.
*”Covas recomenda por decreto que população use máscara nas ruas em SP”* ENTREVISTA - *”'Isolamento é a opção contra a catástrofe', diz epidemiologista”* *”Comunidade médica teme que queda de Mandetta afrouxe isolamento social”* *”Brasil tem 188 novas mortes por coronavírus; casos confirmados passam de 30 mil”*
*”País tem mais de 8.200 profissionais da saúde afastados em meio à pandemia”* *”Ceará atinge ocupação de 100% dos leitos da rede pública para Covid-19”* *”Enfermeiros já racionam máscaras em meio à pandemia no Ceará”*
*”Autores de pesquisa sobre cloroquina no Amazonas recebem ameaças”* - Um estudo conduzido em Manaus sobre o uso da cloroquina em pacientes de Covid-19 virou alvo da ira de simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro. Por meio das redes sociais, os pesquisadores passaram a receber ameaças de morte. A polícia do Amazonas informou que está investigando as ameaças de morte. Em rede social de um dos pesquisadores, perfis falsos escreveram: "Filho da puta maldito. Deve ser espancado quando pisar na rua!!" e "Assassino comunista fdp". A pesquisa CloroCovid-19, feita com 81 pacientes em estado grave internados em Manaus, tem o envolvimento de 70 pessoas de instituições como Fundação de Medicina Tropical (FMT), de Manaus, a Fiocruz, a USP e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Os pacientes foram divididos em dois grupos. Um grupo foi tratado com dosagem baixa, adotada em um hospital dos EUA, e outro recebeu dose mais alta, adotada na China. O objetivo, segundo os pesquisadores, é "verificar se há ação benéfica da cloroquina, em comparação com dados de outros estudos internacionais, nos quais pacientes em condições clínicas semelhantes não usaram cloroquina". O estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) em 23 de março, segundo os pesquisadores. No mesmo dia, a cloroquina passou a ser administrada aos pacientes de Manaus. Os primeiros resultados foram divulgados no dia 6 de abril por um infectologista da FMT. Em entrevista coletiva online ao lado do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), ele afirmou que os pacientes "se beneficiaram discretamente" da cloroquina e que os resultados encorajavam a continuidade, mas que, em dose mais alta, o medicamento "pode, sim, dar arritmias graves e levar à morte". Pressionado pelo sistema de saúde à beira do colapso, Lima tentou usar a pesquisa como uma notícia positiva do governo estadual, que financia a pesquisa junto com a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão do governo federal. No dia seguinte à coletiva, o jornal A Crítica, que apoia o governo Lima, estampava na manchete "Pesquisa Amazonense: Cloroquina diminui a taxa de letalidade". No mesmo dia da entrevista coletiva, a pesquisa suspendeu a dose mais alta porque "havia tendência de mais efeitos colaterais nos pacientes em uso da maior dose". Onze pacientes do grupo de alta morreram até agora, na maioria idosos. Em artigo publicado em inglês no site MedRxiv, os pesquisadores apontam que pacientes com Covid-19 não deveriam tomar a dose usada na China, devido à toxicidade. O estudo ganhou a atenção depois que o jornal norte-americano The New York Times fez uma reportagem a respeito. Nos EUA e no Brasil, ativistas que, alinhados aos presidentes Donald Trump e Bolsonaro, defendem a cloroquina disseram que o estudo foi mal conduzido e até que tinha como motivo desacreditar o medicamento. A partir disso, diversos pesquisadores passaram a receber ameaças. "O debate não apenas está tendo forte viés ideológico, mas também prejudicando a reputação de pesquisadores com forte tradição de pesquisa no Brasil e no mundo, o que pode ser um efeito deletério grave em momentos como o que estamos vivendo", afirmam os autores da pesquisa, em comunicado.
*”'Estamos perdendo o controle da cadeia', diz agente penitenciário de SP sobre tensão do coronavírus”* - R. F., 39, é responsável por um dos oito pavilhões do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Caraguatatuba, no litoral paulista. Por lá, ele diz sentir uma escalada na tensão diária. Em um mês, viu acontecer duas brigas generalizadas e três princípios de motins —transgressões que eram raras antes da pandemia de coronavírus. Cada pavilhão tem oito celas, que deveriam abrigar 12 presos, só que chegam a ter 26 —mais que o dobro. No total, são 1.300 presos, quando a capacidade é para 847. A unidade não tem enfermaria, que está interditada. A cada 15 dias, recebe itens de higiene, mas, segundo o agente, não duram uma semana. O presídio também deveria ter cerca de 30 agentes, mas tem 14. "As duas coisas vão acontecer: a doença se espalhar entre os presos e a rebelião. A gente só não sabe quando, mas chamamos de vírus da rebelião. Quando tiver um, dois, três detentos morrendo por falta de assistência..", diz ele, que trabalha no sistema penitenciário desde 2011 e pediu para não ser identificado, com medo de represálias. Antes, R. F. passou pela antiga Febem, hoje Fundação Casa, que custodia adolescentes infratores. Lá, enfrentou as mega rebeliões do início dos anos 2000. "Estamos vendo a história se repetir. A gente está perdendo o controle da cadeia." Hoje, não há nenhum preso com confirmação da Covid-19, mas 48 detentos estão isolados com suspeita, aguardando resultados de testes. No CDP de Caraguatatuba, segundo o agente, houve briga generalizada por desentendimento dos presos nos dias 4 e 29 de março. Também ocorreram dois princípios de motins no dia 16 de março, quando houve rebeliões e fugas em ao menos quatro unidades do estado, após a Justiça determinar o cancelamento da saidinha temporária de cerca de 30 mil detentos. "A sorte foi que os presos ficaram sabendo [da decisão judicial] depois de 18h, quando as celas já tinham sido trancadas. Aí foi possível conter", diz. Quando começaram a ser bloqueadas as visitas da familiares, outra iminência de rebelião. "Eles gritavam, ameaçavam quebrar tudo, se recusavam a entrar para a cela." É que, além do fim das saidinhas e da paralisação de vários trâmites judiciais, sem as visitas, os presos deixam de receber os itens que o Estado não fornece ou fornece de forma insuficiente —de higiene a alimentação. Além de cigarro e drogas ilícitas, que entram no sistema apesar da fiscalização. O jumbo —como é chamada a bolsa que leva itens para dentro das prisões nas visitas— agora só pode ser entregue pelos Correios. Mas familiares relataram à Folha que, em alguns casos, o material tem sido devolvido. Segundo o agente, cartas enviadas para ou pelos presos também não têm sido entregues. Por outro lado, o entra e sai diminuiu, com menos atendimento de advogado, oficiais de Justiça e idas ao médico. Os novos detentos têm ficado em uma ala isolada de quarentena. O que preocupa o agente é que eles não receberam orientação para identificar os presos com sintomas do novo coronavírus. "A Covid-19 eu vou trazer para casa, [com] a rebelião pode ser que eu não volte para casa", diz R. F., que trabalha em escala de 12h por 36h e ganha R$ 3.400 mensais. Agora, a falta de insumos básicos para trabalhar também tem pesado mais, conta. "A gente sente o déficit funcional e de recursos. Não temos ferramentas para apagar tantos incêndios." A mesa que têm, diz, foi improvisada com sucata de ferragem. "Se eu não levo uma caneta, não faço registro das ocorrências", afirma. Também não há álcool em gel, máscara, nem mesmo papel higiênico, sempre segundo o agente. Falta ainda medicamentos básicos para os presos. "Parece bobagem, mas, se você tem uma dor de dente, você vai na farmácia e compra um remédio. Mas ali ele está preso e não tem o medicamento. Isso vira um problema, potencializado pela superlotação, pela alimentação cada vez mais escassa e pelo medo do coronavírus", diz. "Sem recurso técnico, tem que fazer uso da força." OUTRO LADO Em nota, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) de São Paulo, sob gestão de João Doria (PSDB), afirma que a unidade opera normalmente, dentro dos padrões de segurança e disciplina, e que os detentos e servidores são orientados sobre como se prevenir. "O presídio conta com material de proteção e de limpeza em estoque. Nesta quinta (16), o CDP recebeu 180 frascos de álcool em gel. Eles se juntam a outros 50 litros recebidos anteriormente, além de máscaras de proteção e luvas", disse. O CDP de Caraguatatuba, ainda segundo a pasta, conta com equipe de saúde com enfermeiro e dentista e tem as principais medicações disponíveis. Em outras prisões do estado, a SAP diz que tem reforçado a limpeza e a distribuição de material de higiene aos presos, como álcool em gel, sabonete e papel higiênico. Foram entregues aos presídios do estado, de acordo com a secretaria, 264 mil máscaras de proteção descartáveis confeccionadas por reeducandos. Os servidores com suspeita da doença estão sendo afastados. Até o momento, 56 foram mandados para o isolamento em casa. Um servidor foi confirmado com a Covid-19. Os presos que entram no sistema prisional têm passado por quarentena. "Todos os custodiados que apresentem sintomas de quaisquer enfermidades que possam se assemelhar à Covid-19 têm acompanhamento das equipes de saúde, são isolados preventivamente e mantidos em quarentena", afirma a secretaria.
*”Brasil tem queda de 19% nos crimes violentos em 2019”*
MÔNICA BERGAMO - *”Remédio secreto de Pontes é pior que cloroquina para Covid-19, diz estudo chinês”*: A nitazoxanida, princípio ativo do vermífugo Annita e remédio “secreto” anunciado pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, para ser testado em pacientes com Covid-19, se mostrou menos efetiva e mais tóxica do que outras drogas em estudos publicados na China. Cientistas e virologistas de Wuhan, onde começou a pandemia, testaram sete drogas em laboratório e compararam a potência de cada uma delas. A cloroquina foi considerada a menos tóxica, e mais efetiva, quando ministrada em dose maior. O Remdesivir, remédio usado para combater o Ebola, também teve boa performance. Já a nitazoxanida só desenvolveu atividade antiviral adequada em doses altas, que se mostraram tóxicas. A pesquisa foi feita in vitro, mas não em testes clínicos, com pacientes. O ministro, que não confirma o nome da droga que será testada, diz que houve 94% de eficácia em exames preliminares e que não há efeitos colaterais graves. O anúncio feito por Pontes de que o nome do remédio não seria divulgado para não haver uma corrida a farmácias e que nem mesmo pacientes saberiam o que estariam tomando nos testes deixou cientistas perplexos. A regra básica de pesquisas clínicas, com drogas já foram testadas em laboratórios, é a publicidade. Em primeiro lugar, por questões éticas. Em segundo lugar, porque elas precisam passar pelo crivo da comunidade científica. Um cientista que trabalha em testes de medicamentos disse à coluna que o contrário disso é sensacionalismo e o equivalente a vender terrenos no céu. “Qualquer pesquisa precisa dizer que medicamento será testado, em que doses, em quantos pacientes, e por quem será conduzida. Não existe pesquisa secreta em nenhum lugar do mundo”, diz Ezio Távora, do Comitê Comunitário de Acompanhamento de Pesquisas em Tuberculose. Um dos projetos aprovados para pesquisa com a nitazoxanida no Brasil terá como centros participantes o Comando da Aeronáutica do Rio, o Comando da Aeronáutica de SP, o Hospital Naval Marcílio Dias, do Rio, e o HFA (Hospital das Forças Armadas).
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