Isolado até de seus ministros, o presidente Jair Bolsonaro voltou a ameaçar ontem Luiz Henrique Mandetta, responsável pela pasta da Saúde. “Algumas pessoas no meu governo, algo subiu à cabeça deles”, afirmou no fim da tarde, pouco antes de se encontrar com um grupo cristão nos jardins do Palácio da Alvorada. “Eram pessoas normais, mas de repente viraram estrelas. Falam pelos cotovelos. Tem provocações. Vai chegar a hora deles. A minha caneta funciona.” O pastor responsável pelo culto que Bolsonaro acompanhou pediu ao presidente que se ajoelhasse junto aos fiéis e garantiu, após a oração, que com a bênção de Deus ninguém mais morreria no Brasil por conta do novo coronavírus. “Não tenho medo de usar a caneta”, seguiu o presidente. “E ela vai ser usada para o bem do Brasil, não é para o meu bem.” (Estadão)
Enquanto isso... Mandetta participou, por vídeo pré-gravado, de duas lives com shows durante o fim de semana. Uma, da dupla sertaneja Jorge e Mateus. A outra da estrela do forró Xand Avião. “É importante que a música chegue”, afirmou o ministro, “mas que a gente não aglutine, que a gente não coloque as pessoas no mesmo lugar. A gente tem que agora proteger um ao outro.” (Poder 360)
O Datafolha ouviu 1.511 brasileiros entre 1º e 3 de abril. Dentre os eleitores do presidente Jair Bolsonaro, 76% dos entrevistados defendem as medidas de isolamento total para impedir contágio, mesmo que em prejuízo da economia e do emprego. 18% são contra. Dois terços defendem que o comércio não essencial fique fechado e 87% que as aulas sigam suspensas. A aprovação de Mandetta alcançou 82% — era 64%, em março. A de Bolsonaro apenas oscilou dentro da margem de erro — está em 56%, era de 54%. O corte, reiterando, é apenas entre os eleitores do presidente. (Folha)
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criticou de forma dura a maneira como o Planalto atua nas redes sociais. “Toda semana tentam criar uma nova narrativa”, disse ontem à noite em entrevista à Band. “O ministro Mandetta começa, agora, a ser alvo de ataques absurdos desse gabinete do ódio que é comandado do exterior por esse Olavo de Carvalho, eu já faço parte desse ataque de forma permanente, o presidente do Senado, o presidente do Supremo.” Para o deputado, no entanto, a tática do gabinete do ódio vem perdendo a eficácia. “A sociedade nesse momento começa a entender que há muitas informações falsas, muitas mentiras, mas, mais do que isso, muita irresponsabilidade, que tem sido, infelizmente, muitas vezes comandada pelo próprio presidente da República.” (Band) |
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