quarta-feira, 29 de abril de 2020

Brasil supera China em mortes por covid-19

Brasil

O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira dados sombrios sobre o avanço da pandemia do coronavírus no Brasil, que ultrapassou a China em número de óbitos pela doença, com mais de 5.000 mortes. Só nas últimas 24 horas, o país incluiu 474 novos falecimentos pela covid-19 na contabilidade oficial, um recorde de confirmações num único dia, o que levou o novo ministro da pasta, Nelson Teich, a falar em um “agravamento da situação” no país. Ao mesmo tempo em que o ministro falava à imprensa, o presidente Jair Bolsonaro, um negacionista da crise, se esquivava de responder sobre a escalada: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? (...) Sou Messias, mas não faço milagre”, disse, referindo-se a seu nome do meio.
Além do agravamento da pandemia, Bolsonaro precisa enfrentar as consequências de sua mais recente crise, deflagrada com o pedido de demissão do agora ex-ministro Sergio Moro, que deixou o Governo acusando o presidente de interferir na Polícia Federal para proteger seus filhos de investigações. Essas e outras acusações agora são alvo de inquérito aberto pelo ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, a pedido da Procuradoria-Geral da República. O advogado Pedro Abromovay, em entrevista ao repórter Felipe Betim, disse que acredita que, mais do que proteger os filhos de inquéritos, Bolsonaro pode usar a Polícia Federal “como polícia política, de perseguição de adversários e de proteção dos amigos à mando do presidente”.
Se a turbulência política tira o foco do avanço do coronavírus no Brasil, que caminha lado a lado com a perspectiva de um colapso do sistema de saúde, a doença deixará profundas cicatrizes no tecido social. Para Ana Claudia Quintana Arantes, médica geriatra e especialista em cuidados paliativos, as perdas causadas pela covid-19 causarão luto “pela falta de consciência” sobre a gravidade da doença. "Muitas pessoas vão se arrepender de não ter tido cuidado antes e vão pensar 'eu poderia ter ficado em casa, poderia ter convencido as pessoas a ficarem em casa", afirma. A reportagem de Marina Rossi detalha os três tipos de luto que teremos de enfrentar nos pŕoximos meses.

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