O olhar fixo no chão, pálpebras caídas, lábios tensionados, sua fala lenta e entrecortada — foi assim que o presidente Jair Bolsonaro anunciou que o oncologista Nelson Teich, um consultor do setor privado de saúde, substituirá Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde. O presidente está exausto, disseram pessoas próximas à jornalista Tânia Monteiro, suas energias drenadas pela pandemia e por panelaços. E, ontem, em todo o país, as panelas bateram duro novamente quando a demissão de Mandetta foi anunciada. Nelson Teich, por sua vez, em seu discurso de apresentação defendeu que se conduzam testes massivos na população. “Isso vai gerar capacidade de entender o momento, a doença e definir ações”, disse. Ele não falou em fim de isolamento social imediatamente e foi igualmente cauteloso a respeito do uso de cloroquina. (Estadão)
Após o anúncio, Teich deu sua primeira entrevista ao jornalismo do SBT.
Mas... Foi na CNN Brasil, coisa de uma hora após, que as faíscas soltaram — porque, lá, Bolsonaro voltou ao ataque. “Isso que o senhor está fazendo não se faz com nosso Brasil”, afirmou a respeito do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. “É falta de patriotismo, quase que conspirar contra o governo federal. Ele tem que entender que ele é o chefe do Legislativo, e ele tem que me respeitar como chefe do Executivo. Ele não pode jogar todos os governadores contra mim, fazendo o Senado aprovar essa proposta sem contrapartida. A gente até que ponto pode chegar essa despesa, vai ultrapassar R$ 100 bilhões. Qual é o objetivo do senhor Rodrigo Maia? Resolver o problema ou atacar o presidente da República?” Bolsonaro é contra o pacote de ajuda a estados e municípios, já aprovado na Câmara, que propõe que a União reponha os recursos perdidos com arrecadação de ICMS e ISS.” Maia respondeu — mas com cautela. “O presidente ataca com um velho truque da política, para mudar de assunto. Para nós, o assunto continua sendo a saúde. Ele nos joga pedras, o Parlamento vai jogar flores ao governo federal. A crise é horizontal, o isolamento é horizontal, não vertical. Não escolhemos quem vamos salvar. Precisamos ter responsabilidade, sangue frio e pauta.” Assista. (CNN Brasil)
O conflito vai mais fundo. A mais de um deputado, de acordo com o Painel, Bolsonaro já disse ter um relatório com informações de inteligência que garantem que Maia, o governador paulista João Doria e parte do Supremo tramam um golpe de Estado para tirá-lo do governo. (Folha)
Em tempo: Usar serviços de inteligência para espionagem interna, caso se confirme, é crime.
O agora ex-ministro assumirá um cargo na direção nacional do Democratas, seu partido. Ele tinha convites para se juntar aos governos de Goiás ou São Paulo. O DEM calculou que aceitar um poderia passar a impressão de que se unia a um adversário do presidente — achou melhor evitar. (Globo) |
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário