quarta-feira, 15 de abril de 2020

Mídia 15/04

DOS JORNAIS DE HOJE: As capas dos jornais trazem diferentes aspectos da crise provocada pela epidemia do coronavírus. A Folha chama atenção para a pressão sobre o sistema de saúdem em SP, O Globo aborda a tentativa do governo de desmontar o projeto de socorro aprovado na Câmara, o Estadão destaca a opinião de Hamilton Mourão sobre Luiz Henrique Mandetta e o Valor trata da estratégia do BNDES para socorrer as grandes empresas.
A relação Mandetta x Bolsonaro continua a dominar o noticiário político. Afinal, a demissão do ministro pode resultar em uma guinada no que vem sendo o posicionamento do Ministério da Saúde na epidemia. Em paralelo, o Valor Econômico publica reportagem sobre uma possível ofensiva do governo federal para tentar esvaziar o poder de Rodrigo Maia. O governo estaria tentando uma aproximação com os partidos do “centrão”.
O noticiário econômico traz informações sobre as medidas que estão sendo planejadas, além de previsões catastróficas – como traz o Estadão que também entrevista Joaquim Levy. Ao abordar a aprovação do texto base da chamada “carteira de trabalho verde e amarela”, os jornais não abrem espaço para nenhuma voz que seja crítica ao projeto.
 

 
CAPA – Manchete principal: *”Em SP, internações sobem na capital e já pressionam UTIs”*
EDITORIAL DA FOLHA - *”Braços cruzados”*: Em entrevista à Rádio Bandeirantes na segunda-feira (13), o procurador-geral da República, Augusto Aras, rebateu as principais acusações que sofre desde que foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro, em setembro do ano passado. O chefe do Ministério Público Federal apontou que a Constituição lhe garante a autonomia necessária para o exercício de suas funções e que seu papel não é defender os interesses do Executivo, mas observar os limites da lei com rigor.Que o procurador tenha se sentido obrigado a ressaltar o óbvio é apenas mais uma demonstração da dificuldade que encontra para conciliar suas ações com os princípios que afirma seguir. No mesmo dia, em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal, Aras defendeu a competência do governo federal para definir as políticas de combate ao coronavírus, tomando o partido do presidente em sua campanha contra as medidas de isolamento adotadas por estados e municípios. Não foi a primeira vez em que ele se alinhou a Bolsonaro. Em março, ao opinar sobre uma campanha publicitária ensaiada pelo governo federal contra o isolamento recomendado pelas autoridades sanitárias, Aras disse ao STF que inexistia prova da existência da peça.
Embora um dos vídeos produzidos por encomenda da Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto tivesse alcançado ampla circulação na internet antes de a campanha ser abortada pelo governo, o procurador manteve a letargia. Na semana passada, Aras sugeriu ao Supremo que engavetasse seis representações apresentadas contra Bolsonaro por sua insistência em sabotar as medidas antipandemia e promover aglomerações em passeios de fim de semana. O procurador também deu de ombros diante de apelos de integrantes da cúpula do Ministério Público Federal que lhe sugeriram ações para coibir o comportamento irresponsável do presidente. Somente nesta terça (14), a Procuradoria apresentou o primeiro pedido de investigação criminal da gestão Aras a respeito de um membro do governo —o ministro Abraham Weintraub, da Educação, por manifestações contra a China. O plenário do STF deve julgar nesta semana ações que questionam medidas de Bolsonaro, as competências de estados e municípios e os limites que devem ser respeitados pelas esferas administrativas no enfrentamento da calamidade. Aras diz que está interessado em promover a cooperação entre os Poderes, em vez de acirrar conflitos políticos. Talvez, mas cabe ao Ministério Público defender os interesses mais amplos da coletividade, e o procurador cumpre mal essa tarefa sempre que se omite diante das arbitrariedades do presidente.
PAINEL - *”Antes do Fantástico, Mandetta disse a Bolsonaro que teria ações proporcionais às do chefe”*: Dias antes das declarações ao Fantástico do domingo (12), o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) tinha dito a Jair Bolsonaro que suas atitudes seriam proporcionais às do chefe. A conversa explica, em parte, a entrevista que deu à Globo, na qual fez críticas ao presidente. No sábado (11), Mandetta participou de uma visita em um hospital em Goiás ao lado de Bolsonaro que culminou com uma aglomeração, o que causou constrangimento. Segundo relatos, houve um combinado de que não haveria nenhum tipo de contato com o público e nem outras atitudes contrárias às que a pasta da Saúde tem recomendado. Bolsonaro, porém, desdenhou, como já vinha fazendo, chegou perto de um grupo próximo a um cordão de isolamento e fez piada com a situação. O episódio irritou o ministro, que disse a colegas que, a partir de então, evitaria acompanhar o presidente em eventos públicos.
PAINEL – ONIX, O SUBMISSO: Para membros do DEM, Onyx Lorenzoni (Cidadania) deu a maior demonstração de sua submissão a Bolsonaro nesta terça (14). A avaliação é que ele defendeu o governo sem ter sido chamado, chutou o balde com Mandetta e mostrou que só pensa em refazer a sua relação com Bolsonaro. Nos bastidores, além de ser chamado de judas por políticos da legenda, é também referido como "empregado" do presidente. Colegas do DEM se disseram perplexos ao ver a declaração de Onyx por ocorrer menos de dois meses depois do episódio que, segundo eles, foi uma humilhação do ministro, quando foi retirado da Casa Civil. Nesta terça (14), Mandetta avisou sua equipe que Bolsonaro já procura um substituto e que deve ser demitido.
PAINEL- *”Aliados de Maia criticam escalada de crise com o governo e falam em caos político”*: Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e senadores dizem nos bastidores que a briga dele com Bolsonaro e Paulo Guedes escalou na tramitação do socorro aos estados, gerando um caos e dando a impressão de que o líder da Câmara está se guiando politicamente, como acusa Bolsonaro. No Senado, a sensação é de que, do jeito que ficou, o pacote não passa. O governo já avisou parlamentares que tentará incluir contrapartidas de governadores e prefeitos, como a suspensão de aumentos por dois anos. A relação de Maia com o governo azedou de vez com a tentativa do Palácio de negociar diretamente com líderes o socorro. Maia abriu a votação enquanto o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), ainda tentava angariar assinaturas para incluir uma emenda a pedido do governo.
PAINEL - *”Irmã de Nise Yamaguchi fez parte de grupo de transição de Bolsonaro e foi candidata pelo PSL em 2018”*
PAINEL - *”Temos 308 casos e 26 leitos, se piorarem 50 de uma vez, colapsa, diz secretário do Amapá”*: Citado por Luiz Henrique Mandetta (Saúde) como estado em que a situação é crítica, o Amapá tem 308 casos confirmados de coronavírus e 26 leitos de UTI disponíveis. O secretário de Saúde, João Bittencourt, diz ao Painel que se 50 pessoas piorarem de uma vez, o sistema local colapsa. “Estamos trocando o pneu com o carro andando. E o governo federal com o pé no freio”, disse Bittencourt nesta terça. Eles estão aumentando o número de leitos à medida que os casos crescem. Sobre a União, o secretário afirmou que o estado recebeu apenas R$ 10,8 milhões para lidar com a pandemia do coronavírus, além de 2.400 testes rápidos e EPIs. Ele afirma que, sozinho, o governo do estado aportou R$ 24 milhões até o momento.
*”Ministro admite que avançou sinal, e Bolsonaro tenta desconstruir 'herói Mandetta'”* - O ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) afirmou a integrantes do governo que avançou o sinal em entrevista que concedeu no domingo (12), mas o desgaste com o presidente Jair Bolsonaro seguiu acentuado nesta terça-feira (14). Contrário ao que defendem o Ministério da Saúde e a maioria dos especialistas no combate ao coronavírus, Bolsonaro e seus ministros mais próximos planejam agora desconstruir a imagem de "herói" que Mandetta adquiriu para grande parte da opinião pública durante a pandemia, para que sejam criadas condições políticas para demiti-lo. Auxiliares do presidente ouvidos pela Folha afirmaram, em condição de anonimato, que não há mais clima para a permanência do titular da Saúde no governo. Há, contudo, indefinição sobre seu substituto e sobre qual seria o melhor momento para tirá-lo do cargo. Nos bastidores, a equipe do presidente já busca nomes para substituir Mandetta. A ideia é procurar alguém que se aproxime mais da condição de "incontestável" para tentar evitar que Bolsonaro veja sua popularidade afundar.
Os nomes da médica Nise Yamaguchi e do ex-ministro e deputado Osmar Terra (MDB-RS) saíram do páreo, segundo essas pessoas. Há uma pesquisa em curso para escolher um médico de renome. Pela última pesquisa Datafolha, sob Mandetta, o Ministério da Saúde tem mais que o dobro da aprovação do presidente. Enquanto 76% disseram aprovar os atos da pasta na pandemia, apenas 33% concordam com Bolsonaro. Diante de um novo acirramento da crise, Bolsonaro e Mandetta tiveram nesta terça o primeiro encontro desde a entrevista do ministro à Rede Globo, na qual ele fez críticas indiretas ao presidente. Isso ocorreu no Palácio do Planalto, em reunião ministerial. Segundo relatos de presentes, Mandetta falou pouco e, quando se posicionou, o fez de forma lacônica. A postura se opõe frontalmente ao que o ministro da Saúde fez na semana passada, quando desafiou o presidente a demiti-lo na frente de outros ministros. Bolsonaro, por outro lado, teria repetido que é ele quem comanda o combate à pandemia e que cabe ao presidente da República coordenar o esforço de saúde. Desde o início da pandemia, ele não tem escondido o incômodo pela projeção de Mandetta.
No fim da tarde, na entrada do Palácio da Alvorada, Bolsonaro evitou garantir a permanência do ministro. Questionado pela Folha sobre a situação, tergiversou. "Um beijo para você. Um beijo para você. Hétero, lógico." Enquanto estuda qual o melhor momento para se desfazer de Mandetta, Bolsonaro e seus auxiliares mais próximos tentam traçar o dia seguinte à saída do ministro. Antes de tomar uma decisão, o presidente está sendo instruído a avaliar se é melhor aguardar o pico da pandemia, na expectativa de um desgaste popular de Mandetta. Há ainda temor de que a saída do ministro gere uma debandada da Saúde e que o futuro ocupante do cargo tenha de começar do zero quando ainda haverá rescaldo da crise. O ministro tem reiterado em meio ao seu processo de fritura que tem apoio de seu time. Bolsonaro havia desistido de demitir o ministro no fim da semana passada, depois da atuação da ala militar. A entrevista de Mandetta à TV Globo, que o presidente trata como inimiga, foi vista como uma afronta mesmo por esse grupo que vinha atuando como bombeiro. Foi notado ainda um arrefecimento do aval ao ministro nas redes sociais, onde está parte do apoio bolsonarista. Diante do novo cenário, Bolsonaro e seus auxiliares mais próximos devem fazer críticas mais específicas a Mandetta, afirmando que ele não apresentou resultados e previsões concretas. Será apontado ainda, mesmo sem provas, que o tom adotado pelo Ministério da Saúde foi alarmante e que, por isso, as pessoas estão com medo de ir aos hospitais e estão morrendo em casa.
Em paralelo, os técnicos e o próprio ministro da Saúde preparam uma "vacina". Em entrevista nesta terça, eles afirmaram que a curva de infecção do coronavírus estaria mais alta não fosse o esforço atual de isolamento e distanciamento social. Nesta terça, Mandetta retornou à rotina de entrevistas coletivas no Planalto. Na segunda (12), sem que houvesse explicação, ele não compareceu. Segundo pessoas próximas ao ministro, ele tomou a decisão de sair dos holofotes e evitar ter de responder a perguntas duras sobre sua fala ao Fantástico na véspera. Nesta terça, Mandetta negou que esteja trabalhando para provocar sua demissão. Em uma fala sem tantos recados —apenas ressaltou diversas vezes trabalhar focado na ciência—, Mandetta disse ser natural haver divergências porque há muitos ministérios trabalhando. "A gente está passando por uma situação de muito estresse coletivo", disse o ministro. Na mesma entrevista, o ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, disse que o governo tem trabalhado com sinergia. "Todos os ministérios estão trabalhando bem, dentro de um consenso de nós nos ajudarmos mutuamente, sem desperdício de esforços, sem nenhuma disputa entre os ministérios", afirmou. Na coletiva, coube ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, fazer a defesa do ponto de vista de Bolsonaro. Afastado do presidente desde que perdeu o comando da Casa Civil, Onyx, que é do mesmo partido de Mandetta, tem aproveitado a crise para tentar uma reaproximação.
Sem citar qualquer entendimento com o Ministério da Saúde, ele defendeu que em alguns municípios as atividades comerciais voltem ao normal. "É importante todos nós, como sociedade, e particularmente os gestores municipais, refletirem até onde o Brasil enfrenta esta enfermidade" e até onde vai o processo em que brasileiros estão a milhares de quilômetros de um caso de coronavírus e estão sem atividade econômica, afirmou. Na segunda, a AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu de decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e pediu que a corte reconheça a competência da União para regular o isolamento social durante a pandemia. O órgão alega que estados e municípios têm competência concorrente em matéria de saúde pública, como decidiu o ministro, mas que os entes da federação não podem se eximir de observar normas gerais do Executivo nacional. Em conversa com aliados, Mandetta justificou que decidiu dar a entrevista no domingo porque ficou irritado com o comportamento de Bolsonaro no sábado (11), durante uma visita a obras de um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás (GO). Na ocasião, o mandatário mais uma vez ignorou orientações das autoridades sanitárias e promoveu aglomerações —o titular da Saúde acompanhou a cena de longe.
Os interlocutores que conversaram com o ministro na segunda disseram que ele reafirmou que não pedirá demissão, mas reconheceu que está numa situação de maior debilidade política. A intenção do governo é que o ministro seja escanteado de reuniões e que seja dado mais espaço a quem lhe faz um contraponto público. Apesar de as divergências entre Bolsonaro e Mandetta terem sido evidenciadas em meio à pandemia do coronavírus, o desgaste na relação começou muito antes. Em setembro, o presidente cogitou exonerar o ministro no rastro de uma mudança ministerial. Na época, ele já fazia críticas, em conversas reservadas, ao desempenho do titular da Saúde. Uma delas era que o avanço da cobertura de vacinação no país havia ficado aquém do esperado. Bolsonaro, no entanto, decidiu mantê-lo a pedido de representantes da classe médica.​
*”Após ser deixado de lado, Casa Civil diz que Mandetta entra no grupo sobre economia no pós-coronavírus”* - Depois de criar, sem a participação do ministério da Saúde, um grupo de trabalho para discutir diretrizes para a retomada das atividades afetadas pelo novo coronavírus, o governo informou que a pasta será incluída no colegiado. "O ministério da Saúde e outros órgãos que o comitê [de crise que monitora o combate à doença no Brasil] julgar pertinente serão incluídos", disse a assessoria da Casa Civil, que coordena o grupo. O grupo foi instituído por resolução publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira (14). A publicação no Diário Oficial não trouxe vaga para o Ministério da Saúde, comandado por Luiz Henrique Mandetta. A assessoria da Casa Civil não informou quando a inclusão da Saúde será formalizada. Farão parte do colegiado, coordenado pela Casa Civil, os ministérios de Relações Exteriores, Defesa, Economia, Infraestrutura, Agricultura, Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Turismo, Desenvolvimento Regional, Controladoria Geral da União, Secretaria Geral, Secretaria de Governo, Segurança Institucional e Advocacia-Geral da União.
Entre as atribuições listadas pelo grupo de trabalho, está a proposição de "ações estruturantes, atos normativos e medidas legislativas para a retomada das atividades afetadas pela Covid-19 em âmbito nacional"; a articulação com estados, municípios e empresas para a elaboração de propostas com o mesma finalidade; e a discussão de medidas da infraestrutura com foco em obras públicas e parcerias com o setor privado. Também constam na lista de atribuições a elaboração de políticas para a redução de disparidades regionais causadas pelo novo coronavírus, para a destinação de emendas parlamentares e para garantir a cadeia de suprimentos e do setor energético. Por último, o grupo deve também propor ações de desburocratização de procedimentos administrativos, entre eles a simplificação de procedimentos relativos à criação e extinção de empresas. Segundo a assessoria da Casa Civil, o grupo de trabalho será constituído no âmbito do comitê de crise que monitora o combate à doença no Brasil. O comitê é coordenado pelo ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto —a pasta da Saúde faz parte dessa estrutura. "O grupo de trabalho de vários ministérios vai consultar órgãos ad hoc e coordenar as ações estruturantes e estratégicas para a recuperação e retomada do crescimento econômico do país e do bem-estar da sociedade brasileira", disse a pasta. Interlocutores ouvidos pela Folha argumentam que "não faria sentido" retirar pessoas da Saúde no momento para compor o comitê, uma vez que o objetivo, dizem, é discutir medidas de longo e médio prazo para a retomada da economia.
Principal rosto da reação ao Covid-19 no Brasil, Mandetta entrou em linha de choque com o presidente Jair Bolsonaro, que pressiona para que ele peça demissão do cargo. O desconforto do presidente com seu auxiliar aumentou no domingo (12), com a entrevista concedida pelo titular da Saúde à rede Globo. Na ocasião, Mandetta disse que os brasileiros não sabem se devem seguir as orientações do ministério (favorável ao isolamento social) ou de Bolsonaro (que e crítico de medidas como o fechamento de comércios). A entrevista afetou inclusive o apoio que Mandetta detinha junto à cúpula militar do Palácio do Planalto, que vinha atuando para evitar sua saída da Esplanada dos Ministérios. Para a cúpula fardada, Mandetta fez um confronto público com seu superior, não obedecendo a hierarquia do cargo, e reacendeu um conflito que havia diminuído de temperatura. Com o diagnóstico de que Mandetta perdeu um apoio de peso, o presidente avaliou, de acordo com deputados bolsonaristas, ter sido aberta uma nova brecha para intensificar a estratégia de pressioná-lo a pedir exoneração. Ao forçá-lo a se demitir, Bolsonaro quer evitar que Mandetta saia do governo com a imagem de mártir. Segundo assessores presidenciais, a ideia é que a partir desta terça o ministro seja escanteado de reuniões, não participe de decisões do governo e que seja dado mais​ espaço a quem lhe faz um contraponto público.
+++ Jair Bolsonaro, o achacador.
SAÍDA PELA DIREITA - *”Ao ignorar base digital sobre Mandetta, Bolsonaro mostra fragilidade inédita”*: Um raro fato positivo da crise do coronavírus deve ser o fim do temor irracional de que o presidente Jair Bolsonaro representa uma ameaça à democracia. É difícil imaginar que alguém que não consegue demitir seu ministro da Saúde teria condições de fechar o Congresso ou o Supremo. Nesta segunda-feira (13), o presidente foi pressionado como poucas vezes aconteceu desde que tomou posse por sua base de apoiadores digitais, e a ignorou solenemente, outro movimento raro. Em pauta estava a demissão de Luiz Henrique Mandetta, agora alçado a inimigo público do bolsonarismo como já vimos muitas vezes com outros ex-aliados, de Joice Hasselmann a Alexandre Frota. A gota d’água para uma relação que já estava estremecida foi a entrevista do ministro ao programa Fantástico, da Rede Globo, em que desafiou abertamente Bolsonaro e o repreendeu por passar uma mensagem dúbia à população. Incrivelmente, Mandetta terminou o dia como ministro, o que deixou perplexa a tropa de choque do presidente, como se pode perceber numa amostra do Twitter. Assim reagiu, por exemplo, Davy Albuquerque, chefe de Redação do site chapa branca Conexão Política: “Depois dessa entrevista no Fantástico, se eu fosse o presidente @jairbolsonaro, eu demitiria Mandetta pelo Twitter mesmo. Faria uma postagem e deixaria os histéricos gritarem à vontade. As declarações do Ministro deixam claro que ele não está mais pensando na nação, apenas em si.” O Jornal da Cidade Online, outro veículo de sustentação do presidente, bateu mais pesado. “Mandetta é um câncer que se não for extirpado irá virar metastase.” Henrique Oliveira, cofundador do Movimento Brasil Conservador, foi outro a pedir a cabeça do ministro: “Olha... Se você ainda não percebeu o que está acontecendo, é hora de acordar, ok?!”
Assim como os deputados federais Bibo Nunes (PSL-RS), “Mandeta deverá sair do Governo depois da entrevista no Fantástico! Se comparou com o Predidente ao dizer que a população não sabe se segue o Presidente ou ele. Creio que a intenção era não falar isso, mas falou... Desrespeito com a liderança do Presidente! Fatal!@jairbolsonaro”, e Filipe Barros (PSL-PR): “Depois da entrevista de hoje, me parece claro que Mandetta está forçando ser demitido”.
Ao contrário do que tem sido sua prática, Bolsonaro, notoriamente sensível ao que pede sua base digital, desta vez deu de ombros. Há duas hipóteses para que isso tenha acontecido. A primeira é que ele tenha se distanciado de seus apoiadores. Mas isso parece não fazer sentido, pois ela é fundamental para manter energizado seu eleitorado cativo, hoje o principal trunfo politico frente a uma oposição ainda fragmentada. A segunda, mais provável, é que o presidente está de mãos atadas de forma inédita, e revelando uma fragilidade surpreendente. Num momento de incerteza, ele prefere não arriscar a reação que viria do gesto de demitir Mandetta, por mais que o ministro agora tenha dado motivo para levar o cartão vermelho. Poucas vezes uma quebra de hierarquia em rede nacional foi tão acintosa, independentemente do mérito sobre o que o ministro falou. Seja como for, Bolsonaro já não parece mais aquele ser que poderia dobrar as instituições. Seus instintos autoritários são inegáveis, ele tem por hábito tensionar nosso sistema político. Mas sempre que tentou quebrar as regras foi barrado pelo Supremo e pelo Congresso, as duas instituições que supostamente mais ameaçaria. Bolsonaro, é claro, ainda tem força considerável para ditar o debate político. Para derrotá-lo, a esquerda e o centro precisam ler menos “Como as Democracias Morrem” e pensar mais em construir um projeto para ser submetido às urnas daqui a dois anos e meio.
+++ Falta ao jornalista da Folha e ao jornal ouvirem mais o que a esquerda pensa, discute e constrói. O texto mostra a visão limitada do jornal e do jornalista.
*”Guerra entre 'cloroquiners' e 'quarenteners' reinventa polarização na pandemia”* - O flá-flu que já deu as caras na forma de "coxinhas x mortadelas" e "bolsominions x petralhas" vestiu nova máscara na pandemia do coronavírus, com uma divisão agora colocada entre "cloroquiners" e "quarenteners". As visões divergentes sobre o combate à crise reinventam a polarização política e adicionam ingredientes inéditos. Por essa classificação (que pega emprestado do inglês o sufixo "er", neste caso dando a conotação de apoiador ou adepto), os partidários da cloroquina são aqueles que estão fechados com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Eles superdimensionam o papel do medicamento usado no tratamento da Covid-19, ainda sob testes, e fazem pirraça diante da quarentena. No outro grupo, que defende aguerridamente o isolamento social, o remédio é visto com reservas. Na dicotomia entre economia e vidas humanas, a parcela acha que a segunda opção é soberana. É também a ala dos paneleiros, que batucam nas janelas para ressoar seu descontentamento com o que consideram irresponsabilidade de Bolsonaro na condução da calamidade.
Para além das disputas de gabinete —com a oposição do presidente ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB)—, a cisão se espalhou rápido em um ambiente que já era marcado por rachas na sociedade. Se os "cloroquiners" emergem como um grupo mais coeso, com eleitores do núcleo duro do bolsonarismo, os "quarenteners" são mais diversos, na avaliação de analistas ouvidos pela Folha. Longe de ser um bloco fechado de entusiastas do PT, a turma inclui bolsonaristas arrependidos, eleitores de esquerda decepcionados com a sigla de Lula, gente do centro e até de direita. "Quem diria que a esquerda defenderia o Doria e um ministro do governo federal [Mandetta]. Para você ver como tudo na vida é uma questão de perspectiva", diz a produtora cultural Paula Lavigne, que é de esquerda e bate de frente com Bolsonaro. À frente dos movimentos 342 Artes e Procure Saber, que agregam artistas em sua maioria críticos ao presidente, a esposa do cantor Caetano Veloso se encaixa no time dos "quarenteners", mas prefere ver o debate de outra forma. "Eu diria que é uma contraposição entre gente sensata e não sensata. De esquerda e também de direita. Uma coisa não inviabiliza a outra." A polarização em torno da doença pega fogo nas redes sociais, com provocações de parte a parte. "Cloroquiners", ora também chamados de negacionistas, perguntam se os defensores do isolamento estão dispostos a pagar com os próprios empregos, dadas as consequências econômicas. "Quarenteners" não perdem a chance de alfinetar a cada notícia de estudo científico que atesta ainda não haver dados confiáveis sobre medicamentos e vacinas.
Argumentam que o discurso sobre uma hipotética "poção mágica" pode desmobilizar o recolhimento das pessoas em suas casas, ocasionando um indesejado pico de casos. Não se trata de má vontade com o medicamento, dizem os anti-Bolsonaro, em sua defesa. Seria mais uma cautela baseada em evidências apresentadas por cientistas e médicos —a quem dedicam frequentemente posts de homenagem e aplausos nas sacadas. Soldado da tropa de choque do presidente, o palestrante e youtuber Bernardo Küster (mais de 1,5 milhão de seguidores nas redes) passou a tratar o time adversário como "os amigos do vírus". O influenciador incluiu na categoria o governador Doria, a TV Globo e até a OMS (Organização Mundial da Saúde). Nas redes há ainda relatos de simpatizantes de Bolsonaro pregando que eleitores do PT abram mão de auxílios emergenciais do governo. Sobram também piadas na linha: "Bolsonarista que descumprir isolamento deve se comprometer a dispensar leito no SUS caso fique doente". Fora do ambiente virtual, a cisma pode se apresentar em detalhes da rotina de confinamento, como uma troca de olhares nada amistosos no elevador quando um típico "quarentener" (muito possivelmente de máscara) encontra o vizinho "cloroquiner" saindo à rua sem necessidade. Dias atrás, o Copan, edifício no centro de São Paulo povoado por simpatizantes da esquerda, despejou vaias sobre carreata de apoiadores de Bolsonaro que reivindicavam a reabertura do comércio.
Como todo bom embate, cada lado escolhe seus heróis. Seguidores de Bolsonaro têm no próprio presidente o principal ícone de sua causa, mas também vibram com o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), cotado para a cadeira de Mandetta em caso de demissão do atual ministro. No front oposto, o médico David Uip, que é ligado ao PSDB e coordena o comitê de controle do coronavírus em São Paulo, e o ator Carlos Vereza, que rompeu com Bolsonaro por causa da rusga do presidente com Mandetta, já tiveram momentos de glória. "A polarização tem sido uma constante no Brasil desde o impeachment de Dilma Rousseff", analisa o cientista político Ricardo Ceneviva. "Bolsonaro não buscou apaziguar o país e, agora, foi quem iniciou a politização do coronavírus." Para o professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o presidente deu verniz político-eleitoral a "uma questão que é eminentemente de saúde, técnica" ao comprar briga com governadores e com seu ministro. "Isso é perigoso. Essa animosidade que se desdobrou até chegar à população não ajuda o país a se unir e enfrentar o problema", afirma.
O próprio Ceneviva lançou mão dos rótulos da nova ordem, dia desses, ao tuitar notícia de que o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA recuou na posição sobre a eficácia da cloroquina. "Cadê os cloroquiners agora para acusarem os EUA e o presidente Trump de comunistas?", escreveu. À reportagem o docente explicou que se permite uma linguagem mais informal no Twitter. Para Lavigne, a pandemia baixou a temperatura da polarização como ela era conhecida antes. "Os bolsominions ficaram isolados. Tem menos gente do lado de lá. Quem era anti-Bolsonaro continua sendo, e quem se absteve agora está vendo quem ele é realmente. Sem falar nos que se arrependeram do voto." Segundo pesquisa Datafolha do início deste mês, entre os eleitores que votaram em Bolsonaro na eleição presidencial de 2018 17% dizem que estão arrependidos da escolha. Apesar das peculiaridades de cada grupo, dados colhidos pelo instituto mostram que o comportamento dos "quarenteners" é compatível com a postura defendida pelos eleitores de Fernando Haddad (PT) diante da pandemia. Segundo a pesquisa, 51% dos brasileiros acham que o presidente mais atrapalha do que ajuda no combate ao corona. Dentro desse grupo, 81% haviam escolhido o petista no segundo turno de 2018 e só 29% tinham optado por Bolsonaro. A pesquisa também mostrou que eleitores de Bolsonaro são mais céticos quanto aos riscos e consequências do vírus e quanto à eficácia das medidas de contenção. Entre os entrevistados que dizem não sentir medo de ser infectado, os apoiadores do presidente são maioria. Eles também são a maior parte entre os que preveem que haverá poucas mortes no país relacionadas à doença.
ELIO GASPARI - *”Nunca a elite do Brasil ofereceu um triste episódio como agora na pandemia”*
*”Governadores Wilson Witzel, do Rio, e Helder Barbalho, do Pará, estão com coronavírus”*
CONRADO HÜBNER MENDES - *”Quem vai conter o medalhão do STF?”*
*”STF estreia sessão virtual com falhas, mensagens por WhatsApp e só um ministro sem toga”*
*”Aras manda recolher ofícios de procuradores ao governo Bolsonaro, e categoria reage”* - Integrantes do MPF (Ministério Público Federal) acusaram nesta terça-feira (14) o procurador-geral da República, Augusto Aras, de editar medida que interfere na autonomia deles para fazer ao governo federal recomendações relacionadas ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. As críticas partiram da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) e de 24 dos 27 membros do Giac (Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19), criado pelo próprio Aras para coordenar ações da PGR (Procuradoria-Geral da República) durante a crise sanitária. Na última quarta (8), o procurador-geral expediu 20 ofícios aos ministros do governo, entre eles Luiz Henrique Mandetta (Saúde), solicitando que devolvessem à PGR, sem resposta, as recomendações feitas por procuradores de outras instâncias do MPF aos órgãos executivos das pastas. Uma das justificativas apresentadas foi a de assegurar unidade nas manifestações. Por lei, os integrantes do MPF nas diversas instâncias têm independência para atuar e, inclusive, enviar advertências ou propostas aos gestores públicos. Eles podem fazer isso diretamente, exceto quando os destinatários são autoridades como o presidente ou o vice-presidente da República, congressistas, ministros de tribunal superior ou de Estado. Nesses casos, os documentos devem ser encaminhados ao procurador-geral, que tem competência para a comunicação.
Nos ofícios, Aras alega que recomendações de procuradores da República têm sendo dirigidas a diversos órgãos executivos dos ministérios, “cobrando a prática de atos de gestão que se encontram na esfera de atribuição dos titulares das respectivas pastas”. Diante disso, requer o depacho dos documentos ao Giac para ”exame da matérias”, “preservando-se as atribuições dos órgãos superiores do Ministério Público Federal”. Os próprios integrantes do gabinete integrado reagiram. Na nota desta terça, eles afirmam que “não participaram de qualquer discussão ou deliberação” para adoção da medida, “não tendo sido sequer comunicados formalmente” da expedição dos ofícios. “Manifestamos discordância à medida adotada, porque representa grave ofensa ao princípio institucional da independência funcional [dos procuradores] e ao seu consectário princípio do procurador natural, na medida em que obsta o exercício pleno e independente das atribuições dos membros, exercidas sem subordinação e vinculadas apenas à Constituição, às leis e a nossas consciências jurídicas”, diz o texto. Os integrantes do Giac ressaltam que “inexiste sujeição hierárquica entre os membros do Ministério Público e o chefe da instituição [Aras], exceção feita ao âmbito administrativo, sem qualquer chance de que a relação hierarquizada se estenda à seara técnico-funcional, razão pela qual se mostra inadmissível o reexame de recomendações expedidas pelos membros do MPF”. A ANPR informou que tentará derrubar a medida de Aras na Justiça. Em nota, a entidade reclama que o eventual reexame de recomendações é “flagrante violação à garantia constitucional da independência funcional”, garantida aos integrantes do MPF pela Constituição. “A ciência de eventual irregularidade praticada por membro do Ministério Público ensejaria o encaminhamento da notícia, com todos os dados possíveis, à Corregedoria e não legitima a solicitação genérica de devolução de recomendações expedidas por membros do MPF para reanálise de seu teor”, argumenta a associação. O princípio institucional da unidade do MP, diz o texto, “não pode inviabilizar e tornar nulo o princípio constitucional da independência funcional, sob pena de cercear e inviabilizar a livre atuação dos membros do MPF”. Aras tem tido embates com seus pares por arquivar pedidos de providências contra declarações do presidente Jair Bolsonaro durante a epidemia. Ele foi indicado pelo mandatário ao cargo no ano passado, sem disputar eleição interna da categoria, na qual se forma uma lista tríplice de nomes sugeridos ao Planalto.
Sobre as críticas de suposta omissão, o procurador-geral sustenta que “tem buscado resultados em iniciativas concretas para enfrentar a pandemia e ajudar a salvar vidas, sem participar de disputas político-partidárias e sem buscar protagonismo político no meio de uma pandemia”. A PGR divulgou nota nesta terça afirmando que, “diferentemente do que tem sido divulgado, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu que não caracteriza violação à independência funcional a recusa do procurador-geral de enviar recomendação às autoridades relacionadas em lei”. “A medida é compatível com a independência funcional de todos os membros do Ministério Público ao tempo que valoriza a unidade institucional", justificou a PGR. "Trata-se de preservar as atribuições do procurador-geral da República, que, nos termos do artigo 8º da Lei Complementar 75/1993, é quem tem atribuição para fazer recomendações cujo conteúdo demande providências de autoridades como ministros de Estado.” A providência de enviar os ofícios a 20 ministérios, segundo o órgão, foi adotada após informações de que as pastas receberam “centenas de recomendações endereçadas aos respectivos secretários, mas que, na verdade, exigiam atuação dos ministros". Tal situação, segue o comunicado, "fere a lei e embaraça a atividade-fim dos órgãos que estão empenhados no combate à Covid-19”.​
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*”PGR pede que STF abra inquérito para apurar racismo de Weintraub em mensagem sobre China”* - A PGR (Procuradoria-Geral da República) solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, por suspeita de crime de racismo por uma publicação dele nas redes sociais sobre a China e o coronavírus. A manifestação pela abertura de inquérito é do vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, a partir de representações protocoladas contra Weintraub pelo PSOL e por um cidadão comum. O ministro Celso de Mello é o relator do caso no supremo. O vice-procurador-geral viu indícios de racismo na mensagem e solicita abertura de inquérito para que haja diligências e explicações por parte do ministro. Essa é primeira investigação criminal da gestão do procurador-geral da República, Augusto Aras, contra algum membro do governo Jair Bolsonaro. A Folha solicitou um posicionamento do MEC, mas não recebeu resposta. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, como foi o caso, tem pena prevista de 1 a 3 anos de prisão e multa. A legislação ainda descreve como agravante a prática do crime por intermédio de meios de comunicação e, assim, a pena pode variar de 2 anos a 5 anos. Em postagem numa rede social no dia 4, o ministro usou o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, para fazer chacota da China e associar a pandemia de coronavírus a interesses do país asiático. Na mensagem, ele trocou a letra "r" por "l", assim como na criação de Mauricio de Sousa, ridicularizando o sotaque de muitos chineses ao falar português.
Weintraub apagou a mensagem publicada no Twitter, no sábado, que tinha o seguinte conteúdo: "Geopoliticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", escreveu o membro do gabinete do presidente Jair Bolsonaro. A embaixada da China reagiu à manifestação do ministro no início da madrugada de segunda-feira (6), por meio de uma nota publicada no Twitter, na qual classifica as declarações do ministro de "absurdas e desprezíveis", com "cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil".​ No mesmo dia Weintraub deu entrevista a uma rádio e condicionou um pedido de perdão ao fornecimento de respiradores ao Brasil. Apesar da postagem, ele negou que seja racista, disse que já esteve na China e que até tem amigos chineses. A manifestação da PGR indica que, mediante autorização do ministro Celso de Mello, a Polícia Federal obtenha dados referentes à postagem, ao código de identificação do computador e à conta do ministro no Twitter. E que também ouça Weintraub. Ao solicitar diligência, a PGR pressiona a manifestação pessoal do ministro. Em outros casos em que o ministro foi instado pela procuradoria a se manifestar, ele fez isso por meio de auxiliares. Só ao final da instrução o vice-procurador decide se denuncia Weintraub ao STF pelo crime de racismo.
No STF, o ministro Celso de Melo tem uma postura muito clara com relação ao racismo, o que pode ser negativo para o ministro. Foi dele o voto condutor para que a Corte enquadrasse a homofobia no mesmo crime. Desde que assumiu o MEC, Weintraub moldou pelas redes sociais uma persona agressiva, de alto teor ideológico, em detrimento da exposição de realizações da pasta. A Folha analisou 807 mensagens publicadas em sua conta no Twitter desde que tomou posse até o último dia 7, excluindo respostas a outros tuítes. Em 42% das mensagens há algum tipo de ataque. Os alvos preferidos são a imprensa, o PT e a esquerda, mas ele já atacou, além da China, o presidente da França, Emmanuel Macron, publicou vídeo em que aparece atirando e defendeu a pena de morte. Em pouco mais de um terço das publicações (280 tuítes) ele aborda apenas temas da área, sem ataques ou rompantes ideológicos. A China é o maior parceiro comercial do Brasil e esse não foi o primeiro ataque de uma pessoa ligada ao presidente Jair Bolsonaro contra o país no âmbito da pandemia. A embaixada já havia feito duras críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro após o filho do presidente, também em rede social, comparar a pandemia do coronavírus ao acidente nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia, em 1986, quando a antiga União Soviética ocultou a dimensão do desastre. A China registrou o começo da pandemia e é acusada por aliados de Bolsonaro de ter gerado a crise mundial da Covid-19.
TODA MÍDIA - *”CIA avisa que medicamento de Trump e Bolsonaro pode matar”*: No Washington Post, “Remédio promovido por Trump é alvo de alerta da CIA”. Uma semana após a recomendação presidencial, o serviço de espionagem avisou seus agentes que a hidroxicloroquina poderia causar “morte cardíaca súbita”. O WP registra no texto que “um estudo no Brasil sobre a cloroquina, similar à hidroxicloroquina, foi interrompido porque participantes desenvolveram problemas cardíacos”. O New York Times foi além e dedicou reportagem ao estudo brasileiro, destacando que foi “encerrado após pacientes desenvolverem batimentos cardíacos irregulares”. No Brasil, onde o Exército passou a fabricar cloroquina por ordem de Bolsonaro, o general Fernando Azevedo e Silva deu entrevista à Bloomberg na qual “sublinhou a dependência das importações chinesas” e indianas. No título, “Ministro da Defesa urge menos dependência nas importações de medicamentos”. A Bloomberg citou os aviões militares enviados à China para buscar remédios. “Agora estamos no meio do furacão”, comentou o general, “mas depois disso vamos precisar priorizar e dar vantagens à produção doméstica”.
*”Plano de retomada quer destravar R$ 100 bilhões em crédito para empresas”* - Após menosprezar os efeitos do coronavírus, o ministro Paulo Guedes (Economia) colocou sua equipe para estudar medidas que possam impedir o país de mergulhar em uma depressão econômica. Para a ala militar do governo, a retomada dependerá de uma ampliação do peso do Estado na economia, inclusive com investimento público, o que destruiria o modelo liberal do ministro e que ajudou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a ser eleito com o apoio do empresariado. Uma das saídas para evitar esse caminho, segundo pessoas que participam das discussões, será a ampliação do crédito para destravar ao menos R$ 100 bilhões em empréstimos de curto prazo para micro, pequenas e médias empresas. Elas são responsáveis por empregar mais da metade dos trabalhadores com carteira assinada no país. Também se avalia uma redução de custos de captação de recursos do FGTS, fundo com recursos do trabalhador usado para lastrear financiamentos imobiliários, para um corte de, no mínimo, um ponto percentual nos juros de contratos pela compra da casa própria. Seria uma forma de tentar restabelecer a confiança do consumidor e, assim, fazer o motor da economia voltar a girar após meses de isolamento. Os bancos públicos —Caixa, Banco do Brasil e BNDES— serão o carro-chefe da política. Pessoas próximas a Guedes confirmam essa intenção e afirmam que, diferentemente dos governos dos ex-presidentes Lula Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (ambos do PT), não se trata de ampliar o endividamento público para capitalizar os bancos públicos. Para pequenas e médias empresas, a ideia é que um fundo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) seja turbinado com recursos do Sistema S, cujas contribuições acabaram de sofrer um corte de 50% via medida provisória. A exceção foi o Sebrae, que teve recursos destinados ao Fampe (Fundo de Aval para Micros e Pequenas Empresas) para que sejam dadas garantias em empréstimos. O crédito será direcionado a pequenos negócios (como bares, restaurantes, salões de beleza e academias), que respondem pela maior parte do emprego no país e, sem movimento, não têm como gerar receita.
Desde a edição da MP, as demais confederações se articularam e negociam com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que, na conversão do texto em lei definitiva, as contribuições cortadas das demais entidades também sejam direcionadas ao Fampe. O acordo permitiria destravar mais de R$ 100 bilhões em novos empréstimos e, segundo integrantes da equipe econômica, passaria a valer, pelo menos, até o arrefecimento da crise. Nos bastidores, integrantes da equipe econômica consideram que, se essas medidas não forem apressadas, o desemprego vai explodir. Só no setor de bares e restaurantes, a perspectiva é de 6 milhões de postos cortados. No varejo, seriam mais 600 mil. Segundo esses técnicos, a situação atual já forçaria o Estado a manter o programa de ajuda até o fim deste ano. Mas não há recursos disponíveis. Por isso, a meta é, assim que as empresas puderem reabrir suas portas, retomar a agenda de reformas no Congresso e as privatizações. A dúvida é quando a normalidade voltará. O rearranjo do pacto federativo, que reorganiza a relação entre a União e os estados na distribuição e manejo dos recursos, ganhou prioridade. Isso porque, neste momento, a PEC do chamado Orçamento de guerra pode acabar ampliando ainda mais o endividamento dos estados.
Guedes quer garantir ao menos que os congressistas preservem cláusulas mínimas de responsabilidade, como a proibição de reajustes ao funcionalismo por dois anos. A visão de um Estado mínimo no pós-coronavírus, no entanto, não é consenso no governo. No Planalto, a avaliação neste momento é que só será possível fazer um prognóstico confiável sobre os rumos da economia a partir de julho, quando se espera um arrefecimento da crise de saúde. A equipe do presidente já admite, no entanto, que a política econômica deverá passar por alguns ajustes em 2021. O diagnóstico é que, diante da previsão de recuperação lenta, será necessário flexibilizar o ajuste fiscal e aumentar o investimento público de forma temporária para reaquecer a atividade econômica. A melhor saída, na avaliação de assessores presidenciais, é a utilização dos bancos públicos tanto para socorrer setores da economia em dificuldades como para evitar o endividamento de famílias. Para eles, num cenário de crise, cabe ao BNDES elevar sua carteira de investimentos, e à Caixa, criar linhas de crédito. A avaliação é que um aumento do investimento público em infraestrutura também será importante na tentativa de diminuir o aumento do desemprego. Um afrouxamento do teto de gastos, no entanto, é visto como improvável no Planalto. Apesar do cenário de crise, a mudança é considerada inegociável pelo potencial de gerar uma nova crise entre Bolsonaro e Guedes, colocando em risco novamente a permanência do ministro no cargo.
A visão dos militares também foi expressa em estudo do Ceeex (Centro de Estudos Estratégicos do Exército), a alta cúpula da inteligência do Estado-Maior do Exército. “No contexto de fragilidade econômica ora emergente, é possível identificar a relevância do papel do Estado na mitigação dos efeitos negativos da crise, bem como a centralidade da sua atuação como indutor e protagonista do grande processo de recuperação, que, inevitavelmente, terá que ocorrer”, diz o documento. Uma das propostas discutidas é voltada a pequenas e médias construtoras. A ideia dos militares é conceder todas as obras públicas a esse grupo, por exemplo. A equipe econômica resiste e considera que não há espaço nas contas para uma aceleração de obras públicas. Até o momento, o programa de socorro a pessoas e empresas já gera impacto fiscal de R$ 224,6 bilhões neste ano, e o déficit de 2021 também começou a crescer. Enquanto isso, ministros do governo também vêm falando sobre a necessidade de investimentos após o pico de contágio. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, quer maior fluxo de recursos públicos para obras e política habitacional. “O diagnóstico é que a gente precisa trabalhar muito para sair da crise em que se encontra e que foi colocada pelo coronavírus.”
+++ A reportagem mostra uma divisão entre Guedes e os militares. O problema é que nenhum dos dois lados parece entender muito de desenvolvimento econômico e função do Estado. O risco de que o país seja desmontado é enorme. E a Folha continua não ouvindo vozes que sejam dissonantes do governo quando o assunto é economia.
*”Fundos emergenciais levam socorro a microempreendedores negros e mulheres”* - Fundos emergenciais e editais voltados para microempreendedores negros e mulheres tentam levar socorro econômico a negócios em favelas e periferias impactadas pelo coronavírus. "Os micro e nano empreendedores negros e as mulheres estão na base da base da pirâmide social. É a parte da população que já estava mal financeiramente antes da pandemia. Portanto, os mais vulneráveis nesse momento", diz Rosenildo Ferreira, cofundador da aceleradora Vale do Dendê, que desde 2017 atua na periferia de Salvador. A aceleradora é uma das integrantes da coalizão Éditodos, que reúne vários atores do ecossistema de empreendedorismo negro no Brasil. Para fazer frente a esse momento, a Éditodos criou o Fundo Emergências Econômicas para arrecadar R$ 1 milhão com empresas privadas, para fornecer apoio financeiro a estes nano empreendedores. Itaú Unibanco, Assaí Atacadista, Instituto C&A e Fundação Arymax são as primeiras empresas e instituições a aderirem ao fundo emergencial. "Captamos cerca de 50% e não queremos parar por aqui", diz Ferreira. A emergência também econômica deve afetar milhões de empreendedores em comunidades de todo o Brasil. "É um contingente que não tem acesso à rede bancária e vive do dia a dia de seu negócio”, diz Ferreira. A meta é apoiar com até R$ 2.000 cerca de 500 empreendedores ligados ao Vale do Dendê, em Salvador; à Agência Solano Trindade, Afrobusiness e Feira Preta, em São Paulo; à FA.VELA , em Belo Horizonte; e ao Instituto Afrolatinas, no Distrito Federal.É a quituteira que tem um núcleo de marmitas, o micromercado familiar cuidado por pai e filho, a pizzaria caseira, que faz entrega.
Pequenos negócios que geram emprego e renda nas comunidades. De acordo com o levantamento do Fundo Emergências Econômicas, 82% dos empreendedores negros não têm CNPJ. "Esses micro e nano empresários são ricos demais para o Bolsa Família e pobres demais para o Sebrae. A maior parte deles são 'desbancarizados'", diz Ferreira. O valor de R$ 2.000 vai ajudar a criar um fluxo mínimo de caixa, pagar luguel e segurar a sustentabilidade do negócio na crise. O socorro para contas emergenciais será distribuído a partir de critérios definidos por uma comissão. “O recurso será destinado para os mais vulneráveis da rede das organizações que somam quase mil empreendedores. A ideia é apoiar emergencialmente aqueles com mais dificuldade nesse momento por meio dessa seleção interna”, explica Adriana Barbosa, CEO da Feira Preta/Preta Hub e uma das líderes da Éditodos. Integrante da Rede Folha de Empreendedores Sociais, Adriana acredita que, por mais que as cestas básicas sejam essenciais nesse momento, é importante não perder de vista o apoio financeiro, para manter a dignidade das pessoas. "Muitas vezes a desmonetização deixa efeitos residuais que precisam ser mitigados. Tudo o que essas pessoas não precisam é ter mais uma dívida para pagar", diz.
A ajuda também gera de renda dentro das comunidades. "Se a pizzaria local está aberta, o cara que recebeu os R$ 600 do governo vai gastar ali mesmo", diz Ferreira. Em uma segunda etapa, também está prevista uma série de ações educacionais e de orientação pelas organizações que fazem parte da coalização, por meio de lives, e-books e WhatsApp, com informações e dicas para melhorar a sustentabilidade desses negócios. "Vamos levar a caixa de ferramentas da classe média alta para as periferias", afirma Ferreira. Os recursos para o Éditodos estão sendo captados por meio do Fundo Baobá que mobiliza pessoas e financiamentos para o apoio a projetos de promoção da equidade racial para a população negra no Brasil. O Fundo Baobá acaba de lançar também um edital voltado para comunidades no combate ao coronavírus. A ideia é captar até R$ 2 milhões, dos quais R$ 600 mil já estão disponíveis. Cada projeto selecionado receberá até R$ 2.500. “É um edital que vai além da filantropia tradicional, pois não se trata apenas de doações, mas de contribuir para a resiliência das comunidades e de fortalecer suas lideranças”, diz Selma Moreira, diretora do Fundo Baobá. Em meio à pandemia do coronavírus, ela reforça que a população negra precisa de atenção especial. “É uma crise que poderá agravar ainda mais a desigualdade racial no Brasil, em suas vertentes individual, sociocultural, ambiental e econômica.”
Em outra iniciativa, focada no empreendedorismo feminino, a Visa e Instituto Rede Mulher Empreendedora anunciaram o projeto de eventos digitais Elas Prosperam. Nesta terça-feira (14), acontecerá a segunda live do projeto. A transmissão poderá ser acompanhada a partir das 17h pelo Instagram da Rede Mulher Empreendedora. O objetivo é fomentar a criação de redes empreendedoras locais e capacitar gratuitamente mulheres de todo o país, levando lições de empreendedorismo e educação financeira. Elas Prosperam faz parte do programa Cidades do Futuro, da Visa, que desenvolve ativações para gerar impactos econômicos positivos em meio à crise gerada pela Covid-19. “O conteúdo será focado em dicas de empreendedorismo e educação financeira, fundamentais para quem precisa administrar seu próprio negócio", diz Sabrina Sciama, diretora de Comunicação Corporativa da Visa do Brasil. As empreendedoras poderão se inscrever em seis grupos online nas cidades de São Paulo, Manaus, Teresina, Anápolis, Cascavel e Caruaru. "Para o Instituto RME é gratificante ter parceiros estratégicos, com o propósito de auxiliar a jornada das mulheres empreendedoras, oferecendo capacitação para conquistarem autonomia financeira e mudarem suas vidas e de todos à sua volta", afirma Ana Fontes, presidente da Rede Mulher Empreendedora. Com 750 mil empreendedoras conectadas, a organização conta com um programa de aceleração, o RME Acelera, com cursos intensivos e trilhas de conhecimento online e gratuita para quem quer empreender.
*”Reduto roqueiro em SP, bar Mandíbula é mais um a fechar devido ao coronavírus”*
PAINEL S.A. - *”Assembleia de SP aumenta salário de servidores em meio a crise do coronavírus”*
PAINEL S.A. - *”Após críticas, Tribunal de Contas de SP suspende aumento de salário de servidores”*
PAINEL S.A. - *”Na crise do coronavírus, Rodrigo Maia faz até três lives por dia”*
PAINEL S.A. - *”Com procura por cloro, cresce importação de produtos químicos”*
PAINEL S.A. - *”Ministério Público investiga nomeação feita por Tereza Cristina”*
*”Quais são os setores que estão contratando na crise coronavírus”*
*”Acordo corta pela metade salário e jornada de 250 mil comerciários de SP”*
*”Após contratar 100 mil em menos de um mês, Amazon chama mais 75 mil para atender demanda”*
*”Deputados aprovam texto-base da MP do emprego Verde e Amarelo”* - A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (14) o texto da medida provisória do trabalho Verde e Amarelo, que reduz encargos para patrões que contratarem jovens no primeiro emprego e pessoas acima de 55 anos que estavam fora do mercado formal. O texto-base foi aprovado por 322 votos a 153, com duas abstenções. Agora, os deputados vão votar propostas de alterações ao projeto. Agora, segue ao Senado. Caso seja mantido, vai à sanção ou a veto presidencial. Se for alterado, volta à Câmara, e só depois será enviado para sanção ou veto do presidente Jair Bolsonaro. O conjunto de ações para combater o desemprego e a informalidade precisa do aval das duas Casas até 20 de abril para não perder a validade. O texto contou com resistência da oposição. O líder do PSB, Alessandro Molon (RJ), tentou barrar a votação, afirmando que as sessões remotas deveriam priorizar matérias relativas ao combate ao novo coronavírus. “A inclusão da 905 na ordem do dia não me parece adequada ao PSB, meu partido, para o momento em que vivemos, por se tratar de matéria extremamente polêmica, portanto muito distante do consenso necessário”, afirmou. Chamado de trabalho Verde e Amarelo, o programa reduz obrigações patronais da folha de pagamento para contratação de jovens de 18 a 29 anos, que conseguem o primeiro emprego formal e com remuneração de até um salário mínimo e meio (R$ 1.567,50). O relator do texto, deputado Christino Aureo (PP-RJ), ampliou o programa, permitindo que patrões também tenham redução de tributos ao contratarem pessoas acima de 55 anos de idade e que estejam fora do mercado de trabalho formal há mais de 12 meses. De acordo com o texto, a parcela de empregados que podem ser contratados na modalidade Verde e Amarelo é de 25%. A jornada de trabalho nos contratos Verde e Amarelo só poderá ser negociada por acordos ou convenções coletivas. Os funcionários poderão ser contratados duas vezes na nova modalidade, desde que o primeiro vínculo empregatício tenha durado menos de 180 dias.
As empresas que optarem por esse tipo de contrato ficam temporariamente isentas da contribuição patronal para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e de contribuições para o Sistema S. O repasse ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) será de 8%, mesmo percentual dos contratos de trabalho por tempo indeterminado. Os deputados mudaram alguns trechos do texto-base. Incluíram, por exemplo, a possibilidade de antecipação mensal de verbas trabalhistas, como 13º salário e férias, desde que haja acordo. O mínimo mensal a ser adiantado é de 20% da verba. No mesmo destaque, do PSL, aprovaram a redução de 30% para 20% da multa do FGTS em caso de demissão sem justa causa, percentual abaixo dos 40% dos outros funcionários que seguem o regime atual. A mudança será efetivada mediante acordo. O governo queria bancar o programa Verde e Amarelo com a taxação sobre o seguro desemprego, que poderia variar de 7,5% a 9%, dependendo do valor a ser recebido. A cobrança serviria como contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), mantendo a contagem do tempo para aposentadoria. Mas, diante de críticas, o relator tornou a contribuição facultativa e num valor fixo de 7,5%.
​O texto original continha um dispositivo para mudar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e autorizar o trabalho aos domingos e feriados, mas, diante da oposição de parlamentares, o trecho foi retirado. O projeto, no entanto, regulamenta o trabalho aos sábados, domingos e feriados de atividades referentes à automação bancária, como teleatendimento, telemarketing, SAC e ouvidoria, além de serviços por canais digitais, por exemplo. Também autoriza trabalho nesses dias em feiras e shopping centers, aeroportos e terminais de ônibus, trem e metrô. A proposta também amplia a jornada de bancários, reproduzindo acordos coletivos assinados pela categoria. Para os caixas, a duração normal continuará sendo de seis horas diárias, podendo ir, excepcionalmente, a oito horas.
No caso dos demais trabalhadores de bancos, a jornada será de oito horas --ou seja, somente será considerada extraordinária após a oitava hora trabalhada. Além de reduzirem a multa do FGTS em demissão sem justa causa, os deputados mudaram outros dispositivos do texto, como o que envolvia o termo de ajustamento de conduta. Havia preocupação com uma judicialização do instrumento. Os deputados decidiram alterar o dispositivo e prever que os termos de compromisso e os de ajustamento de conduta firmados pela União terão prazo máximo de dois anos, renovável por igual período, desde que fundamentado por relatório técnico. Além disso, os deputados aprovaram emenda que impede a cobrança de tributos sobre ganhos extras dos empregados, como gorjetas. O projeto prevê a liberação de microcrédito e cria um programa para trabalhadores que recebem aposentadoria por invalidez possam ser treinados a exercer uma nova função e, assim, retornar ao trabalho. Na estimativa do governo, o novo contrato de trabalho provocará uma redução de 30% a 34% no custo da mão de obra. Na avaliação do relator do texto, cerca de 1,4 milhão de vagas serão geradas até 2022 por causa dos incentivos. ​
+++ A reportagem não apresenta nenhuma voz que faça crítica à medida. Alessandro Molon aparece no texto discordando de que a medida deva ser votada, só. Trata-se de um texto que muda completamente as condições de vida do trabalhador brasileiro e o jornal não abreespaço para qualquer questionamento.
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*”Pressionado por Maia e governadores, Senado deve frustrar Guedes em pacote a estados”* - Defendida pela equipe econômica, a estratégia de insistir em um pacote mais enxuto de socorro aos estados na crise do novo coronavírus deve esbarrar na articulação de governadores no Senado. A Casa no Congresso representa os estados. Chefes de Executivos estaduais recorrem a aliados pela liberação de dinheiro para cobrir até despesas obrigatórias, como salários. O recuo da economia neste ano já afeta as contas de governadores e prefeitos. Líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) disse que a votação expressiva da Câmara, que aprovou um plano de ajuda mais amplo nesta segunda-feira (13), não pode ser desprezada. Sob críticas do governo e de economistas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), conseguiu aprovar, por 431 votos a 70, o projeto de auxílio mais vantajoso a governadores e prefeitos. O plano não exige medidas de ajuste nas contas públicas, como controle das despesas com servidores. Nesta terça, um dia após a derrota, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reaproximou do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para tentar costurar na Casa uma solução. "Conversei com ele [Alcolumbre] esta manhã [terça]. Vai votar, mas não deve ser nesta semana", afirmou Bolsonaro. Vetar um projeto de socorro ao enfrentamento da pandemia teria um desgaste político muito alto. O veto foi sugerido pelo ministro Paulo Guedes (Economia) caso o governo não consiga desidratar a proposta encampada por Maia.
O ministro insiste em uma versão que prevê uma transferência de recursos menor que a definida pela Câmara e, em troca, amplia a suspensão de pagamento de dívidas com a União e com bancos federais. O pacote defendido pelo governo soma R$ 77,4 bilhões, sendo R$ 40 bilhões de repasses diretos aos estados e municípios, ou seja, dinheiro no caixa de governadores e prefeitos para o enfrentamento da crise. A proposta da Câmara teria um impacto de R$ 89,6 bilhões, sendo que R$ 80 bilhões seriam de compensação da União pelas perdas de ICMS (imposto estadual) e ISS (municipal) diante da crise econômica, segundo cálculos de líderes. Alcolumbre passou a negociar com o governo o envio de um projeto para substituir o texto aprovado pelos deputados. A ideia é manter alguns dispositivos da proposta da Câmara, como a suspensão das dívidas com bancos públicos. O presidente do Senado também sinalizou que espera um aceno de Maia no sentido de votar medidas já aprovadas pelos senadores, como a ampliação do auxílio emergencial (R$ 600) e de crédito para micro e pequenas empresas. "Não vamos pautar o projeto que eles [deputados] votaram ontem. Agora é princípio da reciprocidade", disse Alcolumbre.
Se o Senado não apresentar um novo projeto e fizer alterações na proposta encaminhada pela Câmara, a palavra final é dos deputados que tendem a manter um pacote aos estados mais amplo do que deseja o Ministério da Economia. Maia trava um embate com Guedes e ministros que cuidam da articulação política desde a semana passada. O governo chegou a abrir canal de negociação direta com líderes da Câmara, escanteando o presidente da Casa, que assumia a linha de frente do plano de socorro. As críticas a Maia não cessaram mesmo após ele recuar na ideia de ampliar a margem de endividamento dos governadores (inclusive os que já estão com baixa capacidade de pagamento) e abrir mão de um dispositivo que poderia beneficiar o estado do Rio de Janeiro, em recuperação judicial. A proposta do presidente da Câmara privilegia os estados do Sul e Sudeste na distribuição do dinheiro. Segundo estimativas da equipe econômica, 60% da transferência direta da União para recompor ICMS iria para Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, além de Rio de Janeiro e São Paulo. Nesses dois últimos estados, os governadores WIlson Witzel (PSC-RJ) e João Doria (PSDB-SP) tentaram se capitalizar politicamente com a pandemia ao assumir posicionamento público contra a postura de Bolsonaro no combate ao coronavírus. Maia se alinhou a ambos, sustentando ainda um modelo de divisão de recursos menos vantajoso ao Norte e Nordeste. Para o governo, o amplo repasse a governadores desestimularia o fim de medidas restritivas por causa da Covid-19 e que, na avaliação de Bolsonaro, estendem a crise econômica.
Nesta terça, Maia contestou a contraproposta do governo e acusou a equipe econômica de usar dados distorcidos para atacar o projeto aprovado pelos deputados. "O que o governo quer fazer, do meu ponto de vista, é criar um conflito político federativo que deveria ser deixado para outro momento. As eleições nacionais acontecerão em 2022." Para o presidente da Câmara, a conta do governo de oferecer R$ 40 bilhões de repasses diretos a estados e municípios está inflada, pois contabiliza recursos destinados à saúde. Segundo ele, a ideia tem que ser manter o funcionamento da máquina pública em tempos de forte retração na receita. A equipe econômica questiona o período da ajuda a governadores e prefeitos. O projeto da Câmara prevê repasses por seis meses. O governo defende três meses, mesmo intervalo previsto para socorro a trabalhadores informais e empresas paralisadas.Guedes estima que R$ 40 bilhões são necessários para suprir a demanda na crise. Porém, esse valor poderia ser elevado após avaliação a ser feita em meio à pandemia.
O modelo de repasse aprovado pela Câmara é baseado na compensação de ICMS e ISS. Ou seja, dependerá da queda em cada mês registrada pelos estados e municípios. Assim, o governo federal transferiria o valor para que a arrecadação permaneça no mesmo patamar do ano passado. Para a equipe econômica, isso não dá previsibilidade de gastos. Segundo o Ministério da Economia, em caso de queda de 10% da receita, o gasto seria de R$ 30 bilhões (por seis meses). O desembolso subiria para R$ 85,5 bilhões em seis meses de receita 30% menor. Se a arrecadação cair pela metade, o gasto seria de R$ 142,5 bilhões, nos termos do projeto aprovado pela Câmara. Para o coordenador do Comsefaz (Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda), Rafael Fonteles, o plano aprovado na Câmara atende apenas a uma parte das necessidades dos governadores e prefeitos. "Estados e municípios precisam de muito mais recurso", disse. Fonteles defende ampliação do limite de endividamento, mais repasses do governo federal, novas linhas de financiamento, além da postergação do pagamento de empréstimos internacionais e precatórios (dívidas a pessoas físicas ou empresas por decisão judicial).
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*”Tribunal de Justiça suspende pagamento de auxílio alimentação a todos alunos do estado de SP”* - O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo derrubou, nesta terça-feira (14), a liminar que obrigava o pagamento de voucher da merenda a todos os estudantes das redes estadual e municipal, da capital, de educação. A decisão é do presidente do TJ-SP, desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco. No dia 9 deste mês, a Justiça mandou o governador João Doria (PSDB) e o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), pagarem a todos os alunos valores da alimentação escolar. Ambas as esferas lançaram programas para dar a compensação financeira a alunos em situação de vulnerabilidade em meio à pandemia do novo coronavírus, mas limitaram o pagamento a estudantes de famílias inscritas em cadastros assistência social. Estado e município alegam no pedido de suspensão da liminar que a medida atingia o plano estratégico para o enfrentamento da pandemia de Covid-19, interferindo de forma direta em serviços públicos considerados essenciais. Afirmam também que há invasão de competência administrativa, pois cabe ao Poder Executivo organizar as contas públicas.
De acordo com a decisão do presidente do TJ-SP, a liminar "é capaz de gerar risco de lesão à ordem pública". Segundo Pinheiro Franco, ela "não pode substituir o critério de conveniência e oportunidade da administração, mormente em tempos de crise e calamidade, porque o poder Judiciário não dispõe de elementos técnicos suficientes para a tomada de decisão equilibrada e harmônica". O desembargador, assim, considerou que a decisão em primeira instância comprometeu "a condução coordenada e sistematizada das ações necessárias à mitigação dos danos provocados pela Covid-19". As escolas estão paralisadas desde o dia 23 de março. Desde o início do mês, havia começado o processo de pagamento na prefeitura; no estado, o início ocorreu uma semana depois. A gestão municipal atenderia 273 mil alunos, com pagamentos entre R$ 55 e R$ 101, e o governo estadual, 733 mil, com R$ 55. A liminar havia sido pedida pela Defensoria Pública e o Ministério Público. Para o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos da infância e juventude e conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos), a decisão "além de contrariar o direito à alimentação que deve ser garantido à todos os estudantes das redes públicas, conforme a lei que instituiu o Programa Nacional de Alimentação Escolar", diz. "O mínimo que o estado e prefeitura deveriam proporcionar é a alimentação escolar. Foi a única ação social que anunciaram", completa.
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EDITORIAL DO GLOBO - *”STF serve de barreira para conter Bolsonaro”*: Já se sabe que o poder destrutivo deste coronavírus é imenso, tendo conseguido paralisar as economias por onde passa, danificar o sistema produtivo em dimensões globais, enquanto espalha tragédia e dor num rastro de mortes que não discrimina países. Sua capacidade desestabilizadora pode ser constatada na política, na economia, na vida de bilhões de pessoas, cuja rotina foi virada de cabeça para baixo do dia para a noite. No Brasil e em outros países, entre inúmeros efeitos colaterais, a pandemia consegue acirrar conflitos entre poderes e entes federativos. O desentendimento entre o presidente Bolsonaro —contrário à adoção do isolamento social defendido pelo seu próprio Ministério da Saúde para conter o avanço da epidemia — governadores e prefeitos que apoiam o método, adotado sob o aval da medicina e da Ciência, chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), uma disputa que, se espera, aumente a confiança da sociedade na capacidade de as instituições republicanas darem proteção contra desvarios de uma falange de extrema direita encastelada no governo. Contrariado porque estados grandes como São Paulo e Rio adotam o isolamento social e bloqueiam o funcionamento de atividades, menos as essenciais, Bolsonaro passou a ameaçar decretar a suspensão das medidas. Mas está legalmente impedido de usar a caneta para isso, desde a quarta-feira passada, quando o ministro do Supremo Alexandre de Moraes acolheu pedido de liminar feito pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que seja reconhecido o poder de estados, municípios e Distrito Federal de também agir na proteção e defesa da saúde.
Para Moraes, “não compete ao Poder Executivo federal afastar unilateralmente as decisões dos governos estadual, distrital e municipais” (..), “medidas restritivas como a imposição de distanciamento/isolamento social, quarentena” (...), “entre outros mecanismos reconhecidamente eficazes para a redução do número de mortes e de óbitos, como demonstram a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e vários estudos técnicos científicos (...)”. E cita trabalhos do Imperial College of London. O entendimento do ministro reforça que a Ciência e a medicina são os únicos referenciais que o governo tem de considerar em suas ações, princípio que deverá ser referendado pela Corte. Não faria sentido qualquer outro entendimento. A irresponsabilidade de Bolsonaro na questão da saúde tem pelo menos servido para que fique estabelecido que preceitos constitucionais, reforçados por leis como a de nº 13.979, de fevereiro, que fixa normas para o enfrentamento da epidemia e determina a obediência das autoridades a “evidências científicas” para tomar decisões, servirão sempre para barrar políticos delirantes que possam colocar a saúde da população em risco, movidos por outros interesses ou forças.
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*”Matemática antivírus – Sem isolar, Rio terá 800 casos por dia”* - A prefeitura do Rio está desenvolvendo, em parceira com UFRJ, um modelo matemático para tentar antecipar a tendência da evolução da epidemia de Covid-19 na cidade. A principal conclusão da projeção é estimar o quanto o afrouxamento do isolamento social pelos cariocas irá impactar o número de casos e de óbitos. Para tentar impedir que a adesão dos moradores do Rio às medidas de distanciamento continue caindo, a prefeitura usará a partir de hoje drones para monitorar a circulação de pessoas, e o prefeito Marcelo Crivella admite multar quem descumprir as orientações. O estudo leva em consideração casos notificados e um percentual de subnotificação. Pelas projeções, a capital poderia registrar mais de 800 casos por dia já no fim de abril, caso haja uma redução da circulação de pessoas para um patamar de 40% a menos que antes da pandemia. Com 60%, seriam de 400 a 500 casos por dia no fim de abril. Na última semana, o Rio registrou uma circulação 80% menor que antes das determinações de isolamento, mas esse número já foi maior. A cidade lidera as estatísticas de contágio e mortes no estado. Os números atuais são mais baixos, pois contam apenas os casos notificados. Ontem, o Rio teve 71 novos casos notificados, com 25 mortes nas últimas 24 horas. Parte do estudo foi apresentado pelo prefeito Marcelo Crivella nas redes sociais. Professor do Instituto de Matemática da UFRJ, Bernardo Freitas Paulo da Costa participa da projeção e explica que os dados servem de referência para determinar estratégias de políticas públicas:
—Não se trata de um modelo de previsão de casos, porque ainda existem questões solucionadas como as subnotificações, mas para ajudar o governo a tomar decisões. Fizemos projeções a partir do fim de março. Caso se reduzam as medidas de afastamento social, no ponto que estamos, o processo de contágio se aceleraria. Mesmo se a prefeitura voltasse a adotar medidas de quarentena depois.
O estudo foi apresentado ao prefeito no gabinete de crise na segunda-feira, numa reunião virtual em que foi tomada a decisão de manter a estratégia atual de isolamento.
—As simulações mostram que devemos nos manter longe das aglomerações. Se a nossa curva de contaminação for leve, nos dará tempo para estarmos mais preparados tanto no Raul Gazolla quanto no hospital de campanha —disse Crivella.
MULTA DE R$ 900
A prefeitura começará hoje a fazer o uso de um drone com alto-falante para pedir às pessoas para não se aglomerarem e defender que, quem puder, fique em casa para tentar reduzir a velocidade de propagação do vírus. Os equipamentos serão direcionados para focos de concentração de pessoas denunciados pelo “Disque Aglomeração”, um dos serviços do teleatendimento do 1746 criado pela Secretaria de Ordem Pública. O aparelho foi emprestado por um funcionário da Secretaria da Casa Civil para uso experimental. Se a experiência for bem-sucedida, outros serão comprados. Crivella também comentou ontem a possibilidade de multar quem fizer aglomerações nas ruas. Como informou a coluna de Ancelmo Gois, o valor pode variar de R$ 300 a R$ 900. O prefeito demonstrou preocupação com os bairros de Santa Cruz, Campo Grande, Bangu, Santíssimo e Jacarepaguá, todos na Zona Oeste, além de São Cristóvão, na Zona Norte. Crivella também endureceu o tom com relação aos empresários e comerciantes que estão desrespeitando as normas do decreto. Segundo ele, os estabelecimentos serão multados e, em caso de reincidência, poderão até ter o alvará cassado.
— Vamos fazer punição não só do estabelecimento, mas do infrator, na mesma regra do Lixo Zero. Porque o dono do estabelecimento diz que vendeu o produto na condição de a pessoa ir embora, e eles (os clientes) compram a bebida ou o lanche e acabam fazendo aglomeração —disse o prefeito.
Crivella afirmou ainda que o hospital de campanha em construção no Riocentro com capacidade de 500 leitos ficará pronto até domingo.
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*”Bolsonaro reforça que está no comando da crise”* - O presidente Jair Bolsonaro usou uma reunião com sua equipe ministerial para ressaltar que o comando a ser seguido pelo governo na crise do novo corona vírus é o seu. Ele fez questão de lembrar aos subordinados o fato de ter sido eleito para ocupar a cadeira de presidente da República. O recado veio dois dias depois de o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, dizer em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que as divergências no discurso sobre o combate ao coronavírus“ levam para o brasileiro uma dubiedade ”. Mandetta ficou calado no encontro e, em entrevista depois, disse estar “focado no trabalho”. Na reunião interna, Bolsonaro deu seu recado em um discurso curto, no qual repetiu que precisa ter suas opiniões consideradas. A auxiliares mais próximos, o presidente relata especial incômodo porque o ministro da Saúde não teria sequer apresentado ao Palácio do Planalto os planos de sua pasta. Bolsonaro disse, mais de uma vez, que, mesmo que sua avaliação sobre a Covid-19 não seja a melhor, ele precisa ser ouvido. O foco do debate entre os ministros foi a economia, principal preocupação do presidente. Paulo Guedes (Economia) destacou o volume de recursos injetado para combater os impactos da crise, enquanto a ministra Tereza Cristina (Agricultura) expôs sua preocupação com áreas afetadas com as paralisações, como os pequenos agricultores e também as floriculturas. Em entrevista após a reunião, Mandetta foi questionado se suas declarações no domingo eram uma tentativa de “forçar uma demissão”, como avaliaram aliados do presidente.
— Não vejo nesse sentido. Acho que é mais uma questão sobre a comunicação, sobre como vamos comunicar. É no trabalho que a gente está focado —respondeu o ministro.
Na mesma entrevista, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, que na semana passada teve vazado um áudio no qual defendia a saída do colega, disse prestar “apoio incondicional” a Bolsonaro e defendeu a necessidade de buscar equilíbrio entre o enfrentamento à doença e a economia.
— É importante todos nós, como sociedade, e particularmente os gestores municipais refletirem até onde o Brasil enfrenta essa enfermidade, e até onde vai o processo em que mais de 4.300 cidades brasileiras estão a milhares de quilômetros de um caso de coronavírus, e estão sem atividade econômica. Faço isso em caráter pessoal. Me sinto no dever de fazer essa alerta —disse Onyx.
Questionado se há sinergia no governo no combate ao novo coronavírus, o chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, citou a determinação para que todas as informações passem pelo centro de operações comandado pela pasta “para que não houvesse duplicidade de ações ou desperdícios de esforços”.
— Lógico que de vez em quando há um desencontro, isso é normal em uma crise desse volume, que tem mais de uma onda e que envolve diversos ministérios, com diversos interesses diferentes. Mas todos voltados para o bem do país —afirmou Braga Netto. O presidente segue consultando aliados sobre a possibilidade de trocar o comando da pasta da Saúde. Como O GLOBO mostrou, os nomes mais cotados são os da cardiologista Ludhmila Hajjar, diretora de Ciência e Inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia, e de Claudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Israelita Albert Einstein.
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*”Estado do Rio registra 42 mortes em um único dia”* - A Covid-19 avança cada vez mais no Estado do Rio. O último boletim da Secretaria estadual de Saúde mostrou que foram registradas ontem 42 mortes, o maior número num período de 24 horas. O total chegou a 224 óbitos. Já o somatório dos casos confirmados está em 3.410. Na capital, também houve um salto: entraram para a estatística 25 mortes em apenas um dia. O maior número no município até então tinha ocorrido em 8 de abril, com 14 óbitos. A cidade do Rio já tem um acumulado de 140 mortes, com 2.393 casos confirmados da doença, 71 a mais que na segunda-feira. Só em Copacabana, que tem a maior população de idosos do município, são 11 óbitos até agora. O balanço de ontem mostrou ainda a confirmação da terceira morte na Favela da Rocinha e a segunda no Complexo da Maré. Em comunidades, já chega nove o número de pessoas que não resistiram à doença.
Em toda a rede pública de saúde da cidade (que inclui as unidades federais, estaduais, militares e conveniadas), havia ontem 705 pacientes com coronavírus internados, sendo que 192 em UTIs. Esse número ontem estava em 447, o que significa um aumento de 57% em um dia. Desses, estavam em CTIs, 159 doentes. Ontem, apenas nas unidades da prefeitura, eram 227 pacientes hospitalizados, com 87 deles em estado grave. Dos 92 municípios do estado, 62 já têm notificações de coronavírus. Entre os que entraram na lista ontem porque até então não tinham qualquer caso, estão Paraty, Rio das Flores e Paracambi. Depois do Rio, Caxias é a cidade com mais óbitos (20), seguida de Niterói (dez). O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, disse ontem que fechou um acordo com o governo federal para que equipamentos médicos — máscaras, respiradores, macas e outros insumos — sejam trazidos da China em voos patrocinados pela União. Comprados em licitações no fim do ano passado, antes do início da pandemia, eles serão entregues em dois lotes: no fim deste mês e em maio. Segundo o prefeito, o uso de aviões a serviço da União afasta a possibilidade de esses equipamentos serem apreendidos em uma escala de voo comercial por algum país que precisa de insumos para tratar seus próprios pacientes.
*”No Rio, unidade de referência sofre – Funcionários foram infectados e visitantes denunciam falta d’água”* - Escolhido para ser referência no tratamento da Covid-19 no Rio, o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, enfrenta grandes desafios. Além de sobrecarregada— ontem, apenas 13 de seus 150 leitos de U TI destinados a pacientes com a doença estariam disponíveis pela manhã, segundo a Secretaria municipal de Saúde —, a unidade, que teve mais dez leitos liberados à tarde, vê o coronavírus se disseminar entre os próprios funcionários: de 334 testados, 13 já foram infectados. Para piorar, parentes de pessoas internadas no local denunciam que falta água em alguns setores. Isso, no entanto, foi negado pela Ceda e e pela prefeitura. A testagem no Ronaldo Gazolla começou na semana passada e faz parte de uma campanha organizada por empresários. O objetivo é proporcionar cerca de 5 mil diagnósticos rápidos para funcionários da rede municipal de saúde. Na unidade de Acari, resultados obtidos na segunda-feira mostraram que três dos 13 servidores se encontravam na fase aguda da Covid-19, embora apenas um deles tenha relatado sintomas (mesmo assim, de forma leve). Os outros dez já haviam passado pelo período mais crítico da infecção.
— Os testes identificaram três pessoas que estavam numa situação delicada, que são claramente disseminadoras do vírus. Agora, com elas isoladas, imagine quantos outros funcionários e pacientes conseguimos poupar — disse o coordenador da campanha, Marcelo Botelho.
A Secretaria municipal de Saúde destacou que todos os funcionários que tiveram diagnóstico positivo foram afastados do serviço. “É importante esclarecer que o laboratório passa o resultado do exame diretamente para o profissional, que tem direito ao sigilo de seus dados médicos. Cabe, portanto, ao profissional com laudo positivo apresentá-lo à sua chefia para a liberação”, diz a nota divulgada pelo órgão.
ENFERMEIRA INTERNADA
No entanto, nem todos os funcionários do Ronaldo Gazolla foram testados a tempo na campanha. Uma enfermeira descobriu que estava infectada ao receber o diagnóstico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bangu. De acordo com informações do “Jornal Hoje”, da Rede Globo, ela precisou ser entubada e foi transferida para o Hospital Regional Zilda Arns, em Volta Redonda, que também é referência para o tratamento. Seus colegas de trabalho ficaram indignados.
— Como pode? Na linha de frente, dando duro para salvar vidas, acabou sendo infectada e não pôde ficar no hospital onde trabalha. Cada dia está mais difícil fazer o serviço no Ronaldo Gazolla — disse ao “Jornal Hoje” uma servidora que pediu para não ser identificada.
HIGIENE COMPROMETIDA
Um outro problema que aflige funcionários e também pacientes é uma suposta falta d’água em alguns setores do hospital. O abastecimento da unidade ficou instável nos últimos três dias, segundo denúncias. Com o marido internado em estado grave na unidade, a técnica de enfermagem Rosicleia Severino da Silva Pinto afirmou ontem que “não há higienização nem água nos banheiros e bebedouros”.
— Não tem água, que é o básico —disse Rosicleia, cujo marido, Marcos Antônio de Oliveira Pinto, foi transferido da Coordenação de Emergência Regional do Centro para o Ronaldo Gazolla na última sexta-feira.
Também técnica de enfermagem, Elaine Gomes dos Santos, que está com a mãe, Marlene Conceição Gomes, internada no Ronaldo Gazolla, relatou a mesma situação. E, além de denunciar a falta d’água, reclamou das condições de isolamento:
— Minha mãe foi colocada num local onde a separação dos pacientes é feita com lençóis. E enfermeiras não estão com luvas.
A Secretaria municipal de Saúde negou que haja falta d'água na unidade, citando apenas “um problema pontual” em um banheiro. Sobre a denúncia de condições inadequadas de higiene, o órgão afirmou que todos os funcionários do Ronaldo Gazolla dispõem de Equipamento de Proteção Individual (EPIs). A Cedae, por sua vez, informou que uma equipe esteve ontem no Ronaldo Gazolla e que um funcionário do hospital garantiu não haver desabastecimento. A empresa lembrou que a manutenção de tubulações internas de imóveis não é de sua responsabilidade.
*”Número de profissionais contaminados preocupa”* - Na ausência de testagem em massa para profissionais de saúde, iniciativas pontuais vêm dimensionando o tamanho da disseminação do coronavírus entre funcionários de hospitais públicos do Rio. No centro de triagem da UFRJ, que, a cada dia, atende de 180 a 200 médicos e enfermeiros das redes municipal e estadual com sintomas gripais, a média é de 50% de resultados positivos para Covid-19. No laboratório da Uerj, 32% das 1.894 amostras coletadas também confirmaram a infecção. Até ontem, 493 funcionários da rede estadual foram afastados do serviço por suspeita ou confirmação de contágio. Nos hospitais municipais, o número chegou a 768. Pesquisadores da UFRJ que testam profissionais de hospitais municipais e estaduais estão alarmados com a elevada taxa de diagnósticos positivos.
—Temos observado um aumento progressivo do percentual de infectados. Isso dá uma ideia do avanço da doença no estado. No início de março, o percentual de infectados era quase zero. A partir do dia 16, começou a subir, e, há uma semana, a taxa diária oscila entre 40% e 50% para os profissionais de saúde que apresentam sintomas. É extremamente alto e mostra que o vírus vem se disseminando no Rio. Por isso, as medidas de distanciamento social ainda são cruciais — afirmou Amilcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ.
O Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação da Policlínica Piquet Carneiro, da Uerj, vem realizando cerca de 200 testes PCR por dia mediante agendamentos, e a fila de espera tem cerca de duas mil pessoas, o que dá uma noção do tamanho da procura. O subsecretário municipal de Saúde, Jorge Darze, disse que o Rio está sofrendo com as entregas de testes e Equipamentos de EPIs produzidos na China, mas afirmou não estar surpreso com a quantidade de infectados entre funcionários de hospitais:
—Estatísticas mostram que 20 a 30% desses profissionais acabam se contaminando.
*”Alternativa de R$ 77 bi – Governo deve enviar pacote ao Senado. Maia critica valor de repasse a estados”*
*”Incluir servidor é ‘questão moral’, diz secretário”* - Acrise do novo coronavírus fez a renda nas famílias mantidas por trabalhadores informais cair até 80%, afirmou ontem o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida. Ele usou o número para defender que, diante da crise gerada pelo coronavírus, funcionários públicos também deem sua cota de contribuição, o que disse considerar uma “questão moral”.
— Nos lares brasileiros em que mais da metade da renda vem do setor informal, a renda caiu entre 70% e 80%. O desemprego está subindo a passos largos. Será que está correto algumas pessoas não perderem emprego e manterem o salário? É um convite que eu faço à reflexão —afirmou o secretário, durante transmissão ao vivo promovida por uma instituição financeira.
Segundo Sachsida, que é servidor de carreira do Ipea, “o exemplo tem que vir de cima”. A ideia da equipe econômica é que os salários do funcionalismo fiquem congelados por até dois anos —ou seja, não sejam reajustados nesse período. Essa proposta chegou a ser discutida durante as conversas em torno do pacote de ajuda a estados, aprovado na segunda-feira na Câmara. Deputados, no entanto, rejeitaram a sugestão da equipe econômica e não incluíram a proposta no texto. Essa ideia enfrenta a resistência do próprio presidente Jair Bolsonaro, preocupado com o custo político da medida. O próprio governo, porém, calcula que 24 milhões de trabalhadores com carteira assinada devem aderira negociações de suspensão de contrato ou redução de jornada e salário com contrapartida da União. Isso equivale a 63% dos empregados formais.
—Vamos ter que olhar com muita atenção a questão do funcionalismo público. Acho que está na hora de todos darem a sua contribuição. Quantos estão com medo de perder o emprego? O exemplo tem que vir de cima. Eu sou funcionário público, me orgulho disso, mas é o momento em que temos de ser transparentes — afirmou Sachsida.
O secretário, que integra o Ministério da Economia, voltou a defendera agenda de reformas fiscais para depois que a epidemia passar. No entanto, não quis respondera uma pergunta sobre os planos do governo para uma retomada gradual da atividade econômica após o período do isolamento dos que podem ficar em casa:
—Existe vida após a crise. Essa crise vai passar. Temos que nos preparar para ela. É fundamental darmos os sinais corretos para o mercado, para ele ter toda a segurança do mundo de que a agenda de consolidação fiscal e combate à má alocação de recursos está no nosso radar.
‘NÃO SOMOS OS EUA’
Sachsida aproveitou para defender a estratégia da equipe econômica de anunciar as medidas para mitigar os efeitos da pandemia aos poucos, e não de uma só vez. O governo foi criticado pela lentidão em concretizar as ações, que começaram a ser anunciadas em meados de março.
— Nós tomamos uma série de medidas aqui, mas às vezes as pessoas não entendem. As pessoas olham para o governo brasileiro e comparam coma Alemanha, com os EUA. Olha, nós não somos a Alemanha, não somos os EUA. Nós não temos o espaço fis calque aqueles países têm—argumentou.
Segundo ele, se todas as medidas fossem anunciadas de uma só vez, haveria o risco de algo ser deixado para trás:
— Não temos tanto espaço assim para ficar gastando, apesar de estarmos gastando bastante. Imagina se você faz um grande anúncio e depois verifica que ficou algo de fora? E aí, como faz? Suponha que a crise, em vez dedurar três meses, dure quatro? Então, nós temos que pensar nessas questões.
+++ A reportagem não traz nenhuma voz crítica à visão do governo.
 
 
 
CAPA – Manchete principal: *”’Mandetta fez uma falta. Merecia cartão’, diz Mourão”*
EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Contra a recessão, FMI se alinha à OMS”*: Conter a pandemia é condição para a retomada econômica, e isso dependerá de medidas como o isolamento social, sustenta o Fundo Monetário Internacional (FMI) em documento sobre as perspectivas mundiais. Economistas e diretores do Fundo mostram-se alinhados com a Organização Mundial da Saúde (OMS), advogando medidas de prevenção para impedir o colapso dos serviços médicos. Boas políticas sanitárias tornarão mais provável a reativação a partir do segundo semestre e algum desafogo em 2021. A melhor forma de atenuar o impacto econômico da pandemia é atacar o vírus, deixaram claro, numa entrevista conjunta em 3 de abril, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, e o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. A experiência, o conhecimento e o bom senso dos técnicos e dirigentes das duas instituições são negados pelo presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores. Todos vão morrer algum dia, argumentou Bolsonaro numa declaração recente. Mesmo com a contenção da pandemia, o balanço geral de 2020 será muito ruim, segundo as projeções da Perspectiva Econômica Mundial (World Economic Outlook), a mais importante publicação periódica do FMI. Na pior crise desde a Grande Depressão de 90 anos atrás, a economia brasileira deve recuar 5,3% em 2020, acompanhando uma contração global de 3%, segundo projeção do Fundo Monetário Internacional.
Mas esse cálculo vale para um cenário com a pandemia chegando ao pico no segundo trimestre e amainando na segunda metade do ano. Num quadro mais tenebroso, o produto global poderá encolher 6%. Para a maioria dos países será um desastre quase inimaginável mesmo neste momento. A retomada econômica vai depender das condições sanitárias, como já haviam afirmado, no começo do mês, os dirigentes do FMI e da OMS. A defesa da vida criará as condições necessárias para a reativação. Se a difusão da covid-19 for achatada com o isolamento social, os sistemas de saúde poderão enfrentar a doença, e isso levará à reativação, disse a economista-chefe do Fundo, Gita Gopinath. “Nesse sentido”, acrescentou, “não há dilema entre salvar vidas e salvar as condições de sustento.” Mantido o isolamento, os governos terão de continuar apoiando trabalhadores e empresas. Será preciso, segundo o FMI, continuar gastando muito com os sistemas de saúde e com a ajuda às famílias durante a crise. Os bancos centrais devem persistir no estímulo à expansão do crédito. Os governos, dentro de suas possibilidades, precisam manter os cofres abertos por algum tempo.
Muitos países precisam de ajuda. O FMI já iniciou socorro a mais de 90 nações e vem concedendo e recomendando a concessão de facilidades aos endividados, além de doações e de financiamentos em condições especiais. O próprio Fundo maneja um orçamento de US$ 1 trilhão para ajuda a países vulneráveis. Nenhuma economia ficará ilesa. O crescimento chinês deve passar de 6,1% em 2019 para 1,2% em 2020. Os Estados Unidos devem sofrer contração de 5,9% neste ano. No ano passado houve expansão de 2,3%. Mas a retomada será sensível, em 2021, se a pandemia for contida como no cenário básico. Nesse quadro o Brasil crescerá 2,9% no próximo ano, bem abaixo da média global de 5,8%, por causa das severas limitações do País. Os cenários incluem um severo choque financeiro. Os emergentes entraram numa tempestade perfeita – pandemia, queda do preço do petróleo, aumento da aversão ao risco e perspectiva de recessão global. Essa avaliação está no Relatório de Estabilidade Financeira Global, também divulgado ontem. As moedas de países exportadores de commodities, como Brasil, Colômbia, México, Rússia e África do Sul, caíram mais de 20% em relação ao dólar no primeiro trimestre, movimento em boa parte explicável pela fuga de capitais. A recuperação exigirá, em 2021, um duro reparo dos fundamentos econômicos, a começar pelas contas públicas. Mas tudo será pior se a precipitação prejudicar o combate à pandemia. Mais que o atraso na retomada, haverá muitas mortes a lamentar.
*”Mandetta fez uma falta grave. Merecia cartão”* - O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou ontem que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, “cruzou a linha da bola” quando disse, em entrevista no domingo ao Fantástico, da TV Globo, que a população não sabe se deve acreditar nele ou no presidente Jair Bolsonaro. “Cruzar a linha da bola é uma falta grave no polo. Nenhum cavaleiro pode cruzar na frente da linha da bola”, explicou o vice. “Ele fez uma falta. Merecia um cartão”, continuou Mourão, primeiro convidado da série “Estadão Live Talks”. “(Mandetta) não precisava ter dito determinadas coisas”, disse o vice-presidente na entrevista a Alberto Bombig, editor da Coluna do Estadão, Eliane Cantanhêde, colunista do Estado, e Tânia Monteiro, repórter da Sucursal de Brasília. Ao Fantástico, o ministro da Saúde cobrou uma “fala única” do governo nas orientações sobre o enfrentamento do coronavírus. Como revelou o Estado, a entrevista de Mandetta à Globo foi encarada por interlocutores e integrantes do Palácio do Planalto como uma provocação ao presidente, com quem o ministro trava uma guerra pública sobre medidas de enfrentamento à pandemia. Questionado se, na linguagem militar, Mandetta seria considerado “insubordinado”, Mourão respondeu: “Não digo que Mandetta foi insubordinado até porque estamos na vida civil. Apesar de ele ter sido oficial do Exército, tenente médico, a vida seguiu diferente. As nuances na política são distintas”. Veja o que Mourão disse sobre os principais temas:

DEMISSÃO DE MANDETTA
“É uma decisão do presidente (tirar um ministro da Saúde ou não). Eles (ministros) ficam até que perdem a confiança do presidente. Existe muito tititi, mas julgo que o presidente não deve mudar ministro nesse momento. Cabe mais uma conversa, chamar ele e dizer para eles acertarem a passada, para que as coisas sejam discutidas intramuros e não via imprensa.”
ENTREVISTA
“Vou usar a expressão do polo, o ministro cruzou a linha da bola ali. Ele não precisava ter dito determinadas coisas. Cruzar a linha da bola é uma falta grave no polo. Nenhum cavaleiro pode cruzar na frente da linha da bola. Ele pode acompanhar lado a lado. Ao cruzar a linha da bola, você comete uma falta. Dá um cartão.”
TRABALHO DA SAÚDE
“O trabalho técnico da Saúde é considerado muito bom. Com a coordenação agora do centro de operações capitaneado por Braga Netto, também. É um trabalho muito setorial, envolve mais ministérios.”
MILITARES E FILHOS
“Ele não é tutelado (por militares ou pelos filhos). O que existe é um processo decisório. Compete a ele (Bolsonaro), de acordo com as observações feitas, tomar decisões.”
GOVERNADORES
“Bolsonaro tem extrema preocupação com a população desassistida. O vírus está sendo politizado. Está acontecendo em outros países do mundo. Fruto da polarização aqui no Brasil. O vírus tem sido usado desta forma. Não critico governadores, mas destaco aqui que o ex-presidente dos Estados Unidos Lyndon B. Johnson em 1964 teria declarado numa entrevista que se um homem, ao assumir a Presidência, não pode fazer o que julga correto, para que ser presidente?”
FALAS DE BOLSONARO
“Temos que olhar mais para as ações do que para as palavras. Muita coisa se coloca como algo a ser colocado por causa de palavras, mas ele tem direito de apresentar as coisas. As ações concretas dele não rompem barreiras. Não teço críticas públicas porque seria deslealdade. Se ele me perguntar, a gente troca impressões e eu apresento o que penso.”
ATOS ANTI-ISOLAMENTO
“As pessoas que foram às ruas são as do que eu chamo de ‘isolamento zona sul’, pessoas que estão confinadas e que não têm seus salários afetados, que recebem comida de delivery. Essa turma está incomodada porque sua vida está compactada. Foram manifestações bem pouco expressivas. Não vimos a favela descer em peso protestar que estão confinados. Seria uma manifestação bem mais complicada do que carreatas.”
DISTANCIAMENTO SOCIAL
“A gente tem que olhar a película como um todo. Advogo um isolamento que seja inteligente. Mas para isso temos que melhorar nossa capacidade de testagem. O corona está em 400, 500 municípios do País, temos 5 mil. As áreas onde o vírus não penetrou poderiam ser isoladas, as atividades se dando de forma formal. Poderiam ter medidas para determinados bairros, mas isso não chegou a mim. Temos que ser mais inteligentes na questão do isolamento.”
CLOROQUINA
“É uma discussão. Tem muito debate. Prefiro esperar para saber até que ponto esse medicamento teria efeito. Não tem estudo consistente. Estamos no calor do combate, então acontecem antagonismos em relação à eficiência do remédio.”
FUNDO ELEITORAL
“A discussão sobre o fundo também está politizada. São recursos que, no frigir dos ovos, não resolvem o problema. Vão ser uma meia xícara de água no que estamos vivendo. Vamos deixar esses fundos de lado. É a melhor solução. Financia a eleição.”
ELEIÇÕES 2020
Essa eleição vai ter que ocorrer esse ano. Outubro ou dezembro, tem que andar. (Quanto ao) fundo partidário, pode ser até que, de livre arbítrio de cada partido, façam campanhas de doação, de cestas básicas, distribuição de kits de limpeza. Acho que os partidos poderiam espontaneamente partir para essa linha de ação."
ATAQUES NAS REDES
“As redes são um fenômeno moderno. Eu não dou bola. Compete a cada um fazer um julgamento do que aparece. Muito lixo circula e temos que saber enfrentar.”
REFORMAS
“Temos que continuar no rumo de aprovar reformas, PECs, a vida não vai parar.”
REELEIÇÃO
“Muita água vai rolar. Vamos deixar o avanço do combate à pandemia e às consequência ao sistema econômico. Quando terminar, vamos ver a posição do presidente. Se o presidente não me quiser, estou com quase 70 anos, vou pendurar as chuteiras.”
*”Mandetta admite erro e tenta sair do foco”* - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, admitiu a auxiliares ter cometido um erro estratégico ao elevar o tom do embate com o presidente Jair Bolsonaro sobre a conduta do governo federal no enfrentamento ao novo coronavírus e deve submergir, nos próximos dias, para sair do foco da crise. Aliados de Bolsonaro, no entanto, veem com descrença a promessa do ministro de fazer uma espécie de “voto de silêncio” sobre suas divergências com o presidente. Bolsonaro se reuniu ontem, no Palácio da Alvorada, com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é do mesmo partido de Mandetta. Nos últimos dias, ele tem conversado com dirigentes de siglas do Centrão, que interpretaram o movimento como uma preparação de terreno para a saída do ministro da Saúde. “O presidente já abriu esse diálogo e deve partir para a indicação de um técnico no ministério”, disse o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). “Enquanto Mandetta não sair ou for demitido, esses problemas vão continuar e Bolsonaro ficará mais desmoralizado”. Desde o início do mês, Bolsonaro já recebeu parlamentares e dirigentes do PP, PL e Republicanos e hoje deve conversar com o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Todos os partidos compõem o Centrão. Mandetta perdeu apoio de militares do governo – que viram em sua entrevista de domingo ao Fantástico, da TV Globo, um tom de provocação – e até de alguns aliados em secretarias estaduais da Saúde. Integrantes do ministério observaram que, embora esteja defendendo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mandetta adotou tática errada ao falar em “dubiedade” na equipe sobre medidas para combater a pandemia.
Mesmo depois de alertado por militares sobre a necessidade de não expor diferenças com Bolsonaro em público, o ministro dobrou a aposta e seguiu contrariando o presidente sobre temas como isolamento social e uso da cloroquina em pacientes diagnosticados com coronavírus. A entrevista ao Fantástico pegou Bolsonaro de surpresa e as declarações de Mandetta foram encaradas como um ato premeditado de quem quer forçar a demissão. Auxiliares do presidente observam que ele só não dispensou o ministro ainda porque faz um cálculo pragmático. Pesquisas mostram que Mandetta, hoje, é mais popular que Bolsonaro e sua demissão, neste momento, agravaria a crise. Atualmente, os cotados para substituir o titular da Saúde são a médica Nise Yamaguchi e o deputado Osmar Terra (MDBRS), ex-ministro. Saída. Em conversas reservadas, Mandetta já chegou a confidenciar que só não toma a iniciativa de deixar o governo por receio de ficar com o ônus de quem abandonou “o barco” – ou “o paciente”, como tem dito – no momento mais dramático. Após participar ontem de reunião ministerial com Bolsonaro, no Planalto, Mandetta foi questionado por jornalistas se eram verdadeiras as análises feitas no próprio governo sobre sua intenção de forçar a saída da equipe. “Não vejo nesse sentido. (O que houve) foi mais uma questão relacionada à comunicação, a como vamos comunicar. Nada além disso”, disse ele. “Sabemos de nossa responsabilidade e estamos trabalhando com toda a garra”.
*”Bolsonaro sanciona lei que muda regra de tribunal do Carf”* - O presidente Jair Bolsonaro contrariou o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e sancionou ontem uma lei que muda os julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Moro havia recomendado o veto, argumentando que a alteração pode travar investigações. Com a mudança na lei, em caso de empate nos julgamentos do conselho, a decisão será automaticamente favorável aos contribuintes. Até então, o voto decisivo pertence à presidência do colegiado. O Carf julga recursos de empresas e pessoas físicas que entram na mira da Receita Federal.
*”PGR pede que Weintraub seja investigado”*
*”Exame de governadores do Rio e do Pará dá positivo”*
*”Liminar barra ‘jabuti’ que reduz poder da Controladoria-SP”*
*”Com pressão interna e mais de mil mortos, Suécia agora discute bloqueios”* - O avanço nos casos da covid19 na Suécia fez subir também o tom das críticas ao governo local, que decidiu, como estratégia contra a pandemia, deixar escolas, bares, cafés e restaurantes abertos ao público. De acordo com o primeiro-ministro, Stefan Lofven, a partir de agora, medidas de restrição mais rígidas podem ser necessárias. Dados oficiais mostram que o país registrou até ontem 1.033 mortes pelo novo coronavírus, com 114 em 24 horas. Até ontem, havia 11.445 casos de infecção, 497 a mais do que na segunda-feira, depois de dias com um crescimento considerado moderado, que foi atribuído a uma defasagem na contabilização das diferentes regiões da Suécia.
A taxa de mortalidade no país ainda está longe de nações como Itália e Reino Unido. No entanto, já é muito pior do que em qualquer um dos países nórdicos com os quais a Suécia geralmente se compara. Na Finlândia, por exemplo, o vírus tem uma letalidade 9 vezes menor, na Noruega, 4 vezes mais baixa e, na Dinamarca, 2 vezes. O aumento nos casos levou 22 especialistas a pedir ao governo que altere a política de combate ao vírus. “A abordagem deve ser mudada radical e rapidamente”, escreveram os especialistas em um artigo publicado no jornal Dagens Nyheter, na edição de ontem. No texto, dizem que o governo deve “adotar uma série de medidas específicas para salvar vidas”. “Fechem escolas e restaurantes, da mesma maneira que a Finlândia. Todas as pessoas que trabalham com idosos devem usar equipamento de proteção adequado. Iniciem testes em massa de todo o pessoal que trata pacientes. Façam a testagem de anticorpos para que aqueles que têm imunidade possam voltar ao trabalho”, sugeriram os especialistas no texto.
O grupo de pesquisadores de várias universidades e institutos de pesquisa do país fez duras críticas à Agência de Saúde Pública da Suécia e à sua atual estratégia contra o coronavírus. Os pesquisadores dizem que a agência alegou, em quatro ocasiões diferentes, que a propagação se estabilizou, apesar das evidências em contrário. Os especialistas disseram ainda que a Finlândia, que adotou medidas mais restritivas, teve uma desaceleração das infecções e mortes. Jan Lotvall, professor da Universidade de Gotemburgo, disse que o povo sueco não entende a gravidade da situação, pois recebeu mensagens pouco claras das autoridades de saúde. O modelo de combate à pandemia adotado pela Suécia, com restrições mais brandas, foi criticado por vários líderes mundiais, incluindo o presidente dos EUA, Donald Trump. Em resposta, o governo sueco disse que sua abordagem se baseia na ideia de que medidas voluntárias de distanciamento social são mais eficazes do que um bloqueio total. Os suecos argumentam ainda que a estratégia do país é mais sustentável quando se trata de lutar contra um surto que promete ser duradouro. As mortes, por essa estratégia, se concentrariam no começo da crise e diminuiriam, comparadas aos vizinhos, no médio e longo prazos.
Como em outros países, a maioria dos mortos pela covid19 na Suécia eram idosos. O primeiro-ministro admitiu ontem que o governo poderia ter feito mais para proteger os mais velhos. “Tivemos uma estratégia infeliz, especialmente em comparação com nossos países vizinhos, com a introdução do vírus em muitos lares de idosos”, afirmou Lofven. Na semana passada, o governo anunciou um acordo com a oposição para aprovar uma lei que permitirá a adoção de medidas urgentes, como o fechamento do comércio e dos portos. O epidemiologista responsável pelo controle da pandemia em todo o país, Anders Tegnell, disse ontem que trabalha em novas medidas contra o coronavírus. “Começamos a trabalhar duro nisso, em coordenação com outras agências do governo”, afirmou. Tegnell defendeu a estratégia da Suécia e destacou que a cidade de Nova York, com população semelhante à de seu país, com cerca de 10 milhões de pessoas, tem dez vezes mais mortes – na verdade, são 7.349 óbitos na cidade, pouco mais de sete vezes mais. “De toda forma, é preciso ser prudente. Muitos fatores podem mudar”, afirmou. Tegnell também criticou o fato de as autoridades não terem conseguido evitar as mortes em asilos, que representam a metade do total no país. “Um fracasso”, afirmou. Sobre o texto dos especialistas, Tegnell disse que há “uma imprecisão no artigo” em relação aos números utilizados.
*”Mulheres contra o coronavírus”* - As respostas dos países à crise do coronavírus têm sido variadas e de resultados heterogêneos, mas as de maior sucesso têm em comum governos chefiados por mulheres. Em dois exemplos, Alemanha e Nova Zelândia, as estratégias foram diferentes, mas o êxito foi parecido, em comparação a outras grandes economias. No primeiro caso, o governo da chanceler Angela Merkel realizou um vasto número de testes, ofereceu milhares de leitos de UTI e equipou seu pessoal de saúde com as proteções necessárias para lidar com a pandemia. O país foi atingido duramente pelo vírus, mas com uma taxa de mortalidade baixa, cerca de 1,6%. Em comparação, na Itália, ela foi de 12%, na Espanha e no Reino Unido, de 10%. A Nova Zelândia, liderada por Jacinda Ardern, também se destacou com apenas uma morte. Muito graças a sua geografia e tamanho: o país tem apenas 5 milhões de habitantes, menos do que a cidade de São Paulo. No entanto, a liderança de Ardern também contribuiu. Ela determinou testes em massa e tomou a rápida decisão de fechar fronteiras e ordenar o isolamento no início da pandemia. “O que é importante não é a questão de gênero do líder, mas a habilidade do país de eleger o melhor candidato, independentemente do sexo”, escreveu a colunista Emma Burnell do jornal Independent. Uma das respostas mais rápidas à pandemia foi a da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen. No dia 31 de dezembro, no mesmo dia em que soube do surgimento de um vírus em Wuhan, até então desconhecido, ela determinou que todos os passageiros que estivessem retornando da cidade deveriam ser investigados. Somente alguns dias depois é que a OMS, organismo do qual Taiwan não faz parte, viria a declarar que o vírus era transmissível entre humanos.
Em janeiro, dois meses antes de a OMS declarar a pandemia, Tsai apresentou 124 medidas para evitar que o vírus se espalhasse sem ter de recorrer ao isolamento total, que viria a ser adotado em vários países mais tarde. Hoje, Taiwan contabiliza um saldo de 393 casos e apenas 6 mortes. Na Finlândia, Sanna Marin, a chefe de Estado mais jovem do mundo, de 37 anos, comanda uma cruzada contra a pandemia usando as redes sociais e influenciadores digitais, que vêm ajudando o país a manter números baixíssimos de infectados – apenas 3 mil. O sucesso da premiê finlandesa é tão grande que uma pesquisa recente indicou que seu desempenho durante a crise recebeu a aprovação de 85% dos eleitores. De acordo com reportagem da revista Forbes, a Islândia, sob a liderança da jovem primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir, também é um caso à parte. Seu governo está oferecendo testes gratuitos para todos os cidadãos, com ou sem sintomas – o país já testou 10% da população. O país registrou 1,7 mil casos e apenas 8 mortos. O governo islandês instituiu também um sistema completo de rastreamento de casos, permitindo que não fosse necessário o isolamento ou fechamento de escolas.
*”Trump anuncia suspensão de verba para OMS”*
*”Índia amplia isolamento de 1 bilhão de pessoas”*
*”Remoção temporária de moradores de favelas pode salvar 41 mil em SP e no Rio”* - A adoção de uma série de medidas contra o novo coronavírus em favelas – incluindo reduzir até pela metade a densidade demográfica, criar estruturas de saneamento emergenciais e oferecer produtos de higiene – poderia diminuir a pressão sobre o sistema de saúde e salvar até 26 mil vidas no Estado de São Paulo e até 15 mil no Rio. Os cálculos são de um grupo de pesquisadores especialistas em modelagem de dinâmica de sistema que se uniram ao coletivo Favelas contra o Coronavírus. Uma vez que nas comunidades é praticamente impossível aplicar o isolamento social – uma das principais recomendações contra covid-19 – e nem sempre é garantido que a medida mais eficaz de proteção seja posta em prática o tempo todo, que é lavar as mãos, a ideia dos pesquisadores foi propor outras saídas. Essas incluem um esvaziamento das favelas. Eles criaram um simulador para estimar o efeito de ações combinadas em diferentes proporções: remoção temporária de moradores das favelas para equipamentos públicos ou para hotéis; subsídio a insumos de higiene; renda básica para comprar produtos de higiene; estruturas emergenciais de saneamento; expansão de UTIs e uso de máscaras faciais. A primeira análise foi feita para o Estado do Rio, onde vive, proporcionalmente, a maior população em favelas no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 2,2 milhões nessa condição, 13% da população, em uma densidade demográfica média de 9,9 mil/km².
Na melhor combinação de medidas, o grupo avaliou que reduzir pela metade a densidade demográfica das favelas do Estado, com a transferência temporária de cerca de 5 mil pessoas/km², a criação de estruturas emergenciais de saneamento em todas as favelas que não têm o serviço, o fornecimento de produtos de higiene para 50% dos domicílios, e a construção de 20 UTIs/dia no Estado desde o início da epidemia poderiam salvar até 15 mil vidas – ou 16% das potenciais vítimas. Sem intervenções (não só nas favelas, mas em todo o Estado), estimam os pesquisadores, o Rio poderia ficar entre 41 e 93 dias sem vagas em UTIs (do melhor ao pior cenário). Com essa estratégia acima, os dias sem UTI cairiam para algo entre 34 (no melhor cenário, com outras intervenções) e 52 dias. Para São Paulo, essas mesmas condições poderiam salvar até 26 mil vidas, ou 14% das potenciais vítimas. Sem intervenção, o Estado poderia ficar entre 42 (melhor cenário) e 105 (pior cenário) dias sem vagas em UTI para novos doentes (não só de coronavírus, mas de qualquer doença ou acidente).Com essas medidas, os dias sem leito disponível caem para algo entre 38 e 70 dias sem UTI. “Estamos diante de um problema que é piorado pela desigualdade, pela pobreza”, afirma o engenheiro Vinícius Picanço, professor de Operações e Sustentabilidade do Insper.
Governo. Os governos têm propostas para avaliar a situação em áreas periféricas. A Prefeitura de São Paulo informou que realizou mapeamento de todas as comunidades com o objetivo de direcionar doações de alimentos e kits de higiene. Outra medida é a instalação prevista de 100 pias em “pontos estratégicos”. Além disso, estuda transformar um CEU em Paraisópolis em hospital de campanha. Já o governo do Estado destacou a suspensão da cobrança da tarifa social de água para 506 mil famílias, além de subsídios para alunos carentes e ampliação do serviço Bom Prato. No Rio, o Estado e a prefeitura também lançaram ações de higienização em mais de 50 comunidades. E 40 novos caminhões-pipa foram ofertados somente para atender a essas áreas carentes. Além disso, a Secretaria de Assistência Social reservou mil quartos de hotéis para abrigar idosos e outras pessoas em condições mais vulneráveis. Até agora, no entanto, apenas 43 quartos foram ocupados.
*”Paraisópolis cria operação de guerra”* - Até amanhã, a comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, vai colocar em funcionamento duas casas de apoio para abrigar moradores diagnosticados com a covid-19, que convivem em suas casas com grupos de risco. Também criou uma estrutura de guerra, que conta até com “presidentes de rua” para monitorar a saúde da população. “Decidimos criar um espaço de acolhimento e isolamento para evitar a contaminação”, diz Gilson Rodrigues, líder comunitário de Paraisópolis e coordenador nacional do G10 das favelas. Os centros de acolhimento foram instalados em duas escolas estaduais.
Cada centro tem 16 salas e capacidade para acolher 260 pessoas. A intenção é ter mais centros e, com isso, atingir a capacidade para atender mil pessoas. Hoje vivem em Paraisópolis cerca de 100 mil pessoas. Os centros têm cama, banheiros, lavanderia, cozinha e uma ambulância de plantão. Rodrigues diz que os centros foram criados após doações, em dinheiro e em produtos, recebidas principalmente de pessoas físicas. Cerca de 50 cuidadores foram contratados para trabalhar em cada uma das casas por três meses. “A intenção era criar um hospital, mas não temos logística nem autorização para isso.” As casas de apoio são mais uma das iniciativas do comitê da favela de Paraisópolis. Também há um esquema de monitoramento da pandemia. A cada 50 casas, um morador vizinho e voluntário, chamado de presidente de rua, tem quatro atribuições: conscientizar as pessoas para que fiquem em casa, distribuir doações, repassar informações corretas e monitorar, por meio do WhatsApp, a saúde das 50 famílias. “Se elas tiverem algum problema, ele aciona a ambulância.” A comunidade contratou três, uma delas com equipamentos de UTI, além de dois médicos, três enfermeiros e dois socorristas. “Decidimos contratar as ambulâncias porque o Samu não vem para cá”, diz Rodrigues. “Não dá para deixar a favela à própria sorte: tem política para salvar bancos, shoppings, varejo e favela ninguém falou até agora como vai salvar.”
*”’LinkedIn’ da comunidade oferece apoio a diaristas dispensadas”* - Comunidades se organizam em uma rede de solidariedade para tentar colocar comida na mesa, enquanto o auxílio emergencial do governo, de R$ 600, não chega a quem perdeu o trabalho. Em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, foi criada a campanha “Adote uma diarista” na plataforma digital Emprega Comunidade, uma espécie de “LinkedIn” da favela. Normalmente, essa rede conecta empresas a candidatos que moram na periferia. Agora tem a função de ajudar diaristas dispensadas do trabalho, a ter alguma renda. “As diaristas estão desesperadas porque não têm dinheiro para pagar aluguel, fazer compras básicas”, diz Rejane Santos, fundadora do Emprega Comunidade. A intenção é ajudar diaristas por três meses, oferecendo cesta básica, produtos de higiene e bônus de R$ 300. Recursos doados por empresas, pessoas físicas e uma vaquinha virtual bancam a campanha. Mais de mil diaristas se inscreveram e 150 já estão recebendo o benefício. Eduarda Dantas, de 21 anos, é uma das delas. “Se não fosse isso, a gente não estaria aqui para contar a história.” Com dois filhos pequenos, tirava cerca de R$ 2 mil por mês. Com a pandemia, a patroa americana voltou para os Estados Unidos. As outras duas a dispensaram sem oferecer ajuda. Também dispensada sem apoio, Andréia Neres, de 42 anos, mãe de três filhos, vive com R$ 130 que recebe do Bolsa Família, do programa da comunidade e de doações.
Marmitas. Já Elizandra Cerqueira, da Associação de Mulheres de Paraisópolis e sócia do empreendimento social Mãos de Maria, que além de outras atividades tem um restaurante na comunidade, viu seu negócio ser afetado. Para atender à demanda por alimentos e continuar empregando 20 cozinheiras, ela e a sócia produzem marmitas distribuídas de graça para moradores da favela. “Desde 23 de março já distribuímos 15 mil marmitas e a demanda tem sido maior do que esperávamos.” Em Heliópolis, também na zona sul, desde a semana passada 64 costureiras produzem máscaras, que serão distribuídas a quem vive na comunidade, com apoio da união de associações dos moradores e bancos. No Rio, também há ações de distribuição de cestas básicas e produtos de higiene, como a encabeçada por Eliana Sousa Silva na campanha A Maré diz Não ao Coronavírus. Ao menos 6 mil famílias vivem na Maré, zona norte do Rio. “São 140 mil pessoas em uma área de 4,5 km², há dificuldade real de fazer esse distanciamento (social) acontecer.”
*”Coronavírus pode fazer País perder uma décadas e voltar ao nível de 2010”* - Depois de três anos de leve recuperação, em que o País conseguiu ao menos reduzir as consequências da retração de 7% no Produto Interno Brasileiro (PIB) acumulada nos anos de 2015 e 2016, a crise gerada pela pandemia de coronavírus poderá apagar todo qualquer avanço feito ao longo dos últimos dez anos. Caso a projeção de queda de 5,3% do PIB brasileiro feita ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) se confirme em 2020, o País voltará ao patamar de riquezas que exibia no ano de 2010, segundo cálculo do Itaú Unibanco. De acordo com a instituição, com a retração de 5,3%, a economia brasileira encerraria o ano de 2020 com um total do PIB de R$ 6,87 trilhões, patamar muito semelhante aos R$ 6,83 trilhões exibidos há 11 anos e bem distante dos valores próximos de R$ 7,5 trilhões de 2013 e 2014, picos da economia local antes do início da recessão causada por desequilíbrios internos de 2015 e 2016. “Caso essa expectativa do FMI se confirme, será uma década perdida”, diz Júlia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco. A economista afirma, porém, que dado alto nível de incerteza do cenário atual, as projeções de economistas são muito díspares. O Itaú, por exemplo, espera uma retração de 2,6% para este ano. Gottlieb aponta ainda que, dada a forte retração deste ano, a instituição espera uma curva ascendente relevante em 2021, com a economia avançando 4,7%. O FMI é bem menos generoso com o cenário brasileiro no próximo ano, esperando um crescimento de 2,9%.
Pandemia x crescimento. No relatório divulgado ontem, que coincidiu com a marca de 120 mil mortos pelo covid-19 no mundo, o FMI fala na pior recessão global desde a Grande Depressão, em 1929. “A perda cumulativa para o PIB global entre 2020 e 2021 pode girar em torno de US$ 9 trilhões, mais do que as economias do Japão e da Alemanha combinadas”, disse a economista-chefe do Fundo, Gita Gopinath. Em meio à pandemia, a atividade econômica mundial deve cair 3% em 2020 e crescer 5,8% em 2021. Os EUA deverão ter retração de 5,9% neste ano, com recuperação de 4,7% em 2021. Segundo o relatório, há uma relação entre a eficácia no controle da crise de saúde e a perspectiva econômica. Os EUA são hoje o país com maior número de casos de coronavírus. Na zona do euro, também severamente afetada pela pandemia, com consequências especialmente graves na Itália e na Espanha, o encolhimento previsto para 2020 é de 7,5%, com alta de 4,7% em 2021. Já a China e a Índia devem conseguir resultados modestamente positivo, apesar da recessão mundial. A economia chinesa deve crescer 1,2% neste ano e mais 9,2% no ano que vem. Para a Índia, o FMI prevê expansão de 1,9% em 2020 e de 7,4% em 2021.
ENTREVISTA: JOAQUIM LEVY, economista - *”Tentar reconstruir economia como era não vai adiantar”* - Ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy diz que o mercado vai aceitar melhor ou pior o déficit nas contas públicas que está sendo projetado agora, de 5,5% do PIB, a depender do que se vote no Congresso. Para ele, seria o momento de passar alguns marcos regulatórios, como saneamento e gás natural, bem como a reforma tributária, que simplifique o PIS/Cofins. Levy chama a atenção para o fato de que a preparação da economia para uma saída ordenada da crise é crucial. A seguir, os principais trechos da entrevista:
- A crise está sendo vista com um ineditismo a respeito da rapidez e do elevado grau de incertezas. Qual a sua percepção?
- Sem dúvida, a velocidade da disseminação é inédita. Há muita incerteza e as informações são escassas. Difícil fazer inferências e prognósticos. Por exemplo, pouco sabemos do que aconteceu com as 3.700 pessoas que estavam naquele navio que fez em quarentena em Tóquio em fevereiro, o Princess Diamond. Afora que morreram 12 pessoas idosas. E a tripulação? Os 700 que estavam infectados, o que aconteceu? No Brasil, os milhares que viajaram no carnaval, onde e como estão? Em tudo há um aprendizado, como no caso das máscaras que foram, inicialmente, descartadas. O importante é ter humildade, adaptabilidade e se preparar para uma convivência com o vírus, que pode ser longa.
- O que esperar desse lockdown do ponto de vista de impacto econômico no Brasil e no mundo?
- O impacto vai ser grande. Há setores, como o de viagens a negócios, que jamais serão iguais. Viagem e turismo correspondem a 11% do PIB mundial, e sendo grande empregador, mostra como será difícil o curto prazo. No Brasil, temos os trabalhadores informais que dependem de prestar serviços em contato pessoal. Agora é planejar como conviver com o vírus, porque achatar a curva de transmissão significa aprender a viver com ele, que não vai desaparecer até que haja uma vacina ou remédio eficaz. Estou como convidado na Universidade de Stanford desde o começo do ano e sei que há intensa pesquisa lá e em inúmeros centros de pesquisa ao redor do mundo, mas não há previsão de remédio nas próximas semanas. Não estamos acostumados com essa realidade, mas não é inédito nem desesperador. De certo modo, e abstraindo possíveis conotações políticas, é um pouco como nos anos 1970, quando o Ocidente tinha que conviver com o comunismo, sem perspectiva de vitória imediata, mas tampouco se encolhendo.
- E a volta ao trabalho?
- Enquanto não há um remédio ou vacina, a discussão de voltar ao trabalho só faz sentido com planejamento e protocolos validados. Além de garantir o financiamento da saúde, inclusive em Estados e municípios, tem-se que responder a perguntas tais como a forma de organizar os locais de trabalho. Planejar se as empresas devem prover transporte para os empregados ou como vai ser o transporte público e quem pode usar ou não. Como medir temperatura do usuário, limpar duas ou três vezes por dia os ônibus, como na Ásia. Como desenvolver testes no Brasil em quantidade, além dos que se conseguir importar. Construir essas respostas é a maneira de garantir a volta ao emprego. É isso que os Conselhos de Administração e as diretorias das grandes empresas precisam para tomar decisões com mais segurança. E o dono da mercearia também. A tecnologia pode ajudar. Por exemplo, quem tiver um trabalho aprovado, recebe mensagem no SMS e pode circular com as cautelas necessárias. Isso parece ficção científica, mas é assim numa economia de guerra enquanto não houver vacina. Para os negócios que não podem ser conduzidos por internet, a retomada tem que começar assim.
- O que mais pode mudar?
- Outra mudança central é a forma com que as empresas e pessoas estão vendo a questão climática. Como o coronavírus, a evidência científica aponta um grande risco, mas que no dia a dia se vai empurrando. Agora a ficha está caindo, e mudanças que em tempos normais não ocorreriam, têm mais chance agora. Tentar reconstruir a economia como era um tempo atrás não vai funcionar, é um mau investimento. O que a gente vê em Stanford e em contato com especialistas ao redor do mundo é que as novas energias são mais produtivas que as antigas e a questão em geral é vencer os obstáculos para sair do ponto A e chegar no ponto B, que é mais vantajoso. Então, se o governo vai resgatar empresas, está pagando renda mínima para milhões de pessoas, melhor ele, por exemplo, aproveitar e ajudar a financiar a transição do carvão para renováveis. Fiscalmente também se paga porque as renováveis e algumas outras alternativas, além de mais baratas, criam empregos e, ao reduzirem a poluição do ar, diminuem os gastos de saúde. No Brasil, estamos melhor porque a matriz energética é limpa, apesar da poluição do ar nas grandes cidades por causa do trânsito, onde a eletrificação do transporte público pode ajudar. Mas temos uma tremenda desvantagem competitiva, que são as emissões do desmatamento. Elas são maiores do que as emissões da nossa indústria e são um risco para o crescimento econômico.
- Qual a sua avaliação sobre as medidas tomadas pelo Banco Central para injetar liquidez no sistema?
- Estão corretas. Tem que injetar liquidez e fazer esforço para chegar na ponta. Outro dia o presidente do Bradesco (Octavio de Lazari) explicou o que os bancos estão fazendo, postergando vencimentos, financiando a folha de pagamento, comprando carteiras quando dá. O Banco Central tem que apoiar esse esforço. Inclusive provavelmente comprar dívida pública, porque imagina a empresa que tem sua poupança no fundo DI e na hora de sacar tem o risco de enfrentar um deságio?
 
CAPA – Manchete principal: *”BNDES chama bancos para socorrer grandes empresas”*
*”Toffoli proíbe Bahia e Maranhão de criar barreira sanitária em aeroporto”* - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, proibiu os governos da Bahia e do Maranhão de implementarem, em áreas restritas de seus aeroportos, barreiras sanitárias para aferir a temperatura corporal de passageiros, como forma de controle da covid-19. A decisão traduz a ocorrência de mais um embate entre os Estados e o presidente Jair Bolsonaro no que diz respeito ao combate à pandemia. Em relação às medidas de isolamento social, está valendo despacho do ministro Alexandre de Moraes, que confere essa prerrogativa também aos governadores. Toffoli defendeu a “comunhão de esforços” por todos os entes federativos para lidar com o avanço do coronavírus, mas observou que a barreira é uma medida desaconselhada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em razão do potencial para formar filas e aglomerações nos aeroportos. “A gravidade da situação por todos enfrentada exige a tomada de providências estatais, em todos as suas esferas de atuação, sempre através de ações coordenadas e devidamente planejadas pelos entes e órgãos competentes, e fundadas em informações e dado científicos comprovados.”
O caso chegou ao Supremo porque os Estados contestaram decisões do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que haviam impedido os governos estaduais de adotarem a barreira sanitária. O recurso, contudo, foi negado por Toffoli. Ao acolher a argumentação da Anvisa, o ministro apontou que a medida representa “risco inverso à saúde”, já que os passageiros febris eram encaminhados aos hospitais, submetendo-se a um maior risco de contaminação. Além disso, foi considerado o risco de sobrecarga do sistema de atendimento médico. Ao STF a Procuradoria-Geral Federal disse que não há recomendação da Organização Mundial da Saúde ou do Ministério da Saúde para adotar as barreiras sanitárias. Além disso, insistiu na defesa de uma “política nacional uniforme”. A Anvisa afirma que elaborou “ações de conscientização dos sintomas da covid-19 e das medidas de prevenção de contágio para usuários do transporte aéreo e profissionais que atuam nos aeroportos”. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) também diz que foram adotadas medidas de prevenção nas áreas que estão sob a sua administração.
*”SP reconhece subnotificação e amplia compra de testes”* - O governo de São Paulo reconheceu a subnotificação de casos de covid-19 e anunciou a aquisição de 725 mil testes de coronavírus vindos da Coreia do Sul, que o governador João Doria (PSDB) classificou, em entrevista coletiva concedida ontem, de “operação logística inigualável”. O secretário de Saúde do Estado, José Henrique Germann, estimou que cerca de 100 mil pessoas podem estar infectadas, mas sem sintomas ou necessidade de tratamento hospitalar. “Se hoje temos 20 mil pessoas internadas, temos 100 mil que estão acometidos pela patologia. Os 80% não aparecem porque não apresentam necessidade de tratamento, muito menos de tratamento hospitalar”, explicou. A literatura internacional aponta que o percentual de contaminados assintomáticos ou com sintomas leves, que nem sequer procuram hospital, é de 80%. Segundo o secretário, as características da doença recomendam que se multiplique por cinco o número de internações para se chegar a uma estimativa mais aproximada do total de contaminados. De acordo com o controle realizado pela prefeitura de São Paulo, só na cidade o número de casos suspeitos supera 20 mil. “É importante ficar claro que a subnotificação existe e vai existir em todos os países do mundo”, justificou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan. “Temos que entender que os casos confirmados e internados representam o limite inferior da curva de ascensão. Os óbitos e casos notificados estão na base da curva.” Ele defendeu a testagem para que se tenha “uma visão mais próxima da realidade”, mas salientou que os testes apontam para o retrovisor. “Daí a importância de mudarmos um pouco a visão. Temos que olhar à frente com essas projeções.”
Os testes comprados da Coreia do Sul, segundo Doria, serão encaminhados ao Instituto Butantan. Até o dia 25 de abril, o Estado terá mais 525 mil testes, totalizando 1,3 milhão de exames. Com essa aquisição, São Paulo poderá fazer 5 mil testes por dia. Atualmente, a capacidade é de 2 mil testes diários. “A partir de 18 de maio, serão 8 mil testes por dia”, anunciou Doria. O infectologista David Uip, coordenador do centro de contingências do governo paulista, disse que número de internações por casos suspeitos em enfermaria cresce diariamente “estressando o sistema de saúde”. De acordo com ele, desde 30 de março “há aumento diário de necessidade de leitos de UTI no sistema público e privado de Saúde de São Paulo”.
*”Casos novos da doença voltam a ganhar força no país”*
*”Dívida bruta pode atingir 100% do PIB em 2030”*
*”Primeiro bimestre foi excelente, diz chefe da Receita”*
*”Gasto ligado a combate da pandemia pode ser excluído do cálculo da meta de 2021”*
*”Crise amplia fatia da Ásia na exportação brasileira”*
*”Indicadores de confiança têm queda recorde e vão cair mais”*
*”IBC-Br sobe em fevereiro, mas não altera quadro de contração para o trimestre”*
*”Governo propõe alternativa a projeto de auxílio a Estados e municípios”*
*”Planalto tenta esvaziar poder de Maia”* - A ofensiva do Palácio do Planalto sobre os partidos do Centrão na última semana busca esvaziar os poderes do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e neutralizar a percepção de que o presidente Jair Bolsonaro estaria isolado politicamente em meio à crise do coronavírus. Bolsonaro também não assimilou as críticas do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), ao governo. Recuperado da covid-19, depois de sofrer 15 dias com a doença, Alcolumbre telefonou para ministros palacianos advertindo que a demissão de seu correligionário, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, complicaria a relação do palácio com o Legislativo. No entanto, pela postura de moderação, o Planalto ainda o vê Alcolumbre como o interlocutor preferencial no Legislativo e no DEM. Por isso, enquanto Alcolumbre tomou café da manhã com Bolsonaro ontem no Palácio da Alvorada, no mesmo dia, Maia voltou a criticar a falta de diálogo do governo com o Congresso. “O problema é que você entra por uma porta e, quando sai, leva um coice. Essa é a relação que o governo tem tido com os políticos do Congresso desde que assumiu o poder”, disse Maia. Foi a resposta aos jornalistas quando indagado se perdeu o papel de articulador do governo no Congresso, que desempenhou com protagonismo na reforma da Previdência. “Não cabe a mim organizar a base do governo, mas, com todo respeito, se não fosse o trabalho da presidência da Câmara com os líderes, nós não teríamos aprovado muitas matérias, inclusive a reforma da Previdência”, alfinetou.
Com a mediação do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, que afinou a relação com os partidos de centro, Bolsonaro reuniu-se, a sós, com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), o presidente do Republicanos e primeiro vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (SP) e o líder do PL, deputado Wellington Roberto (PB). Convidado por Ramos, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, disse que irá ao Planalto quando estiver em Brasília. Bolsonaro não fez gestos para reconstruir as relações com o DEM. O presidente do partido e prefeito de Salvador, ACM Neto, não foi convidado para essa rodada de conversas no Planalto com dirigentes partidários. Ramos e o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), convocaram uma reunião com lideranças de bancadas para discutir a votação do projeto de socorro emergencial aos Estados e municípios. Maia não foi chamado. Ao Valor, Major Vitor Hugo, negou que o Planalto queira isolar Maia. “Queremos ter uma relação direta com os partidos e os líderes, para que não haja ruídos na comunicação. Estamos nos aproximando dos líderes e dos partidos, como é normal”, afirmou. Mas parlamentares bolsonaristas disseram ao Valor que o presidente estaria irritado com as manobras de Maia para impor derrotas ao governo em votações estratégicas, como a proposta de emenda constitucional (PEC) do Orçamento de Guerra e o projeto de socorro emergencial aos Estados e municípios.
Para Bolsonaro, o DEM -- partido de Maia, Alcolumbre e do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta - estaria sendo “oportunista” e usando a pandemia para fazer “palanque eleitoral”. O desgaste com Mandetta e o rompimento do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), com o Planalto reforçaram essa percepção. Contudo, a investida de Bolsonaro sobre o Centrão pode não ter efeito prático. Essas bancadas não seguiram o governo na votação do projeto de socorro aos Estados. E não retiraram apoiamentos à continuidade da CPMI das Fake News, que incomoda Bolsonaro. A avaliação de políticos experientes é de que será inócuo Bolsonaro exigir fidelidade dos partidos de centro sem entregar ministérios, como nos governos de coalizão. “É cobrar lealdade de casado com vida de solteiro”, repete nos bastidores um dos líderes do Centrão.
*”Sem partido, Bolsonaro fica isolado no painel”*
*”Estados fazem planos de contingência”* - Governadores pressionam União por recursos e cortam gasto para mostrar zelo com austeridade fiscal
*”Wilson Witzel e Helder Barbalho testam positivo para a covid-19”*
*”Bolsonaro e Alcolumbre se encontram e Senado adia votação”*
*”Governadores têm pressa em receber auxílio financeiro federal”*
*”Relator cede para aprovar MP Verde e Amarelo”* - Diante de resistências da oposição e até de partidos alinhados ao governo, o relator da medida provisória (MP) do Contrato de Emprego Verde e Amarelo, deputado Christino Aureo (PP-RJ), retirou do texto a liberação do trabalho aos domingos e feriados sem compensação, reduziu a desoneração sobre a folha de salários e ampliou a multa por demissão sem justa causa. As mudanças aumentaram o apoio à proposta, que teve a retirada de pauta rejeitada por 284 votos a 35. A Câmara tentava votar o texto na noite de ontem, mas a oposição buscava impedir com outros requerimentos e a aprovação não tinha ocorrido até o fechamento desta edição. Após o texto principal, os deputados ainda precisariam analisar 16 emendas ao texto, o que provavelmente só ocorreria hoje. A MP precisa ser aprovada pela Câmara e Senado até 20 de abril, segunda-feira, para não perder a validade. Se os senadores alterarem algum ponto, a MP terá que ser votada de novo pela Câmara. O contrato “verde e amarelo” foi proposto pelo governo em dezembro para desonerar a folha de salários e, com isso, estimular a contratação de jovens entre 18 e 29 anos que nunca tiveram emprego formal. O relator ampliou o escopo para pessoas com mais de 55 anos que estão há mais de 12 meses sem emprego formal. A MP vale apenas para quem recebe até 1,5 salários mínimos (R$ 1.567,50 em valores de hoje). Esses contratos poderão ser firmados até dezembro de 2022 e cada um deles terá validade máxima de dois anos. Após esse período, se ele não for demitido, o contrato será convertido em por tempo indeterminado. Esse tipo de funcionário poderá representar até 25% do total da empresa.
As empresas terão isenção total da contribuição previdenciária e das alíquotas do Sistema S aos contratos firmados nessa modalidade. O governo também tinha proposto reduzir o pagamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de 8% do salário para 2% e isentar o salário-educação, mas o relator manteve ontem as regras atuais. Outra mudança de última hora foi estabelecer um patamar intermediário, de 30% do FGTS acumulado, para as multas em caso de demissões em justa causa. Essa sanção é de 40% do FGTS nos demais contratos, mas o governo tinha proposto reduzi-la para 20%. Segundo o relator, a mudança para 30% visa diminuir os custos, mas sem sinalizar com demissões neste momento. O relator também rejeitou, no novo parecer, mudanças no adicional de periculosidade do emprego verde e amarelo e mudanças na fiscalização, como a criação de um tribunal administrativo para julgar as multas trabalhistas, nos moldes do Conselho Administrativo para Recursos Fiscais (Carf) faz com as autuações da Receita Federal. A liberação do trabalho aos domingos e feriados sem necessidade de acordo com o sindicato da categoria e compensação também foi rejeitada na última versão do relatório. Caso isso se mantenha, a empresa precisará estar listada em uma das atividades consideradas essenciais para funcionar nesses dias ou dependerá de autorização da convenção coletiva, com a compensação determinada pelo acordo. Um dos pontos mais polêmicos da proposta, a taxação do seguro-desemprego para custear a desoneração da folha, acabou rejeitada ainda no começo e se tornou opcional: caso o trabalhador queria que o período recebendo o seguro seja contado para aposentadoria, poderá pagar 7,5% sobre o benefício.
A oposição, porém, defendia que os atuais empregos serão substituídos pela nova versão, com menos direitos, e que a geração de empregos depende do crescimento econômico, e não da legislação trabalhista. Também havia questionamentos, como prever que os acordos coletivos, entre sindicatos de trabalhadores e de empresas, prevalecerão sobre a lei e súmulas do Tribunal Superior do Trabalho (TST), desde que não contrariem a Constituição. Já os favoráveis a MP afirmaram que a proposta será essencial na retomada, para acelerar a contratação de jovens e pessoas mais experientes.
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*”FMI prevê pior recessão desde os anos 30 e retomada lenta”* - Em seu Panorama Econômico Mundial, o FMI estimou que a economia global deverá contrair-se 3% neste ano, ante expansão de 3,3% prevista em janeiro. A perda acumulada para o PIB global entre 2020 e 2021 deve chegar a US$ 9 trilhões
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*”BNDES articula um ‘sindicato’ de bancos em plano de socorro”* - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende coordenar um sindicato de bancos comerciais para o socorro de grandes empresas de setores em dificuldades por causa da pandemia de coronavírus. O plano de resgate busca mobilizar pelo menos quatro instituições financeiras - Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil estão sendo chamados a participar -, além de investidores institucionais. O desenho prevê “operações combinadas”, com emissão de debêntures conversíveis em ações, “warrants” (opção de compra de ações associadas a emissões de títulos privados), alongamento de dívidas e novos empréstimos. Os setores contemplados, em princípio, serão os de companhias aéreas, elétricas, indústria automotiva e grandes varejistas não alimentícias. O Valor apurou que a solução será caso a caso, customizada por companhia e dependendo da situação financeira de cada uma, sem que seja aplicável a um setor inteiro de forma indiscriminada. A lógica de envolver grandes bancos é inspirada no “pool” organizado pelo BNDES para os empréstimos bancários às distribuidoras de energia elétrica em 2014 e 2015. As duas operações somavam mais de R$ 20 bilhões, mas tinham uma diferença importante em relação ao socorro discutido atualmente. No setor elétrico, a ajuda no fluxo de caixa se tornava um “ativo regulatório” e tinha garantia de recebimento pela cobrança de um adicional nas tarifas de energia dos consumidores. A ideia é que se encontrem soluções de mercado, e não recursos públicos, para socorrer as companhias, diz um executivo do setor bancário que participa das discussões. Se o modelo for bem-sucedido em fazer as empresas sobreviverem e retomarem suas atividades, poderia, conforme fontes ligadas ao governo, dar retorno maior para o Tesouro e os demais bancos.
Nesse caso, dois caminhos principais estão à disposição: emissão de debêntures conversíveis em ações e o uso em larga escala dos “warrants”. Os técnicos avaliam que o esse segundo modelo pode ser um fator de redução de custo dos empréstimos, já que se trata de dois instrumentos associados e os bancos poderiam inclusive comercializar esses ativos em mercado secundário, caso considerem a melhor estratégia. Bancos de investimento também podem ser acionados para colaborar com o desenho de tais operações. Na debênture conversível, a tendência é que o custo de renda fixa seja maior, diz uma fonte que tem participado das discussões nos últimos dias, porque é um único instrumento, enquanto o “warrant” daria mais flexibilidade. Mas, na própria área econômica há quem prefira instrumento mais convencional de debêntures conversíveis em ações. Outras garantias, como recebíveis das empresas, podem eventualmente acabar entrando nessa articulação liderada pelo BNDES. Isso dependerá da empresa e do setor. De qualquer forma, o trajeto que se desenha tende a acabar gerando um aumento nas participações acionárias do BNDES, que antes da crise vinha reduzindo esse tipo de exposição.
A capitalização de empresas pelo BNDES por meio de debêntures e warrants é o modelo em discussão atualmente pelo banco com as três empresas aéreas de origem brasileira. Conforme três fontes do mercado financeiro, Latam, Azul e Gol podem receber R$ 3 bilhões de capital nessa composição. “O BNDES subscreve as debêntures e fica com a garantia firme, mas não necessariamente para exercê-la. A empresa faz oferta pública, inclusive desse direito de compra futura de ação, que é a warrant”, explica um banqueiro. Os bancos privados não têm interesse em ficar com participação no capital das empresas, segundo fonte do setor. No entanto, vão participar da estruturação dessas operações, além de estender prazos de dívidas que as companhias já têm e avaliar a possibilidade de novos empréstimos. As instituições também deverão ajudar a atrair fundos interessados em investir nas companhias. Segundo uma fonte ligada ao governo, os bancos devem participar porque são credores das empresas e não têm interesse que grupos saudáveis vão para recuperação judicial ou quebrem em função de um momento ruim. E isso, por sua vez, geraria uma crise de crédito para os próprios bancos, complicando a situação sistêmica da economia. Na segunda-feira, o plano de criação de um “sindicato” liderado pelo BNDES foi discutido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, com os presidentes de grandes bancos: Candido Bracher (Itaú), Octavio de Lazari Jr. (Bradesco), Sergio Rial (Santander) e Rubem Novaes (Banco do Brasil). O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, também participou. A montagem do “sindicato” tem sido articulada pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, e pelo chefe do conselho de administração, Marcelo Serfaty. À Caixa, por ora, caberá lidar com o setor de construção (com medidas já anunciadas para aliviar o cronograma de pagamentos) e com microempresas.
Está em aberto ainda se os pacotes setoriais vão se destinar a empresas específicas ou a cadeias produtivas como um todo, afirma um interlocutor próximo a um grande banco. Lazari afirmou ao Valor na semana passada que as medidas adotadas até agora pelo governo para o combate aos efeitos econômicos da pandemia de coronavírus eram suficientes. Segundo o executivo, no entanto, em alguns setores seriam necessários “tiros de sniper” com soluções mais específicas.
*”Aneel tenta fechar medidas de emergência para setor não recorrer a empréstimo”* - A ajuda poderá vir de recursos sem destinação em fundos e renúncia de receita do Tesouro Nacional com recebíveis de Itaipu
*”Tesouro poderá dar crédito ao varejo”*

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