sexta-feira, 24 de abril de 2020

Moro ameaça deixar Governo contra demissão de diretor da PF

“A nossa rotina, como técnico de enfermagem ou enfermeiro, é assustadora. Está muito difícil de trabalhar. Todos os dias temos casos de morte.” O relato é de uma técnica de enfermagem do Hospital Municipal Tide Setúbal, uma das unidades de São Paulo na linha de frente do combate à covid-19. O hospital fica na zona leste, na periferia da cidade, a região que concentra atualmente as mortes na maior cidade da América Latina. Reportagem de Felipe Betim traz os relatos de profissionais que convivem com a falta de equipamento de proteção para trabalhar e com a incorporação de funcionários ainda não completamente treinados para dar conta da demanda em alta, no momento em que o Estado de São Paulo prevê que as mortes podem até triplicar até o começo de maio. Apenas nesta quinta-feira 211 novos falecimentos por covid-19 entraram nos registros oficiais paulistas —metade do total confirmado no país, que foi 407, um recorde desde o início da crise sanitária, que já matou ao menos 3.313 pessoas. As autoridades dizem que o recorde de confirmações está ligado às análises represadas no feriado enquanto o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, disse que “não sabe” se este é um pico de mortes ou não, apesar do contexto de defasagem nos testes.
Enquanto o Brasil assiste a números cada vez mais sombrios da pandemia, Brasília volta as atenções para outra crise autoinfligida no Governo Bolsonaro. O protagonista da vez foi Sergio Moro, que ameaçou nesta quinta-feira pedir demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública depois que Jair Bolsonaro avisou a ele que pretendia demitir diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. A exoneração foi publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial da União, e agora a situação do ministro é uma incógnita. Moro e Valeixo trabalharam juntos no início da Lava Jato, a operação anticorrupção que alçou ambos aos atuais cargos. Como explica Afonso Benites, o objetivo do presidente é ter mais influência no órgão. Essa foi a quinta vez que o presidente deu sinais públicos para enfraquecer Moro, um ministro mais popular do que ele próprio.
Também nesta edição, falamos sobre o amor em tempos de coronavírus. A reportagem de Sara Navas descreve como intensificamos e idealizamos as nossas lembranças durante a quarentena e que isso faz com que amores do passado ressurjam em nossas vidas sem motivo aparente. Já na Índia confinada, florescem os encontros virtuais, que esquivam a desaprovação das famílias e dos grupos fundamentalistas religiosos. A rede de namoro por excelência no país asiático, a OK Cupid, confirmou um aumento de 26% nas conversas em sua plataforma e de 12% na formação de casais depois do início do confinamento de seu 1,3 bilhão de habitantes em março.

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