CAPA – Manchete principal: *”’Não queremos negociar’, diz Bolsonaro em ato pró-golpe”*
EDITORIAL DA FOLHA - *”Vítimas em casa”*: O isolamento social, mesmo que necessário, potencializa conflitos preexistentes. Assim se dá no caso da violência contra a mulher. Números recém-apurados trazem à luz o agravamento da violência de gênero no país, em suas diversas modalidades —física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Assassinatos de mulheres em casa quase dobraram (de 9 para 16) no estado de São Paulo no período de quarentena, entre 24 de março a 13 de abril, segundo constatou a Folha a partir de boletins de ocorrência. Entre os fatores agravantes do quadro estão o aumento de consumo de bebida alcoólica e a perda de renda de famílias. A tendência é mundial. Dados da ONU mostram que agressões domésticas aumentaram entre 25% e 33% em França, Argentina, Singapura e Chipre. Na Espanha, pedidos de ajuda por telefone nesses casos aumentaram 18% depois da imposição do confinamento. Como no Brasil os registros em geral demandam denúncia presencial por parte das vítimas, os números de ocorrências caíram em diversos estados durante a quarentena. Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que a queda foi verificada, ao menos, em Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Acre e Ceará. Não há, entretanto, indício de que a violência tenha diminuído. Pelo contrário: relatos de brigas de casais feitos por terceiros em redes sociais cresceram 431% no isolamento, informa o estudo. Pedidos de socorro vindos do interior de residências tiveram aumento de 19,8%, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública paulista. São pistas que revelam a ponta de um provável iceberg. Combater a violência contra a mulher requer, de um lado, fortalecimento e expansão de redes de apoio. Diversificar os canais de denúncia —por telefone e internet— é essencial. Em boa hora, a Polícia Civil permitiu neste mês que ocorrências dessa modalidade possam ser registradas em meio digital. A Justiça precisa ser ágil em conceder medidas protetivas como o afastamento do agressor. Abrigos para vítimas devem ser ampliados. Opções heterodoxas testadas em outros países podem servir de exemplo. A França mantêm centros de aconselhamento em supermercados; a Espanha criou uma senha secreta para que mulheres busquem ajuda nas farmácias. Violência doméstica constitui uma pandemia ofuscada pela subnotificação, comum a esses crimes, pelo isolamento social e pela insuficiência das redes de apoio. Seu enfrentamento igualmente exige ações de naturezas diversas.
PAINEL - *”Novo ministro da Saúde ignora aglomerações e presença de Bolsonaro em atos”*: Parlamentares viram a ida de Jair Bolsonaro (sem partido) a ato pró-intervenção militar neste domingo (19), gerando aglomeração, como o primeiro teste para avaliar o comportamento de Nelson Teich, novo ministro da Saúde. No sábado (18), Bolsonaro também cumprimentou participantes de um ato organizado por católicos, em frente ao Palácio do Planalto. Ao contrário do ex-titular da pasta, Luiz Henrique Mandetta, que mandou recados ao presidente em vezes que ele foi às ruas, Teich silenciou. Deputados de centro e esquerda discutem chamá-lo a falar na Câmara sobre as ações que quer adotar no combate ao coronavírus. Líderes partidários avaliam que Teich não detalhou suas posições sobre isolamento. O silêncio dele neste domingo reforçou a avaliação de que ele será tutelado por Bolsonaro. Gerou ainda o receio de que ele possa chancelar a ideia do presidente de pôr fim a políticas de distanciamento adotadas por estados. Procurado, o Ministério da Saúde informou que não se manifestaria sobre a participação de Bolsonaro no protesto em Brasília. O presidente, que passou a semana negociando cargos com integrantes do Centrão para atrai-los à sua base, mais uma vez neste domingo negou publicamente as próprias ações e disse: "Chega da velha política". A atitude serviu para parlamentares contrários a esse tipo de aproximação pregarem que os pares precisam entender que Bolsonaro não mudará. Da última vez que o presidente foi a atos contra o Congresso, o governo havia acabado de negociar com o Parlamento a divisão de cerca de R$ 30 bilhões em emendas. Militares do governo afirmam que o general Eduardo Pazuello, ex-coordenador da operação Acolhida, vai fazer parte do time do novo ministro da Saúde. Uma hipótese é que o militar seja o número 2 da pasta, como mostrou o jornal O Globo neste domingo. O general é reconhecido no Exército por sua habilidade em logística e espera-se que ele auxilie na distribuição de insumos na pasta.
PAINEL - *”Moro e Toffoli silenciam sobre atos pró-intervenção militar”*: O ministro Sergio Moro (Justiça), que propagandeou neste domingo a prisão do número 2 da facção PCC, nada falou sobre os atos que pediram intervenção militar, com a participação de seu chefe no DF. Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, alvo dos protestos, também não comentou os atos. Ex-ministro do STF, Nelson Jobim afirmou em conversas reservadas nas últimas semanas que o Brasil já passou por uma série de fases, como a do autoritarismo, da coalizão, da cooptação, e que agora vive a República do conflito. Jobim defendeu que o momento de agora, diante de Bolsonaro, é de não cair em provocações e insistir na República do diálogo. Jobim disse que o Supremo tem papel fundamental neste esforço.
PAINEL -*”MBL propõe plano para retomada de atividades econômicas”*
PAINEL - *”CE, SE, GO e SC adotaram medidas mais duras de isolamento, segundo IPEA”*: Estudo publicado pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Aplicadas) na semana passada mostra que o Ceará, Goiás, Sergipe e Santa Catarina foram as unidades da federação que decretaram ações mais drásticas de isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus. Os que adotaram iniciativas menos restritivas foram Bahia e Mato Grosso do Sul. Os dados se referem à análise das políticas que estavam em vigor de 6 a 9 de abril. De acordo com a pesquisa, entre as capitais, Teresina (PI), seguida por Porto Alegre (RS), foi a que adotou medidas mais restritivas. As que tiveram ações menos duras foram: Curitiba (PR) , Natal (RN), Fortaleza (CE), Rio Branco (AC) e São Luís (MA). Os dados se baseiam em um índice que varia de 0 a 10 e é composto por seis variáveis: restrições a eventos, ao funcionamento de bares e restaurantes, comércios em geral, restrições sobre atividades industriais, suspensão de aulas, e limitações ao transporte terrestre, fluvial e marítimo de passageiros. A nota técnica publicada no último dia 13 , de autoria do pesquisador Rodrigo Fracalossi de Moraes, ainda observa que a "relação entre as políticas dos estados e as das capitais tende a ser inversa". Ações mais duras nas cidades se associam a iniciativas mais brandas dos estados. O tempo da adoção de medidas também variou. Segundo a pesquisa, a primeira unidade que adotou ação restritiva foi o Distrito Federal, em 11 de março, proibindo eventos que gerassem aglomeração. Em seguida, o índice de restrição subiu até os dias 23 e 24 de marços, "mantendo-se em níveis estáveis".
*”Não queremos negociar nada, diz Bolsonaro em ato pró-intervenção militar diante do QG do Exército”* - Em cima da caçamba de uma caminhonete, diante do quartel-general do Exército e se dirigindo a uma aglomeração de apoiadores pró-intervenção militar no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou neste domingo (19) que "acabou a época da patifaria" e gritou palavras de ordem como "agora é o povo no poder" e "não queremos negociar nada". "Nós não queremos negociar nada. Nós queremos ação pelo Brasil", declarou o presidente, que participou pelo segundo dia seguido de manifestação em Brasília, provocando aglomerações em meio à pandemia do coronavírus. "Chega da velha política. Agora é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos." "Todos têm que ser patriotas, acreditar e fazer sua parte para colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder. Mais que direito, vocês têm a obrigação de lutar pelo país de vocês", afirmou Bolsonaro, que tossiu e levou a mão à boca ao final do discurso. "O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos no Brasil têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro", disse. "Contem com o seu presidente para fazer tudo aquilo que for necessário para manter a democracia e garantir o que há de mais sagrado, a nossa liberdade", completou o presidente. A aglomeração diante do quartel-general do Exército foi o ato final de uma carreata em Brasília, feita pelos apoiadores do presidente e com pedidos de intervenção militar, gritos contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, e pressão pelo fim do isolamento social recomendado pela OMS contra a pandemia. A fala de Bolsonaro e sua participação nesse ato em Brasília, no Dia do Exército, provocaram fortes reações no mundo jurídico e político. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ser uma “crueldade imperdoável com as famílias das vítimas” pregar uma ruptura democrática em meio às mortes da pandemia da covid-19. “O mundo inteiro está unido contra o coronavírus. No Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo. É mais trabalhoso, mas venceremos”, escreveu Maia. “Em nome da Câmara dos Deputados, repudio todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição.” “Não temos tempo a perder com retóricas golpistas. É urgente continuar ajudando os mais pobres, os que estão doentes esperando tratamento em UTIs e trabalhar para manter os empregos. Não há caminho fora da democracia”, afirmou. O governador João Doria (PSDB) disse ser "lamentável" que o presidente "apoie um ato antidemocrático, que afronta a democracia e exalta o AI-5". O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também chamou de "lamentável" a participação de Bolsonaro. "É hora de união ao redor da Constituição contra toda ameaça à democracia." O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, disse à coluna Mônica Bergamo, da Folha que “só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve". Gilmar Mendes, também do STF, disse que "invocar o AI-5 e a volta da ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática". O presidente Nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, disse que "a sorte da democracia brasileira está lançada" e que esta é a "hora dos democratas se unirem, superando dificuldades e divergências, em nome do bem maior chamado liberdade". A escalada do tom de Bolsonaro ocorre em um momento de isolamento político do presidente. Reportagem da Folha deste sábado (18) mostrou que os adversários de Bolsonaro, e hoje ele os tem em todas as esferas de poder, desistiram de uma acomodação com o presidente. A avaliação prevalente, ouvida pela reportagem nas cúpulas do Legislativo, do Judiciário e em estados, é a de um paradoxo: a fraqueza política de Bolsonaro só tende a acirrar sua agressividade no embate, o que ocorreu neste final de semana em Brasília. No sábado, na rampa do Planalto diante da Praça dos Três Poderes, Bolsonaro afirmou que a política de enfrentamento ao novo coronavírus "mudou um pouco" desde a sexta (17) —quando houve a troca de Luiz Henrique Mandetta por Nelson Teich no Ministério da Saúde— e voltou a se queixar de prefeitos e governadores por adotarem medidas de isolamento social. Bolsonaro também responsabilizou o STF (Supremo Tribunal Federal) por determinar que os demais entes federados têm poder para ordenar o fechamento de comércios. Neste momento do vídeo em que falou aos seguidores, Bolsonaro apontou o dedo para a sede do Supremo, do outro lado da praça. Só na semana passada, o presidente criticou o STF, sugeriu Maia conspirava para derrubá-lo e ainda agudizou a crise do coronavírus ao demitir seu ministro da Saúde. O presidente tem negado a gravidade da pandemia e tem promovido passeios e aglomerações em Brasília, ao contrário do que recomenda a OMS. Bolsonaro demitiu Mandetta por discordar de seu posicionamento técnico sobre a pandemia. Além da gestão Bolsonaro, outros governos que ignoram a seriedade da doença são Turcomenistão, Nicarágua e Belarus. Como mostrou a Folha neste domingo, Bolsonaro tem intensificado estratégia de blindagem política para tentar evitar que os efeitos da pandemia sejam usados contra ele na disputa eleitoral de 2022. O plano consiste, neste primeiro momento, na defesa pública de que o coronavírus se trata de uma adversidade pequena, que não justifica medidas restritivas que podem aumentar o desemprego no país. A ideia é que, ao se antecipar agora sobre os impactos econômicos que são praticamente inevitáveis, o presidente explore, na corrida eleitoral, a retórica de que a sua postura era desde o início a mais acertada, mesmo que contrariando as recomendações das autoridades de saúde. CARREATAS PELO PAÍS Neste domingo, além de Brasília, ocorreram manifestações em diferentes pontos do país, como Salvador, São Paulo e Manaus. Além de ataques ao Supremo e ao Congresso e de pedidos pela volta do regime militar, os manifestantes criticaram o isolamento social, pedindo a volta ao trabalho e a abertura do comércio. Em Brasília, no ato que teve a participação de Bolsonaro, a volta à normalidade e a reabertura do comércio também estiveram na pauta dos manifestantes. Além de defender o governo e clamar por intervenção militar e um novo AI-5 —o mais radical ato institucional da ditadura militar (1964-1985), que abriu caminho para o recrudescimento da repressão— os manifestantes aglomerados em frente ao quartel-general do Exércio defenderam o fechamento do STF e miraram em Maia. As carreatas pelo país com apoio de Bolsonaro neste domingo ocorreram no momento em que o número de mortes pelo coronavírus chegou a 2.462 no Brasil. Em 24 horas, foram registrados 115 óbitos pela doença. Os dados foram divulgados neste domingo pelo Ministério da Saúde. Ao todo, são 38.654 casos confirmados. O ministério, porém, afirma que a tendência é que o número real de casos seja maior, já que apenas pacientes internados em hospitais fazem testes e há casos que ainda esperam confirmação. Reportagem da Folha mostrou que equipes de atenção básica em várias cidades e estados afirmam que tem havido subnotificação. Já o apoio à quarentena como forma de evitar a disseminação do novo coronavírus sofreu uma queda nas duas últimas semanas, mas ainda é majoritária entre os brasileiros. Segundo o Datafolha, são 68% aqueles que dizem acreditar que ficar em casa para conter o vírus é mais importante, ainda que isso prejudique a economia e gere desemprego. No levantamento anterior do instituto, feito de 1º a 3 de abril, eram 76%. A pesquisa atual ouviu 1.606 pessoas na sexta e tem margem de erro de três pontos percentuais. Essa queda não se reverteu integralmente em apoio à afirmação contrária, de que vale a pena acabar com isolamento social em nome da reativação econômica. O índice dos que concordam com isso oscilou positivamente de 18% para 22%, enquanto aqueles que não sabem foram de 6% para 10% no período. Esse debate, visto por especialistas tanto em economia como em saúde como desfocado e politizado, tem pautado as polêmicas envolvendo Bolsonaro. Depois de minimizar a gravidade da Covid-19, a comparando a uma “gripezinha”, o presidente passou a insistir no foco do impacto econômico das quarentenas. No cálculo, está o temor de que a recessão que provavelmente seguirá a emergência sanitária do Sars-CoV-2 solape seu apoio em cerca de um terço do eleitorado. Em oposição, governadores como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ), assumiram a linha de seguir as recomendações internacionais de saúde, priorizando o isolamento. O resultado é uma queda de braço que marca a organização do combate à pandemia no Brasil e já deixou vítimas políticas no caminho. Mandetta perdeu o cargo de ministro da Saúde na quinta (16), entre outros motivos, por não concordar com as diretrizes de Bolsonaro sobre o isolamento social. O Supremo Tribunal Federal interveio e decidiu na quarta (15) que os estados e municípios têm liberdade para impor as restrições que decidirem durante a crise. Isso contrariou o presidente Bolsonaro, que se queixou de estar de mãos atadas na questão. Ele queria editar decreto obrigando a reabertura do comércio. Manteve esse tom na sexta, quando sugeriu que as pessoas desobedecessem as ordens locais.
*”Maia, Doria, FHC, OAB e ministros do STF condenam ato com Bolsonaro; veja repercussão”* CELSO ROCHA DE BARROS - *”Bolsonaro, comorbidade brasileira”* ANÁLISE – *“Bolsonaro faz apelo golpista e coloca Forças Armadas em saia justa”* *”Carreatas pelo país têm Bolsonaro, pedidos de reabertura do comércio e avenida Paulista fechada”*
*”CNJ avalia retomada gradual dos prazos processuais da Justiça a partir de maio”* *”Brasília faz 60 anos e discute flexibilização do plano urbanístico”*
*”Em um mês, programa britânico de testes de coronavírus fracassa”* *”Maduro chama Bolsonaro de ‘coronalouco’”* *”Em resposta aos EUA, laboratório de Wuhan nega ser fonte de novo coronavírus”* *”Páscoa ortodoxa é celebrada pelo mundo, neste domingo, sem fiéis em plena pandemia”* *”Estados dos EUA resistem em reabrir economias enquanto casos de coronavírus crescem no país”*
*”Fundos renomados reabrem para captação após perda de patrimônio”* - Com a forte perda de patrimônio na crise do coronavírus, fundos de gestoras quase míticas, como Atmos, Bogari, Dynamo e Verde, que estavam fechados para novos investimentos há anos, reabriram para captação. Muitos também reduziram a taxa de administração e os valores mínimos de aplicação, de modo a atrair novos investidores e reter cotistas. Em março, o mercado financeiro global derreteu, na queda mais rápida da história. Investidores e fundos se desfizeram de diversos ativos em uma busca de mais segurança diante da incerteza da extensão dos danos econômicos da pandemia da Covid-19. Nesse cenário, o patrimônio de fundos que têm renda variável na carteira caiu conforme a desvalorização dos ativos. E houve ainda pressão por vender parte dos ativos para pagar clientes que desejavam sair do risco em busca de aplicações seguras na crise. Após o desmonte e com pouco dinheiro para reorganizar a estratégia de investimentos, os fundos reabriram para novas aplicações. "Com captações, os fundos aproveitam para comprar ativos que estão baratos. Geralmente, quando o mercado está muito em alta, é o contrário, ele fecha para não ter que comprar ativos caros", diz Guilherme Ribeiro de Macêdo, doutor em Finanças e professor da UFRGS. Por regra, fundos de ações têm que ter, no mínimo, 67% do patrimônio comprado nessa categoria. Alguns fundos multimercado, que combinam diversos tipos de ativo de renda fixa e variável, também seguem esta política. Ou seja, se o fundo segue captando com o mercado de ações em alta, teria que adquirir papéis a preços relativamente caros. Na mesma lógica, a reabertura dos fundos é limitada. Gestores estipulam um período de poucos dias para novas aplicações ou um valor máximo que planejam captar. Assim que o patamar é atingido, o fundo é fechado novamente. No caso da Dynamo e da Atmos, as metas foram batidas rapidamente. Apesar de ser um fundo voltado apenas a investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras), em dois dias o Dynamo Cougar, que estava fechado desde 2011, teve solicitações de novos investimentos que somaram R$ 1 bilhão. A aplicação mínima era de R$ 300 mil. Os fundos do Verde, presidido pelo renomado Luis Stuhlberger, seguem abertos, com aplicação mínima de R$ 50 mil e sem necessidade de ser um investidor qualificado. Desde 16 de março, a Bogari está com dois fundos de ações abertos. Um eles para investidores qualificados, com aportes mínimos de R$ 300 mil, e outro para o público em geral, a partir de R$ 150 mil. A captação máxima da gestora para os dois é de R$ 400 milhões —metade foi arrecadada. A XP também reabriu três fundos que estavam fechados desde 2018, dois de ações e um multimercado. Após as captações dos três somarem R$ 500 milhões, eles foram fechados novamente. "Fechamos lá atrás porque não queríamos crescer muito e perder a habilidade de performar [entregar rentabilidade]. Chegamos em R$ 5 bilhões de patrimônio e fechamos. Se você é um transatlântico, pode não conseguir fazer uma curva", diz João Luiz Braga, sócio-gestor da XP Asset. Fundos com patrimônio muito elevado são mais difíceis de gerir e podem ter dificuldades de executar a estratégia de investimentos planejada. Quanto mais recursos, maiores e mais variadas tendem a ser as aplicações do fundo, tornando-o menos ágil em vender e comprar ativos, ao mesmo tempo em que encontram falta de liquidez no mercado de capitais brasileiro, ainda pouco desenvolvido. Segundo Braga, a reabertura dos fundos era um pedido de longa data de clientes. "Com a crise, os patrimônios caíram muito e voltamos a ter capacidade para poder abrir." "Nessa crise, os investidores estão com uma postura muito boa, melhor que nas outras crises. Em 2002, 2008 e 2015, se via pânico e pequeno investidor resgatando e saindo machucado [com prejuízo]. O comportamento mudou bastante", diz Braga. Ele aponta, porém, que a maior parte dos investidores são institucionais (outros fundos e empresas). Diante da competitividade do setor, que viu uma explosão de fundos e corretoras nos últimos anos, muitas gestoras baixaram as taxas de administração e os valores de aplicações mínimas, como é o caso da Garin Investimentos. "Baixamos a taxa de 2% para 1,5% neste mês porque conseguimos boa rentabilidade, apostamos na queda do mercado. E, com a Selic baixa, faz sentido desonerar o cotista", afirma Ivan Kraiser, gestor-chefe da Garin. Tradicionalmente, fundos multimercado e de renda fixa têm como objetivo dar um retorno superior ao CDI, que é baseado na taxa básica de juros, atualmente, a 3,75% ao ano. Com juros menores, em tese mais fácil uma performance acima do CDI —e a taxa de 2% passa a ser considerada cara. Fundos multimercado cobram também taxa de performance. Segundo dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), 42 fundos baixaram taxas de administração neste ano. Especialistas apontam que o investimento em fundos requer cautela, especialmente nos de ações e multimercado, que são mais arriscados. "É preciso estudar a natureza dos fundos e escolher bem, pensando sempre no longo prazo, não pode ser um dinheiro para emergência", diz Macêdo, da UFRGS. No caso de fundos que costumam ficar fechados para a aplicação, o objetivo deve ser de prazo ainda maior, já que, após o resgate, não é possível reinvestir neles. De acordo com o professor, fundos multimercado podem estar na carteira de investidores moderados e arrojados, ou seja, que aceitam tomar mais risco. Já os de ações, são indicados apenas para investidores arrojados.
*”BNDES vê lentidão na concessão de crédito e estuda seguro garantia”* - O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Gustavo Montezano, reconheceu neste domingo (19) que créditos liberados pelo governo para enfrentar a crise gerada pelo coronavírus estão represados e disse estudar um instrumento de seguro para acelerar financiamentos. Um mês após o lançamento de um programa de refinanciamento de R$ 30 bilhões em dívidas com o banco estatal, os pedidos avançaram muito mais em operações diretas do que em indiretas, que são intermediadas por instituições financeiras privadas. De acordo com Montezano, dos R$ 19 bilhões esperados em refinanciamento em operações diretas, há hoje R$ 9 bilhões já em processamento no BNDES. Em relação às operações indiretas, a expectativa é atingir R$ 11 bilhões, mas houve avanço em apenas R$ 1,5 bilhão. A dificuldade de acesso aos recursos liberados pelo governo para enfrentar a crise é reclamação constante no setor produtivo brasileiro. Além do dinheiro do BNDES, o governo liberou desde fevereiro mais de R$ 200 bilhões em recursos que os bancos são obrigados a reter, os chamados empréstimos compulsórios. "Isso é normal porque o sistema bancário hoje todo está com aversão a risco, tem uma insegurança, uma imprevisibilidade maior", avaliou Montezano, em seminário virtual promovido pelo Itaú BBA, afirmando que o processo precisa "dar uma acelerada". Para acelerar esse processo, disse, o banco vem desenvolvendo um instrumento de seguro de crédito, segundo ele um instrumento ainda pouco usado no Brasil mas comum em outros países. O presidente do BNDES não quis adiantar como funcionaria o seguro, alegando que o modelo ainda está em desenvolvimento. A Folha apurou que a ideia é ampliar e flexibilizar o FGI (Fundo Garantidor de Investimentos), instrumento do banco já usado na concessão de empréstimos, que pode receber recursos do Tesouro. Entre as medidas de flexibilização, está em estudo elevar o limite de garantia dos atuais 80% para até 95% do valor do financiamento. Para cada R$ 1 investido no fundo, o BNDES estima alavancar outros R$ 5 em financiamentos para pequenas e médias empresas, o que poderia beneficiar os setores de turismo, comércio e serviços. "Quando a gente compara com outros bancos ao redor do mundo, as medidas [emergenciais] são bem parecidas, mas tem um produto que a gente não opera e que lá fora é bem disseminado, que é o produto garantia", disse, afirmando que com esse seguro o dinheiro "pode chegar na ponta com mais facilidade". Além de abrir a possibilidade de renegociações de dívidas, o BNDES já retornou R$ 20 bilhões ao governo federal em recursos do PIS/Pasep, que serão usados para antecipar o resgate de FGTS, e abriu uma linha de crédito para financiar a folha de pagamento de pequenas e médias empresas. Agora, diz Montezano, o foco são as grandes empresas que estão sofrendo com a crise, principalmente nos setores aéreo, elétrico, automotivo e o comércio varejista não ligado a alimentos. Para esses, as soluções vão envolver parceria com bancos privados e fundos de investimentos. Além de empréstimos, as negociações contemplam um pacote de instrumentos financeiros, que incluem debêntures conversíveis e a possibilidade de participação acionária. Montezano defendeu que a participação de bancos privados, além de ampliar os recursos disponíveis, ajuda a estruturar melhor as soluções. "A gente concluiu que atuar por meio de sindicatos de bancos públicos e privados é muito importante para ter a maior quantidade possível de perspectivas, de visões e opiniões sobre os setores", disse. "São decisões tão importantes que a gente entende que é melhor ter discussão maior com a sociedade." Ele afirmou que espera que as primeiras operações sejam concluídas em maio, mas não deu detalhes sobre quais são as empresas envolvidas. Primeiro grande impactado pela crise, o setor aéreo está em negociações mais avançadas e pede R$ 8 bilhões. Segundo Montezano, outros setores podem ser incluídos nos esforços para socorrer empresas de grande porte. Ele citou, por exemplo, os planos de saúde, que podem sentir quando for destravada a demanda por procedimentos médicos que está represada enquanto duram as medidas de isolamento. O presidente do BNDES descartou a oferta de dinheiro a juros subsidiados para grandes empresas. "Quando se fala em grande empresa, não é necessário subsídio de juros, porque o juro está muito baixo. Não é necessário esforço fiscal do governo para apoiar grandes empresas." Segundo ele, para se preparar para a retomada da economia após a pandemia, o banco não fará mais devoluções antecipadas de recursos emprestados pelo Tesouro nos anos petistas, como foi prática em gestões anteriores à sua. "A instrução do ministro [da Economia, Paulo Guedes] foi segurar o caixa do BNDES", disse.
MARCIA DESSEN - *”Finanças a serviço de pessoas”* ENTREVISTA - *”Momento é de oportunidade para investir em Bolsa de Valores, afirma Luiz Barsi Filho”* PAINEL S.A. - *”Presidente de multinacional de tecnologia alerta para saúde mental no home office”* PAINEL S.A. - *”Indústria de brinquedo acelera produção no coronavírus para competir com China”*
PAINEL S.A. - *”Com coronavírus, Anac libera exigência de equipe adicional de resgate em aeroporto”* PAINEL S.A. - *”Empresários enviam vídeos pedindo que consumidor compre produto nacional”* *”Companhias aéreas têm custo milionário com aviões em solo por coronavírus”*
*”Com salários já reduzidos, pilotos de avião e comissários temem crise do coronavírus”* - Quase 25 anos depois de se formar como piloto de aviões comerciais, frente à situação do setor em meio à pandemia do coronavírus, Alexandre se lembrou da primeira crise pela qual passou na aviação, em 2001, ano do 11 de Setembro e do fim da Transbrasil. Seu nome e o de outros funcionários de aéreas são fictícios, mas as histórias, reais. Hoje na Azul, o piloto passa os dias em quarentena dentro casa, no interior de São Paulo. Ele está de licença não remunerada, como a maioria dos 14 mil funcionários da empresa, única das três grandes do setor que ainda não fez cortes de salário. No mês passado, a categoria aprovou propostas da Gol e da Latam de redução de jornada e salários que, na prática, diminuem a renda dos profissionais em 80%. Isso porque pilotos e copilotos recebem, além do salário-base, uma renda variável que depende diretamente do número de horas de voo realizadas no mês. Entre partidas de jogos de tabuleiro com a filha e raras idas ao supermercado com a esposa, Alexandre faz duas contas: a de quanto tempo durará sua reserva financeira e a de quantos dias faltam para voltar a pilotar os voos domésticos na Azul. Ele sabe que a queda da remuneração será sentida mesmo na volta ao trabalho. Segundo Alexandre, um mês normal rende em torno de R$ 16.000 líquidos a um comandante em meio de carreira, e R$ 7.000 a um copiloto. Ele diz estar certo de que, mesmo após o coronavírus, a volta às atividades será lenta, já que muitas empresas devem reduzir viagens corporativas e os turistas ainda terão medo do vírus. Henrique, que tem 20 anos de profissão e 15 como piloto na Latam, diz nunca ter visto crise tão acentuada. Ele costuma fazer entre 70 e 80 horas de voo em um mês, com uma remuneração bruta que chega a R$ 33 mil. Em abril, contudo, vai voar só duas ou três vezes. Como resultado, sua renda passará a R$ 11 mil. No ano passado, o piloto chegou a receber ofertas de trabalho em companhias no Oriente Médio e na Europa. Em meio à pandemia, contudo, o cenário da aviação é de retração no mundo todo. Comissário da Gol há cerca de 15 anos, João vive situação similar. Ele segue em regime de plantão em casa, na Grande São Paulo, à espera de convocações para trabalhar. Seu último voo foi há mais de um mês. Ele conta que o adicional que recebe por voo representa quase 70% de sua renda. Hoje, seu salário-base gira em torno dos R$ 4.000, que terão redução escalonada de 30% a 50% até junho, devido ao acordo coletivo aprovado pela Gol junto à categoria com a promessa de manter os empregos. Seu maior desejo hoje, diz, é voltar a voar.
*”Coronavírus provoca redução de 90% dos voos no Brasil, mais que média global”* *”Emirates testa passageiros para coronavírus antes do embarque em Dubai”*
*”Fechamento de escolas e creches por coronavírus amplia desigualdade de gênero, diz estudo”* +++ É um tema a ser debatido junto da sociedade.
OPINIÃO - *”Mantra de que pessoas são diferencial precisa ser provado na crise”* RONALDO LEMOS - *”Uso de dados de celular na Covid-19”* *”Fiesp divulga proposta de retomada da economia após quarentena pelo coronavírus”*
*”Presidente do Senado sugere que Bolsonaro reedite minirreforma trabalhista”* - O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM), sugeriu, em seu perfil oficial nas redes sociais neste domingo (19), que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reedite a medida provisória do Emprego Verde e Amarelo, uma espécie de minirreforma trabalhista. A recomendação indica que a proposta não será votada a tempo, já que a MP perde a validade nesta segunda (20). Como o texto presidencial foi editado no ano passado, o Palácio do Planalto pode voltar a tratar do assunto por MP neste ano legislativo. "Para ajudar as empresas a manter os empregos dos brasileiros, sugiro ao presidente @jairbolsonaro que reedite amanhã (20) a MP 905, do Contrato Verde e Amarelo. Assim, o Congresso Nacional terá mais tempo para aperfeiçoar as regras desse importante programa", postou em seu perfil. Bolsonaro havia afirmado no sábado (18) que a MP seria votada pelo Senado na segunda. Questionado se havia feito um acordo com o presidente do Senado para viabilizar a votação da MP a tempo, Bolsonaro respondeu que não tem nada contra o Senado. "O Davi é meu chapa”, disse. Na sexta-feira (17), líderes partidários do Senado fecharam acordo para não votar a medida provisória, que reduz encargos para patrões que contratarem jovens no primeiro emprego e pessoas acima de 55 anos que estavam fora do mercado formal. Bandeira do governo neste período de pandemia, a MP já chegou no Senado sob polêmica dos líderes, que questionam o fato de ela alterar regras trabalhistas na esteira do estado de calamidade decretado pela pandemia causada pelo coronavírus. Os líderes também criticam o tempo para a apreciação da medida, já que foi votada na terça-feira (14) pela Câmara e logo encaminhada para apreciação no Senado, sem que os parlamentares tivessem tempo para análise. O presidente do Senado e o líder do governo na Casa, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), passaram o final de semana negociando com integrantes do governo uma alternativa para a reedição da MP. Para os senadores, a medida ficou inviável de ser votada, especialmente depois de Bolsonaro partir para o ataque contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). No Senado, os parlamentares já haviam negociado, inclusive com integrantes do PT, que a medida poderia ser votada com ajustes, o que faria com que ela tivesse de voltar à Câmara para nova votação. Os senadores afirmam que não há clima entre os deputados para apreciarem a medida a tempo de que ela não perca a validade. Alcolumbre tem mantido conversas com a equipe economia do governo, entre eles o ministro da Economia, Paulo Guedes, além do próprio Bolsonaro, com quem tomou café da manhã última semana. Embora o diálogo tenha parecido mais fluido entre Senado e governo, na sexta-feira Alcolumbre deu a relatoria da medida provisória para o senador de oposição Rogério Carvalho (PT-SE). Parlamentares alegam que esse já é um sinal de que Alcolumbre não está tão próximo das ideias do governo como o presidente Bolsonaro acredita. A ideia de Alcolumbre e do líder do governo é convencer o governo a retirar da MP Verde e Amarelo os trechos considerados mais polêmicos, e que resultam em uma minirreforma trabalhista, e colocar eles anexados em outras medidas que já tramitam no Congresso, mas que teriam mais tempo para serem analisadas. A reedição da medida, embora tenha discussão jurídica, poderia ser feita dentro do prazo de validade dela, o que teria como limite esta segunda-feira. Mesmo assim, há quem diga que mesmo que o governo alegue impossível, a situação poderia ser resolvida.
*”Ocorrências de violência doméstica saltam 20% em SP na quarentena”* *”Vídeos ensinam a mulheres autodefesa na quarentena”* *”Número de medidas protetivas contra violência doméstica cai na quarentena”* *”Ministério da Saúde sinaliza ampliar exames rápidos para trabalhadores”*
*”Ajuda federal para respirador e leito demora a chegar a estados”* *”Justiça acelera ações de adoção, e crianças deixam abrigos na quarentena”* MÔNICA BERGAMO - *”Em três meses, número de reclamações por compras virtuais já quase chegou ao registrado em 2016”* MÔNICA BERGAMO - *”Associação de Cabo Frio pede R$ 420 bilhões da China por danos ao povo brasileiro pelo coronavírus”*
MÔNICA BERGAMO - *”Mauricio de Sousa ganhará filme sobre sua vida”* MÔNICA BERGAMO – *”Vítima desmente crime e homem é solto após três anos na prisão”* MÔNICA BERGAMO – *”Casos suspeitos de Covid-19 em presídios de SP crescem e colocam 51 em isolamento”* MÔNICA BERGAMO - *”Arquivo Público do Estado de SP doa 43 mil itens de proteção individual para saúde”* MÔNICA BERGAMO - *”Menos de 2% dos brasileiros acha que pandemia do coronavírus está no fim, diz estudo”*
MÔNICA BERGAMO – *”Bolsonaro é alvo de mais uma denúncia no Tribunal Penal Internacional”*: O presidente Jair Bolsonaro é alvo de mais uma denúncia no Tribunal Penal Internacional (TPI) por genocídio e crimes contra a humanidade. A nova ação foi protocolada por José Manoel Pereira Gonçalves, coordenador do grupo Engenheiros pela Democracia. Ele alega que Bolsonaro negligencia precauções contra o novo coronavírus, como o isolamento social. No começo de abril, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) também denunciou o presidente ao TPI por “atitudes irresponsáveis” em meio à pandemia da Covid-19.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário