sexta-feira, 29 de maio de 2020

A crise que existia antes do coronavírus




O trabalho é um dos pilares sociais mais atingidos pela crise do coronavírus. Desempregados, trabalhadores informais, autônomos e MEIs se aglomeram em filas por todo o país esperando o auxílio emergencial do governo, enquanto funcionários de supermercados lutam por EPIs e trabalhadores da saúde adoecem e morrem pelo descaso de diferentes governos com a segurança do trabalho.

Como repórter e editora, nada me estimula mais do que levar a público histórias que revelam abusos e injustiças. Mas, nesse contexto, ser jornalista empregada está se tornando um privilégio: há cada vez mais jornalistas desempregados ou freelancers.

Em 2018, só 36,5% dos jornalistas tinham emprego registrado, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Comunique-se e pela Apex. Consequência da covid-19, a crise econômica tem tudo para piorar, e muito, esse cenário. E, se isso não fosse suficiente, os jornalistas que ainda podem trabalhar estão sob ataque do governo e da extrema direita nas ruas, onde as ofensas começam a ser acompanhadas por agressões físicas.

Intercept não aceita anunciantes e é aberto e gratuito para qualquer pessoa. A sua ajuda garante que pessoas como eu continuem a cobrir a pandemia do coronavírus e toda a crise política e humanitária que ela desencadeia. Somos os profissionais que alimentam a sociedade com informação de verdade, checada e de impacto, para entender e lidar com esse momento sem precedentes.

Bruna de Lara
Editora Júnior

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