Um dos principais argumentos do presidente Jair Bolsonaro, ao defender que não tinha motivos pessoais para interferir na Polícia Federal do Rio, era de que sua família não estava sendo investigada. Segundo o depoimento do ex-superintendente da PF no estado, Carlos Henrique Oliveira, a informação é falsa. O senador Flávio Bolsonaro foi investigado até 1º de março por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. A PF não pediu quebras de sigilo do senador e encaminhou a inquérito para arquivamento. O Ministério Público ainda precisa dizer se concorda. E o atual superintendente no Amazonas, Alexandre Saraiva, confirmou ter recebido uma ligação do diretor da Abin, Alexandre Ramagem, o convidando para assumir a posição no Rio. O delegado aceitou o convite mas pediu que viesse através do diretor-geral da PF. A Abin não faz parte da Polícia Federal, mas Ramagem era o candidato do presidente para dirigi-la. A afirmação de Saraiva confirma que houve interferência de Bolsonaro para tentar indicar alguém mais próximo para o cargo. (Globo)
O prazo é de até o fim do dia de hoje para que a Advocacia-Geral da União e a Procuradoria-Geral da República se manifestem sobre a divulgação total ou parcial do vídeo com a reunião ministerial do dia 22 de abril. É considerada prova essencial pela defesa do ministro Sérgio Moro, que acusa o presidente de intervir com interesses pessoais na PF do Rio. (Poder 360)
O ministro Ricardo Lewandowski tornou públicos, ontem, os três exames de detecção do novo coronavírus de Bolsonaro. Os três foram feitos sob codinomes, mas em dois deles data de nascimento, RG e CPF são do presidente. Um terceiro, realizado pela Fiocruz, não tem qualquer dado que confirme sua identidade. Os três são negativos. (Estadão)
Gustavo Alves: “Se os resultados eram negativos, por que insistiu em não mostrá-los? Foi uma derrota judicial, mas Bolsonaro pode ter colhido frutos. A indefinição criou uma trama paralela que dividiu a atenção com outros temas em que o presidente patina. E é uma forma de reforçar a imagem que quer passar, a do adversário e vítima do status quo e das instituições que seriam somente um peso na vida dos cidadãos. Bolsonaro pode ter se livrado da Covid-19, mas isso não livra seu governo de outros problemas. E a demora em confirmar que está bem de saúde reforça a impressão de que o presidente gosta de criar confusões menores para não enfrentar os problemas maiores.” (Globo)
O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, está na linha de tiro de Bolsonaro. O motivo é sua insistência de seguir as orientações da Organização Mundial da Saúde. “Todos os ministros têm que estar afinados comigo”, afirmou o presidente à saída do Alvorada. Um dos pontos de irritação é o distanciamento de Teich em relação à terapia baseada em cloroquina. Cada vez mais desaconselhada por estudos científicos, é tema constante de Bolsonaro. “Diferentemente de Mandetta, Nelson Teich é um médico bolsonarista”, escreve Tales Faria. “Mas também é um médico tido como um técnico respeitável, orientado pelo parâmetros da ciência e da lógica. A submissão aos ditames de Bolsonaro pode ferir de morte sua reputação profissional. É nessas horas que a gente se pergunta: o que faz um homem aceitar a humilhação pública? O fato é que agora ele se tornou a "bola da vez" no espetáculo de grosserias oferecido quase todos os dias pelo presidente da República. Ou se entrega, ou sai.” (UOL)
Hamilton Mourão, vice-presidente: “A esta altura está claro que a pandemia de Covid-19 não é só uma questão de saúde: por seu alcance, sempre foi social; pelos seus efeitos, já se tornou econômica; e por suas consequências pode vir a ser de segurança. Para esse mal nenhum país do mundo tem solução imediata. Mas nenhum vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil. Um estrago institucional que já vinha ocorrendo, mas agora atingiu as raias da insensatez, está levando o País ao caos e pode ser resumido em quatro pontos. O primeiro é a polarização que tomou conta de nossa sociedade. Tornamo-nos incapazes do essencial para enfrentar qualquer problema: sentar à mesa, conversar e debater. A imprensa precisa rever seus procedimentos. Opiniões, contrárias e favoráveis ao governo, tanto sobre o isolamento como a retomada da economia, devem ter o mesmo espaço nos principais veículos de comunicação. O segundo ponto é a degradação do conhecimento político por quem deveria usá-lo de maneira responsável, governadores, magistrados e legisladores. O terceiro ponto é a usurpação das prerrogativas do Poder Executivo. O quarto ponto é o prejuízo à imagem do Brasil no exterior decorrente das manifestações de personalidades que, por se sentirem inconformados com o governo democraticamente eleito, usam seu prestígio para fazer apressadas ilações e apontar o país ‘como ameaça a si mesmo e aos demais na destruição da Amazônia e no agravamento do aquecimento global’, uma acusação leviana. Enquanto os países mais importantes do mundo se organizam para enfrentar a pandemia em todas as frentes, de saúde a produção e consumo, aqui, no Brasil, continuamos entregues a estatísticas seletivas, discórdia, corrupção e oportunismo. Há tempo para reverter o desastre. Basta que se respeitem os limites e as responsabilidades das autoridades legalmente constituídas. (Estadão) |
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