quarta-feira, 27 de maio de 2020

Análise de Mídia 27/05

DOS JORNAIS DE HOJE: O noticiário político apresenta a posição de desconfiança dos jornais tanto sobre o governador do Rio de Janeiro – contra o qual pesam fortes suspeitas, de acordo com as reportagens publicadas – como sobre a interferência de Jair Bolsonaro sobre a Polícia Federal. Em paralelo, os jornais tradicionais relatam, sem grande destaque, o pronunciamento feito por Rodrigo Maia em tom crítico ao Executivo. A Coluna do Estadão informa que existe um diálogo entre Rodrigo Maia e a oposição para uma espécie de reorganização das forças após a ida de uma parte do centrão para a base do governo de Jair Bolsonaro. Além disso, a imprensa continua a mostrar que o Supremo Tribunal Federal trabalha publicamente para defender a sua independência. Outro tema, é a repercussão da fala do ministro do Meio Ambiente durante a reunião do conselho ministerial que foi tornada pública pelo STF. Após críticas de entidades ambientais, uma parte do agronegócio utilizou capital para defender Ricardo Salles, o que estaria gerando divisão entre os diferentes setores do agronegócio.
O noticiário econômico está, digamos, mais lento. A principal notícia é sobre a maior deflação já registrada na história do real. Fora isso, os jornais anunciam que o Brasil vai se tornando um país cada vez mais desinteressante para os investidores estrangeiros. A falta de coordenação e a crise política são os fatores que mais afastam esses investidores, de acordo com as reportagens. Os analistas ligados ao mercado (as únicas vozes ouvidas pelos jornais) declaram ainda que um processo de impeachment teria potencial para piorar a situação. Infelizmente, não há contraditório e isso faz com que não existam vozes tão críticas ao governo Jair Bolsonaro nas páginas dos jornais. Impressiona que os jornais brasileiros abram espaço para publicar as críticas que grandes jornais estrangeiros fazem ao governo Bolsonaro, mas que não concedam o mesmo espaço para que as forças da oposição o façam. O cerceamento do direito à informação no Brasil começa pelas próprias empresas de comunicação, o que é um desastre para a democracia brasileira e fator fundamental na ascensão do bolsonarismo.
 
CAPA – Manchete principal: *”PF mira Witzel, que aponta interferência de Bolsonaro”*
EDITORIAL DA FOLHA: *”Procurador em xeque”*: Diante do avanço das investigações sobre suas tentativas de intromissão nos assuntos da Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro se mostra a cada dia mais empenhado em tumultuar o processo. No domingo (24), dois dias após a divulgação do vídeo da reunião ministerial em que manifestou o desejo de intervir na PF, o mandatário foi a uma rede social provocar o ministro Celso de Mello, que conduz o inquérito no Supremo Tribunal Federal e liberou o material. Sem mencionar seu nome, Bolsonaro reproduziu artigo da Lei de Abuso de Autoridade que pune a divulgação indevida de gravações, forçando uma acintosa associação do dispositivo com a límpida decisão do decano do STF. Na segunda (25), o chefe do Executivo investiu contra a credibilidade do procurador-geral da República, Augusto Aras, responsável por acompanhar apurações, avaliar as provas colhidas pelos investigadores e denunciar à Justiça os que tiverem seus crimes demonstrados. Ao participar de um evento da Procuradoria por videoconferência, Bolsonaro disse que gostaria de ir até Aras para cumprimentá-lo pessoalmente. O procurador aceitou recebê-lo em seu gabinete, onde posaram para fotos e conversaram por alguns minutos.
Como não havia assunto sério que devesse ser tratado ali, ficou evidente que o objetivo da encenação era intimidar o chefe do Ministério Público, como Bolsonaro tinha feito semanas antes com o presidente do Supremo, Dias Toffoli, ao marchar com empresários até o tribunal para uma visita surpresa. Nomeado por Bolsonaro para um mandato de dois anos, Aras só foi indicado após demonstrar seu alinhamento com o presidente. Ele sabe que sua recondução ao cargo em 2021 dependerá do que fizer durante as investigações em curso. O constrangimento é o resultado previsível do processo que levou à escolha de Aras no ano passado, quando Bolsonaro buscou um nome fora da lista tríplice indicada pelos membros do Ministério Público após sua eleição interna, desprezando a tradição respeitada por seus antecessores. Caberá ao procurador-geral demonstrar que é capaz de exercer suas funções com independência e deixar em segundo plano suas conveniências pessoais, examinando com rigor a conduta de Bolsonaro quando o inquérito em andamento chegar a um desfecho. Melhor ainda seria uma resposta legislativa às provocações de Bolsonaro, que reforçasse a autonomia conferida pela Constituição ao Ministério Público. Tornar a lista tríplice uma norma formal, restringindo a liberdade de escolha —e a possibilidade de pressão posterior— dos mandatários, representaria um valioso avanço institucional.
PAINEL - *”Contratada por empresa investigada, primeira-dama do Rio quase não tem experiência como advogada”*: Alvo da PF, a primeira-dama do Rio, Helena Witzel, tem parca experiência como advogada. Um contrato de R$ 540 mil do escritório dela com empresa investigada na Lava Jato é visto como um dos principais elos entre o governador e o esquema de desvio de recursos. Sua inscrição na OAB foi deferida em março de 2015. Desde então, atuou em poucos processos, quase todos relacionados a Wilson Witzel (PSC), em causas particulares ou envolvendo o partido ao qual o marido é filiado. No Tribunal de Justiça do Rio constam apenas sete processos dos quais ela participou como advogada, seis deles na defesa da família Witzel. No Tribunal Regional Federal da 2ª Região, ela aparece como advogada em apenas um caso, também como representante do marido. Por fim, no Tribunal Superior Eleitoral, ela aparece também como uma das advogadas do PSC, partido do governador. A rasa carreira de Helena chamou a atenção dos investigadores. Outro fato também gerou estranheza. Ela e o marido mudaram o regime de bens do casamento para comunhão universal exatamente no período em que os primeiros depósitos do contrato foram feitos. Witzel e Helena negam irregularidades. A primeira-dama não respondeu perguntas sobre a carreira.
PAINEL - *”Em discurso na sede da PF, Witzel reclamou de herança maldita de 'governadores corruptos'”*: Em dezembro, Wilson Witzel (PSC) fez questão de comparecer à cerimônia de troca do chefe da Polícia Federal do Rio. Disse que herdou uma maldita herança de seus antecessores. "Infelizmente, governadores corruptos, inescrupulosos, que praticamente destruíram a economia do Rio." O governador agradeceu à Justiça pelo trabalho e ao juiz Marcelo Bretas, presente no evento. Acenou ainda para o Ministério Público. A investigação que deu origem à operação desta terça (26) foi autorizada por Bretas. "Quero agradecer o tanto que o TRF tem feito para devolver aos cofres públicos o que foi levianamente desviado por políticos que não respeitaram a dignidade do voto e o trabalho hercúleo que tem sido feito para poder dar a resposta penal àqueles que insistem em descumprir as leis e, principalmente, o compromisso que fizeram nos pleitos eleitorais", disse Witzel. Na época, o governador do Rio tinha rompido há pouco tempo com Jair Bolsonaro. O presidente acusara no final de outubro o governador de "conduzir" o processo do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) para prejudicá-lo.
PAINEL - *”Deputado quer que agressões contra jornalistas virem tipo de crime específico”*: O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) protocolou nesta terça (26) projeto de lei para alterar o Código Penal e tipificar crimes cometidos contra profissionais da imprensa no exercício da profissão. A ideia do parlamentar é aumentar a pena nos casos de lesão corporal e homicídio. Casos de constrangimento com violência ou grave ameaça também teriam previsão de punição, com possibilidade de detenção de seis meses a dois anos, além de pagamento de multa. Caso a investigação feita pelo repórter seja prejudicada, a punição seria acrescida em um terço. Gadêlha é namorado da jornalista Fátima Bernardes.
PAINEL - *”Advogado aciona Justiça para anular nomeação de amiga dos Bolsonaros para a chefia do Iphan”*
PAINEL - *”General Heleno contradiz Bolsonaro sobre supostos mandantes de facada e diz que Adélio é 'débil mental'”*: Em mensagem publicada nas redes sociais, o general da reserva Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo federal, contradisse narrativa repetida por Jair Bolsonaro (sem partido) de que a facada que recebeu de Adélio Bispo em 2018 teve um mandante. Na tentativa de ofender Ciro Gomes (PDT-CE), Heleno disse que ele é um "caso igual ao Adélio, inimputável por ser débil mental". "Ciro Gomes, que eu mal conheço e considero um canastrão, publicou um vídeo com uma série de ofensas a mim. Não vou responder, porque o considero um lixo humano, nem vou processá-lo, por ser um caso igual ao Adélio, inimputável por ser débil mental", escreveu. Em maio de 2019, a Justiça declarou que Adélio Bispo é inimputável, ou seja, não pode ser responsabilizado criminalmente por seus atos. De acordo com perícia, Adélio é portador de transtorno delirante persistente. A decisão foi tomada pela Justiça após ação para comprovação de insanidade mental protocolada pela defesa do acusado. Ainda que não tenha recorrido da decisão, Bolsonaro repete com frequência que existem supostos mandantes do ataque, mas ainda não foram encontrados. Em seu pronunciamento sobre a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e de Maurício Valeixo da direção-geral da PF, Bolsonaro voltou ao tema. "Será que é interferir na Polícia Federal quase que exigir e implorar a Sergio Moro que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A Polícia Federal de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo. Cobrei muito dele isso aí. Não interferi", disse Bolsonaro. "Eu acho que todas as pessoas de bem no Brasil querem saber, e entendo, me desculpe seu ex-ministro, entre meu caso e o da Marielle, o meu tá muito menos difícil de solucionar", completou.
*”PF apreende computador e celular do governador Wilson Witzel em operação contra desvios na saúde”* - A Polícia Federal fez nesta terça-feira (26) buscas no Palácio das Laranjeiras, residência oficial em que mora o governador Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro. A Polícia Federal apreendeu o aparelho de celular e o computador do governador. A operação, autorizada pelo ministro Benedito Gonçalves, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), mira um suposto esquema de desvios de recursos públicos destinados ao combate ao coronavírus no estado. O inquérito no STJ foi aberto no último dia 13, com base em informações de autoridades de investigação do estado do Rio. Os mandados em cumprimento nesta quarta-feira foram solicitados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) na semana passada. Segundo investigadores, a PF também buscou provas no Palácio da Guanabara, onde o chefe do Executivo fluminense despacha, em sua antiga casa, usada antes de se eleger, e em um escritório da mulher dele. Ao todo, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 11 endereços. O governador seria ouvido nesta terça-feira, mas pediu para que o depoimento fosse adiado para que possa falar depois de ter acesso aos autos.
Witzel é desafeto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que recentemente mudou a cúpula da Polícia Federal, gesto que motivou a saída do governo do então ministro da Justiça, Sergio Moro. A ação desta terça-feira foi deflagrada um dia após ser nomeado o novo superintendente da corporação no Rio, Tácio Muzzi. A representação da PF no estado está no centro de uma investigação autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que apura se o presidente buscava interferir politicamente em investigações da corporação. A operação se baseia em apurações iniciadas no Rio de Janeiro pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal. Os dados obtidos foram compartilhados com a Procuradoria Geral da República, que conduz a investigação perante o Superior Tribunal de Justiça. Nesta terça, em meio à operação, Witzel afirmou em nota que não cometeu irregularidades e apontou interferência de Bolsonaro na investigação. Ele apontou como evidência da interferência o fato de a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) ter mencionado nesta segunda (25) ações iminentes da PF contra governadores.
Um dia antes, em entrevista à Rádio Gaúcha, Zambelli, aliada de Bolsonaro, falou de um suposto represamento de operações contra governadores, que passariam a ser deflagradas a partir de agora. "A gente já teve algumas operações da PF que estavam na agulha para sair, mas nao saíam. A gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar de 'covidão' ou não sei qual vai ser o nome que eles vão dar. Mas já tem alguns governadores sendo investigados pela PF", comentou. Também na manhã desta terça, em meio às buscas da PF no Palácio das Laranjeiras, Bolsonaro parabenizou a corporação. Witzel é adversário político de Bolsonaro. A declaração foi transmitida na internet por apoiadores do presidente. "Parabéns à Polícia Federal, fiquei sabendo agora. Parabéns à Polícia Federal", disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, ao ser questionado sobre a operação que mira um suposto esquema de desvios de recursos públicos no estado destinados ao combate ao coronavírus. Nos últimos dias, os advogados de Witzel tentaram mapear no STJ as investigações autorizadas contra ele pela corte. De acordo com fontes ligadas ao governador ouvidas pela coluna Mônica Bergamo, da Folha, os defensores chegaram a ir três vezes ao tribunal para tentar peticionar em eventuais processos. Em vão: receberam a resposta de que nada havia que pudesse ser acessado. A ideia era registrar que o próprio governo do Rio já tinha determinado investigações sobre esquemas de corrupção envolvendo os hospitais de campanha do Rio de Janeiro.
A operação, batizada de Placebo, busca provas de um possível esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e “servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado do Rio de Janeiro”, diz a Polícia Federal. Um dos indícios contra o governador é o depoimento do ex-subsecretário da Secretaria de Saúde do Rio, Gabriell Neves, preso no início do mês pela Polícia Civil do Rio. Ele indicou que autoridades acima dele tinham ciência dos atos que assinou na secretaria, relativos ao combate à Covid-19. Ele é suspeito de fraudar a compra de respiradores. Segundo a PGR, os envolvidos são investigados por peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. “A previsão orçamentária do estado era gastar R$ 835 milhões com os hospitais de campanha em um período de até seis meses. A suspeita é que parte desse valor teria como destino os próprios envolvidos”, informou a procuradoria-geral. O desvio de verbas seria feito por superfaturamento e subcontratação de empresas de fachada. O governador terá de prestar depoimento no inquérito.
Eleito com discurso duro de combate à corrupção num estado que teve cinco ex-governadores presos, Witzel se vê agora sob o foco de investigações criminais sobre sua gestão durante a pandemia do novo coronavírus. O governador viu o número dois da Secretaria de Saúde e um ex-cliente de seu antigo escritório de advocacia presos sob suspeita de fraudes nas compras emergenciais para enfrentamento da crise de saúde. Witzel tem também contra ele um inquérito sobre funcionários fantasmas empregados sob indicação de um ex-assessor pessoal. Viu ainda o próprio nome citado em escutas e depoimento na Operação Favorito, desdobramento da Lava Jato no estado deflagrado na quinta-feira (14). Os dois casos estão sob análise da Procuradoria-Geral da República. A sequência de suspeitas ocorre no momento em que Witzel se coloca como um contraponto ao presidente Bolsonaro no enfrentamento ao novo coronavírus. O Rio de Janeiro foi um dos primeiros a determinar o isolamento social, enquanto Bolsonaro quer a retomada das atividades econômicas. Deputados bolsonaristas afirmam que Witzel e seus aliados usam a pandemia como desculpa para desviar recursos públicos. Embora as medidas sanitárias aplicadas pelo governador tenham respaldo da maior parte das instituições médicas, as compras emergenciais levantaram suspeitas.
Gabriell Neves, ex-subsecretário-executivo de Saúde, foi preso sob suspeita de fraudar o processo de aquisições emergenciais de respiradores. Também foi detido um superintendente da pasta. Ele coordenou compras que somam cerca de R$ 1,8 bilhão sem licitação. Investigações da Lava Jata fluminense, iniciadas para apurar a gestão Cabral, detectaram que empresários que pagavam propina no passado continuaram a atuar na gestão do ex-juiz. O alvo principal da Operação Favorito, Mario Peixoto, foi cliente do escritório de Lucas Tristão, secretário de Desenvolvimento Econômico, de quem Witzel diz ter sido sócio. A relação comercial se iniciou durante e terminou logo após a campanha eleitoral de 2018.Gravações feitas com autorização da Justiça pela Polícia Federal mostram como Peixoto tem influência até sobre nomeações em órgãos como a Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica) e o Detran. Elas confirmam relatos que estendem a área de influência do empresário a outros órgãos do estado.O ex-presidente da Faetec, Carlos Marinho, afirmou à PF que Peixoto tem “forte influência” sobre o próprio governador. “Mário Peixoto também não tem qualquer relação com organizações que tenham contratado com o Governo RJ, na área de saúde, durante a epidemia de Covid19", afirma em nota Alexandre Lopes, advogado de Mario Peixoto.
*”Parabéns à Polícia Federal, diz Bolsonaro sobre operação em residência de Witzel”* - No dia em que a Polícia Federal realiza buscas no Palácio das Laranjeiras, residência oficial em que mora o governador Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro parabenizou a corporação. Witzel é adversário político de Bolsonaro. A declaração foi transmitida na internet por apoiadores do presidente. "Parabéns à Polícia Federal, fiquei sabendo agora. Parabéns à Polícia Federal", disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, ao ser questionado sobre a operação que mira um suposto esquema de desvios de recursos públicos no estado destinados ao combate ao coronavírus. Ao voltar ao Alvorada, no início da noite, Bolsonaro usou um tom mais comedido, afirmando que não tinha conhecimento ainda dos detalhes da operação e que não teve ligação com a ação. "Essa operação de hoje, no Rio de Janeiro, não tem nada a ver comigo. A PF foi cumprir uma decisão do Superior Tribunal de Justiça. Foi o STJ que decidiu a operação. Não fui eu", disse o presidente. No entanto Bolsonaro não deixou de alfinetar novamente Witzel, seu adversário político, que lançou acusações nesta terça-feira contra seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). "Agora, tem gente preocupada, tentando colocar a culpa em mim, falando do meu filho", disse. Bolsonaro também afirmou que não tem nenhuma interferência sobre a Polícia Federal. Nesse momento, o presidente aproveitou para alfinetar outro desafeto, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. "A PF está trabalhando, no meu entender, com muita liberdade. Da nossa parte, não existe e nem nunca existiu nenhuma interferência. Se existiu, não era minha, era da parte de quem está lá a frente da PF, que no caso era o ministro. Eu não vou acusar o Moro disso aí, mas, se alguém interferiu em algum momento, não foi eu".
Na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi questionado por jornalistas se a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) sabia com antecedência da operação da PF.
*”Operação contra Witzel acirra suspeitas de interferência de Bolsonaro na PF”* - A ação desta terça-feira foi deflagrada um dia após ser nomeado o novo superintendente da corporação no Rio, Tácio Muzzi. A representação da PF no estado está no centro de uma investigação autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que apura se o presidente buscava interferir politicamente em investigações da corporação com o intuito de blindar familiares e amigos. Witzel afirmou nesta terça que a interferência na PF está "devidamente oficializada" e disse que Bolsonaro iniciou perseguições políticas a quem considera inimigo. "Continuarei lutando contra esse fascismo que está se instalando em nosso país, contra essa nova ditadura de perseguição. Até o último dos meus dias, não permitirei que, infelizmente, esse presidente que eu ajudei a eleger se torne mais um ditador na América Latina", afirmou. Outro dos principais alvos de Bolsonaro, o governador João Doria (PSDB-SP) afirmou que a operação contra Witzel indica uma escalada autoritária por parte do governo federal. "Independentemente da análise, e toda investigação necessária deve ser feita onde há suspeita, a operação que foi anunciada antecipadamente por uma deputada aliada, e comemorada pelo presidente, insinua a escalada autoritária e isso é preocupante", afirmou o tucano. Ele se referiu ao fato de a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) ter indicado que haveria ações contra governadores em entrevista na véspera, e porque Bolsonaro parabenizou a PF pela operação nesta manhã de terça (26). Doria é, ao lado de Witzel, o mais vocal adversário político de Bolsonaro na condução da crise da pandemia do novo coronavírus. Ambos, que são presidenciáveis para 2022, foram xingados de "bosta" e "estrume" pelo mandatário máximo na reunião ministerial de 22 de abril.
Um dos principais nomes da oposição, o governador Flávio Dino (PC do B-MA) também frisou as declarações da deputada bolsonarista. "Eu não posso falar sobre o caso específico por não conhecê-lo, mas há uma tentativa em curso de ameaçar qualquer voz dissonante a partir da instrumentalização do sistema de perseguição penal. Isso fica nítido quando a deputada ameaça governadores um dia antes da operação", afirmou. O líder da bancada de deputados do oposicionista PSB, Alessandro Molon (RJ), afirmou nas redes sociais que apresentará pedido de convocação do ministro da Justiça, André Mendonça. "As investigações da Polícia Federal têm que acontecer, doa a quem doer. O que não é admissível é o vazamento das operações para quem quer que seja, bolsonaristas ou não. O sigilo deve ser preservado."
*”Witzel nega participação em desvios na saúde e sugere interferência de Bolsonaro em operação da PF”* - O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), alvo da Operação Placebo deflagrado nesta terça-feira (26), afirmou que não cometeu irregularidades e apontou interferência do presidente Jair Bolsonaro na investigação. "Continuarei trabalhando de cabeça erguida. Manterei minha rotina de trabalho para continuar salvando vidas e corrigindo erros que todos nós estamos passíveis de sofrer, diante desse momento tão difícil que atravessa o Brasil —governado por um líder que, além de ignorar o perigo que estamos passando, inicia perseguições políticas àqueles que ele considera inimigos", afirmou Witzel em crítica a Bolsonaro durante pronunciamento. "Não abaixarei minha cabeça, não desistirei do estado do Rio, e continuarei trabalhando para uma democracia melhor. Continuarei lutando contra esse fascismo que está se instalando em nosso país, contra essa nova ditadura de perseguição. Até o último dos meus dias, não permitirei que, infelizmente, esse presidente que eu ajudei a eleger se torne mais um ditador na América Latina", completou. Mais cedo, em nota, Witzel apontou como evidência da interferência de Bolsonaro o fato de a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) ter mencionado nesta segunda (25) ações iminentes da PF contra governadores. "Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada", afirmou o governador.
Ao comentar a operação, Witzel afirmou ter sido alvo de narrativas fantasiosas e investigações precipitadas. "O que aconteceu comigo vai acontecer com outros governadores considerados inimigos", disse. O governador do Rio comparou a atuação da Polícia Federal na investigação sobre o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. Em fevereiro, a Folha mostrou que a PF concluiu não haver indícios de que Flávio tenha cometido os crimes de lavagem de dinheiro e de falsidade ideológica. Para Witzel, quando se trata da família de Bolsonaro, a PF engaveta inquéritos e vaza informações. Em entrevista à Folha, o empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio, afirmou que ele foi avisado por um delegado da PF antes da investigação que atingiu seu ex-assessor Fabrício Queiroz. "O senador Flávio Bolsonaro, com todas as provas que nós já temos contra ele, que já estão aí sendo apresentadas, dinheiro em espécie depositado na conta corrente, lavagem de dinheiro, bens injustificáveis... O senador Flávio Bolsonaro já deveria estar preso. A PF deveria fazer o seu trabalho com a mesma celeridade que passou a fazer aqui no Rio de Janeiro porque o presidente acredita que eu estou perseguindo a família dele", disse Witzel.
Witzel negou que tenha cometido irregularidades. "Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal. Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o estado do Rio de Janeiro", disse o governador, em nota. O governador afirmou que sofre perseguição política e que a busca não resultou em nada, já que não foram encontrados valores ou joias. "O que se encontrou foi apenas a tristeza de um homem e de uma mulher pela violência com que esse ato de perseguição política está se iniciando em nosso país." "Quero manifestar minha absoluta indignação com um ato de violência que hoje o Estado democrático de Direito sofreu. A narrativa que construída e foi levada ao ministro Benedito é absolutamente fantasiosa. Não vão conseguir colocar em mim o rótulo da corrupção", completou.
*”Flávio Bolsonaro diz ser absurda suposição de interferência na ação da PF contra Witzel”*
*”Ao rebater Witzel, Flávio Bolsonaro chama Queiroz de 'cara correto, trabalhador'”* - O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) fez nesta terça-feira (26) uma rara defesa de seu ex-assessor Fabrício Queiroz ao atacar o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), alvo da Operação Placebo deflagrada pela Polícia Federal. Flávio afirmou que se arrepende de ter apoiado Witzel na eleição de 2018 e disse que, durante a campanha, o hoje governador ligava para Queiroz para tentar localizá-lo. "Você ficava ligando para o Queiroz para correr atras de mim na campanha. Sabia que o Queiroz estava do meu lado. Um cara correto, trabalhador, dando sangue por aquilo que acredita. Como eu me arrependo de ter, eu, te elegido governador. Você não me deu um voto", disse o senador. Esta é a primeira vez desde 6 de dezembro de 2018 que Flávio Bolsonaro faz um elogio público a Queiroz, pivô da investigação aberta contra o senador. Desde que a menção a seu ex-assessor num relatório do Coaf foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, o senador vem tentando se desvincular do policial militar aposentado.
A transmissão em sua rede social foi feita para responder ao pronunciamento de Witzel, na qual acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de usar a PF para persegui-lo e disse haver provas contra Flávio suficientes para prendê-lo. "Senador Flávio Bolsonaro, com todas as provas que nós já temos contra ele, que já estão aí sendo apresentadas, dinheiro em espécie depositado na conta corrente, lavagem de dinheiro, bens injustificáveis, senador Flávio Bolsonaro já deveria estar preso. Esse, sim", disse Witzel em pronunciamento no Palácio Guanabara. "Você comete um erro crasso ao querer me envolver nessa situação ao dizer que nos já temos provas que o senador fez algo de errado. Você tem alguma coisa a ver com isso. Promove algo no Ministério Público do Rio de Janeiro? Isso já mostra o que está na sua cabeça", rebateu Flávio.
ANÁLISE - *”Bolsonaro contamina PF com suspeita de ação política contra Witzel”*
*”Depósitos na conta de primeira-dama embasaram operação da PF contra Witzel”*
*”Provas obtidas em duas investigações foram base de operação contra Witzel”*
*”Entenda operação da PF que teve governador Witzel como alvo”*
*”Aras avalia pedir depoimento de Bolsonaro no inquérito que apura suspeita de interferência na PF”*
*”STJ julga pedido da Procuradoria-Geral da República para federalizar caso Marielle”*
*”William Bonner sofre campanha de intimidação com uso de dados de sua família, diz Globo”*
ELIO GASPARI - *”Encrencas que governo Bolsonaro cria com a China são produto da inépcia”*
*”Moraes vê indícios de 6 crimes e determina que Weintraub seja ouvido”* - O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou o ministro da Educação, Abraham Weintraub, prestar depoimento em cinco dias à Polícia Federal por ter afirmado na reunião ministerial de 22 de abril que, por ele, botaria todos na prisão, “começando pelo STF”. Moraes afirmou que há “indícios de prática” de seis delitos. Segundo o Código Penal, Weintraub pode ser enquadrado por difamação e injúria. Os outros estão tipificados em quatro artigos da lei que define os crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social. Um deles prevê pena de um a quatro anos a quem caluniar ou difamar os presidentes dos três Poderes e o da Câmara dos Deputados. Outro pode dar de dois a seis anos de reclusão a quem tentar impedir o livre exercício dos Poderes da União e dos estados. O terceiro estabelece uma pena de um a quatro anos de prisão para quem fizer propaganda que leve à discriminação racial ou perseguição religiosa. Nesses casos, a pena é aumentada em um ano quando a propaganda for feita em local de trabalho. O último é o que se refere a quem incitar a subversão da ordem política e prevê reclusão de um a quatro anos. Moraes classificou a manifestação de Weintraub como “gravíssima” por não atingir apenas a honra dos magistrados, mas por também constituir “ameaça ilegal à segurança dos ministros do STF”. Além disso, a declaração, segundo o ministro, “reveste-se de claro intuito de lesar a independência do Poder Judiciário e a manutenção do Estado de Direito”. A decisão foi dada no âmbito do inquérito aberto pela corte em 14 de março de 2019, sem pedido da Procuradoria-Geral da República, para apurar a disseminação de fake news contra o Supremo. Moraes é o relator das investigações, que correm sob sigilo.
O vídeo da reunião de 22 de abril foi tornada pública por decisão do ministro Celso de Mello, que foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro. O encontro foi citado por Sergio Moro em depoimento à Polícia Federal no inquérito aberto após o ex-ministro pedir demissão do Ministério da Justiça com graves acusações ao chefe do Executivo. Moro diz que saiu do governo devido à tentativa do presidente de violar a autonomia da Polícia Federal. A reunião foi citada pelo ex-juiz da Lava Jato como um dos episódios em que foi pressionado por Bolsonaro para trocar, sem motivo, o diretor-geral da PF e o superintendente da corporação no Rio de Janeiro. Com a divulgação do vídeo, além dos fatos relacionados ao inquérito, vieram à tona as declarações de Weintraub sobre o Supremo. O ministro da Educação fez uma crítica ampla aos poderes em Brasília antes de dizer que, por ele, colocaria todos na prisão, começando pelo Supremo. “Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar. As pessoas aqui perdem a percepção, a empatia, a relação com o povo. Se sentem inexpugnáveis”, disse.
Na decisão, o ministro também incluiu a transcrição do trecho em que Weintraub declara odiar o termo “povos indígenas” e “povo cigano”. E deu destaque ao trecho em que fala em prisão de magistrados. “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”. Ao levantar o sigilo do vídeo, o ministro Celso de Mello já havia feito duras críticas a Weintraub. O decano do STF reservou um capítulo específico da decisão para criticar a “descoberta fortuita de prova da aparente prática, pelo ministro da Educação, de possível crime contra a honra dos ministro do STF”. E determinou a entrega de cópia integral do vídeo aos colegas de Supremo para que possam “adotar as medidas que julgarem pertinentes” em relação à declaração do ministro da Educação. Até o momento, Moraes foi o único a tomar uma atitude jurídica a respeito. Celso de Mello também classificou o discurso como “gravíssimo” e “aparentemente ofensivo ao patrimônio moral” dos integrantes do Supremo. ​O decano da corte ressaltou que, apesar de este não ser o objeto do inquérito em que proferiu a decisão, “a prova penal daí resultante reveste-se de plena eficácia jurídica”.
*”Marinho fala em 'missão cumprida' após novo depoimento à PF sobre suposto vazamento”*
CONRADO HÜBNER MENDES - *”'La Constitución soy yo' resume a hermenêutica dos generais”*
*”Maia defende papel da imprensa na democracia e prega respeito a decisões do STF”* - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em pronunciamento no plenário no início da sessão desta terça-feira (26), defendeu o papel da imprensa na democracia e pediu respeito às decisões do STF (Supremo Tribunal Federal). O discurso foi feito um dia depois de a Folha e outros veículos de comunicação suspenderem temporariamente a cobertura jornalística no Palácio da Alvorada por falta de segurança aos profissionais de imprensa. No plenário, Maia, que não citou o episódio, ressaltou a relação “constante e construtiva” do Congresso com a imprensa e disse receber “críticas e análises com humildade”. “Porque todos sabemos o importantíssimo papel da imprensa livre, e dos profissionais de imprensa, na consolidação da democracia." Nesta terça, após a decisão dos veículos de comunicação, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) disse que continuará aperfeiçoando a segurança do local. No pronunciamento, Maia também defendeu a independência entre os Poderes como pilar fundamental da democracia. Sem citar nenhuma medida específica, o deputado disse que “ministros do STF sabem que este Parlamento respeita e cumpre as decisões judiciais, mesmo quando delas discorda". “É isso o que determina a Carta constitucional, e todos juramos respeitá-la”, disse Maia.
A declaração ocorre dias após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus ministros criticarem decisão de Celso de Mello, do Supremo, que autorizou a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. A gravação é apontada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro como prova de que Bolsonaro tentou intervir na Polícia Federal. No último domingo (24), o presidente divulgou em uma rede social um trecho da lei de abuso de autoridade, no que foi entendido como um ataque direto à corte. A postagem traz uma foto de um artigo da lei 13.869, de 2019. "Art. 28 Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investiga ou acusado: pena – detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos." No discurso nesta terça, Maia pregou a “pacificação dos espíritos” e afirmou ser “imprescindível cuidar da relação harmoniosa e independente entre os Poderes da República”. “O sistema democrático exige a convivência republicana entre Executivo e Legislativo”, afirmou. No entanto, o deputado alfinetou Bolsonaro, frequentemente criticado por descumprir orientações de saúde no combate à pandemia do novo coronavírus. “O povo brasileiro espera que cada um de nós, detentores de mandatos públicos, tenha consciência do papel a desempenhar na busca de soluções para enfrentar o vírus que mata”, disse Maia. Nesse sentido, criticou a narrativa do presidente e de seus aliados, que relacionam medidas protetivas adotadas por governantes estaduais e municipais à crise econômica que o país vai passar em decorrência da pandemia. “A quarentena, o isolamento social, não são os culpados por derrubar a economia. Quem derruba a economia é o vírus”, afirmou Maia. “O distanciamento momentâneo entre as pessoas salva vidas.”
*”Celso de Mello diz que Judiciário independente rejeita tentativas de violar separação de Poderes”* - Sem citar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro Celso de Mello rebateu ataques do chefe do Executivo, que insinuou que o magistrado cometeu abuso de autoridade ao levantar o sigilo do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. Durante sessão da Segunda Turma do STF na tarde desta terça-feira (26), o decano da corte afirmou que “sem um Judiciário independente não haverá liberdade nem democracia”. “Entendo que, sem um Poder Judiciário independente que repele injunções marginais e ofensivas ao postulado da separação dos Poderes e que buscam muitas vezes ilegitimamente controlar a atuação dos juízes e dos tribunais, jamais haverá cidadãos livres nem regime político fiel aos princípios e valores que consagram o primado da democracia", afirmou. Presidente do colegiado, a ministra Cármen Lúcia também fez um discurso em defesa do Supremo. Sem citar o presidente nem o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que disse que, por ele, prenderia todo mundo, “a começar pelo STF”, a magistrada disse que “agressões eventuais a juízes não enfraquecem” o tribunal.
“Os ministros honram a história dessa instituição e comprometem-se com todos os cidadãos e com todas as instituições e com o futuro da democracia brasileira”, disse ela. Cármen Lúcia também enfatizou que todos os cidadãos devem respeito às leis. “Todas as pessoas submetem-se à Constituição e à lei no Estado democrático de Direito. Juiz não cria lei, juiz limita-se a aplicá-la. Não se age porque quer, atua-se quando é acionado, nós juízes não podemos deixar de atuar. Porque sem o Poder Judiciário, não há o império da lei, mas a lei do mais forte”, disse. “Dever não se descumpre e compromisso não se desonra. O Brasil tem direito à democracia e à Justiça, e este Supremo Tribunal Federal nunca lhe faltou e não lhe faltará", acrescentou a ministra.
O ministro Ricardo Lewandowski foi na mesma linha e disse que o Judiciário “não se curva a nenhuma pressão externa”. As declarações contundentes reforçam a aposta dos próprios ministros, de procuradores da República e de advogados de que é quase nula a chance de Celso de Mello ceder à ofensiva do Palácio do Planalto no inquérito que apura se Bolsonaro tentou violar a autonomia da Polícia Federal. A avaliação é que, dos 11 integrantes da corte, o decano seja, talvez, o menos suscetível a pressão, seja do meio político, seja da opinião pública. Tanto o histórico do magistrado mais antigo do tribunal quanto as decisões proferidas no inquérito que investiga as acusações do ex-ministro Sergio Moro contra o chefe do Executivo reforçam a tese de atores do Judiciário sobre o comportamento do decano. Um indício disso veio nesta semana. No domingo (24), dois dias após a divulgação do vídeo da reunião citada por Moro em depoimento à PF, em uma crítica indireta à decisão, Bolsonaro publicou nas redes sociais uma foto com o seguinte trecho da Lei de Abuso de Autoridade: "Art. 28 Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investiga ou acusado: pena – detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos".
Nesta segunda-feira (25), o ministro rejeitou o pedido do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, para acompanhar o depoimento do empresário Paulo Marinho. Em entrevista à Folha, Marinho, suplente do senador, revelou que ouviu de Flávio que um delegado da PF havia antecipado, em outubro de 2018, que seria realizada a Operação Furna da Onça, até então sob sigilo. Essa operação, segundo o relato de Marinho, teria sido "segurada" para que não atrapalhasse Bolsonaro na disputa eleitoral. Flávio teria sido avisado entre o primeiro e o segundo turnos por um delegado simpatizante da candidatura de Bolsonaro à Presidência. Os desdobramentos da operação revelaram um suposto esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio e atingiram Fabrício Queiroz, policial militar aposentado amigo de Jair Bolsonaro e ex-assessor de Flávio na Assembleia do Rio.
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*”Imprensa é ingênua ao dar espaço excessivo a propagadores de ódio, aponta filósofa”* - É possível identificar características do ódio que passou a fazer parte da vida pública nos últimos anos, seja no discurso de partidos de ultradireita ou em protestos de grupos extremistas contra minorias. Esse sentimento, que “não traz nenhum ganho civilizatório”, como escreve a filósofa e jornalista alemã Carolin Emcke, tem como alvo grupos —os judeus, os imigrantes, as lésbicas, os intelectuais— em vez de indivíduos e é turbinado pelas redes sociais, corresponsáveis por seu alastramento por pouco fazerem para barrá-lo. “O Facebook e o Google parecem ignorantes quanto à responsabilidade de controlar não só mentiras e desinformação, mas sobretudo crimes de ódio e de incitação ao ódio", pontua Emcke, por e-mail. "Não conheço uma única escritora LGBT ou não branca, uma única jornalista ou política que esteja no Twitter ou no Facebook que não tenha sido ameaçada de morte ou estupro. Nenhuma.” A rede social de Mark Zuckerberg está mais interessada em vender os dados dos usuários em busca de lucro do que proteger grupos de serem alvos de ataques, acrescenta a autora. Filósofa e jornalista com formação na Alemanha, na Inglaterra e nos Estados Unidos, Emcke lança no Brasil “Contra o Ódio”, livro em que mistura ensaio e reportagem para caracterizar a cólera que ganhou espaço na esfera pública na última década.
Esse sentimento aparece no discurso de grupos radicais de direita —como a alt-right americana e os partidos Reunião Nacional, na França, AfD, na Alemanha, e Liga, na Itália— e em atos, por exemplo, contra o acolhimento de refugiados do Oriente Médio na Alemanha, em 2016, tema de um longo capítulo do livro. Para grupos conservadores, a "verdadeira Alemanha" seria uma sociedade homogênea e culturalmente uniforme, em oposição à ideia vigente de um Estado democrático livre e diverso. Os grupos que reivindicam tal ideário não justificam os motivos pelos quais uma sociedade uniforme seria melhor do que uma plural, como se a homogeneização fosse um valor em si, escreve a autora. Ante a ideia da pureza racial que sustenta manifestações contra refugiados, o Estado deve, argumenta Emcke, garantir condições para a existência da diversidade. "Sinto-me menos vulnerável quando percebo que a sociedade em que vivo permite e sustenta estilos de vidas diferentes, crenças religiosas ou políticas distintas. Nesse sentido, fico tranquila com as formas de vida ou de expressão das quais pessoalmente prefiro manter distância", escreve a autora no livro. Acostumada a cobrir conflitos —Emcke foi correspondente dos periódicos alemães Der Spiegel e Die Zeit entre 1998 e 2014, período no qual passou por Afeganistão, Kosovo, Iraque, Haiti e Palestina, entre outros—, a jornalista conta que a motivação para redigir o livro está relacionada à sua história de vida.
Nascida em 1967, cresceu em uma geração profundamente influenciada pela reflexão histórica sobre os crimes alemães durante a Segunda Guerra Mundial, o que, diz ela, lhe impôs um dever moral de nunca mais permitir que o racismo, o anti-semitismo e a exclusão do diferente se tornem hegemônicos outra vez. Ao menos por hora, esse risco parece estar distante. “Os partidos de extrema direita (ainda) não são maioria. Ideologias racistas, homofóbicas e transfóbicas ainda são apoiadas apenas por uma minoria da sociedade civil”, afirma. Mas a filósofa acrescenta que a imprensa tem sido ingênua ao dar espaço excessivo a esses movimentos, tornando-se cúmplice na normalização e na legitimação do ódio, a exemplo de programas de TV que apresentam políticos bizarros como se fossem entretenimento.
Uma das soluções para conter o ódio —como sugere o título do livro— seria uma cobertura jornalística voltada para a defesa dos direitos civis. “É crucial que os jornalistas entendam que eles devem ser imparciais em relação a diferentes partidos políticos, mas parciais em relação à verdade e aos direitos humanos", ressalta. Ela cita como exemplo a ser combatido a linguagem e a atuação do presidente Jair Bolsonaro, que ela considera vergonhosas. “Ele nem tenta fingir respeitar os direitos humanos ou os direitos iguais de todos os brasileiros. Ele age como se não fosse o presidente de todos os brasileiros, mas apenas de alguns.” Outro caminho para mitigar o ódio é a possibilidade de que grupos historicamente excluídos possam vislumbrar uma vida melhor. A ideia aqui é que gays e refugiados, por exemplo, possam verbalizar a felicidade que querem, quebrando discursos simbólicos que os colocam como desviantes e diferentes. "Como uma intelectual LGBT, sei pela minha própria história o quão difícil pode ser crescer sem um roteiro, uma ideia de como seria minha vida ou de que eu poderia ser feliz", afirma ela. "Para muitos que têm uma fé, um corpo ou um desejo que está além do que é considerado ‘normal’, é difícil imaginar a felicidade, porque existem poucos modelos na literatura, no cinema ou no teatro. Precisamos expressar nossa raiva e nossa crítica, mas também nossas utopias e desejos."
RAIO-X
Carolin Emcke estudou filosofia, política e história em Frankfurt, Londres e na Universidade Harvard (EUA). Foi correspondente dos periódicos alemães Der Spiegel e Die Zeit entre 1998 e 2014, para os quais cobriu guerras como as do Afeganistão e do Iraque, além de conflitos na Palestina. Foi professora convidada da Universidade Yale, onde deu aulas sobre teoria da violência, além de conselheira de uma escola de jornalismo em Hamburgo. Atualmente mora em Berlim.​
*”Pela 1ª vez, Twitter põe alerta de desinformação em posts de Trump”* - Nesta terça-feira (26), pela primeira vez, o Twitter classificou duas publicações do presidente americano, Donald Trump, como falsas. A rede social adicionou um alerta junto a mensagens nas quais o republicano afirma que votações por correio comprometem a validade de uma eleição. A notificação —um ponto de exclamação azul— orienta usuários da rede social a "obterem informações sobre as cédulas por correio" e os direciona a uma página com notícias e artigos de checagem de fatos sobre as alegações de Trump. O líder americano escreveu no início do dia que as cédulas por correio resultariam em "eleições fraudadas" e citou o governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, para criticar o método, embora outros estados também tenham utilizado votos por correio em suas prévias. "O governador da Califórnia está enviando formulários de votação para milhões de pessoas que moram no estado, independentemente de quem elas sejam ou de como foram parar ali", escreveu Trump. "Muitas delas nunca consideraram votar antes [...]. Esta será uma eleição fraudada. De jeito nenhum!". O Twitter confirmou que essa foi a primeira vez que aplicou um rótulo de verificação de fatos a tuítes do presidente sob sua nova política, introduzida neste mês, para combater desinformação sobre a Covid-19. A empresa disse na ocasião que estenderia as regras adotadas a tuítes com informações controversas ou enganosas sobre o coronavírus a outros tópicos.
O presidente americano usou a própria rede social para criticar a decisão. "O Twitter está agora interferindo nas eleições presidenciais de 2020. Eles estão dizendo que minha declaração sobre as cédulas por correio, que levará a corrupção e a fraude maciças, está incorreta, com base na verificação de fatos da Fake News CNN e do Amazon Washington Post", escreveu ele, criticando a emissora americana e o jornal The Washington Post, cujo dono é Jeff Bezos, o fundador da Amazon. "O Twitter está reprimindo A LIBERDADE DE EXPRESSÃO, e eu, como presidente, não permitirei que isso aconteça!", completou.
BOLSONARO E MADURO
No fim de março, o Twitter apagou pela primeira vez duas postagens feitas pelo presidente Jair Bolsonaro. A empresa considerou que as mensagens violavam as regras de uso ao potencialmente colocar as pessoas em maior risco de transmitir o novo coronavírus. Os posts eram de vídeos de um tour que o presidente fez em 29 de março, no Distrito Federal, contrariando o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que havia recomendado que as pessoas ficassem em casa.
Nas filmagens, Bolsonaro cita o uso de cloroquina para o tratamento da doença e defende o fim isolamento social. Não há evidências científicas de que o medicamento tenha eficácia contra Covid-19. Facebook e Instagram também apagaram as postagens por violarem suas regras em relação à pandemia que preveem a remoção de publicações "que fazem alegações falsas sobre curas, tratamentos, disponibilidade de serviços essenciais ou sobre a localização e gravidade do surto". O Instagram pertence ao Facebook. Antes do brasileiro, o único chefe de Estado que havia tido postagens deletadas pela rede social era o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro —ele indicou uma receita caseira de uma bebida, segundo ele, seria útil para curar a Covid-19. Em maio, o Instagram novamente considerou que uma publicação de Bolsonaro violava suas regras. A rede social ocultou uma postagem, feita na função stories, que afirmava ter havido menos mortes causadas por doenças respiratórias no Ceará entre 16 de março e 10 de maio deste ano do que no mesmo período de 2019. O presidente chegou a escrever que havia "algo muito estranho no ar". Enquanto a mensagem estava no ar (durante as 24h previstas pela ferramenta), o usuário era imediatamente alertado sobre a "informação falsa", mas tinha a escolha de visualizá-la.
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PAINEL S.A. - *”Empresas brasileiras aprendem com retomada na Europa”*: Atingidos pelo coronavírus com semanas de atraso, os negócios no Brasil assistem aos preparativos de retomada na Europa. O varejo de produtos não essenciais deve voltar com sinalização de mão única no chão dos estabelecimentos, indicando o caminho que o cliente deve seguir nas lojas. E haverá restrições para tocar as mercadorias. O produtos de troca poderão ficar em quarentena por 72 horas antes de serem devolvidos às prateleiras. Uma rede de calçados britânica planeja guardar por 24 horas os sapatos que forem experimentados antes de serem provados por outro cliente.
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PAINEL S.A. - *”Telemarketing estuda manter home office mesmo após a pandemia”* - O mercado de telemarketing estuda manter o trabalho remoto mesmo depois que acabar o distanciamento social. Cerca de 230 mil profissionais do setor estão trabalhando em home office, segundo levantamento da ABT, associação das empresas do setor. O volume representa 60% da mão de obra.
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*”Declaração de Salles de passar a boiada provoca guerra de anúncios”* - Nos últimos dias, uma espécie de guerra de anúncios tomou conta das páginas dos jornais em razão da declaração do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante a reunião ministerial do dia 22 de abril, que foi divulgada na sexta-feira (22). “Precisa haver um esforço nosso aqui, enquanto estamos neste momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, disse Salles, como registrado em vídeo. No domingo, entidades como Greenpeace e WWF afirmaram em um anúncio de uma página que, “para o ministro do Meio Ambiente, mais de 20 mil mortos são uma oportunidade”. Nesta terça-feira (26), foi a vez de cerca de 90 entidades, como a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e a CNI (Confederação Nacional da Indústria), dizerem, também em uma página, que, “no meio ambiente, a burocracia também devasta”.
“Coloquei nos grupos de WhatsApp da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), que conta com mais de 90 associados, e perguntei quem gostaria de participar”, disse José Carlos Martins, presidente da entidade. Segundo ele, a adesão ao apoio se deu porque a burocracia do país acaba facilitando a corrupção. “Se tem uma coisa de que eu cansei, é desse povo que vive de parasita em cima de meio ambiente.” O ministro Ricardo Salles diz que foi consultado pelas entidades na segunda-feira (25) para saber se ele se opunha ao anúncio. “Obviamente fiquei contente em saber que nós temos apoio, e esse apoio se deve ao reconhecimento de uma necessidade que é inegável, que é uma maior eficiência no Brasil”, diz Salles. Para ele, as regulamentações brasileiras são irracionais. “É um inferno desde o pequeno, que precisa de licença para ser pipoqueiro, até as grandes obras de infraestrutura. Todo o mundo sofre com essa falta de racionalidade.” As entidades de ambientalistas discordam da afirmação de Salles. “O que ele chama de simplificação é um desmonte. Fragiliza a proteção e facilita que obras que tenham prejuíz ao ambiente passe de forma mais fácil”, diz Mariana Mota, especialista de Políticas Públicas do Greenpeace.
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*”Conar acata pedido de jornais e pede suspensão de campanha publicitária do Santander”* - O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) pediu a suspensão de dois filmes da campanha publicitária “A Gente Banca”, do Santander, por considerar que as peças depreciavam jornais e bancas. O pedido foi feito há cerca de dez dias pela ANJ (Associação Nacional dos Jornais) e acatado há pouco mais de uma semana. O Conar entendeu que passagens de dois anúncios publicitários falhavam em apresentar informações como fatos sem demonstrar veracidade. Os anúncios diziam que “nos últimos anos, mais gente comprava jornal para catar sujeira de bicho de estimação do que para ler” e “ninguém mais compra jornal em banca, todo mundo lê notícia pelo celular”. O conselho justifica o pedido de interrupção da veiculação dos comerciais devido à ampla divulgação “em um período de aumento da audiência dos meios de comunicação” utilizados pelo Santander. A propaganda foi divulgada na TV e nas redes sociais. Os anúncios foram criados para apresentar uma recente linha de microcrédito do Santander dedicada a bancas de jornais. O programa, também chamado A Gente Banca, estimula a incorporação de novos negócios ao estabelecimento, como serviços de manicure e de chaveiro. Nessa linha, até um terço da dívida contraída pelos jornaleiros pode ser abatida em publicidade do Santander no ponto. “Era uma desinformação evidente, uma campanha depreciativa aos jornais, tanto na estética como no roteiro. Não entendemos a razão desse ataque ao defender o banco”, diz Marcelo Rech, presidente da ANJ.
O Conar, segundo ele, ainda deve examinar se a propaganda está de acordo com legislações municipais ao estimular a mudança de perfil comercial das bancas de jornais. “Em São Paulo, 75% do espaço da banca precisa ser destinado à venda de conteúdo editorial”, diz. Procurado, o banco diz que retirou os trechos das propagandas assim que surgiram críticas, antes da determinação do Conar. A ideia, segundo o Santander, era incrementar a receita do jornaleiro. Em nota, o Santander, diz que o projeto foi criado com o objetivo de oferecer aos donos de bancas de jornais "assessoramento, capacitação e apoio financeiro para fortalecer a sua atividade principal, nas cidades onde a legislação local permite a sua aplicação". "A divulgação dos vídeos da campanha foi encerrada tão logo o banco foi notificado pelo Conar", afirmou. No site da empresa, o programa afirma que “o que era um negócio passa a ser dois” e pede que os interessados procurem as prefeituras para verificar a disponibilidade no local.
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*”Procuradorias em estados recomendam ampliação do uso de cloroquina”* - Procuradorias em ao menos três estados se movimentaram para ampliar o uso de medicamentos para tratamento de sintomas iniciais de Covid-19, incluindo cloroquina e hidroxicloroquina. Em Minas Gerais e Goiás, procuradores fizeram recomendações a determinados municípios, enquanto no Piauí foi aberta ação civil pública em caráter liminar. Os procuradores de MG e GO citam a nota publicada pelo Ministério da Saúde no dia 20 de maio, com indicações de aplicação de hidroxicloroquina em pacientes com sintomas leves da Covid-19. O documento levou o Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19, do Ministério Público Federal em Brasília, a questionar a pasta sobre as diretrizes para a recomendação. O objetivo do gabinete é que as informações instruam procedimentos adotados pelas Procuradorias em todo o país. O gabinete chama a atenção para a baixa capacidade de testagem no país, indaga sobre como o governo federal pretende garantir que os médicos possam prescrever a hidroxicloroquina no início da doença e cita exames complementares considerados relevantes para o acompanhamento dos pacientes. Nesta segunda-feira (25), a OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que vai suspender os testes que vinha conduzindo em 18 países com a hidroxicloroquina e avaliar sua segurança antes de retomá-los, mas o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) disse que irá manter a orientação sobre o medicamento.
Para pedir uso precoce de hidroxicloroquina, os documentos das Procuradorias em MG e GO misturam relatos anedóticos, informações falsas, links de sites que apoiam o governo Bolsonaro, estudos contestados e in vitro (só em células) e ignoram estudos publicados em revistas científicas respeitadas mundialmente e entidades científicas brasileiras. Microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência, Natália Pasternak ressalta que ainda não há comprovações de benefício da cloroquina no tratamento ou prevenção da Covid-19. Isso é consenso também entre associações científicas da linha de frente no enfrentamento à pandemia —caso da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia—, que defendem que o medicamento só seja usado em pacientes graves ou críticos sujeitos a monitoramento constante e, preferencialmente, em protocolos de pesquisa. Artigos em revistas científicas como o British Medical Journal (BMJ), The New England Journal of Medicine e Lancet, lembra Pasternak, mostram que, no uso contra o novo coronavírus, o remédio pode aumentar risco de problemas cardíacos. “Relatos de casos não são evidências científicas. A gente tem artigos sérios, publicados em boas revistas, que são, sim, evidências e estão sendo desconsiderados. O que chama a atenção é essa escolha seletiva”, diz ela sobre a recomendação do MPF em Minas.
As duas recomendações citam Didier Raoult, infectologista francês cuja pesquisa deu início à questão da cloroquina na pandemia, mas acabou contestada pela revista que a publicou. No estudo citado pelo MPF, pesquisadores analisaram dados de pessoas com Covid-19 tratadas com hidroxicloroquina e azitromicina, mas não tinham um grupo de controle para comparação, o que impede conclusões. Na defesa do uso precoce da hidroxicloroquina, o MPF de Minas cita o Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano, no Piauí, como suposto exemplo de resultado satisfatório. O coordenador do hospital, contudo, desmentiu a informação de que a droga seria responsável por êxito no tratamento dos pacientes no local. O documento do MPF nos dois estados também menciona suposto estudo conduzido pela rede de planos de saúde Prevent Senior para dizer que operadoras têm feito uso precoce da hidroxicloroquina. Até o momento, porém, a exceção de entrevistas de executivos da Prevent, nenhum dado referente aos resultados do protocolo adotado pela empresa foi disponibilizado.
A operadora de saúde chegou a divulgar um suposto estudo; porém, além de ser inconclusivo, ele não tinha recebido autorização do conselho de ética e havia indícios de fraude nos dados divulgados. Um recente estudo publicado na BMJ também não encontrou evidências de que o uso da droga em pacientes com quadros de leve a moderado traga benefício para a eliminação do vírus. “Não temos medicamento para a Covid-19. O que temos são medidas não farmacológicas, distanciamento social, isolamento físico e medidas de higiene”, diz Pasternak. O documento de Minas Gerais, assinado pelos procuradores Wesley Miranda Alves e Cleber Eustáquio Neves e pelo promotores Maria Carolina Silveira Beraldo e Fernando Rodrigues Martins, recomenda disponibilização para tratamento precoce da doença para 46 municípios, conforme orientação do Ministério da Saúde. A Promotoria disse que a recomendação não reflete o posicionamento do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde. O protocolo atual adotado em Minas indica o uso da cloroquina para pacientes graves, com base em orientações médicas, seguindo o Ministério da Saúde. A Secretaria Estadual de Saúde diz que analisa um novo protocolo e que a ampliação para casos leves é um dos pontos em discussão.
Ainda segundo a gestão Romeu Zema (Novo), entre o fim de março e maio, o estado recebeu 85 mil comprimidos de cloroquina 150 mg via Ministério da Saúde, para distribuição aos municípios, conforme demanda. O medicamento, usado para tratamento de malária e lúpus, já era disponibilizado no SUS, mas a remessa aumentou com a pandemia. “Essas remessas foram enviadas pelo Ministério da Saúde sem prévia programação realizada pela SES-MG e foram definidas com base nos casos confirmados da Covid-19, conforme dados nos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde”, diz a pasta. Em Goiás, a recomendação assinada por Ailton Benedito, procurador que chegou a ser cogitado para Procurador Geral da República e voz conservadora no MPF, pede a disponibilização dos medicamentos indicados pelo Ministério da Saúde para 119 municípios —ao todo, o estado tem 246. No Piauí, uma ação civil pública assinada pelo procurador regional dos direitos do cidadão, Kelston Pinheiro Lages, pedindo que a União fosse obrigada a adotar medidas para o uso de hidroxicloroquina e outros medicamentos na fase inicial da doença na rede pública, foi apresentada em 13 de maio. Após a nota do Ministério da Saúde, a juíza do caso entendeu que o pedido havia perdido seu objeto.
+++ Esta reportagem serve para demonstrar que nos casos em que o jornal tem interesse o contraditório faz parte da notícia. Segue inexplicável o motivo pelo qual o jornal se dá o direito de não ter pluralidade de vozes em todas as reportagens em que cabem diversas perspectivas sobre o mesmo fato.
*”Médicos 'cloroquiners' se comparam a Dom Quixote contra 'Dragão Covidiano'”*
*”Maioria dos profissionais de saúde sente medo do coronavírus, aponta pesquisa”*
*”Senado aprova uso compulsório de leito privado para paciente do SUS com Covid-19”*
*”Mortes por policiais crescem 43% no RJ durante quarentena, na contramão de crimes”* - Na contramão de crimes como homicídios e roubos, as mortes por policiais no Rio de Janeiro sofreram um forte aumento em abril, quando o estado já estava sob medidas de isolamento social motivadas pelo novo coronavírus. Foram 177 óbitos em decorrência de intervenções de agentes públicos, 43% a mais do que no mesmo mês no ano passado e o equivalente a uma morte a cada quatro horas. Quando se condidera o acumulado do quadrimestre, são 606 óbitos e um crescimento de 8%. Os números foram divulgados nesta terça (26) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão ligado ao governo Wilson Witzel (PSC), e confirmam uma tendência que já vinha sendo apontada por um grupo de pesquisadores que analisou dados não oficiais da atuação policial no estado. As operações e as mortes decorrentes delas tiveram uma queda considerável em março, com o início da quarentena, mas voltaram a subir em abril e maio, conforme mostrou esse levantamento do Observatório da Segurança do RJ, ligado à Universidade Cândido Mendes. Para a socióloga Silvia Ramos, coordenadora do Observatório, a volta das incursões supreendeu. “Políticas de educação, de economia, tudo mudou nesse período, mas a polícia do Rio não muda. Eles passam dois recados muito fortes: não vamos mudar e não nos preocupamos com vidas em favelas, para nós o importante é combater o crime, mesmo às custas de tiroteios e mortes”, avalia.
As operações e tiroteios em geral, mesmo em meio à crise sanitária, têm impedido doações dentro das comunidades e paralisado o atendimento em unidades de saúde —que na cidade do Rio seguem uma espécie de protocolo de guerra e fecham quando há confrontos. O aumento dos óbitos por agentes contrasta com a queda de outros crimes durante o isolamento social. Os homicídios dolosos (intencionais) tiveram redução de 14% em abril (de 360 para 311) e de 4% no quadrimestre (de 1.413 para 1.355), em relação aos mesmos períodos de 2019. Os crimes contra o patrimônio também registraram uma diminuição expressiva em abril, ainda maior do que em março. Os roubos de rua despencaram 64% (de 11.040 para 4.021), os roubos de veículos encolheram 51% (de 3.755 para 1.847) e os roubos de carga baixaram 49% (de 667 para 377). Segundo o ISP, a queda nos indicadores pode ter ocorrido por causa do distanciamento social, que ajuda na redução da criminalidade, mas também por causa da diminuição dos registros das ocorrências, resultando em subnotificações. O Rio de Janeiro tem recomendado a restrição à circulação de pessoas desde o dia 13 de março. No dia 16, Witzel decretou estado de emergência e determinou efetivamente o fechamento de grande parte dos estabelecimentos comerciais e serviços, que passou a valer no dia 18. Com as restrições, as delegacias passaram a atender presencialmente apenas casos de emergência, como homicídios, prisões em flagrante, roubos de veículo e mulheres vítimas de violência. O restante das ocorrências vem sendo registrado por meio da Delegacia Online e da Central 190.
REPERCUSSÃO
O número oficial de óbitos em intervenções policiais divulgados nesta terça ainda não inclui uma série de mortes que causaram comoção na última semana no Rio. É o caso das 12 pessoas mortas durante uma ação da PM no Complexo do Alemão no dia 15 de maio. Três dias depois, o menino João Pedro Matos, 14, foi baleado e morto dentro de casa após uma invasão da Polícia Federal e da Polícia Civil em São Gonçalo. No mesmo dia, familiares relatam que Iago César Gonzaga, 21, foi torturado e morto durante outra operação da Polícia Militar em Acari. Na última quarta (20), uma incursão da PM que paralisou a distribuição de doações na Cidade de Deus acabou com a morte de João Vitor Gomes, 18. Na quinta (21), foi a vez de Rodrigo Cerqueira, 19, também morto durante uma ação que interrompeu a distribuição de cestas básicas no Morro da Providência.
A má repercussão dessa série de mortes em poucos dias levou o governador Witzel a se reunir com os secretários das polícias civil e militar ​e com representantes de movimentos sociais na última sexta (22) e recomendar que se evitasse operações enquanto grupos promovem ações e serviços humanitários. Três dias depois, nesta segunda (25), uma jovem de 22 anos foi ferida por estilhaços na cabeça ao acordar em sua casa, na Cidade de Deus. Moradores relataram que policiais militares estavam na região no momento do tiroteio, mas a PM diz que uma equipe estava apenas se deslocando quando ouviu os disparos e não revidou. Questionada na semana passada, a corporação afirmou que suas operações mensais se mantiveram no mesmo patamar no primeiro quadrimestre deste ano —sem responder quantas foram— e que as atividades de enfrentamento ao crime organizado não sofreram alterações com a pandemia.​
*”Em meio à quarentena, crimes patrimoniais têm queda em SP em abril”*
*”Perícia aponta que menino de 11 anos morto no RS foi estrangulado”*
*”Após nove anos, EUA voltam a lançar astronautas nesta quarta-feira (27)”*
MÔNICA BERGAMO - *”STJ pode autorizar investigação no Pará por compra de R$ 50 mi em respiradores”*
MÔNICA BERGAMO - *”Coronavírus mata 150 enfermeiros no Brasil, novo recorde mundial”*: O grupo de especialistas que assessora o Ministério da Saúde no combate ao novo coronavírus encaminhou à pasta um alerta dramático sobre a situação dos profissionais de enfermagem que atuam na linha de frente dos hospitais na pandemia: o número de casos de infectados chegou a 16.660 na segunda (25) —com 150 óbitos, um recorde no mundo. Os integrantes do conselho, composto por infectologistas da USP, Unifesp e Fiocruz, entre outras, dizem que, “apesar do recente distanciamento do MS [Ministério da Saúde] das recomendações do grupo de especialistas”, pretendem transmitir o alerta de que “o impacto da pandemia nos profissionais” traz o risco de que os serviços de saúde “se tornem epicentros de surtos locais”. Há também possibilidade de “colapso” no sistema. O grupo prega o afastamento de profissionais de enfermagem que pertencem ao grupo de risco da assistência direta a pacientes, monitoramento diário em relação a sintomas e treinamento no uso de equipamentos de proteção. Pede ainda prioridade de atendimento a profissionais infectados, para rápido retorno ao trabalho.
MÔNICA BERGAMO - *”Após novo caso de Covid-19, Senado muda procedimento de testagem entre profissionais da Casa”*
MÔNICA BERGAMO - *”Robô que deu assistência ao maestro João Carlos Martins será adaptado para coletar lixo hospitalar”*
MÔNICA BERGAMO - *”PSOL cobra explicação da Caixa sobre pagamento de auxílio de R$ 600 a informais”*: A bancada do PSOL na Câmara protocolou requerimento para que o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, preste esclarecimentos sobre os “impedimentos e entraves” no pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais.
MÔNICA BERGAMO - *”Pesquisa mostra que 68% das pessoas não querem voltar ao local de trabalho nas próximas semanas”*
MÔNICA BERGAMO - *”Procon-SP notifica Latam e solicita explicação sobre efeitos de pedido de recuperação judicial”*
MÔNICA BERGAMO - *”Jane Fonda e Stevie Wonder participam de ação em prol de indígenas”*
 
CAPA – Manchete principal: *”Witzel é alvo da PF em apuração de fraude no combate à Covid-19”*
EDITORIAL DO GLOBO - *”Suspeitas voltam com operação da PF contra Witzel”*: No encadeamento de crises que caracteriza o governo, a vertente da Polícia Federal e sua vinculação ao Planalto é um foco que volta a chamar a atenção desde o final da madrugada de ontem, quando viaturas da Polícia Federal entraram nos jardins do Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio de Janeiro, cargo ocupado por Wilson Witzel, adversário político do presidente Bolsonaro. Em um momento de normalidade política, seria mais uma demonstração de seriedade e independência da PF, como aconteceu nestes últimos anos no ciclo de combate à corrupção. Mas o presidente acabou de substituir o ministro da Justiça Sergio Moro por André Mendonça, que, com o aval de Bolsonaro, colocou Rolando Alexandre de Souza na direção-geral da PF, o que faz supor que os clamores do presidente para ter gente na polícia com quem possa “interagir” foram atendidos. Por “interagir” pode-se entender tudo, considerando-se o estilo pessoal do presidente e seu perfil centralizador e autoritário. Porém, não se tem dúvida de que o mandado de busca e apreensão concedido pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), cumprido no Laranjeiras, e não só nele, esteja bem fundamentado.
Mas a conjugação das mudanças na pasta da Justiça e Segurança Pública, e por decorrência na PF, com a deflagração da Operação Placebo contra Witzel, chamado de “estrume” por Bolsonaro na reunião ministerial do vídeo, é preocupante, porque pode ser o sinal de que a PF começa a se converter em braço armado do poderoso de turno, como acontece em republiquetas. Para reforçar o temor de que a PF passa mesmo à órbita de Bolsonaro, um presidente que se preocupa em proteger família e amigos, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), próxima do presidente, frequentadora do Planalto e do Alvorada, com fácil trânsito na PF, adiantara à Rádio Gaúcha que a Polícia investigava governadores. Arriscou um nome para a operação: “Covidão”. Nisso errou. Este caso tem vários aspectos, e todos parecem verdadeiros. Não se discutem fartas evidências de grossa corrupção nos gastos do governo do estado em hospitais de campanha e na compra de equipamentos para aparelhá-los, afim de acolher vítimas da Covid-19. Há negócios escusos com organizações sociais. Por R $180 milhões, por exemplo, compraram-se mil ventiladores pulmonares junto a empresas inidôneas; foram entregues 52, mas não serviram. E desapareceram quase integralmente R$ 36 milhões.
O ex-secretário de Saúde, Edmar Santos e o seu sub, Gabriell Neves, são processados, e este foi preso. Antes, em outra operação, terminou encarcerado o empresário Mário Peixoto, deste ramo de negócios com governos. A primeira dama do estado, a advogada Helena Witzel, também é citada nas investigações. Se tudo for provado, depois de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo será o segundo casal a passar pelo Laranjeiras que cairá nas redes da Justiça, em mais um estágio na degradação ética da política carioca e fluminense. M asnada justifica a PF ser de governos.
*”Alvo – Polícia Federal faz operação contra Witzel”*
*”Agentes apreendem computadores e celulares do governador”*
*”MPF vê vínculo suspeito entre primeira-dama e empresas investigadas”*
*”Helena exerce influência nos corredores do Guanabara”* - Assim como o marido, Helena Witzel tem fama de durona. E esse jeito, reconhecido pelas pessoas mais próximas, ela levou para o Palácio Guanabara, onde o governador, ao tomar posse, lhe deu um gabinete ao lado do seu, antes destinado à Casa Civil. Quem convive com os dois não nega a influência da primeira-dama sobre as decisões de Witzel, que, nas suas agendas, tem o hábito de elogiar a mulher publicamente. Apesar de presença quase que constante no palácio e ao lado do ex-juiz federal, Helena tem uma atuação discreta fora dos bastidores: uma vez, em conversa informal na presença de jornalistas, ela manifestou que quem tem que “brilhar” é o marido. Ela não dá entrevistas e, nas redes sociais, aparece mais em ações do Rio Solidário, do qual é presidente de honra. No dia 16 de abril, Helena completou 39 anos. Mãe de três filhos com o governador, ela foi aluna do ex-juiz na faculdade, em Vila Velha, no Espírito Santo. Ela divide com Witzel o discurso “linha dura”.
—Essas denúncias são uma triste surpresa — afirma uma pessoa que convive com Helena há anos. —Ela sempre se colocou como durona, até mais que o marido. Casada com Witzel, não poderia ser diferente.
De Bonsucesso, vascaína e fã de carnaval, Helena também é desconfiada. Ela e Witzel são vistos no palácio como um casal “fechado”. Um funcionário antigo do Guanabara disse ao GLOBO no ano passado:
— A sensação é que não elegemos um governador, mas, sim, um casal.
*”Deputados citam ação da PF antecipadamente”* - Parlamentares aliados ao presidente Jair Bolsonaro fizeram menções públicas a uma operação da Polícia Federal (PF) contra o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), desde a primeira quinzena de maio, ainda que a ação só tenha acontecido ontem. As declarações partiram do deputado estadual Anderson Moraes (PSL-RJ), em 13 de maio, e da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), na véspera da deflagração da Operação Placebo, que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Witzel para aprofundar investigações sobre irregularidades na Saúde fluminense. Witzel mencionou ontem, após a ação policial, que declarações de deputados bolsonaristas feitas nos últimos dias em redes sociais “demonstram limpidamente” que houve vazamento dos próximos movimentos da corporação. O governador nega participação no esquema de desvio de recursos destinados a compra de respiradores e construção de hospitais de campanha e diz que é alvo de uma articulação feita por Bolsonaro, seu rival político desde o ano passado. Em transmissão ao vivo feita pela internet há quase duas semanas, Anderson Moraes disse ter certeza de que a PF bateria em breve na porta de Witzel. O debate online do qual ele participava envolvia outros deputados da base bolsonarista na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e durou mais de duas horas: o principal tema eram as investigações do Ministério Público (MP) e da Polícia Civil sobre os contratos da Secretaria de Estado de Saúde do Rio. O vídeo foi intitulado “A hora do juiz virar réu”, em uma referência à carreira construída por Witzel na magistratura. A PF praticamente não foi mencionada durante a conversa, a não ser por Moraes. O deputado mencionou uma operação contra Witzel enquanto criticava o governador por acioná-lo judicialmente.
— Esse cara (Witzel) me botou na Justiça esta semana. Na verdade, eu fiquei sabendo, eu já tenho o número do processo, embora eu ainda não tenha sido notificado. Por calúnia e difamação. Você não tem noção do orgulho que eu tenho como político de receber um processo por calúnia e difamação. Porque eu tenho absoluta certeza, Wilson, que é muito diferente do que os processos que você vai receber. Eu tenho certeza, Wilson, que o japonês vai bater na sua porta muito antes do que você imagina — afirmou Moraes.
O “japonês” ao qual Moraes fez referência é o agente aposentado da PF Newton Hidenori Ishii, apelidado de “japonês da federal” depois de ficar conhecido por sua participação em diversas fases da Lava-Jato. Além de Moraes, a transmissão ao vivo contou com a participação dos deputados estaduais Márcio Labre, Alana Passos, Márcio Gualberto e Dr. Serginho. Todos foram eleitos pelo PSL, antigo partido do presidente. Moraes é próximo da família Bolsonaro: Rogéria, ex-mulher de Bolsonaro e mãe de três dos quatro filhos dele, trabalha como assessora no gabinete do deputado. Procurado pelo GLOBO, Anderson Moraes Procurado disse que sua declaração “não era relativa a uma investigação específica, e sim o desejo que todo homem público pautado pela decência tem: de ver a PF batendo à porta de políticos de desonestos”. O parlamentar também afirmou que “tudo que está acontecendo já era previsível diante da série de indícios de irregularidades nos contratos emergenciais” e destacou ter sido o primeiro a denunciar irregularidades na gestão de Witzel em representações enviadas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) em março. Os levantamentos de dados feitos pelo deputado, segundo ele, “pautaram matérias na imprensa” sobre o tema.
ENTREVISTA NA VÉSPERA
A declaração de Moraes soma-se à entrevista que Carla Zambelli concedeu à Rádio Gaúcha anteontem, na véspera da operação. Ela afirmou que haveria operações da PF contra governadores nos próximos meses.
— A gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar, talvez, de “Covidão” ou de... não sei qual vai ser o nome que eles vão dar... mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal —afirmou a parlamentar.
Depois de a fala repercutir na esteira da operação a deputada negou um suposto vazamento e afirmou que sua declaração foi baseada em informações veiculadas na mídia.
— Se eu tivesse informação privilegiada... Eu não pareço uma pessoa burra. Poderia ser, mas não sou. Eu falaria isso publicamente se eu tivesse informação privilegiada? Eu não faria isso, a menos que quisesse prejudicar (as investigações) — afirmou Zambelli em entrevista à “CNN Brasil”.
A suspeita de que Carla Zambelli tenha recebido informações privilegiadas da PF fez com que o PDT pedisse ontem para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue a deputada por tráfico de influência e advocacia administrativa. O PT já fez pedido semelhante após a atuação dela nos bastidores da demissão de Sergio Moro, ex-ministro da Justiça.
*”’A interferência está devidamente oficializada’”*
*”Tácio Muzzi é oficializado como superintendente da PF no Rio”* - O diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, formalizou ontem a escolha do delegado Tácio Muzzi para chefiar a superintendência da PF no Rio. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União. Muzzi substitui Carlos Henrique de Oliveira, que irá para Brasília ocupar a diretoria-executiva, o segundo cargo na hierarquia da PF. A nomeação é assinada pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Tercio Issami Tokano. Além de Muzzi, outros cinco novos superintendentes da Polícia Federal foram nomeados O novo superintendente foi bem recebido pela corporação e diminuiu o clima de tensão. O delegado é respeitado internamente e apontado por colegas como qualificado tecnicamente para o cargo. Ele não era o nome indicado por Bolsonaro para a Superintendência do Rio. O presidente queria, no ano passado, a nomeação do delegado Alexandre Saraiva para o Rio, mas o nome foi barrado pela direção-geral da PF naquela ocasião. Os motivos para a a troca na superintendência do Rio estão sendo investigados pela Procuradoria-Geral da República, já que o ex-ministro Sergio Moro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro tinha interesse em interferir politicamente na corporação e trocar a direção-geral e a chefia no Rio — ambas as mudanças foram feitas.
EXPERIÊNCIA NO BC
Muzzi é delegado da PF desde 2003 e, antes disso, trabalhou na Procuradoria-Geral do Banco Central. Na Polícia Federal, atuou no braço da Operação Lava-Jato no Rio e especializou-se em investigações sobre corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado. Ele já foi chefe do setor dedicado a crimes financeiros na Superintendência do Rio. Entre 2017 e 2018, Muzzi ocupou cargos no Ministério da Justiça. Foi diretor-adjunto do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, área responsável pela articulação com outros países em ações contra corrupção e lavagem de dinheiro, e diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Ao voltar ao Rio, tornou-se o principal auxiliar do delegado Ricardo Saadi, que comandou a superintendência regional no início do governo Bolsonaro. As outras mudanças na corporação feitas pelo novo diretor-geral ocorreram no Rio Grande do Norte (delegada Larissa Freitas Carlos Perdigão), no Rio Grande do Sul (delegado José Antônio Dorneles de Oliveira), no Tocantins (delegado Marcílio Manfré Afonso), em Goiás (delegada Marcela Rodrigues de Siqueira Vicente) e na Paraíba (delegado Gustavo Paulo Leite de Souza).
PRISÃO DE PERILLO
O delegado Alexandre da Silveira Isbarrola, que deixou a chefia da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, havia sido nomeado em meados de maio para o cargo de diretor de Inteligência Policial, exercido na sede da corporação, em Brasília. Já a nova chefe da PF em Goiás atuou nas investigações que culminaram na prisão do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), em 2018. Perillo foi solto em seguida em decorrência de uma determinação da Justiça.
*”Ministros do STF defendem a independência do Judiciário”*
*”Weintraub tem cinco dias para depor à PF”*
 
 
CAPA – Manchete principal: *”Governador do Rio é alvo de operação da PF sobre desvios”*
EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Resistir é preciso”*: O presidente Jair Bolsonaro sente-se cada vez mais à vontade para revelar à Nação suas intenções autoritárias. A bem da verdade, decoro e respeito à ordem constitucional jamais foram traços do caráter do mau militar e do deputado medíocre. Por que haveriam de ser do presidente da República? O elevado cargo que ora ocupa não mudou a personalidade de Bolsonaro; foi ele quem rebaixou a Presidência para acomodá-la à sua estreiteza moral, cívica e intelectual. Como se vê em suas palavras e atitudes, se Bolsonaro tem na cabeça alguma ideia de como conduzir o País, é certo que não o levará a bom porto. E basta assistir à inacreditável reunião ministerial trazida a público por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) para perceber que a eventual ilegalidade dos meios para a consecução de seus fins não passa de desprezível detalhe. O melhor que pode acontecer ao País nesta encruzilhada da História é que as perigosas intenções do presidente permaneçam onde estão, ou seja, no plano das intenções. Isto só será possível se as instituições se mantiverem firmes e resistirem com coragem e espírito público às desabridas pressões do atual chefe do Poder Executivo. É hora de as Forças Armadas, o Congresso, o STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a imprensa profissional exercerem suas atribuições republicanas sem desviar um milímetro das prerrogativas que a Constituição lhes confere. Não é fácil, mas resistir é preciso.
Contando com o estímulo de Jair Bolsonaro, o bando de celerados que o apoiam e batem ponto nas redondezas dos Palácios do Planalto e da Alvorada recrudesceu os ataques aos jornalistas que cobrem a Presidência. Tão virulentos foram esses ataques que os mais importantes veículos de comunicação do País decidiram suspender a cobertura jornalística naqueles locais. Longe de se tratar de “recuo” ou de simples “manifesto” da imprensa contra o governo, a decisão visa à proteção da integridade física dos jornalistas, que só está sob risco porque o cidadão Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), não exerce a contento o seu dever de garantir a incolumidade de todos os que estão em áreas de segurança nacional. As agressões sofridas pelo fotógrafo Dida Sampaio, do Estado,e por jornalistas da Folha de S.Paulo e da TV Bandeirantes ilustram bem do que os camisas pardas do bolsonarismo são capazes. Mas as ameaças à liberdade de imprensa não se dão apenas pela coação física e pelo assédio moral praticados contra os jornalistas de campo. William Bonner, editorchefe e apresentador do Jornal Nacional, da Rede Globo, tem sido vítima de chantagens e fraudes por meio do uso de dados pessoais de seu filho. De um número telefônico com prefixo 61 (Brasília), o jornalista recebeu mensagens com dados fiscais sigilosos seus e de sua família. O objetivo dessas ações, obviamente, é tolher o livre exercício da profissão. Não se sabe a autoria dos crimes, mas não se ouviu uma só palavra de repúdio de Jair Bolsonaro ou de qualquer membro de seu governo ao ato vergonhoso e covarde. É com tais vícios morais que os bolsonaristas e seus inocentes úteis se associam?
Como a imprensa, o Congresso, a PGR e o STF, entre outras instituições de Estado, têm sido constrangidos por Bolsonaro a afrouxar a independência e os controles constitucionais que regem o sistema de freios e contrapesos. O desassombro dos avanços autocráticos do presidente é tal que faz crer que ele realmente se vê como um ungido para governar o País como melhor lhe aprouver, devendo satisfações apenas a seus caprichos. Não é hora de tibieza. A resposta das instituições deve ser à altura das ameaças. Ao tomar posse como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que “não há volta no caminho da estabilidade institucional e democrática”. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que “prudência não pode ser confundida com hesitação”, enfatizando que a “preservação da democracia” não será descuidada pela Casa das Leis. As forças vitais do País deveriam estar inteiramente voltadas para a tarefa de salvar o maior número de vidas possível em meio à pandemia. Desafortunadamente, o Brasil hoje tem de lutar pela vida e pela liberdade a um só tempo. Mas se é assim, à luta, pois.
COLUNA DO ESTADÃO - *”Maia e oposição dialogam para recompor forças”*: Aoposição a Jair Bolsonaro na Câmara conseguiu ver uma janela de oportunidade na recém-formada aliança do Centrão com o governo: a reaproximação com Rodrigo Maia (DEM-RJ). Para líderes da oposição, o presidente da Câmara, ao mesmo tempo que busca recompor parte da influência perdida com o avanço do governo sobre os partidos, precisa garantir uma sobrevivência após o término do seu mandato à frente da Casa. Sobre uma eventual CPI contra Bolsonaro, Maia não se opôs, mas disse para a oposição se articular com o Senado.
» Mapa. A Câmara hoje se divide em quatro: o Centrão, o grupo de Maia (MDB, PSDB, DEM e Cidadania), a oposição e os bolsonaristas. Deputados avaliam, porém, que Maia não perdeu totalmente a conexão com o Centrão.
» Agenda. Líderes de oposição dizem que concordam com os partidos do “Centrão de Maia” em pautas como a defesa das instituições, mas sabem que a aliança é limitada: na economia, em especial, não há possibilidade de convergência.
» Média. O discurso de Rodrigo Maia, no qual cobrou respeito à democracia e harmonia entre os Poderes, ficou aquém do esperado pela oposição, mas ao menos cumpriu um papel institucional, segundo lideranças ouvidas pela Coluna.
*”Operação contra desvios na Saúde atinge Witzel”*
*”Governador nega acusação e vê interferência na PF”*
*”Escritório da primeira-dama também é alvo de buscas”*
*”Aras deve vetar pedido por celular de Bolsonaro”* - O procurador-geral da República, Augusto Aras, deve se posicionar contra o pedido de apreensão dos celulares do presidente Jair Bolsonaro e do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do chefe do Executivo, segundo o Estadão apurou com fontes do Ministério Público Federal (MPF). Os partidos PDT, PSB e PV pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) a apreensão dos aparelhos “o quanto antes, sob pena de que haja tempo suficiente para que provas sejam apagadas ou adulteradas” dentro das investigações sobre interferência política do presidente na Polícia Federal.
Na semana passada, o decano do STF, ministro Celso de Mello, encaminhou a Aras três notícias-crime apresentadas no final de abril por políticos e partidos de oposição sobre suposta interferência do presidente da República na PF. Os pedidos foram feitos pelos deputados federais Gleisi Hoffman (PR) e Rui Falcão (SP), ambos do PT, e pelas bancadas do PDT, PSB e PV. Na avaliação de Augusto Aras, não cabe a terceiros pedir a abertura de inquéritos ou medidas de investigação no caso. Essa posição do MPF, aliás, já foi externada pelo próprio Aras em parecer encaminhado ao STF no mês passado. “Tratando-se de investigação em face de autoridades titulares de foro por prerrogativa de função perante o Supremo Tribunal Federal, como corolário da titularidade da ação penal pública, cabe ao procurador-geral da República o pedido de abertura de inquérito, bem como a indicação das diligências investigativas, sem prejuízo do acompanhamento de todo o seu trâmite por todos os cidadãos”, escreveu Aras na ocasião. Naquele parecer, Aras se posicionava contra um outro pedido, apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), contra a apreensão do celular da deputada Carla Zambelli (PSLSP) no inquérito que investiga se Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF, como acusa o ex-ministro Sérgio Moro.
O encaminhamento à PGR dos pedidos de apreensão do celular de Bolsonaro e de Carlos levou o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, a divulgar nota em que afirma considerar “inconcebível” a requisição. Heleno afirmou ainda que, caso aceita, a medida poderá ter “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”. “O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os Poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”, disse Heleno, em nota. A nota assinada por Heleno foi autorizada por Bolsonaro e chancelada pelos ministros militares. “Eu olhei e falei: ‘O senhor fique à vontade’”, relatou o presidente no dia em que o comunicado do general foi divulgado. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, também endossou a nota. “A simples ilação de o presidente da República ter de entregar o seu celular é uma afronta à segurança nacional”, afirmou. Depois da manifestação de Heleno, um grupo de 90 oficiais da reserva do Exército divulgou uma nota de apoio ao ministro do GSI, na qual atacam o Supremo e falam em “guerra civil”.
Visita. Anteontem, Bolsonaro fez uma visita inesperada a Aras. O encontro ocorreu logo após solenidade de posse do subprocurador Carlos Alberto Vilhena no cargo de Procurador Federal dos Direitos do Cidadão, que era acompanhada por Bolsonaro do Palácio do Planalto, via videoconferência. Ao fim da cerimônia, Aras o questionou se gostaria de falar algo. O presidente, então, “se convidou” para ir pessoalmente à sede da PGR “apertar a mão” do novo subprocurador. “Se me permite a ousadia, se me convidar, eu vou agora aí apertar a mão do nosso novo colegiado maravilhoso da Procuradoria-Geral da República”, disse Bolsonaro. “Estaremos esperando Vossa Excelência com a alegria de sempre”, respondeu Aras. O Estadão apurou que, inicialmente, o procurador-geral achou se tratar de uma brincadeira.
*”Olimpio diz que presidente tenta ‘proteger filho’”* - Eleito em 2018 com mais de 9 milhões de votos, o senador Major Olimpio (SP), líder do PSL no Senado, afirmou ontem que está sendo pressionados por colegas da Polícia Militar a ter “lealdade cega” ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e que, por isso, decidiu abandonar uma eventual candidatura ao governo de São Paulo e a política após o término de seu mandato, em 2026. O senador afirmou que Bolsonaro rompeu com ele “de forma pessoal” para “proteger filho bandido”. “Todo mundo sabe que meu sonho era disputar o governo em 2022, mas estou fora”, disse Olimpio ao Estadão. “Não quero mais me candidatar. Estou enojado com essa situação. Policiais militares estão me cobrando lealdade cega ao presidente. Me chamaram de traíra. Não sou traíra. Quem está desviando conduta é o presidente.”
A indignação do senador, que foi eleito na esteira do bolsonarismo, se difundiu entre policiais após Olimpio responder o áudio de um colega que o procurou. “Era um conversa privada, mas ele resolveu dar publicidade”, disse o parlamentar. Olimpio preferiu não revelar o nome do colega, que na gravação é chamado de Azevedo. O senador ingressou na Polícia Militar há 42 anos e entrou na política tendo como base a categoria. O motivo do rompimento com Bolsonaro, diz Olimpio, foi o fato de ele ter sido um dos senadores que assinaram o requerimento para a criação da CPI da Lava Toga. “Quem se desviou foi o presidente (Bolsonaro), que não quis que eu assinasse a CPI da Lava Toga para proteger filho bandido. Eu não tenho bandido de estimação. Isso de palavrão em reunião (ministerial) é besteira”, disse Major Olímpio na gravação. Na época, Flávio Bolsonaro, que hoje está no Republicanos, foi o único dos quatro senadores do PSL que não assinaram a petição pela abertura da comissão. A CPI era defendida principalmente por parlamentares classificados como “lavajatistas”.
*”Moraes cobra Weintraub por fala contra STF”*
*”MPF investiga Wajngarten por direcionamento”* - O Ministério Público Federal determinou a abertura de inquérito para investigar o secretário de comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, por direcionar verbas do governo para sites ideológicos. O ato atende representação da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), que acusou o chefe da Secom de improbidade administrativa e promover censura a veículos críticos do Planalto. Segujndo o MPF, o direcionamento promove “distribuição arbitrária e discriminatória da publicidade oficial”. Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República afirmou que não direciona a alocação de investimentos publicitários a qualquer veículo.
*”Globo repudia intimidação contra Bonner”*
*”Casos passam de 5,5 milhões e OMS alerta para risco de 2ª onda de contágios”*
*”Em Wuhan, governo já testou 6,5 milhões em duas semanas”*
*”Comunidade latina dos EUA é uma das mais afetadas”*
*”Cidade de SP negocia regra especial para reabrir; interior volta em 4 fases”* - Os planos regionais para reabertura econômica do Estado de São Paulo, que serão apresentados hoje, preveem retomada escalonada das atividades, conforme o risco de cada setor, em um processo que levará até oito semanas para ser finalizado, no melhor cenário, e que dependerá do aval de autoridades de saúde do Estado. Na capital, Prefeitura e governo negociaram flexibilização nas regras que irão permitir o início da reabertura. Mas a flexibilização a partir do dia 1.º ainda não é garantida, porque dependerá de “gatilhos” definidos pelo centro de combate à covid do governo estadual. No início do mês, o governo estadual previa regras que autorizariam a reabertura em cidades que atingissem três índices: duas semanas de queda de novos casos, taxa de isolamento social acima de 55% e ocupação de leitos de UTI inferior a 60%. Agora, a gestão João Doria (PSDB) levará em conta esses fatores, mas vai flexibilizar o cenário mínimo para reabertura. A capital, por exemplo, não precisará seguir os três critérios para iniciar a retomada, após negociação com o governo paulista.
A gestão Bruno Covas (PSDB), que há duas semanas cogitou até lockdown (bloqueio total), agora avalia ter condições de permitir alguma abertura, mas não se enquadra em ao menos parte dos requisitos: a taxa de isolamento de anteontem, feriado, foi de 53%, e a ocupação das UTIs é de 88%. Apesar disso, técnicos da Prefeitura avaliam ser possível considerar que não haverá falta de UTIs até o fim da epidemia, levando em conta que devem receber mais 300 respiradores esta semana e ainda há leitos da rede privada que poderão ser usados, em um esquema de aluguel definido há três semanas. A questão dos leitos é um dos pontos da flexibilização: para a gestão Covas, não seria possível manter 40% dos leitos de UTIs vagos. A Prefeitura paga diária de R$ 2.100 por leito que usa da rede privada, o que significa gasto diário de quase R$ 500 mil. Assim, se o leito fica vazio, sai da soma do total, fazendo o porcentual de ocupação subir. Em reuniões desde sábado, o governo Doria decidiu que haverá critérios diferentes. Um deles é usar outros parâmetros, como uso do transporte público, para avaliar o isolamento – a cobertura da rede de telefonia tem falhas em algumas regiões.
Interior. Ao longo das últimas semanas, prefeituras do interior têm negociado com o governo planos regionais de abertura, que serão detalhados hoje. Em linhas gerais, são tabelas em que cada atividade econômica tem um calendário de reabertura, que vai variar de acordo com uma “nota” que a região obtiver seguindo os três critérios originais de reabertura. Os planos têm quatro fases, vermelha, laranja, amarela e verde, em que a primeira é a restrição atual e a verde é a liberação. No Vale do Ribeira e no Litoral Norte, por exemplo, academias e casas noturnas só poderão abrir mediante adoção de novos protocolos e, na primeira fase, bares e restaurantes só poderão voltar a operar nas duas primeiras semanas com 30% da capacidade, o que vai se elevando a cada duas semanas. Templos e igrejas terão de ter uma pessoa a cada cinco metros quadrados. Na região de Bauru, o comércio será primeiro autorizado a funcionar em esquemas como drive-in e, depois, os locais poderão atender clientes respeitando uma ocupação de 10% dos espaços das lojas. Já na região de Araçatuba, o plano local vai determinar que empresas façam acompanhamento da saúde dos funcionários, incluindo a medição da temperatura, para isolar pessoas que possam estar com sintomas da covid-19. Todos os planos, por sua vez, terão os gatilhos para início definidos pelo Centro de Contingência do Coronavírus, e o órgão estadual já declarou que o momento atual é de crescimento, não de redução de casos no interior do Estado. Desta forma, não há garantias ainda de que nenhum dos projetos terá início na semana que vem.
*”Iniciar flexibilização agora pode ser prematuro, dizem especialistas”* - Especialistas ouvidos pelo Estadão dizem que pode ser cedo para iniciar a flexibilização em São Paulo. Isso porque a curva do número de casos e mortes por coronavírus ainda é ascendente e uma pessoa infectada pode transmitir a covid-19 para outras três. O ideal, segundo os especialistas, seria flexibilizar a quarentena com a curva descendente e com a taxa de contágio em torno de 1. “Não acredito que já estejamos prontos. Não só São Paulo, mas o Brasil todo. Não está na hora de flexibilizar o isolamento. Não temos nenhum indicativo de que estejamos no pico de infecção. Temos a vantagem de olhar para trás e ver o que funcionou e o que não funcionou em outros países. O principal critério que vem dando certo é flexibilizar no declínio da curva. Os países europeus começaram a flexibilizar agora e estão mais ou menos um mês na nossa frente”, afirmou o presidente do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia, João Viola. O epidemiologista Airton Stein, professor titular de saúde coletiva da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), lembra que é preciso definir estratégias para flexibilizar a quarentena. “Não tem solução mágica, as medidas de isolamento social são necessárias. Hoje a taxa de transmissão é muito alta, e as restrições só deveriam ser afrouxadas com a taxa em torno de 1. É preciso testar para detectar os casos precocemente. O problema é fazer a flexibilização sem essas estratégias.”
A nova quarentena em São Paulo será “heterogênea”, com regras diferentes para as distintas regiões. Interior e litoral devem ter as medidas afrouxadas mais brevemente – na capital e região metropolitana as restrições devem permanecer por mais tempo. Para Elize Massard da Fonseca, coordenadora de projeto que analisa as medidas de enfrentamento ao coronavírus, a estratégia de dividir o Estado pode não funcionar. “Não adianta se não houver controle na circulação das pessoas. Acho importante entender quais evidências o governo teve para adotar as novas medidas, não acredito que tomariam uma decisão sem informação. Mas pelo histórico temos visto que essas decisões não têm sido bem planejadas, como as medidas do rodízio e do bloqueio de vias que duraram uma semana. Esperamos que desta vez tenha alguma evidência que embase as novas medidas”, disse. O professor Sérgio Roberto de Lucca, da área de saúde do trabalhador do departamento de saúde Coletiva da Unicamp, alerta para o baixo número de testes de coronavírus. “Estamos trabalhando no escuro, faltam dados do que realmente está acontecendo.”
*”Senado aprova sessão de leito privado ao SUS”*
*”Menos de 0,5% da população do País foi testada”*
*”Brasil já é o 1º no mundo em registro diário de mortes”*
*”Universidade prevê 125 mil óbitos até agosto”*
*”ONG vê subnotificação em favelas do Rio”* - Um levantamento feito pela ONG Redes da Maré aponta indícios de subnotificação de infecções e mortes pelo novo coronavírus na comunidade da zona norte carioca, onde vivem mais de 140 mil pessoas. Segundo a organização, até 18 de maio foram registrados na região 193% mais doentes e 65% mais óbitos do que a contagem da prefeitura. A Secretaria Municipal de Saúde afirma desconhecer a metodologia do trabalho. Os números da Redes reforçam a suspeita de que nas áreas mais pobres do Rio a doença tem dinâmica peculiar. Impulsionada por más condições sanitárias e pela descrença da população, o vírus pode ter avançado mais do que se supõe oficialmente. “Não há testagem”, disse Eliana Sousa, diretora e fundadora da ONG. “Pode ser que algumas pessoas estejam morrendo e o diagnóstico não seja conclusivo. Muitas mostram (o atestado de óbito e dizem): ‘Olha, não está dito que foi covid, porque não houve testagem, mas está dizendo que a pessoa morreu por complicação respiratória.’” Segundo dados oficiais, na Maré, até a segunda-feira da semana passada, havia 89 infectados e 23 mortos. A Redes contrapôs a contagem que apurou até então no bairro: 261 infectados e 38 mortos. Nos dois casos, considerou tanto confirmados por testagem como casos suspeitos. O levantamento apontou que 47% dos óbitos estavam sob investigação, e 80% dos pacientes com sintomas não foram testados. Os dados foram compilados a partir de informações passadas pelas redes sociais e checadas por equipes da ONG, que foram às casas de moradores com sintomas. “Alguns moradores que também apresentaram sintomas sequer buscaram atendimento, pois foram orientados a ficar em isolamento em caso de sintomas leves”, indica boletim da Redes.
Moradora da comunidade Marcílio Dias, uma das 16 da Maré, Valdineide Bernardo foi uma das pacientes sintomáticas que buscou ajuda médica e recebeu orientação para voltar para casa. Ela contou que a filha Gabriela, grávida e com 17 anos, teve tosse por três dias. Depois, quem começou a tossir foi Valdineide, diabética. Vieram febre, dor de garganta. Ela foi ao Centro Municipal de Saúde João Cândido, onde a médica receitou um antibiótico. Não houve encaminhamento para exame. Na pequena casa, o pai de Valdineide também adoeceu. “Aqui é um cubículo: um quarto, uma sala, um banheiro. Então, provavelmente deve ser (covid-19). E não mandaram fazer o teste”, queixou-se. Ela reclamou que levou o pai, idoso e diabético, que tinha sintomas, três vezes para ser examinado. Mas disseram que ele estava bem, sem nada na garganta. “E meu pai piorando.” Sem ambulância, levou-o em um carro de aplicativo ao Hospital Getúlio Vargas, onde foi internado e aguarda resultado do teste. Eliana diz que orientações sobre a covid-19 – como ficar em casa se sintomas forem leves – foram inadequadas para moradores de comunidades. Ela também reclamou do que chamou de “sucateamento” das unidades de saúde e da falta de recursos. “Não tem oxímetro (aparelho que mede oxigenação) nas Clínicas da Família.” Erros de endereço – a Maré é bairro desde 1994 – também estariam engordando números dos vizinhos Bonsucesso e Ramos.
Oficiais. A Secretaria Municipal de Saúde ressaltou que “os dados que divulga são de casos confirmados por exames laboratoriais”. Também informou que o registro por bairros considera a notificação com o endereço informado pelo paciente. A pasta ainda negou sucateamento das unidades de atenção primária nas comunidades do Rio. A secretaria afirmou que pacientes internados com suspeita de Síndrome Respiratória Aguda Grave “são testados logo nas primeiras 24 horas da internação ou até antes”.
*”Mortes por síndrome respiratória têm alta de 649% em Minas”* - Estudo feito pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) aponta uma elevada subnotificação de mortes pela covid-19 no Estado de Minas Gerais. A pesquisa mostra ainda que o primeiro óbito pela doença em Minas pode ter ocorrido no início de março, e não no dia 30 daquele mês, conforme diz o governo. Os pesquisadores, em levantamento que considerou registros de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) de 2017 a 2020, afirmam que, entre janeiro e abril deste ano, em comparação com a média dos anos anteriores, foi verificado aumento de 649% nas mortes por doenças desse tipo, ou seja, aquelas que apresentam sintomas parecidos com os da covid-19. Conforme o trabalho, entre janeiro e abril de 2020, 201 mortes em Minas tiveram como causa na certidão de óbito a covid19. No mesmo período, 539 pessoas morreram de SRAGs. Na média dos anos de 2017 a 2019, foram registradas, segundo o estudo, 72 óbitos por SRAGs. Dados oficiais divulgados pelo Estado invariavelmente apontam Minas com resultados que poderiam ser considerados satisfatórios no enfrentamento à covid, sobretudo se considerados os vizinhos São Paulo e Rio. A explicação apresentada pelo governo é a rapidez na adoção de medidas como o isolamento social e sua aceitação pela população. Mas especialistas criticam também o baixo índice de testagem no Estado. Segundo o professor Stefan Vilges de Oliveira, um dos responsáveis pelo estudo, o excesso de casos de SRAGs começou a ser notado a partir da semana entre 1.º e 7 de março. “Fomos atrás das séries históricas de meses anteriores e, de fato, o que observamos foi excesso no número de mortes.” Segundo ele, é fundamental a realização dos diagnósticos precisos. “Números subestimados podem causar falsa sensação de segurança, e acarretar afrouxamento por parte da população”, afirmou.
Resposta. A Secretaria de Estado da Saúde afirmou que os testes, seguindo determinações do Ministério da Saúde, são realizados atualmente em todos os óbitos suspeitos, pacientes hospitalizados com SRAGs e também em profissionais da linha de frente de combate à pandemia.
*”Fortaleza tem dificuldade de fazer cumprir bloqueio”*
*”TCU pode suspender contratação de militares para reduzir as filas do INSS”* - A contratação emergencial de militares da reserva e aposentados para a redução da fila do INSS pode acabar sendo suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A área técnica do tribunal, conforme parecer obtido pelo ‘Estadão’, defende a suspensão de todo o processo, que está em fase final para a contratação dos selecionados. O impasse será decidido hoje pelos ministros da Corte de Contas. O Estadão apurou que o relator do processo, ministro Bruno Dantas, resolveu levar a decisão diretamente para a análise do plenário. Esse deve ser o item número um da pauta do TCU. A contratação dos militares é considerada um ponto central da estratégia do governo Bolsonaro, mas enfrenta resistências de diversos setores da sociedade civil, do Judiciário e mesmo dentro do TCU, que veem com preocupação o aumento da presença de militares em funções destinadas a servidores civis. Em janeiro, o TCU questionou o recrutamento dos militares para atuar na fila do INSS. O ministro Dantas fechou um acordo com o Ministério da Economia para que aposentados do INSS também pudessem participar da seleção com os militares.
Na época, diante das dificuldades apontadas pelo governo para a redução da fila, o relator havia manifestado o entendimento de que, embora não fosse o desejado, o recrutamento de aposentados do INSS e militares poderia ser aceito excepcionalmente. O governo, então, começou a seleção. A ideia inicial do Ministério da Economia era chamar 8 mil militares. O Ministério Público junto à Corte de Contas pediu a medida cautelar (provisória) para suspender a contratação de militares da reserva das Forças Armadas. No parecer, a área técnica do tribunal considera temerária a contratação de militar inativo das Forças Armadas para o desempenho de atividades civis na administração pública. Uma das possibilidades, segundo técnicos, é os ministros do TCU suspenderam apenas a contratação dos militares e seguir o trabalho com os servidores aposentados do INSS.
Fila. Atualmente, há 1,55 milhão de benefícios em análise. Segundo o INSS, 615 mil benefícios que dependem de análise do órgão. Outros 940 mil já passaram por análise e estão em exigência, ou seja, dependem do segurado enviar documentação complementar para que o INSS possa finalizar a análise do requerimento. O Ministério da Economia informou que o processo de seleção de temporários teve o resultado preliminar publicado e está na fase de recursos O prazo foi estendido até o dia 28, com a divulgação prevista para o dia seguinte e convocação para assinatura dos contratos. Os militares inativos que atuarão no INSS farão atendimento nas agências. Isso quando houver o retorno do atendimento presencial. Análise de requerimentos será feita exclusivamente pelos aposentados da carreira do seguro social, com experiência comprovada na área de benefícios. O presidente do INSS, Rolando Rolim, tem dito que quer zerar a fila dos que esperam por uma resposta do órgão até outubro. Oficialmente, o INSS informou que só se manifestará após o plenário do TCU. “Antecipamos que reconhecemos a excelência do trabalho realizado pelo TCU na área de Previdência e buscamos sempre nos orientar por suas recomendações e deliberações”, disse o órgão.
*”MP reajusta salário de policiais do DF”*
*”País registra a maior deflação do real”* - Em meio à pandemia do novo coronavírus, o País registrou em maio a maior deflação desde a implantação do Plano Real, em 1994, segundo mostra o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial. Os preços da economia recuaram 0,59% neste mês, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado surpreendeu os analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma deflação mediana de 0,47% em maio. “Nos próximos meses, os efeitos da retração econômica e da desaceleração dos preços de commodities devem continuar a se sobrepor sobre o impacto do câmbio e do choque de oferta na inflação”, opinou a economista Lisandra Barbero, da XP Investimentos. Lisandra espera que o IPCA acumule alta de apenas 0,70% em 2020, o que configuraria uma nova mínima história desde o Plano Real, lançado em 1994. A menor taxa de inflação anual até hoje foi a de 1998, de 1,65%. “É consequência de uma retração econômica sem precedentes”, justificou a economista da XP. Ela estima uma queda de 6,0% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano.
A taxa de inflação acumulada pelo IPCA-15 em 12 meses foi de 1,96% em maio, a mais baixa em mais de 20 anos. Os combustíveis e as passagens aéreas foram os principais responsáveis pela deflação deste mês. O gasto das famílias com Transportes recuou 3,15% em maio, após uma queda de 1,47% em abril. O grupo deu a maior contribuição negativa para a taxa de -0,59% do IPCA15, o equivalente a -0,63 ponto porcentual. A gasolina ficou 8,51% mais barata, enquanto as tarifas aéreas caíram 27,08%. As famílias gastaram menos com transportes, habitação, vestuário, saúde e despesas pessoais. Os alimentos voltaram a ficar mais caros, mas subiram menos. Os consumidores pagaram mais pela cebola, batatainglesa, feijão carioca, alho e arroz. Por outro lado, caíram os preços da cenoura e das carnes. O economista-chefe da gestora de recursos Ativa Investimentos, Étore Sanchez, prevê uma deflação entre 0,50% e 0,55% no IPCA fechado do mês de maio. Segundo ele, o resultado do IPCA-15 reforça a necessidade de um novo corte na taxa básica de juros, a Selic.
Inflação volta em junho. A tendência é que os índices de preços voltem a ter variações positivas a partir de junho, previu a economista Julia Passabom, do Itaú Unibanco. Ainda assim, os preços dos serviços não vão subir, contendo qualquer pressão inflacionária, tanto pela redução da demanda em meio à pandemia do coronavírus, quanto pela deterioração da atividade. “Enquanto temos esses estabelecimentos fechados, os fundamentos por trás desse segmento também vão piorando”, disse Julia.A economista espera uma inflação de 2,0% para o fim deste ano. O Itaú Unibanco estima que o Banco Central (BC) reduza a taxa básica de juos (Selic) em 0,75 ponto porcentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho, chegando ao fim do ano em 2,25% ao ano. Para o economista-chefe da gestora Garde Asset, Daniel Weeks, a deflação do IPCA-15 de maio reforça a avaliação de que a dinâmica da crise causada pela pandemia do coronavírus é desinflacionária e aumenta a expectativa de que o Copom retire 0,75 ponto porcentual da taxa Selic em junho. “Se o Banco Central está comprometido em trazer a inflação para a meta em 2021, teria de cortar além desses 0,75 ponto porcentual”, disse Weeks.
 
CAPA – Manchete principal: *”Brasil sai do radar do investidor estrangeiro”*
*”Anúncio em apoio a Salles aprofunda divisão no setor agrícola brasileiro”* - A divisão entre o agronegócio exportador, de um lado, e produtores e entidades mais conservadoras, de outro, aprofundou-se ontem, com a publicação de um anúncio em apoio ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. No áudio da reunião ministerial de 22 de abril, Salles disse aos outros membros do governo que num momento em que a imprensa está ocupada com a pandemia, há oportunidade de “soltar a boiada” e produzir medidas que relaxem a legislação ambiental. A fala repercutiu muito mal entre compradores de produtos agrícolas brasileiros e investidores no exterior. Assinam a peça publicitária “No Meio Ambiente, a burocracia também devasta” a Unica, a Sociedade Rural Brasileira (SRB) e a Aprosoja, além de associações de produtores. Também a subscrevem vários sindicatos da construção civil, lojistas e da indústria de cosméticos e de turismo. Questionadas por ONGs, Natura, Avon e o Beach Park responderam que não foram consultadas pelas entidades setoriais que assinam a nota e manifestaram repúdio à iniciativa. “Condenamos a agenda burocrática que utiliza a bandeira ambiental como instrumento para o travamento ideológico e irrazoável de atividades econômicas cumpridoras das leis e essenciais ao desenvolvimento do país”, diz o anúncio, que constrangeu grandes exportadoras”.
“O anúncio chama mais a atenção pelas entidades que não estão do que pelas que assinam”, disse ao Valor uma fonte do setor. “Algumas entidades assinaram, creio, por temer represálias do governo”, comentou outro. Entidades do agronegócio exportador de grãos, algodão, cítricos e café não assinam o anúncio. Não são recentes as divergências entre grandes produtores rurais e agroindústrias em relação ao discurso e à política do governo de Jair Bolsonaro para questões ambientais. As diferenças afloraram desde a posse do presidente e de Salles - e são cada vez mais nítidas. E isso basicamente porque as agroindústrias que fazem parte de cadeias exportadoras como grãos e algodão, carnes, café e suco de laranja sabem que seus clientes em outros países, sobretudo no mercado da Europa, estão mais exigentes com a sustentabilidade da produção, e o mesmo acontece com grandes fundos de investimento dispostos a jogar suas fichas no setor. Ao mesmo tempo, muitos grandes agricultores mantêm inabalável uma posição que, para muitas tradings, já perde sustentação: a de que o mundo precisa comer e que o Brasil, produtor de alimentos que é, tem que se valer dessa posição privilegiada para falar mais alto nas mesas de negociação. “Acontece algo parecido no caso da China, principal destino das exportações do agronegócio brasileiro. Declarações pejorativas de integrantes do alto escalão do governo sobre o país não estão ajudando as cadeias exportadoras de grãos e carnes. Nesse caso, parece que agroindústrias e produtores têm posições parecidas: não mexam com a China”, afirma ele.
*”Após dois anos de queda, desmatamento da Mata Atlântica volta a crescer”* - Depois de dois anos de queda consecutiva, o desmatamento da Mata Atlântica, o bioma mais agredido da história do país, voltou a subir. No período 2018-2019, o desflorestamento atingiu 11.399 hectares. O Estado campeão foi, novamente, Minas Gerais, que registrou quase 5.000 hectares de perda de floresta nativa. A Bahia ficou em segundo lugar e depois veio o Paraná. Piauí e Santa Catarina, que vieram em quarto e quinto lugar, respectivamente, registraram uma redução no desmate, comparado ao mesmo período anterior. Os dados são do Atlas da Mata Atlântica, estudo que vem sendo feito regularmente há duas décadas pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “O aumento do desmatamento na Mata Atlântica mostra que a destruição do meio ambiente não vem acontecendo só na Amazônia”, afirma em nota enviada à imprensa Mario Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica. Há uma boa notícia, contudo. Os Estados de Alagoas e o Rio Grande do Norte conseguiram zerar o desmatamento. Outros sete Estados, indica o mapa, estão muito próximos de zero. Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, acredita que é possível zerar o desmatamento no bioma. “O primeiro mapa da Mata Atlântica foi publicado em 1990, pela SOS Mata Atlântica, o Ibama e o Inpe”, lembra. De lá para cá, “todo nosso esforço tem sido para manter esses dados permanentemente atualizados para subsidiar as ações de proteção da Mata Atlântica e políticas públicas”, segue, citando como exemplo a Lei da Mata Atlântica, um marco na legislação da proteção ambiental brasileira.
“Hoje já sabemos que os desmatamentos seguem nas mesmas regiões, áreas interioranas, no limite com o Cerrado em Minas, Bahia, Piauí e em regiões com araucárias, no Paraná”, continua. “Por sabermos onde os desflorestamentos mais ocorrem, é possível atingir o desmatamento ilegal zero na Mata Atlântica”, defende. “Isso é possível até nos Estados com mais desmatamento, mas é preciso haver vontade política”, diz. “É lamentável que sigam destruindo nossas florestas naturais, ano após ano.” O bioma sofreu outro ataque em abril, com despacho do Ministério do Meio Ambiente, que indicou aos fiscais ambientais que desconsiderem as regras mais severas da Lei da Mata Atlântica e sigam as mais brandas, do Código Florestal. A ação foi judicializada.
*”Teste de coronavírus alcança 0,4% da população”* - Número de mortes por covid-19 subiu para 24.512, sendo 1.039 óbitos registrados de segunda para terça-feira
*”Resposta à covid-19 e crise política afastam estrangeiro”* - Enquanto EUA e Europa começam aos poucos a reabrir a economia após o efeito da covid-19 e dão os primeiros sinais de retomada, o Brasil deve ter dificuldades para engatar esse processo e se aproveitar da incipiente melhora do cenário externo. Combinado ao acirramento das tensões no cenário político, isso pode afastar o investimento estrangeiro do país. Em abril, o fluxo do que se investiu em atividades produtivas caiu a US$ 234 milhões, muito abaixo dos US$ 5,1 bilhões do mesmo mês de 2019. Como os países desenvolvidos foram atingidos pela doença antes de grande parte dos emergentes, era esperado que pudessem abrandar mais cedo as medidas de isolamento social e, assim, iniciar a normalização da atividade. A retomada da economia brasileira, porém, pode ser mais lenta não só porque o país foi um epicentro tardio do novo coronavírus, mas também porque a falta de coesão na adoção de medidas de quarentena deve atrasar a reabertura. Para completar, a crise política aumenta a incerteza e, com isso, diminui a previsibilidade sobre a trajetória das contas públicas, combinação negativa para o investimento externo. De acordo com o consenso de mercado do boletim Focus, o PIB brasileiro vai recuar 5,89% em 2020 e crescer 3,5% em 2021, o que resultaria em perda de média de 1,2% em cada ano. Assim, o Brasil ficaria atrás de 155 de 190 países, considerando os prognósticos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a amostra, segundo o pesquisador Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Para Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, o Brasil deve ficar para trás na retomada pós-pandemia porque o combate à covid-19 e aos seus efeitos econômicos foi desorganizado. “Fomos atingidos pelo mesmo choque, mas diferentemente do que vimos em outros países, aqui tivemos uma ‘contragestão’”, diz ela, referindo-se ao embate entre Executivo e governos regionais sobre a adoção do isolamento. Na visão de Solange, o Brasil deve também atrair menos investimento estrangeiro direto que outros países, enquanto o investimento em portfólio deve ser de curto prazo, para aproveitar os ativos financeiros baratos. “Estamos com uma insegurança jurídica muito grande”, diz, mencionando a discussão de projetos no Congresso que tabelam juros e congelam preços. “Mesmo que essas medidas fiquem restritas ao período de pandemia, são uma quebra de contrato relevante, e o investimento direto vai demorar a vir por causa disso.”
“O investidor estrangeiro já estava com o pé atrás num quadro sem covid-19, e temos crise política e incerteza mais elevada. Esse cenário segue desfavorável”, concorda Juan Jensen, sócio e economista da 4E Consultoria. Para Jensen, a retomada, porém, será tão gradual como a de outros países. “Só teremos desempenho pior que a média se entrarmos num cenário pessimista de um novo processo de impeachment.” Coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV, Armando Castelar avalia que a retração do investimento estrangeiro direto será generalizada. O Brasil, porém, deve ser mais lento na reabertura de sua economia, porque a doença ainda parece estar longe de ser controlada aqui. “Acabamos no meio do caminho, que foi ter medidas de restrição de atividade, mas sem extrairmos o benefício integral delas”, diz Castelar. A curva de contágio já teve momentos piores, quando a alta diária nos casos chegou a 10%, pondera. Agora, essa taxa está em 6%, mas reabrir totalmente a economia só é possível quando há uma estabilização entre 1% e 2%, observa ele. Para piorar esse quadro, mesmo antes da covid-19, a incerteza elevada já vinha atrapalhando a retomada, destaca Castelar, o que se acentuou com as tensões políticas recentes e deve prejudicar o processo de recuperação. Segundo o Indicador de Incerteza do Ibre/FGV, o Brasil registrou o nível mais alto num grupo de 21 países em abril e, em maio, a prévia do dado brasileiro sugere acomodação nesse patamar.
“A incerteza alta é inimigo número um de decisões de investimento. Nesse ponto, o Brasil é o patinho feio da história”, diz Bráulio Borges, economista-sênior da LCA Consultores. Borges pondera que, no primeiro semestre, a retração do PIB no Brasil não deve ficar em descompasso ante o resto do mundo. A dúvida é se o ritmo de reação será pior ou melhor. Segundo Borges, há elementos que apontam em ambas as direções. Como fator positivo, ele menciona o pacote de estímulo à economia que, no Brasil, é maior do que a média global como proporção do PIB. Do outro lado, várias medidas que o compõem se mostraram ineficazes, como a linha crédito para empresas, que teve praticamente nenhuma demanda, ponderou. Se não é possível cravar que o Brasil terá reação econômica mais lenta, o país está claramente atrás de outros na quantidade de informações sobre o vírus, critica. “O Brasil é um dos poucos países em que não temos a mínima ideia de qual é o ritmo de testagem da população, e essa informação é crucial para planejar o início da flexibilização.”
*”Investimento direto tem pior abril em 25 anos, diz BC”* - Empresas seguram aportes, e valor no mês cai para US$ 234 milhões
*”Alívio das condições financeiras pode ajudar atividade doméstica”* - Atraso em controlar a curva de contágio, porém, deverá fazer o país ficar atrás do resto do mundo na trajetória de recuperação e mais sujeito a retrocessos
*”Setores querem desoneração da folha até 2022”* - Prorrogação do benefício, previsto para acabar em dezembro, é defendida por relator de MP 936
*”Consumo menor faz IPCA-15 ter maior deflação desde 1994”* - Indicador recua 0,59% em maio, queda maior que a esperada
*”Witzel é investigado em desvio de R$ 700 milhões na Saúde”*
*”Governador acusa Bolsonaro de perseguição política”* 
- Centro da Operação Placebo, que investiga desvios de recursos da saúde, Witzel diz que presidente faz uso da PF e que outros governadores serão acossados, além de defender prisão de Flávio Bolsonaro
*”Deputada é suspeita de ter acesso a informações”* - Carla Zambelli nega acusações de ter sabido de operação e afirma que comentou fatos conhecidos
*”Moraes determina que Weintraub preste depoimento à Polícia Federal”*
*”Empresa investigada gere hospital de campanha em SP”*
 - Organização Social está na mira de três frentes de investigação em dois Estados
*”Número de armas quase quadruplica este ano”* - O número de armas novas registradas pela Polícia Federal no país quase quadruplicou nos primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e abril de 2020, a PF registrou 48.278 armas de fogo novas. Entre janeiro e abril de 2019 foram 13.451 registros. A maior parte dessas novas armas não está nas mãos de seguranças privados ou de agentes públicos, mas nas mãos de cidadãos - conforme informou a PF ao Valor. Das 48.278 armas novas registradas pela PF até abril, 28.263 foram registradas em nomes de pessoas físicas, ou “cidadãos”, termo que aparece nas tabelas com dados compilados pela PF. As outras categorias em nome de quem as armas foram registradas são as de caçadores de subsistência, servidores, empresas, órgãos públicos, fabricantes e revendedores. O armamento da população tem sido um dos temas favoritos do presidente Jair Bolsonaro desde que ele era deputado federal. O assunto voltou ao noticiário nos últimos dias, quando o ministro do Supremo Tribunal de Federal Celso de Melo tornou público vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril. Na reunião, Bolsonaro diz que a população armada tem como impedir a instalação de uma ditadura. O argumento foi usado num momento em que o presidente fazia críticas a casos de prefeitos que baixaram decretos sobre isolamento social em seus municípios e onde houve casos de pessoas sendo algemadas por circularem pelas ruas, desobedecendo as regras.
Em julho de 2019, a PF começou a acelerar os registros de armas novas. Se no primeiro quadrimestre daquele ano, oscilaram entre pouco mais de 2 mil e 4 mil por mês; a partir de julho os registros ficaram na casa dos 7 mil e 10 mil. Em dezembro, houve um pico de quase 19 mil registros de armas novas. Este ano, entre janeiro e abril, ficaram na casa dos 9 mil a 10 mil registros por mês, com novo pico em março de quase 19 mil. Os Estados onde houve o maior número de registros de armas novas até abril por parte de pessoas físicas foram Rio Grande do Sul (4.064 registros), Minas Gerais (3.439), Santa Catarina (2.723) e Paraná (2.310). A instituição também computa os registros de armas usadas e as renovações de registros. Nesse caso, até abril a PF expediu um total de 67.695 registros. No mesmo período de 2019 foram 61.014. Segundo a PF, existem hoje 414.224 armas de fogo em posse de cidadãos com registros válidos. O número de portes de armas expedidos pela PF para fins de defesa pessoal é bem menor: 8.827. Nos primeiros quatro meses deste ano, a PF concedeu 1.232 portes para defesa pessoal - ante 724 do mesmo período do ano passado.
*”Empresas querem manter subsídio a salário na Europa”* - Governos europeus estão pagando parte do salário dos trabalhadores, num esquema de licença remunerada. Com o fim gradual das medidas de isolamento, esse esquema deveria ser encerrado. Mas empresas alegam que operarão aquém da capacidade por algum tempo ainda
*”EUA ameaçam pagar para empresas repatriarem produção da China”* - Governo americano critica lei de segurança chinesa para Hong Kong, que deve reduzir a autonomia do território, e ameaça sanções contra a China
*”França anuncia ajuda de € 8 a montadoras”* - Governo francês apoiará o setor automotivo do país por meio de aumento de subsídios para compra de carros elétricos e híbridos e apoio à pesquisa voltada ao uso de hidrogênio como fonte de energia e aos carros autônomos
*”Dados elevam otimismo com reabertura nos EUA”* - Índice de confiança do consumidor e dados sobre vendas de novas casas nos EUA indicam otimismo com a economia americana, em meio ao processo de reabertura dos Estados
*”Aras avalia transferir ao Congresso análise de interferência na PF”* - Titular da PGR poderá apontar crime de responsabilidade e evitar denúncia contra Bolsonaro
*”Projeto obriga hospitais privados a ceder leitos para pacientes com covid-19”*
*”Câmara aprova texto-base da medida que aumenta mínimo para R$ 1.045”*
*”Relator tenta garantir votação de regularização fundiária”*

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