terça-feira, 26 de maio de 2020

Bolsonaro soltou uma nota oficial na qual afirma esperar que Aras arquive o inquérito

O presidente Jair Bolsonaro surpreendeu a todos, ontem, quando ocorria via teleconferência a solenidade de posse do subprocurador-geral da República, Carlos Alberto Vilhena, na cadeira de Direitos do Cidadão. Enquanto acompanhava a live, Bolsonaro ao microfone se virou para o procurador-geral Augusto Aras. “Se me permite a ousadia, se me convidar, vou agora aí apertar a mão do nosso novo colegiado maravilhoso da Procuradoria-Geral da República.” 

Aras logo respondeu. “Estaremos esperando Vossa Excelência com a alegria de sempre.” No improviso, e fugindo à rotina, o presidente foi e por lá ficou coisa de quinze minutos. Pouco após, Bolsonaro soltou uma nota oficial na qual afirma esperar que Aras arquive o inquérito com a denúncia do ex-ministro Sérgio Moro de que ele interferiu com objetivos pessoais na Polícia Federal. (Poder 360)

Vera Magalhães: “A nota em raro tom sóbrio evidencia que o presidente percebeu a gravidade da crise institucional depois da divulgação da versão quase integral da reunião ministerial comandada por ele em 22 de abril. A primeira reação do bolsonarismo foi a fanfarronice de sempre: apoiadores do presidente se apressaram em dizer que o vídeo era ótimo e reelegeria Bolsonaro. Passada a euforia inflada, restou o mal estar nos Poderes, nos estados e sobretudo no exterior com as barbaridades. Ainda no domingo, a euforia falsa deu lugar ao costumeiro tom de bravata. Bolsonaro foi às redes ameaçar veladamente Celso de Mello com a Lei de Abuso de Autoridade. A reação imediata e dura de juristas e ministros do STF levou a novo recuo, desta vez na forma de uma nota inusualmente comedida. Bolsonaro diz que reafirma o compromisso com a democracia, nega que tenha interferido na Polícia Federal e diz que não abrirá mão de suas prerrogativas. Em tom levemente ameaçador, diz que espera o arquivamento do inquérito e ‘responsabilidade’ no trato da questão. A preocupação com o inquérito ficou evidente também na visita fora da agenda que fez a Augusto Aras, a quem cabe a decisão de denunciá-lo por interferir na PF ou pedir o arquivamento da investigação.” (BR Político)

Enquanto isso... A PF foi ao Planalto com ordem judicial e recolheu a câmera usada para gravar a reunião. É para que passe por perícia para ter certeza de que não houve edição do vídeo. (G1)



São os generais palacianos que estão conduzindo as negociações do governo com o Centrão, de forma a criar maioria na Câmara que inviabilize um processo de impeachment. O ministro-chefe da secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, comanda o time do governo e tem por principal articulador o líder dos Progressistas, Arthur Lira. O também general Braga Netto participa de algumas das conversas. Segundo ouviu a jornalista Jussara Soares, não há constrangimentos — Ramos apresenta uma lista de cargos em oferta, Lira escolhe. “Não fica nem vermelho”, comentou em tom irônico um deputado do Centrão. O encontro tem apelido em Brasília. Centrão Verde-Oliva. (Estadão)

Pela primeira vez, ontem, ocorreu na Câmara uma reunião da liderança do governo que já incluía parlamentares de Progressistas, Republicanos, PRB, Patriota, PSC, PP, PTB, PSD e PROS. Representam juntos, de acordo com Gerson Camarotti, 183 deputados. (G1)

Memória: no lançamento da campanha presidencial de Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno cantou — “Se gritar pega Centrão, não sobra um meu irmão.” (Twitter)



O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, assumiu como presidente do Tribunal Superior Eleitoral em outra cerimônia transmitida por live e igualmente assistida pelo presidente Jair Bolsonaro. “A falta de educação produz vidas menos iluminadas, trabalhadores menos produtivos e um número limitado de pessoas capazes de pensar criativamente um país melhor e maior. A educação, mais que tudo, não pode ser capturada pela mediocridade, pela grosseria e por visões pré-iluministas do mundo. Precisamos armar o povo com educação, cultura e ciência”, afirmou em seu discurso, sem explicitar que se referia aos desejos manifestados pelo ministro Abraham Weintraub, da Educação, de que alguns ‘vagabundos do STF’ deveriam ser presos. “Nós já percorremos e derrotamos os ciclos do atraso. Hoje, vivemos sob o reinado da Constituição, cujo intérprete final é o STF. Como qualquer instituição em uma democracia, o Supremo está sujeito à crítica pública e deve estar aberto ao sentimento da sociedade. Cabe lembrar, porém, que o ataque destrutivo às instituições, a pretexto de salvá-las, depurá-las ou expurgá-las, já nos trouxe duas longas ditaduras na República. São feridas profundas na nossa história, que ninguém há de querer reabrir.” Neste caso, Bolsonaro não pediu para ir apertar a mão. (G1)



O exame do presidente do Supremo, Dias Toffoli, deu negativo para Covid. Com sintomas da doença, seguirá internado para que novo exame confirme o primeiro resultado. (G1)



A partir de hoje, Grupo Globo, Folha e Band não estarão mais presentes à porta do Palácio do Alvorada, residência do presidente. Bolsonaro costuma parar ali para falar com a claque, transmitir lives, sempre que sai e que entra. Mas a agressividade dos bolsonaristas vem aumentando e as preocupações com segurança dos profissionais escalou junto. Até semana passada, duas grades separavam manifestantes de repórteres e o número de convidados do presidente não passava de 35. Nesta segunda-feira, uma das grades foi retirada e o número de bolsonaristas dobrou. (Congresso em Foco)

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