“Ih, filho, minha vida tá embaçada”. Essas são as primeiras palavras de Ilma Paulino, de 47 anos, ao ser perguntada sobre como a pandemia de coronavírus vem afetando sua rotina na Brasilândia, o distrito de São Paulo campeão em número de mortes pela covid-19. Seu irmão, que tem mais de 60 anos e mora em outra rua, está entubado na UTI e não vem respondendo aos tratamentos. “E eu vou levando minha vida, como Deus quer. Mas até onde vai, não sei”. O relato de Ilma retrata algumas das dificuldades enfrentadas pelos moradores da periférica Brasilândia, localizada na zona norte de São Paulo e uma das áreas mais populosas da capital paulista, que ainda espera a inauguração de um hospital da prefeitura. A reportagem de Felipe Betim conta como as famílias perdem ‘bicos’ em meio à pandemia e a maioria das pessoas usa máscara nas ruas, mas reclama de desrespeito ao isolamento social, especialmente pelos mais jovens.
No Brasil, a pandemia segue avançando, mas o país continua às cegas, sem todos os dados de que precisa. Nesta terça, o Ministério da Saúde registrou mais 600 mortes por covid-19 no Brasil, um recorde de notificação em apenas 24 horas, somando 7.921 vítimas da pandemia no país. Já são 114.715 as infecções por coronavírus notificadas, e 48.221 (42% do total) pessoas são consideradas recuperadas. Apesar do número mais elevado registrado até hoje num único dia, ainda é impossível determinar qual foi a data que registrou o pico de mortes no país, uma vez que ao menos 1.579 óbitos ainda estão sob análise. A reportagem de Joana Oliveira e Beatriz Jucá conta sobre dois estudos que fazem projeções de casos no país, que pode se tornar o novo epicentro global da pandemia, enquanto dados oficiais seguem defasados pela falta de testes e de resultados dos exames feitos na rede particular.
Em sua coluna, o jornalista Jamil Chade fala sobre como o Brasil perdeu seu status de democracia liberal perante o mundo e cita a avaliação do Instituto V-Dem, que classificou o país como uma mera democracia eleitoral. "Relatos se espalham pelo país sobre como enfermeiras e médicos estão sendo alvos de ataques de apoiadores do Governo. Não faltam agressões morais contra professores, artistas, intelectuais ou cientistas, todos eles vistos como potenciais ameaças", escreve.
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quarta-feira, 6 de maio de 2020
Famílias isolam seus idosos à espera de um hospita
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