São Paulo, epicentro da pandemia do novo coronavírus, começa na segunda-feira uma política de relaxamento da quarentena ainda cercada de dúvidas. Mesmo sem chegar a metas estipuladas para a reabertura, o Governo apresenta um plano de retomada de atividades dividido em cinco fases. Concessionárias, escritórios, lojas e shoppings poderão reabrir suas portas a partir de 1º de junho, em algumas cidades, incluindo a capital, que tem 91% dos leitos de UTI reservados para a covid-19 ocupados. No caso da capital paulista, o detalhamento do plano deve acontecer nesta quinta. O anúncio surpreendeu, já que nem o Estado nem a capital começaram a inverter a tendência de óbitos e novos casos da doença, como aconteceu em outras cidades do mundo que entraram em desconfinamento. "Mais uma vez serão os pobres os jogados ao coronavírus em nome de se tentar salvar uma economia que não se recuperará com as portas abertas de shoppings centers", escreve Talita Bedinelli.
Em Brasília, foi mais um dia de alta tensão no embate entre o Supremo e o Planalto. Nesta quarta, a Polícia Federal bateu à porta de 29 bolsonaristas, incluindo oito parlamentares. Com base no controverso inquérito das fake news, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes ordenou buscas e apreensões contra os apoiadores do presidente e determinou, contra quatro deles, a quebra de sigilo bancário e fiscal desde julho de 2018 até abril de 2020, período que abarca a campanha presidencial —um desdobramento que pode se mostrar explosivo. O mandatário do país reagiu no Twitter e seu filho cobrou medidas "enérgicas" contra a Corte.
Em sua coluna, a escritora e jornalista Eliane Brum vê subserviência da imprensa e das instituições diante do Governo militar liderado por Bolsonaro. "Bolsonaro existe politicamente e está no poder porque a cúpula militar absolveu um membro da corporação que trabalhava na execução de um plano terrorista para chamar a atenção para uma reivindicação salarial. Tivesse sido condenado pelo que de fato era e fez, a história seria outra. Foi a impunidade que os militares seguiram autorizados a cultivar, em função de seus interesses corporativos, mesmo após a redemocratização, que gestou o personagem Bolsonaro", escreve.
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