Jair Bolsonaro repetiu no fim de semana o roteiro que vem seguindo desde o início da pandemia da covid-19: após dias de alta tensão política, o presidente se reuniu com apoiadores pelas ruas de Brasília, novamente desrespeitando as recomendações de isolamento social e, mais uma vez, endossou protestos contra o Judiciário e o Legislativo federal. Em suas redes, publicou um trecho da Lei de Abuso de Autoridade, com a qual insinuava que o decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, poderia ser preso por ter autorizado a divulgação quase na íntegra da famigerada reunião ministerial do dia 22 de abril. A escalada da crise entre Bolsonaro e o STF acontece em meio à expectativa por uma enxurrada de representações nos próximos dias contra o mandatário e ao menos quatro de seus ministros, por potenciais crimes revelados pelas imagens do encontro, divulgadas como parte do inquérito que apura se o presidente cometeu cinco delitos ao tentar interferir politicamente na Polícia Federal.
Enquanto Brasília aguarda os desdobramentos da nova ofensiva legal contra o Governo Bolsonaro, a população observa o avanço do coronavírus no país: os casos confirmados já são 363.211, fazendo do Brasil o segundo com mais infecções no mundo, atrás apenas dos EUA —que no domingo determinou a proibição da entrada de passageiros vindos do país. O veto ao Brasil é um constrangimento para o bolsonarismo, que vê em Donald Trump um de seus grandes aliados. Mesmo assim, o Governo minimizou a decisão da Casa Branca. "Não há nada específico contra o Brasil. Ignorem a histeria da imprensa”, afirmou em uma rede social o assessor especial da Presidência para Relações Internacionais, Filipe Martins. O Brasil puxa os números da doença na América Latina, que já concentra metade dos casos globais.
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