terça-feira, 12 de maio de 2020

Bolsonaro diz que lamenta mortes e manda abrir salões de beleza

Pela primeira vez desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro declarou ontem que sente pela morte dos brasileiros levados pelo novo coronavírus. “Lamento cada morte que ocorre a cada hora”, disse no cercadinho em frente ao Alvorada, quando chegava em casa. “O que nós podemos fazer é tratar com o devido zelo o recurso público”, afirmou ainda, explicando o que considera estar entre as ações que o governo federal tem capacidade de executar. Referia-se às suspeitas de superfaturamento que há em alguns estados a respeito da compra emergencial de equipamento como respiradores. (G1)

Pois é... Ontem mesmo, Bolsonaro assinou uma portaria incluindo entre serviços essenciais academias de ginástica, salões de beleza, cabeleireiros e barbearias. “Porque é higiene”, explicou. O presidente está determinado a trabalhar para que as pessoas saiam de casa e ponham a economia para girar. “Cada percentual que se aumenta no número de desempregados, a violência cresce também.” Os governadores devem ignorar a ordem. Pelo menos seis já se manifestaram neste sentido, incluindo o paulista João Doria e o maranhense Flávio Dino. (Poder360)

Quem foi pego de surpresa pela informação foi o ministro da Saúde, Nelson Teich. Ele soube da decisão por jornalistas, durante uma entrevista coletiva. Ao mesmo tempo, subia no Twitter a hashtag #ForaTeich, numa operação impulsionada por bolsonaristas. (Antagonista)

Vídeo: Assista ao anúncio pelo presidente seguido da reação de surpresa contida do ministro. (UOL)

Enquanto isso... Em debate na GloboNews, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta prevê que os números de mortes devem continuar crescendo até julho, quando entra em platô. Só começa a descer na segunda quinzena de agosto, de acordo com seus números. (G1)



O ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, confirmou em depoimento que foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro sem participação do ex-ministro Sérgio Moro. Ele falou no inquérito que apura se as acusações que Moro fez ao presidente de tentar interferir em investigações da PF são verdadeiras. Segundo o ex-diretor, o presidente lhe disse que preferia alguém com quem ele tivesse afinidade no cargo. Leia a íntegra. (G1)

De forma velada, Valeixo mencionou um episódio em particular, pinçado pelo Painel: uma pessoa de dentro do ministério da Justiça tentou mobilizar um helicóptero e alguns policiais federais para trabalhar na operação que terminaria com a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, ligado ao senador Flávio Bolsonaro. Era uma operação secreta que não deveria estar sendo discutida fora dos âmbitos de investigação. Além disto, legalmente estas cooperações são resolvidas internamente, entre as polícias, sem participação de autoridades. Não deu mais detalhes. (Folha)

O diretor da Abin e favorito de Bolsonaro para o comando da PF, Alexandre Ramagem, também depôs. Seu nome foi vetado pelo Supremo por conta da suspeita de ser próximo da família presidencial. Segundo Bela Megale, Ramagem negou amizade com Carlos Bolsonaro e acusou Moro de desqualificá-lo. (Globo)

Hoje depõem os ministros-generais palacianos. Entrevistado por Fernando Rodrigues, o general Luiz Carlos Ramos afirma que as intenções do presidente eram legais. “Em qualquer país do mundo você precisa de informações sobre fronteiras, crimes transnacionais, grupos radicais se reunindo”, explicou, dizendo que era este tipo de inteligência que Bolsonaro procurava. “Mas ele já tem acesso”, contrapôs o jornalista. “Mas ele os considera não tão no nível que queria”, explicou o general. Ramos se queixou de que o presidente não é compreendido. “Prefiro um presidente meio grosso do que um falso.” (Poder 360)



Em entrevista ao Roda Viva, ontem, o presidente do Supremo Dias Toffoli afirmou que não percebe a democracia em risco. Apenas a democracia representativa. Assista. (Twitter)

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