sexta-feira, 17 de julho de 2020

A roleta russa da "imunidade de rebanho"

Brasil

Na semana em que o Brasil alcança a marca de dois milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus (exatamente, 2.012.151, de acordo com o Ministério da Saúde) e 76.668 mortes, não se fala em outra coisa a não ser a imunidade coletiva, também chamada de “imunidade de rebanho”, expressão que remete à dinâmica natural de transmissão de doenças infecciosas. De acordo com os cientistas, essa imunidade coletiva acontece quando o número de pessoas resistentes ao vírus atinge uma fração da população suficientemente alta para que ele não encontre mais indivíduos suscetíveis à infecção. A reportagem de Joana Oliveira alerta, entretanto, que não há consenso científico sobre taxa de infecção da população para alcançar imunidade coletiva nem sobre quanto dura a proteção. A estratégia é uma 'roleta russa' apontada contra os mais vulneráveis.
Em janeiro, quando se supunha que só havia 41 pessoas infectadas por um misterioso coronavírus na cidade chinesa de Wuhan, vários grupos de cientistas iniciaram uma corrida contra o relógio para desenvolver a vacina contra uma doença que nem nome tinha. Seis meses depois, já existem 163 vacinas experimentais contra a covid-19, e 23 delas estão sendo testadas em humanos. Nunca se viu nada igual. A corrida ganhe ares de batalha geopolítica. Nesta quinta, o Reino Unido acusou a Rússia de tentar usurpar a propriedade intelectual dos laboratórios e universidades que trabalham no desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus. E, no Brasil, qual é nosso estágio? Nesta sexta, Ricardo Palacios, do Instituto Butantan, que coordena testes com a vacina chinesa no Brasil, conta em entrevista ao vivo no EL PAÍS, às 17h. Mande suas perguntas.
Ainda nesta edição, 70 anos depois do Maracanazo, Breiller Pires relembra os jogadores negros da seleção de 1950, que foram injustamente crucificados após derrota para o Uruguai no Maracanã, mas penduraram as chuteiras como ídolos de seus clubes. A sombra do Maracanazo inspirou, inclusive, ideias eugenistas na seleção, que cogitou embranquecer o time antes de conquistar seu primeiro título mundial sob a batuta de Garrincha e Pelé.

A "roleta russa" da imunidade de rebanho aponta para os vulneráveis
A "roleta russa" da imunidade de rebanho aponta para os vulneráveis
Não há consenso científico sobre taxa de infecção da população para alcançar imunidade coletiva nem sobre quanto dura a proteção

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