O alerta é de Bernard Appy, economista que talvez seja o maior especialista no sistema tributário brasileiro. A discreta reforma tributária apresentada pelo ministro Paulo Guedes pode terminar por elevar a carga de impostos. “O governo não apresentou os cálculos para mostrar como chegou a esse resultado”, comentou Appy. Uma das constatações é de que bancos pagarão menos enquanto o setor de serviços, mais. (CBN)
Pois é... Com um aumenta de alíquota que salta dos 4,5% de PIS/Cofins e vai para 12% com o novo CBS, o setor quer travar a reforma. (Estadão)
A recepção não foi boa. A manchete do Estadão impresso de ontem já seguia por esta linha: Proposta do governo prevê imposto menor para bancos. Hoje, o editorial do Globo bate duro.
O Globo: “Faz mais de ano o Executivo anuncia que divulgaria em questão de dias sua proposta de reforma tributária. Além de tardia, foi tímida. Na ‘primeira etapa’ — outras três estão previstas —, propõe apenas a unificação de PIS e Cofins num só imposto, a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). É pouco. Duas propostas que tramitam na Câmara e no Senado preveem simplificação maior, reunindo entre cinco e sete tributos num só. Em vez de trabalhar pela convergência das duas, o Executivo preferiu seguir o caminho aparentemente mais fácil que unifica apenas os dois impostos, provavelmente acreditando que apresentar algum avanço seria melhor do que nada. Seria mesmo, se avanço houvesse. A proposta enviada ao Congresso representa, contudo, um risco concreto de retrocesso. As alíquotas propostas para a nova CBS promovem desequilíbrio entre setores econômicos. Igrejas, partidos, entidades de classe e a Zona Franca ficariam isentos. Bancos, seguradoras e instituições financeiras pagariam alíquota de 5,8%. As demais empresas, 12%, mais que a maior parte das alíquotas praticadas hoje. Segundo, porque a proposta pune alguns dos setores mais atingidos pela pandemia, em especial os intensivos em mão de obra, que não geram créditos para compensar no modelo adotado pelo novo imposto. É o caso de hotéis, restaurantes, hospitais, empresas aéreas, de telecomunicações, segurança ou educação. O efeito seria particularmente nefasto para os negócios já ameaçados pelo novo coronavírus.”
E uma errata: ontem chamamos Appy de Robert. Caramba. É Bernard.
O presidente Jair Bolsonaro é pior avaliado entre os brasileiros de maior renda (61% dos que ganham mais de dez salários o desaprovam) e maior escolaridade (68% dos com nível superior). Os números são do Data Poder360. Sua popularidade anda pior na região Nordeste (54% de rejeição) e Sudeste (51%). Ela é melhor no Norte (53% o aprovam) e Centro-Oeste (49%). No conjunto, 46% dos entrevistados o desaprovam e 43% o aprovam. Nos últimos quinze dias, sua avaliação positiva teve alta de três pontos percentuais — uma alta que coincide com o silêncio do presidente e a diminuição de conflitos. Bolsonaro é mais popular entre homens (49%) do que entre mulheres (aprovação de 37%). Dentre os entrevistados, 43% consideram seu governo ruim ou péssimo, 30% ótimo ou bom e, 23%, regular. (Poder360)
A deputada Bia Kicis não é mais vice-líder do governo no Congresso Nacional. O fato de ela ter votado contra o Fundeb quando o governo já orientava no sentido contrário pesou. Mas a decisão, diz Natuza Nery, tem a ver também com um pedido do Centrão, que deseja moderar a pauta governista. Kicis é próxima do grupo ideológico bolsolavista. (G1)
Meio em Vídeo: Na entrevista da semana, o semioticista Paolo Demuru, aluno de Umberto Eco, analisa como Jair Bolsonaro e o italiano Matteo Salvini usam símbolos e linguagem para atrair seus eleitores.
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