segunda-feira, 27 de julho de 2020

O impacto da nova guerra fria no mundo

Brasil

Três décadas depois da queda do muro de Berlim, as duas superpotências do século XXI parecem lançadas a uma nova guerra fria. Os Estados Unidos e a China avançam em uma espiral de ameaças, sanções e acusações de espionagem de consequências imprevisíveis. Há, entretanto, uma diferença radical em relação à crise que se desenvolveu durante a segunda metade do século XX: A antiga União Soviética nunca foi a potência econômica que é a China. “Para mim, isso significa que essa guerra vai durar pelo menos tanto como aquela ou até mais”, diz Gary Hufbauer, especialista do Instituto Peterson de Economia Internacional e, principalmente, um veterano da primeira linha de fogo daquela interminável contenda com Moscou. O calibre das fricções é tal que ninguém mais minimiza sua relevância: trata-se da maior crise entre as duas potências desde que China e EUA estabeleceram laços diplomáticos plenos em 1979. Nesta edição, destacamos uma reportagem especial, assinada a muitas mãos, sobre o duelo pela hegemonia global que deixa o mundo apreensivo.
Enquanto o mundo observa com tensão o desenrolar da guerra fria do século XXI, no Brasil, a crise sanitária causada pelo novo coronavírus segue fazendo vítimas e tendo impacto sobre a política. No dia em que o país ultrapassou a marca de 87.000 mortes causadas pela covid-19, uma coalizão de mais de 60 sindicatos e movimentos sociais ―a maioria deles de profissionais de saúde, sob a liderança da Rede Sindical UniSaúde― levou ao Tribunal Penal Internacional de Haia um pedido para que o presidente Jair Bolsonaro seja penalizado por ignorar orientações técnicas nas ações relacionadas à pandemia. No documento de 64 páginas, argumenta-se que Bolsonaro praticou crime contra a humanidade tanto por incentivar ações que aumentam o risco de proliferação do vírus quanto ao se recusar a implementar políticas de proteção para minorias. “Essa atitude de menosprezo, descaso, negacionismo, trouxe consequências desastrosas, com consequente crescimento da disseminação, total estrangulamento dos serviços de saúde, que se viu sem as mínimas condições de prestar assistência às populações, advindo disso, mortes sem mais controles”, afirma o documento.
Para começar a semana bem, recomendamos a leitura de um delicioso perfil da escritora norte-americana Octavia E. Butler, uma pioneira da ficção científica e do afrofuturismo. Embora fosse notadamente revolucionária, Butler não foi reconhecida em sua época (entre os anos setenta e oitenta), mas muito depois, após sua repentina morte em 2006. No Brasil, a coleção de contos e ensaios foi lançada pela editora Morro Branco. E ainda, um guia com oito atividades simples para treinar e manter seu cérebro em forma.

Especial | O impacto da nova guerra fria
Especial | O impacto da nova guerra fria
Do confronto nos âmbitos comerciais e tecnológicos à competição armamentista e a luta pela influência nos diversos continentes, China e EUA protagonizam uma disputa pela hegemonia global repleta de perigos e de final incerto

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