CAPA – Manchete principal: *”Contágio de vírus ainda cresce em 60% das grandes cidades”*
EDITORIAL DA FOLHA - *”Reformas tardias”*: A maior lacuna da reforma da Previdência Social aprovada no ano passado foi a exclusão dos estados e municípios, cujos servidores preservaram condições mais favoráveis —e insustentáveis— para a aposentadoria do que as fixadas para o funcionalismo civil federal. Os regimes estaduais e municipais saíram do texto por uma combinação de covardia e oportunismo político. Parte dos governadores hesitou em apoiar publicamente a proposta, e os congressistas não quiseram arcar sozinhos com o ônus de contrariar as corporações de suas bases eleitorais. Determinou-se, ao menos, que os entes federativos deveriam elevar as alíquotas da contribuição previdenciária de seus funcionários até 31 de julho próximo, sob pena de perderem acesso a verbas. Desde então, premidos pela implacável realidade orçamentária, governadores e prefeitos de diferentes partidos e orientações ideológicas trataram de promover reformas locais. O avanço, previsivelmente, tem sido difícil e desigual. Como noticiou a Folha, 13 dos 26 estados aprovaram mudanças nas regras de aposentadoria —estabelecendo, por exemplo, idades mínimas iguais ou semelhantes às do regime federal— e elevaram as alíquotas de contribuição. Outros 7, além do Distrito Federal, apenas majoraram as alíquotas. Seis retardatários —Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Tocantins, Roraima, Rondônia e Tocantins— nem isso fizeram. De mais positivo, vão caindo tabus em torno do tema, sem dúvida delicado em qualquer contexto. Estados governados pelo PT, casos de Bahia, Ceará e Piauí, estão entre os reformistas, o que deveria levar o partido a rever seu discurso demagógico e recalcitrante a respeito dos direitos previdenciários. Pois o fato é que o crescimento inexorável das despesas e dos déficits com os regimes de aposentadoria vai tomando o lugar de políticas mais prioritárias. A maioria dos estados já gasta mais com inativos do que com educação. Em São Paulo, por exemplo, que concluiu sua reforma em março, a Previdência consumiu R$ 34,7 bilhões em 2019, ou 14,5% do Orçamento estadual. O montante supera os destinados ao ensino (R$ 30 bilhões), à saúde (R$ 22 bilhões) e à segurança pública (R$ 19,8 bilhões). As resistências corporativas à racionalização dos benefícios são particularmente fortes nos estados, onde categorias numerosas como policiais e professores gozam de tratamento especial e o Judiciário se vale de inúmeros penduricalhos para elevar seus ganhos. Dado que os entes federativos recorrem periodicamente à União em busca de socorro financeiro, cabe ao Executivo e ao Legislativo federais induzir os ajustes dos regimes previdenciários locais. É impensável, portanto, atender às pressões pelo relaxamento das exigências mínimas hoje existentes.
PAINEL - *”Dados sobre Covid-19 do Ministério da Saúde são inconsistentes, dizem secretários”*: O conselho dos secretários estaduais de Saúde solicitou reunião com Eduardo Pazuello para discutir inconsistências de dados nos sistemas de monitoramento de casos de Covid-19 do governo federal. Em ofício enviado ao interino da Saúde, a entidade aponta a coexistência de dois sistemas paralelos que são alimentados de forma diferente e, por isso, chegam a informações conflitantes. O Conass quer a integração entre os dois modelos, também com os dados dos estados. Segundo secretários estaduais, não é possível avaliar as políticas públicas se os dados consolidados pelo Ministério de Saúde não estão corretos. Ainda de acordo com eles, um dos sistemas leva, por exemplo, à interpretação de que metade dos internados em Pernambuco teria morrido. A reunião com Pazuello ainda não foi marcada.
PAINEL - *”Procuradora nota 'efeito Gilmar' em liberação de verbas do Ministério da Saúde”*: A procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo Élida Graziane diz ter notado nos dados de repasses de verbas da Saúde para estados e municípios um possível 'efeito Gilmar Mendes', em alusão às críticas feitas pelo ministro do STF à gestão de Eduardo Pazuello. Nesta quarta-feira (15), o Ministério da Saúde liberou R$ 4,977 bilhões para estados e municípios para o combate ao coronavírus. O valor, segundo notou a procuradora, equivale a 42% de tudo o que havia sido liberado até então, desde 18 de março, quando Jair Bolsonaro baixou o decreto de calamidade pública em razão do coronavírus. "A pressão do Ministro Gilmar Mendes parece ter chegado à execução orçamentária do Ministério da Saúde", escreveu Élida em uma rede social. O repasse coincidiu com o aniversário de dois meses do general Pazuello no cargo. Em live nesta quinta (16), sobre pacto federativo e as finanças estaduais, o ministro Gilmar Mendes comentou conversa que teve com o economista José Roberto Afonso, especialista em contas públicas, sobre a liberação de verbas da véspera. "Zé Roberto me chamava atenção, que talvez um subproduto dessa querela com o Ministério da Saúde ou com a gestão do Ministério da Saúde é que nós tivemos de súbito a liberação de recursos que estavam travados. Se disse brincando que era efeito positivo da polêmica Gilmar x Ministério da Saúde", afirmou Gilmar. "Não é possível que essas coisas ocorram ao acaso, é preciso que haja regularidade, fundamentalmente na área da saúde", concluiu o ministro.
PAINEL - *”Governo dos EUA vai pagar construção de hospital de campanha no Maranhão”*: O Departamento de Defesa do governo dos Estados Unidos vai custear a construção de um hospital de campanha para o combate ao coronavírus em Bacabal, cidade a 240 km de São Luís, no Maranhão. Segundo ofício do cônsul-geral do país norte-americano John M. Barrett ao governo Flávio Dino (PC do B), o hospital terá 40 leitos e "contará com qualidade semelhante a dos hospitais de campanha utilizados em nível doméstico e internacional pelos Estados Unidos". O governo norte-americano contribuirá com macas, ar-condicionado e geradores, que têm chegada prevista para agosto. Além da estrutura, já doou equipamentos de proteção individual e cestas básicas para a administração do Maranhão. Os insumos e os profissionais do hospital serão fornecidos pelo governo do Maranhão, que solicitou a doação ao governo norte-americano por meio de sua secretaria de Indústria, Comércio e Energia. "Bacabal é uma região central, precisamos de reforços para a cidade e para a região. Com a dificuldade econômica do Maranhão, que já existia, é difícil combater um inimigo invisível. Precisamos da ajuda de todos. Sendo os Estados Unidos, a gente agradece muito, já que não temos muita ajuda do governo federal", diz Simplício Araújo, secretário de Indústria do Maranhão. Ele diz que tem recebido provocações de bolsonaristas, que apontam que o governo de esquerda foi buscar apoio dos Estados Unidos. "Digo para eles que aprendi na China que não importa a cor do gato, o importante é que mate o rato", afirma, aos risos.
PAINEL - *”Entidades de direitos humanos elevam tom e pedem resposta de Doria sobre dados da PM”*: Após quase um mês sem resposta de João Doria (PSDB), organizações negras, movimentos sociais e entidades de direitos humanos que se uniram para cobrar medidas contra a violência policial em São Paulo elevaram o tom com o governador. Eles pedem retorno até segunda (20) sobre agendamento de audiência para tratar de transparência dos números e sobre protocolos de abordagem da Polícia Militar. Passado o prazo, afirmam, novas medidas serão colocadas em prática.
PAINEL - *”Funcionários se queixam e senador fecha gabinete após dois casos de coronavírus”*: Funcionários do gabinete do senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo, dizem estar se sentindo inseguros com a condução da rotina de trabalho. Eles afirmam que na semana passada o parlamentar não foi trabalhar, já que havia se encontrado com Jair Bolsonaro. No entanto, o gabinete manteve trabalho presencial. Gomes diz ter afastado todos com comorbidades e que fechou o gabinete nesta semana, após duas funcionárias receberem o diagnóstico de Covid-19. Ele afirma que o trabalho tem sido igual ao dos demais —seus assessores se queixam do excesso de visitas. Acrescentou que quem está reclamando não está sendo profissional.
PAINEL - *”Itaú acusa vereador de violação de sigilo fiscal”*: O banco Itaú fez um pedido de abertura de inquérito policial contra o vereador Ricardo Nunes (MDB) por suposta violação de sigilo fiscal. A CPI da Sonegação Fiscal da Câmara, presidida por Nunes em 2019, levou a gestão Bruno Covas (PSDB-SP) a multar o Itaú em R$ 3,8 bilhões por suposta fraude fiscal. Em seu pedido, o banco argumenta que ao anunciar na Câmara que existia a autuação e citar seu valor aproximado, Nunes publicizou informações sigilosas.
*”Depósito em dinheiro de Queiroz ajudou mulher de Flávio Bolsonaro a quitar parcela de apartamento”* - O policial militar aposentado Fabrício Queiroz depositou R$ 25 mil em dinheiro vivo na conta da mulher do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), de quem era assessor, uma semana antes de o casal quitar a primeira parcela na compra de uma cobertura em construção na zona sul do Rio de Janeiro. Dados da quebra de sigilo bancário obtidos pelo Ministério Público do Rio indicam que o depósito, junto com outras movimentações financeiras na conta da dentista Fernanda Bolsonaro, foi feito para dar cobertura ao pagamento da entrada no imóvel. Entre os outros valores, há também um crédito em espécie de R$ 12 mil realizado por uma pessoa cuja identidade é mantida sob sigilo. (...) Segundo os dados da investigação da Promotoria, dias antes de a família de Flávio Bolsonaro pagar R$ 110,5 mil de custos pela entrada no apartamento, em agosto de 2011, houve um movimento de créditos na conta de Fernanda para cobrir a despesa futura. O primeiro foi realizado por Queiroz, no dia 15. Dois dias depois, a conta da dentista Fernanda Bolsonaro recebeu R$ 74,7 mil de resgate de aplicações em fundos. No dia 19, há um novo depósito em espécie (feito por pessoa cujo nome não é revelado) na conta da mulher do hoje senador e filho mais velho de Jair Bolsonaro. Toda a movimentação nesses quatro dias gerou um crédito adicional de R$ 111,7 mil na conta da dentista. Os gastos com a cobertura começam no dia 19, data do último crédito. Ela primeiro paga R$ 1.610 ao 15º Ofício de Notas, cartório no qual a compra da cobertura na planta foi registrada. No dia 22, Fernanda tem um cheque de R$ 73.140 compensado. A quebra não identifica o nome da empresa beneficiada, mas se trata da mesma data e valor de pagamento do casal à construtora responsável pelo condomínio Cenário Laranjeiras. No dia seguinte, outro cheque de R$ 35.770 é compensado em favor da imobiliária Patrimóvel, responsável até hoje pela venda das unidades do condomínio. Em compras de imóveis em construção, é comum o comprador pagar a taxa de corretagem diretamente à imobiliária, debitando o valor do total do pagamento à construtora. Esse não é o primeiro indício de vínculo entre Queiroz e despesas pessoais da família de Flávio. O MP-RJ obteve, por exemplo, imagens da agência bancária do Itaú na Assembleia Legislativa do Rio mostrando o PM aposentado pagando em dinheiro a mensalidade escolar das filhas do senador em outubro de 2018. Os promotores suspeitam que a mesma dinâmica ocorreu no pagamento de outros 53 boletos da escola entre 2014 e 2018 feito com dinheiro vivo na boca do caixa. Eles somam R$ 153,2 mil. O mesmo ocorreu com a mensalidade do plano de saúde da família do senador. Foram 63 boletos pagos em dinheiro entre 2013 e 2014, somando R$ 108,4 mil. Também houve uso de dinheiro vivo na compra de mobiliário para outro apartamento do casal e na quitação de débito com uma corretora de valores. Investigadores afirmam que os recursos em espécie usados nas operações do senador têm como origem o esquema da “rachadinha”. O uso de papel-moeda visa dificultar o rastreio do caminho do dinheiro ilegal. O MP-RJ afirma ainda que há indícios de lavagem de dinheiro por meio da compra de outros dois imóveis pelo casal e na loja de chocolate do senador. Nesses dois casos, o volume é bem maior: R$ 2,3 milhões, segundo os promotores. Queiroz prestou depoimento na quarta-feira (15) aos promotores do caso, 19 meses após ser notificado pela primeira vez e ter faltado às convocações anteriores. O teor da oitiva é mantido sob sigilo. O imóvel de Laranjeiras adquirido em 2011 pelo casal também é objeto de um inquérito eleitoral que apura falsidade ideológica pelo senador. A suspeita decorre do fato de ele ter atribuído valores distintos ao imóvel nas declarações de bens entregues à Justiça Eleitoral nos pleitos de 2014 e 2016. A Folha mostrou, contudo, que a diferença se deve ao parcelamento da cobertura e mudança na forma de declaração pelo casal —os dois passaram a declarar metade da propriedade ao Fisco. Especialistas afirmam que a mudança, quando relatada às autoridades, é legal. A PF e o Ministério Público Eleitoral sugeriram o arquivamento do caso, mas o juiz Flávio Itabaiana, responsável pelo inquérito na Justiça Eleitoral, submeteu a decisão à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal. A venda deste imóvel também foi usada como explicação por Flávio para a aparição de seu nome num relatório do Coaf. O órgão federal considerou atípicos 48 depósitos de R$ 2.000 em dinheiro feitos na conta do senador num intervalo de um mês. O filho do presidente disse que ele depositou em sua conta valores recebidos em dinheiro como parte do pagamento pela venda do imóvel em Laranjeiras. O comprador do imóvel confirmou ter quitado parte da transação em espécie. NÃO HÁ ILEGALIDADES NAS CONTAS DO CASAL, DIZ DEFESA A defesa do senador afirmou, em nota, que “não há nenhuma ilegalidade nas contas de Fernanda e de Flávio Bolsonaro”. “Todas essas questões foram esclarecidas nos autos. Os vazamentos de informação, ocorridos diariamente, causam estranhamento na defesa. O processo é sigiloso e os detalhes na imprensa só podem ter sido divulgados por quem tem acesso aos depoimentos. Por esse motivo, a defesa fará uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para a devida apuração”, afirmou a defesa de Flávio, em nota. O advogado Paulo Catta Preta, que defende Queiroz, disse que não iria se manifestar porque a investigação corre sob sigilo.
*”Regra para armazenar cadeia de mensagens do WhatsApp pode ser ineficaz em projeto de fake news no Congresso”* - Um dos pontos polêmicos no projeto de lei sobre as fake news, que foi aprovado no Senado e agora está tramitando na Câmara, é o item que determina que serviços como o WhatsApp e o Telegram salvem toda a cadeia de quem encaminhou uma mensagem que tenha viralizado. O objetivo alegado é descobrir quem teria sido o autor de um conteúdo ilícito circulando na plataforma. No entanto, corre-se o risco de armazenar esses dados sem garantia de que eles serão úteis para este fim, segundo especialistas ouvidos pela Folha, já que haveria diversas formas de burlar o mecanismo. Copiar e colar uma mensagem, em vez de encaminhá-la diretamente, baixar a foto e só depois enviar, tirar um print ou fazer uma pequena alteração no texto são alguns dos exemplos que fariam com que uma pessoa saísse da rede de encaminhamento. Para Patrícia Rossini, professora e pesquisadora da Universidade de Liverpool, um dos desafios que essa legislação enfrenta é um "problema de gato e rato". "A partir do momento em que as regras são traçadas, as pessoas vão buscar alternativas para burlá-las", diz. Com isso, ela acredita que pessoas que de fato estão por trás de grandes esquemas de desinformação poderiam sair impunes, enquanto pessoas manipuladas a passar determinado conteúdo para frente poderiam ser pegas. O projeto de lei, que busca instituir a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, é extenso e traz diversas mudanças em relação às redes sociais e aos aplicativos de mensagem, como regras de moderação de conteúdo e proibição de contas falsas ou de robôs não identificados. Desde que foi apresentada no Senado, a proposta teve várias mudanças e deverá ter mais alterações na Câmara. Neste caso, ela volta ao Senado antes de ser enviada para sanção do presidente Jair Bolsonaro, que já afirmou que pode vetar o projeto. Grupos bolsonaristas apelidaram o texto de "PL da Censura". Na segunda-feira (13), a Câmara começou um ciclo de debates online sobre a proposta. O deputado Orlando Silva (PC do B-SP) afirmou à Folha que a previsão é votar o projeto ainda em agosto. Muitas organizações da sociedade civil e da academia têm defendido que uma legislação do tipo deveria ser discutida com mais calma e fora da pandemia do coronavírus, com sessões presenciais. Outros trabalham com a perspectiva de melhorar o texto atual e retirar pontos considerados mais problemáticos. Segundo o artigo 10 do projeto de lei, serviços de mensagem devem salvar, por três meses, os remetentes dos textos encaminhados para grupos e listas, com horário, data dos encaminhamentos e número e pessoas atingidas, resguardando o conteúdo. Defensores da proposta apontam que a restrição do armazenamento apenas a mensagens enviadas a grupos e listas acabaria por limitar o escopo dos dados armazenados. De acordo com o WhatsApp, 90% das mensagens enviadas pelo serviço são enviadas de apenas uma pessoa para outra. No entanto, segundo a especialista em segurança da informação Nathalia Sautchuk, o mecanismo obrigaria os serviços de mensagem a fazer uma espécie de um carimbo em toda e qualquer mensagem enviada, mesmo aquelas enviadas de pessoa para pessoa. Isso porque os serviços de mensagem não têm como prever quais mensagens irão viralizar. Segundo a proposta, se, em até 15 dias, essa mensagem não for encaminhada por mais de cinco usuários nem atingir mais de mil usuários no total, os registros devem ser destruídos. Sautchuk explica que, além das pessoas que encaminharam, tecnicamente também os números dos destinatários precisariam ser salvos, dentro do prazo dos 15 dias, pois sem isso não seria possível estabelecer a cadeia. A crítica principal que tem sido levantada contra esta obrigação às empresas é relacionada ao risco que ela pode trazer à privacidade dos usuários, pois haveria um armazenamento massivo de dados que permitiriam identificar quem fala com quem. E, ainda que o acesso a eles seja feito apenas por meio de ordem judicial, há o risco de vazamentos por meio ataques cibernéticos, por exemplo. Para o diretor do Internet Lab Francisco Brito Cruz, uma vez que esse banco de dados seja construído, ele será objeto de tentativas de instrumentalização e, em um contexto não democrático, os riscos podem ser maiores. "Em um contexto autoritário, em que essas tentativas não são controladas e não são submetidas a um sistema de freios e contrapesos, vamos ter acesso a dados massivos, vamos ter possibilidade de as pessoas serem criminalizadas e perseguidas pelo Estado porque compartilharam algo no WhatsApp", afirmou. No debate, há quem argumente não haver diferença entre o que o projeto determina e o que já acontece com ligações telefônicas. Especialistas ouvidos pela Folha consideram, porém, que, apesar de similaridades, não se trata exatamente da mesma coisa. O projeto, apesar de não prever acesso ao conteúdo da mensagem (algo que, no caso do WhatsApp, não seria possível por conta da criptografia), permitiria saber quem fala com quem com base em um conteúdo específico. Isso porque a ordem judicial para obter a rede de encaminhamentos estaria atrelada a uma mensagem determinada e que seria conhecida pelo juiz e pelos investigadores. Quando se fala de quebra de sigilo telefônico, uma das possibilidades é solicitar, por meio de ordem judicial, que a operadora de telefonia forneça todos os dados de determinada pessoa, identificando para quais números ela ligou e também de quem recebeu ligações. Neste caso, não há acesso ao conteúdo das ligações. O advogado criminalista Ricardo Sidi não é contrário ao armazenamento de dados imposto pelo projeto, que segundo ele podem viabilizar a investigação de determinados crimes. Ele frisa entretanto que é preciso que tais dados fiquem sob absoluto sigilo e possam ser acessados apenas mediante ordem judicial e para fins penais. Já para José Antonio Milagre, perito especialista em crimes cibernéticos, ainda que possa implicar em um processo de investigação mais demorado, o Marco Civil da Internet já é suficiente para quebras de sigilo. "Sei a importância de ter a contribuição dos aplicativos para apurar a autoria de crimes cibernéticos, mesmo assim eu não desejo uma lei dessa natureza. Os malefícios que ela pode causar de longe superam eventual benefício no combate a fake news", disse. +++ A reportagem se esforça para ouvir fontes variadas, mas não consegue explicar muito bem como o texto do PL seria prejudicial para a privacidade dos usuários e, ao mesmo tempo, como o próprio projeto de lei acaba criando um mecanismo perigoso e antidemocrático. O funcionamento das redes sociais e dos serviços de mensagem online não é simples e está fora do domínio da classe política assim como também não é dominado por jornalistas ou advogados.
REINALDO AZEVEDO - *”Governo militar não funciona, com ou sem eleição”* *”General Ramos vai para a reserva do Exército em meio à crise sobre atuação de militares no governo”* *”Alckmin é indiciado pela PF sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro”* *”Gangorra entre PT e PSDB deixou São Paulo no atraso, diz Joice Hasselmann, pré-candidata do PSL em SP”* +++ A deputada se desligou de Jair Bolsonaro, mas mantém o oportunismo e a distorção da realidade como instrumentos de prática política. Lamentável. É algo prejudicial para a sociedade.
*”Alvo de processo de impeachment, Witzel engavetou projeto de lei para reforçar órgão anticorrupção”*
*”Bolsonaro rebate críticas de militarização na Saúde e diz que Pazuello fica”* - O presidente Jair Bolsonaro rebateu as críticas contra a militarização do Ministério da Saúde e afirmou que o general Eduardo Pazuello deve seguir à frente da pasta. “O Pazuello está muito bem lá”, declarou Bolsonaro ao citar o interino em sua live semanal nas redes sociais. O presidente argumentou ainda que prefeitos e governadores que têm solicitado auxílio ao Ministério da Saúde estão sendo atendidos. “Acho que está precisando muito mais de um gestor do que um médico na saúde”, acrescentou Bolsonaro, referindo-se às queixas de que o militar não tem formação médica. A atuação de Pazuello —ministro interino desde o pedido de demissão de Nelson Teich, em maio— e a ocupação de postos-chave da pasta por militares estiveram no centro de uma crise nos últimos dias. No final de semana passado, o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), criticou a militarização do ministério e disse que o Exército estava se associando a um genocídio. Pazuello comanda a principal pasta responsável por reagir à crise do coronavírus, que no Brasil já soma mais de 2 milhões de infectados e 76 mil mortos. Na quarta-feira (15), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou ao UOL que Bolsonaro deveria escolher em agosto um novo nome para o ministério. "Pazuello assumiu interinamente e está há dois meses na função. Acredito que em mais um mês, em agosto, Bolsonaro vai retornar da quarentena e analisar outros nomes", disse. A fala de Gilmar associando o Exército a um genocídio desencadeou dois movimentos. Porta-voz da cúpula militar, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, publicou uma dura nota e informou que havia representado contra Gilmar na PGR (Procuradoria-Geral da República). Em outro flanco, integrantes do Exército incomodados com a responsabilização das Forças Armadas renovaram as pressões para que Pazuello seja substituído ou peça remoção para a reserva —como fez o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo. A aliados, no entanto, o ministro interino sinalizou que não pretende antecipar sua ida para a reserva. Na live desta quinta, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que conversou com Gilmar, como revelou a coluna Mônica Bergamo, após a eclosão da crise e que instruiu Pazuello a informar o magistrado sobre ações da pasta. Em um sinal de que não pretende antagonizar com Gilmar, Bolsonaro afirmou que “crítica construtiva é bem-vinda” e que, com a nota do Ministério da Defesa, considera o assunto encerrado. O presidente usou a transmissão para render elogios a Pazuello, a quem chamou de “excepcional”, e negar que exista um excesso de militares na pasta ou mesmo na Esplanada. Bolsonaro está em isolamento no Palácio da Alvorada, após ter sido diagnosticado com o coronavírus. “[Vamos] falar em Pazuello. Alguns querem a saída dele porque [tem] a militarização. Vocês estão com saudades dos ministros da Dilma, Lula e Fernando Henrique?”, questionou o presidente. "Salles fica. Pazuello fica. Sem problema nenhum", afirmou, referindo-se também ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que também tem enfrentado críticas nas últimas semanas. Bolsonaro disse que Pazuello levou consigo 15 militares para auxiliá-lo na pasta. Apesar da fala do presidente, há ao menos 24 militares, na ativa ou na reserva, nomeados para o ministério. Bolsonaro enumerou ainda um a um todos os seus ministros que também são militares e lembrou que sua chapa presidencial em 2018 era formada por ele —um capitão reformado— e pelo vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva. “É proibido militar na política? É proibido militar ser ministro? Não”, declarou o presidente. +++ O texto apenas expõe o que disse Jair Bolsonaro e não apresenta críticas ao presidente. É bom lembrar que após as eleições de 2014, a imprensa consultava a opinião de Aécio Neves sempre que Dilma Rousseff ou o seu governo apresentassem algum posicionamento. O antagonismo era muito mais presente. O silenciamento do Partido dos Trabalhadores pela mídia é prejudicial para o Brasil.
*”Presença chinesa e risco de guerra entram no radar militar do Brasil”* *”Brasil paga para ele trabalhar para mim, diz comandante americano sobre brigadeiro; veja vídeo”* TATIANA PRAZERES - *”Combate à corrupção é fundamental para a sobrevivência do Partido Comunista Chinês”* *”EUA, Reino Unido e Canadá acusam Rússia de tentar roubar dados sobre vacina para Covid-19”* *”Estátua de ativista negra que substituiu escravocrata é removida no Reino Unido”*
*”O que é o Lincoln Project, grupo de republicanos que tenta impedir a reeleição de Trump”* - Entre os apoiadores do democrata Joe Biden na corrida pela Casa Branca, um grupo em especial tem se destacado entre os desafetos do presidente Donald Trump. Formado por estrategistas republicanos insatisfeitos com o rumo que o partido tomou sob o comando de Trump, o Lincoln Project tem a missão declarada de impedir sua reeleição e vem ganhando atenção com uma série de anúncios criticando o presidente americano. Veiculados muitas vezes nos intervalos dos programas de TV preferidos de Trump, esses anúncios parecem ter como objetivo não apenas convencer outros republicanos a apoiar Biden, mas, principalmente, irritar o presidente e provocar uma resposta. E os esforços têm dado resultado. Em um dos vídeos mais comentados, divulgado em maio, o grupo transformou o famoso slogan "Morning in America" (manhã na América), usado na campanha de reeleição de Ronald Reagan em 1984 para projetar otimismo com a situação do país, em "Mourning in America" (luto na América), ao criticar a resposta do governo federal à pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Diante de imagens de ruas desertas, prédios em ruínas, pessoas em longas filas e em corredores de hospital e uma bandeira americana de cabeça para baixo, o narrador diz que Trump ignorou o "vírus mortal" e que a economia está "em frangalhos". "Sob a liderança de Donald Trump, nosso país está mais fraco, mais doente e mais pobre", afirma. "E, agora, os americanos se perguntam: se tivermos outros quatro anos disto, ainda existirá uma América?" A divulgação do vídeo provocou reação imediata de Trump, que disparou uma série de tuítes, no meio da madrugada, chamando os membros do grupo de "perdedores" e de "RINO (sigla em inglês para "republicanos só no nome") que fracassaram terrivelmente 12 anos atrás, e novamente oito anos atrás, e então foram seriamente derrotados por mim, um estreante na política, quatro anos atrás". O ataque de Trump serviu para alavancar a popularidade do Lincoln Project e impulsionar a arrecadação de doações para o grupo. O vídeo já teve mais de 30 milhões de visualizações, e o perfil do grupo no Twitter tem mais de 1,3 milhão de seguidores. Calcula-se que tenha arrecadado mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,3 milhões) em decorrência dos tuítes do presidente. "Nós agradecemos a ele por toda a publicidade gratuita que tem dado ao nosso movimento e aos nossos esforços", disse o estrategista político Reed Galen, um dos fundadores do grupo, em artigo publicado pela rede NBC. "Mas sua incapacidade de se controlar ilustra ainda mais sua inaptidão para o cargo." MISSÃO DE 'DERROTAR O TRUMPISMO' Criado em dezembro do ano passado, o Lincoln Project é um chamado "super PAC" (sigla em inglês para Comitê de Ação Política). Essas organizações não são ligadas oficialmente a nenhum candidato ou partido, mas podem arrecadar quantidade ilimitada de fundos e fazer campanhas a favor ou contra candidatos ou causas. Os fundadores do Lincoln Project são conservadores conhecidos por suas posições anti-Trump, muitos deles veteranos de campanhas de candidatos republicanos. Fazem parte do grupo nomes como Steve Schmidt, que trabalhou para George W. Bush e coordenou a campanha presidencial do senador John McCain em 2008; John Weaver, que trabalhou para McCain, George H.W. Bush e na campanha presidencial de John Kasich em 2016; e o consultor Rick Wilson, também veterano de várias campanhas republicanas e autor de um livro intitulado "Everything Trump Touches Dies" (tudo o que Trump toca morre). Outro fundador, o advogado George Conway, é casado com Kellyanne Conway, uma das principais assessoras da Casa Branca, e é tanto crítico quanto alvo constante de Trump. "Eu não sei o que Kellyanne fez para o louco perdedor do seu marido, Cara de Lua, mas deve ter sido muito grave", tuitou o presidente ainda em resposta ao vídeo do grupo, em maio. Na visão dos integrantes do Lincoln Project, Trump e seus apoiadores estão arruinando o Partido Republicano e os Estados Unidos. Em seu site, o grupo declara que tem como missão "derrotar o presidente Donald Trump e o trumpismo nas urnas". "Trump e seus facilitadores abandonaram o conservadorismo e os antigos princípios republicanos e os substituíram pelo trumpismo, uma fé vazia liderada por um falso profeta", escreveram em um manifesto publicado no jornal The New York Times em dezembro para anunciar a criação do grupo. Eles afirmam que, apesar de continuarem sendo conservadores e de terem diferenças políticas com os democratas, irão trabalhar para convencer republicanos insatisfeitos e independentes com inclinação republicana a ajudar a impedir que Trump vença as eleições de novembro, "mesmo que isso signifique o controle democrata do Senado e aumentar a maioria democrata na Câmara". Em um momento em que os Estados Unidos enfrentam uma profunda divisão política, o nome do grupo é uma homenagem a Abraham Lincoln, o primeiro presidente republicano, que governou o país de 1861 a 1865 e lutou para reunificar a nação após a Guerra Civil. "Nós olhamos para Lincoln como nosso guia e inspiração. Ele entendeu a necessidade de não apenas salvar a União, mas também de voltar a integrar a nação espiritualmente e politicamente", afirmam. DIFERENÇAS ENTRE 2016 E 2020 Os republicanos do Lincoln Project não são os únicos que estão arrecadando e investindo dinheiro para evitar um segundo mandato de Trump. Assim como ocorreu na eleição de 2016, também neste ano há outros grupos anti-Trump dentro do partido do presidente, entre eles o Republican Voters Against Trump (eleitores republicanos contra Trump) e o 43 Alumni for Biden (que reúne membros do governo de George W. Bush, o 43º presidente americano, número ao qual o título do grupo se refere). Recentemente, vários nomes importantes do Partido Republicano, como o senador Mitt Romney, que foi candidato à Presidência em 2012, indicaram que não vão apoiar Trump na eleição de novembro. Bush, segundo a imprensa americana, também confidenciou que não vai apoiar Trump. Outros, como o ex-secretário de Estado Colin Powell, foram mais longe e anunciaram abertamente que irão votar no candidato do partido rival, Biden. Apesar de muitos republicanos de destaque já terem se posicionado contra Trump em 2016, analistas observam que a situação agora é diferente. Se em 2016 a eleição era uma escolha entre dois candidatos, neste ano é encarada como um referendo sobre o desempenho de Trump na Casa Branca. "Antes, o movimento anti-Trump era baseado em medo do que poderia acontecer", diz à BBC News Brasil o cientista político Todd Belt, professor da Universidade George Washington, em Washington. "Agora, é baseado no que já aconteceu. Nós já tivemos três anos e meio de governo Trump. Já vimos sua atuação como presidente", afirma. Belt ressalta que o movimento atual é mais organizado estruturalmente e financeiramente do que as iniciativas surgidas em 2016, quando muitos não acreditavam que Trump pudesse ser vitorioso. VÍDEOS COM MESMAS 'ARMAS' USADAS POR TRUMP Dentro desse movimento, o Lincoln Project se destaca não apenas pela popularidade, mas também pela organização. Além dos esforços contra Trump, o grupo tem investido em disputas no Senado, criticando senadores que considera muito submissos ao presidente e apoiando alguns candidatos democratas contra republicanos que buscam a reeleição. Entre os alvos estão o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, e senadores considerados vulneráveis nesta eleição, como Susan Collins, do Maine, Cory Gardner, do Colorado, e Thom Tillis, da Carolina do Norte. Essa postura garantiu ao grupo acusações dentro do Partido Republicano de que na verdade teriam deixado de ser apenas republicanos insatisfeitos e se transformado em democratas de fato. Recentemente, o super PAC Club for Growth, que apoia Trump, divulgou um anúncio no qual diz que os fundadores do Lincoln Project "zombam dos americanos" (apoiadores do presidente), fracassaram nas campanhas presidenciais de McCain e Romney e, depois de verem suas carreiras destruídas, formaram "um PAC democrata" e um "esquema para enriquecer". Mas, quanto maior a reação do presidente e de seus apoiadores, mais publicidade o grupo ganha. Em seus vídeos, o Lincoln Project usa contra Trump as mesmas "armas" e o mesmo tipo de linguagem que o presidente costuma empregar para atacar e zombar de seus adversários. Alguns dos anúncios são focados em temas como a crise econômica e críticas à resposta de Trump aos protestos antirracismo desencadeados pela morte de um homem negro (George Floyd) sob custódia de um policial branco e à pandemia de Covid-19, que já infectou mais de 3 milhões de americanos e deixou mais de 130 mil mortos. Outros, porém, ridicularizam o presidente. Um vídeo intitulado "Trump não está bem" mostra imagens do presidente com dificuldade para descer uma rampa ou segurando um copo de água com as duas mãos enquanto a narração diz: "Há algo de errado com Donald Trump" e fala que ele está "instável e fraco, com dificuldade para falar e andar". Após um comício na cidade de Tulsa que teve público bem menor do que o esperado, o grupo divulgou um vídeo com imagens das arquibancadas quase vazias e uma voz feminina que diz: "Você provavelmente já ouviu isso antes, mas era menor do que esperávamos", enquanto a câmera foca nas mãos de Trump. "Triste, fraco, baixa energia. Assim como sua Presidência. Assim como você." CAPACIDADE DE CONVENCER ELEITORES Os esforços do Lincoln Project chegam em um momento em que pesquisas de intenção de voto mostram Trump atrás de Biden mesmo em alguns Estados historicamente conservadores. Mas críticos questionam a capacidade do grupo de persuadir novos eleitores e afirmam que seus vídeos só atingem o público que já é crítico do presidente e já planeja votar em Biden de qualquer maneira. Alguns críticos salientam que, apesar dos vídeos que viralizam nas redes sociais, os investimentos do grupo em publicidade ainda ficam bem abaixo dos de outros super PACs que apoiam Biden. Até o fim de março, o Lincoln Project havia arrecadado cerca de US$ 2,6 milhões (aproximadamente R$ 13,8 milhões). Em maio, a organização sem fins lucrativos Center for Responsive Politics, que rastreia contribuições de campanha, publicou a informação de que quase todo o montante de US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 7,4 milhões) gasto pelo Lincoln Project no primeiro trimestre foi para empresas ligadas aos seus membros. Analistas lembram ainda que o apoio do Partido Republicano a Trump continua sólido, com muito mais nomes importantes defendendo o presidente publicamente do que o criticando. Pesquisas de opinião indicam que, nos Estados decisivos, mais de 85% dos eleitores que votaram em Trump em 2016 pretendem votar nele novamente neste ano. Para Belt, da Universidade George Washington, mesmo que o Lincoln Project só tenha impacto em eleitores que já estão convencidos a votar em Biden, o grupo pode ajudar a manter a base de apoio do democrata mobilizada durante a campanha, especialmente em um momento em que a pandemia dificulta a realização de eventos públicos. Belt ressalta que, com grupos como o Lincoln Project divulgando anúncios negativos sobre Trump, Biden não precisa se dedicar a esse tipo de propaganda e pode se concentrar em passar uma mensagem positiva, salientando motivos para votar nele, e não razões para não votar no adversário. O cientista político observa ainda que, além de manter sua base mobilizada, em uma campanha também é importante desmobilizar o lado oposto. "O que fizerem para esvaziar um pouco do entusiasmo por Trump pode ajudar [Biden], especialmente nos estados decisivos", afirma. "Eles são implacáveis. E isso realmente incomoda Trump."
*”Guayaquil respira, enquanto Quito se torna novo foco da pandemia no Equador”* *”Israel discute restrições contra Covid-19 em meio a período sombrio para Netanyahu”*
TODA MÍDIA - *”'Aceleração do desmatamento' ecoa e traz ameaça também dos EUA”* - Veículo de referência das empresas americanas, o Wall Street Journal levou ao alto da home a "aceleração do desmatamento" na Amazônia (acima), apontando 64% de aumento até junho em relação a igual período no ano passado. Sublinha que "empresas brasileiras e estrangeiras estão pressionando o governo". E ouve, de um fazendeiro de soja do Mato Grosso, que já vendeu sua produção deste ano "em parte à China", mas teme as "ameaças de boicote" na próxima safra: "O governo tem todos esses satélites e soldados. Por que não pode pôr fim a este desmatamento vergonhoso?" O WSJ anota que o ministro Ricardo Salles "quer atrair investidores estrangeiros para financiar desenvolvimento econômico sustentável na selva, com projetos como usinas de cacau, em vez de tentar garantir que toda a floresta tropical se mantenha como um santuário". E a nova edição da revista Science, da AAAS (sigla em inglês para a Associação Americana para o Avanço da Ciência), publica o longo ensaio "As maçãs podres do agronegócio brasileiro". Repercute da americana CNN a jornais europeus, estes com enunciados como "Um quinto da soja brasileira na Europa é resultado de desmatamento". NUM MUNDO SÓ DELE Peter Navarro, assessor de Trump para comércio, escreveu artigo para o USA Today contra Anthony Fauci, também assessor, mas independente e respeitado no combate à pandemia. O título foi "Fauci estava errado em tudo o que abordei com ele", citando restrições que o cientista teria feito às suas medidas contra a China. Um dia depois, o jornal acrescentou uma nota ao artigo online, dizendo que "várias críticas de Navarro eram enganosas", citando a China, e seu texto "não atendeu aos padrões do USA Today". Do próprio Fauci sobre Navarro, durante entrevista à Atlantic: "Ele vive num mundo só dele. Eu não quero nem ir lá." CHINA DE VOLTA Foi manchete do financeiro Caixin Global, "PIB volta a crescer com ganho de 3,2%", ao tabloide nacionalista Huanqiu/Global Times, "PIB reage e lidera o mundo na recuperação". O segundo, que é ligado ao PC, já traz o editorial "Crescimento esmaga as mentiras de Washington". Na submanchete do mesmo Caixin (abaixo), um sinal do reaquecimento e de uma resposta de fato a Washington: "Sonho do chip chinês impulsiona mega IPO da SMIC", empresa que concentra o esforço por autossuficiência em insumos de alta tecnologia. O lançamento em Xangai triplicou o valor das ações.
*”522 mil empresas fecharam as portas por pandemia, diz IBGE”* - O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou nesta quinta (16) que 1,3 milhão de empresas brasileiras estavam com atividades suspensas ou encerradas na primeira quinzena de junho. Deste total, 522 mil disseram que a pandemia motivou a decisão. Os dados fazem parte da primeira edição da pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas empresas, lançada pelo instituto na semana passada. A pesquisa detectou também que um terço das empresas brasileiras demitiu e só 13% tiveram acesso ao auxílio federal para pagar empregados. A pesquisa identificou a existência de cerca de quatro milhões de empresas no país, dos quais 716 mil estavam fechadas definitivamente naprimeira quinzena de junho. O instituto, porém, não sabe quantas delas foram motivadas pela pandemia. De acordo com os dados do IBGE, o impacto da crise atingiu todos os setores da economia, mas foi pior para o setor de serviços, que é o maior gerador de empregos do país. E foi mais profundo também entre as pequenas empresas. Entre aquelas que encerraram definitivamente suas atividades, 99,8% (ou 715 mil) estão nessa categoria, que consideram negócios com até 49 empregados. O restante é formado por 1,2 mil empresas consideradas intermediárias (49 a 500 empregados). Nenhuma é de grande porte. No grupo das 2,7 milhões de empresas que permaneceram em atividade, 70% relataram que a pandemia teve impacto geral negativo sobre os negócios. Para 13,6%, por outro lado, a pandemia trouxe oportunidades e teve um efeito positivo sobre a empresa. O setor de serviços é o que registrou o maior percentual de empresas afetadas negativamente: 74,4%. Na indústria, foram 72,9%; na construção 72,6% e no comércio, 65,3%. “Os dados sinalizam que a Covid-19 impactou mais fortemente segmentos que, para a realização de suas atividades, não podem prescindir do contato pessoal, têm baixa produtividade e são intensivos em trabalho”, disse Alessandro Pinheiro, coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE. São segmentos mais afetados pelas restrições à circulação de pessoas para tentar conter a pandemia, que começaram a ser adotadas na segunda quinzena de março e levaram indicadores da atividade no comércio, serviços e indústria a tombos recordes no mês seguinte. As lojas voltaram a abrir na maior parte do país, incluindo Rio e São Paulo, mas o crescimento no número de casos vem levando governos a repensar o relaxamento das medidas de isolamento. Segundo o IBGE, cerca 60% das empresas brasileiras mantinham, na primeira quinzena de junho, o mesmo número de funcionários que tinha antes da pandemia. Dentre as que reduziram o número de pessoal ocupado, 37,6% reportaram uma redução inferior a 25% do pessoal. Também neste caso, o setor de serviços mostrou maiores dificuldades: 44% das empresas deste segmento demitiram mais da metade do quadro de empregados. No segmento de serviços administrativos e profissionais, 71% das empresas cortaram mais da metade da mão de obra. Para 63,7% das empresas ainda em atividade ouvidas pelo IBGE, houve dificuldades em realizar pagamentos de rotina em relação ao período anterior a pandemia. Percentual semelhante (63%) enfrentou dificuldades para fabricar seus produtos ou atender clientes. O instituto pesquisou ainda que tipo de medidas as empresas adotaram para enfrentar a crise. A grande maioria (91,1%) fez campanhas de prevenção e reforçou ações de higiene pessoal. Quase 40% adotaram trabalho domiciliar e 35,4% anteciparam férias de funcionários. Para sobreviver à crise, um terço dos entrevistados diz ter alterado o método de entrega de produtos, buscando inclusive vendas online, e um quinto lançou ou passou a comercializar novos produtos e serviços. Segundo o IBGE, 12,7% das empresas relataram ter conseguido uma linha de crédito emergencial para realizar o pagamento da folha salarial dos funcionários. Outras 44,5% empresas afirmaram ter adiado o pagamento de impostos. A pesquisa identificou que apenas 32,4% dos empresários que adotaram medidas de reação à crise disseram não ter contado com apoio do governo. A percepção de que houve ajuda é maior entre as grandes empresas (55%) do que entre as pequenas (31,9%). O dado reforça críticas sobre as dificuldades que o governo vem enfrentando para levar os pacotes de socorro às micro e pequenas empresas do país.
*”Maioria é contra reabertura do comércio, indica pesquisa da CNI”* - A maioria dos brasileiros é contrária à reabertura do comércio, segundo pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A reprovação varia segundo o tipo de estabelecimento, variando de 57% para salões de beleza a 86% para cinemas e teatros. Apesar das cenas de bares lotados no Rio de Janeiro e filas para entrada em shoppings em São Paulo, 69% se dizem contrários a reabertura dessas categorias. Há divisão apenas em relação ao comércio de rua: 49% se dizem favoráveis à reabertura e 47%, contrários —um empate, considerando a margem de erro de 2 pontos percentuais. A pesquisa foi feita por telefone entre os dias 10 e 13 de julho. Foram entrevistadas 2.009 pessoas em todo o Brasil. A reprovação ajuda a entender o movimento baixo observado desde que estados e municípios começaram a flexibilizar a quarentena imposta para conter o avanço do novo coronavírus. Na capital paulista, o número de frequentadores de bares e restaurantes foi tímido na reabertura, como mostrou reportagem da Folha. Segundo Percival Maricato, presidente da associação de bares e restaurantes de São Paulo, o movimento registrado nos últimos dias ficou em média 20% do que era antes da quarentena. Pesquisa do IBGE mostra que, mesmo com a reabertura, houve queda de 7,2% das vendas do comércio em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, o pior desempenho desde 2016. O nível também ficou 7,3% abaixo do observado em fevereiro, último mês em que as atividades não foram afetadas pela pandemia. Apesar da expectativa de que a demanda reprimida durante o distanciamento social levaria a um boom de consumo pós relaxamento, o estudo da CNI indica cautela dos brasileiros. Questionados se pretendem aumentar ou diminuir a frequência da ida a bares, restaurantes, shoppings e comércio de rua em comparação com o período pré pandemia, a maioria responde que pretende ir pouco ou muito menos. Considerando os três meses posteriores ao fim da quarentena, 67% dizem que devem ir menos a bares e restaurantes, 64% devem ir menos a shoppings e 62% devem ir menos a comércio de rua. Entre os estabelecimentos pesquisados no levantamento, apenas supermercados mantém uma frequência semelhante ao nível pré-pandemia (50% dizem que devem frequentar no mesmo patamar de antes). O consumidor está inseguro tanto em relação ao vírus -- embora menos do que na pesquisa anterior, realizada em maio —quanto à renda, o que o leva a pisar no freio do consumo. O percentual dos que relatavam ter um medo grande ou muito grande da pandemia caiu de 53% para 47% entre maio e julho. A percepção se reflete na expectativa de mortes nos próximos 15 dias a partir da data da entrevista: os que apostavam num aumento caíram de 74% para 55%. Ainda assim, 8 em cada 10 entrevistados se disseram a favor das medidas de isolamento social. Em termos percentuais, o número foi de 86% para 84%, dentro da margem de erro. Enquanto o levantamento sugere um arrefecimento do temor do vírus, seu impacto econômico tem efeitos profundos e prolongados. Segundo a pesquisa, 71% dos entrevistados declararam ter reduzido suas despesas mensais. Entre esses, 30% dizem ter feito um corte grande ou muito grande. Apesar de reativo à conjuntura, a pesquisa indica uma tendência crescente de que o freio tenha efeitos prolongados. O percentual de entrevistados que declaram que a redução de gastos é permanente subiu de 29% para 36% entre maio e julho. O principal motivo é a insegurança quanto à renda futura, percepção que permaneceu estável entre maio e julho (42% e 41%). Quase um terço relata já ter perdido sua renda total ou parcialmente (29%). O comércio fechado vem em terceiro lugar, apontado como o motivo da redução dos gastos por 27% dos entrevistados. Considerando apenas quem está empregado (com e sem registro), 45% dizem que sua renda diminuiu e 7% declararam ter perdido toda a renda. Para 42%, o montante ficou igual ao período pré pandemia, enquanto outros 7% chegaram a observar um aumento. É perceptível, no entanto, algum otimismo. A fatia dos que acreditam que continuarão a receber sua renda ou salário normalmente subiu de 36% para 43% entre maio e julho, enquanto os que declararam ter ficado totalmente sem dinheiro caiu de 23% para 12%. Por outro lado, aumentou de 11% para 15% quem diz não ter renda. O percentual dos que afirmam já ter tido alguma redução de renda ou salário oscilou de 17% para 19%, dentro da margem de erro. O medo grande ou muito grande de perder emprego recuou um pouco entre maio e julho, de 48% para 45%, mas ainda atinge quase metade da população. Na outra ponta, os que declaram não ter nenhum medo de que isso aconteça passaram de 22% para 29%. Em relação ao auxílio emergencial, 13% disse ter pedido mas não estar recebendo. 30% dos entrevistados afirmam estar recebendo o valor. Entre esses, 57% disse ter utilizado o dinheiro para compras, 35% para pagar dívidas e 2% diz ter guardado. O levantamento da CNI também mostra que o consumidor está cada vez mais convencido de que, mesmo com o fim da quarentena, sua rotina não voltará a ser como era antes. Enquanto em maio 37% imaginavam que sua rotina seria igual ou muito parecida com o período pré-pandemia, em julho esse percentual caiu para 31%. Em compensação, 32% agora preveem mudanças significativas —em maio, 26% tinham essa percepção. O pessimismo a nível individual se reflete nas expectativas para a economia de modo geral. Na visão de 67%, o Brasil ainda não começou a se recuperar, sendo que 39% acreditam que isso levará mais de dois anos para acontecer. “Os dados recentes da economia mostram que o pior da crise causada pelo novo coronavírus pode ter ficado para trás. Mas a pesquisa reforça a enorme importância de se construir uma agenda consistente, com ações de médio e longo prazo, para a retomada das atividades produtivas e do crescimento do país. Recuperar a confiança brasileiro, para que ele volte a consumir, é de suma importância para acelerar esse processo”, afirma em nota o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
PAINEL S.A. - *”Sexta rodada de aeroportos foi adaptada aos efeitos da pandemia, diz secretário”* PAINEL S.A. - *”iFood diz que dá benefício a entregadores e insatisfação da categoria vem de outros aplicativos”* PAINEL S.A. - *”Índice Big Mac indica desvalorização de 32% do real”*
*”Sob impulso de pequenas empresas, pedidos de recuperação judicial aumentam 38% em junho”* - Os dados de pedidos de recuperação judicial referentes a junho começam a ter os efeitos da pandemia do coronavírus. De acordo com levantamento mensal feito pela Serasa Experian, o total de pedidos proteção contra a falência no mês aumentou 38%, na comparação com maio. O número foi influenciado pelo aumento dos pedidos feitos por pequenas empresas, que têm menos poder de negociação com credores e menos fluxo de caixa. Foram 97 solicitações em junho, 79% a mais que em maio e 5,4% superiores ao registrado no mesmo período de 2019. Para economistas e advogados especializados em insolvência, no entanto, os números ainda não refletem totalmente as dificuldades que as empresas têm tido durante a pandemia. No acumulado do ano, os pedidos de recuperação judicial caíram 2,8%. Já os pedidos de falência caíram tanto na comparação mensal (25%) quanto no semestre (33%). “A inadimplência sobe em qualquer crise, e nesta não será diferente. O que não aconteceu em recessões anteriores é esse esforço governamental em liberar crédito e a disposição de credores em negociar, o que evitou temporariamente uma explosão de inadimplência”, diz Luiz Rabi, economista-chefe do Serasa Experian. A tendência, segundo ele, ainda tem sido a renegociação de dívidas com empresas que estejam com dificuldades conjunturais de caixa durante a pandemia. “Os menores têm muito menos fôlego e precisam recorrer mais rapidamente à ajuda. Quase nunca têm condições de negociar com os credores também. Os números mostram que são esses segmentos que têm sentido primeiro os impactos da pandemia”, afirma Paulo Campana, sócio do escritório Veirano. Mesmo com a alta de pedidos de pedidos de recuperação judicial por empresas menores, ainda é pequeno o índice de negócios desse porte que recorrem ao Judiciário. “Dada a burocracia, muitos microempresários simplesmente baixam as portas dos negócios para evitar arcar com custos de fechar uma empresa, por exemplo”, diz Rabi. “Numa crise como esta, o número de empresas que fecham as portas é muito maior que o número de falências ou de recuperações judiciais, dificilmente um microempresário ou MEI (microempreendedor individual) recorre ao Judiciário”, diz Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC. “Micro e pequenas empresas são 98% dos CNPJs no país, mas representam cerca de 20% dos processos de recuperação judicial no país. O Judiciário não estaria nem preparado para receber pedidos desses segmentos”, afirma Marcelo Guedes Nunes, professor de direito da PUC-SP e presidente da Associação Brasileira de Jurimetria. Nunes diz que as recessões de fato aumentam o número de processos de recuperação judicial, mas que esse efeito só costuma ser observado com atrasos entre 90 e 120 dias. “O empresário sente o impacto da crise no caixa primeiro, fica inadimplente, busca negociação com credores e só depois contrata um escritório de advocacia para buscar uma recuperação judicial”, diz ele. A expectativa, segundo ele, é que o volume de processos de recuperação judicial aumente mais que o de falências. “Empresas com passivos inferiores a R$ 100 milhões têm tido dificuldade de acesso a crédito e de renegociar diretamente com bancos suas dívidas de maneira efetiva”, diz Juliana Bumachar, sócia do escritório que leva seu sobrenome. “A tendência é de aumento dos casos a partir de setembro, porque a maioria das recuperações judiciais deferidas hoje é de empresas que estavam em dificuldades antes da pandemia”, diz ela. “Os principais efeitos da recessão sobre os processos de insolvência ainda não chegaram. Setores como varejo, turismo e transportes foram muito afetados e precisarão passar por reestruturação, mas nem sequer sabemos ainda a magnitude do estrago”, afirma Campana. Segundo Juliana, há ainda expectativa quanto à mudança na lei de falências brasileira. Há dois projetos de lei em discussão avançada no Congresso —um com medidas emergenciais e outro estrutural. “O projeto emergencial foi aprovado pela Câmara, mas ainda não está na pauta do Senado. É possível que chegue tarde para muitas empresas.”
*”Cenário não está propício para Bolsonaro aprovar reformas, avaliam pesquisadores da FGV”* - A situação atual do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) não o ajuda a conseguir aprovações de reformas para destravar a economia brasileira, segundo análise de especialistas em seminário online realizado pela Folha e FGV (Fundação Getulio Vargas). O seminário contou com a participação dos professores Carlos Pereira e Octavio Amorim, ambos da Escola Brasileira Administração Pública e de Empresas da FGV, e Samuel Pessoa, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. A moderação foi feita pelo repórter especial da Folha Fernando Canzian. Na avaliação dos especialistas, o presidente precisa se esforçar para conseguir apoio para suas reformas e também para afastar imagens ruins que surgiram tanto pelos embates com as instituições democráticas quanto pela investigação de Fabrício Queiroz. "O governo tem alguns partidos que podem obstaculizar iniciativas que tentem abreviar o mandato do presidente. Mas fica muito difícil pensar em uma agenda propositiva com uma coalizão desenhada como escudo protetor", disse Carlos Pereira. "Estou particularmente pessimista com uma agenda vigorosa de reforma com um presidente tão fragilizado." Para o professor Octavio Amorim, é preciso esperar o pós-pandemia para ver qual será o cenário do país, mas o presidente não deve tomar uma postura muito diferente da que vem adotando até aqui. "Assim que terminar o auxílio-emergencial e os efeitos mais devastadores da pandemia ficarem muito claros, a popularidade do Bolsonaro pode baixar ainda mais. E ai o que ele vai fazer? Vai optar por uma coalizão?" "Isso não está no DNA de Bolsonaro. Alguém vê Jair Bolsonaro, com seus 28 anos de mandato parlamentar, com mensagens muito claras, formando governo de coalizão, distribuindo ministérios, fazendo também concessões aos partidos mais ao centro e eliminado a ala mais radical do bolsonarismo, liderada pelo Olavo de Carvalho? Eu não vejo isso", disse Amorim. Na avaliação de Samuel Pessoa, até agora as reformas importantes, como da Previdência e do sanemanto, foram aprovadas apesar do presidente, e não pelo esforço de Bolsonaro em chancelá-las. Isso seria um indicativo de que o Congresso é capaz de seguir com algumas pautas sem a participação do Executivo. "Tenho certo otimismo sobre o projeto de lei de diretrizes orçamentárias para 2021", disse Pessoa, que, apesar disso, não afirmou não ver o mesmo movimento em outras aprovações. "A Câmara está muito empenhada em uma reforma tributária, mas acho difícil essa reforma andar sem a liderança do presidente da República." Para Pessoa, o papel de liderança do parlamento na aprovação de reformas surgiu como resposta à forte mudança dos integrantes da Câmara e do Senado nas últimas eleições. "Em 2018 ocorreu um fato novo. A forte renovação no parlamento mostrou que estabilidade macroeconômica não depende só do presidente da República e isso mudou a equação de como as decisões são tomadas", afirmou. Carlos Pereira, no entanto, disse enxergar de outra forma. Sua avaliação é de que o parlamento assumiu esse papel por uma lacuna de liderança aberta por Bolsonaro. "A Constituição concede ao presidente uma série de poderes, e ele resolve não usá-los. Por uma não compreensão do funcionamento do presidencialismo partidário. Nesse vácuo, o Congresso começou atuar." A aprovação da reforma da Previdência, segundo Pereira, foi resultado de uma campanha iniciada ainda no governo Temer, que vinculou as antigas regras de aposentadoria à ideia de algo ultrapassado que beneficiava somente uma parte da sociedade. Agora, para emplacar outras agendas, como a da reforma tributária, seria necessário, segundo o pesquisador, que o presidente reunisse forças para conseguir conciliar a sociedade e conquistar a opinião pública. "Acho baixo o grau de cooperação dentro do Legislativo nesse governo. Pode ser que no cenário de terra arrasada, da pandemia, algo se construa. Mas sem uma liderança capaz de galvanizar, em um ambiente tão fragmentado [eu fico pessimista]", afirmou Pereira. Octavio Amorim disse concordar que o presidente abdica de decisões que podem se virar contra ele, atribuindo responsabilidades delas sempre a outros atores políticos. Para ele, ainda é incerto qual é o impacto desse comportamento sobre os eleitores. "É o que ele está tentando fazer via ministério da Saúde, isso é muito claro. Não temos um ministro. Temos um general ocupando interinamente o ministério, ou seja, o governo federal sinaliza que não tem liderança no combate a pandemia e que a culpa de tudo é de governadores e prefeitos", disse Amorim. "Isso vai dar certo? Isso quem vai dizer são as eleições municipais." Em relação aos gastos públicos, Pessoa afirmou que houve uma mudança na mentalidade sobre aumento de endividamento nos últimos dez anos, principalmente no hemisfério Norte. "Mesmo assim, os nossos níveis de endividamento vão ultrapassar todos os limites de uma economia emergente. Não vejo que haja muito espaço fiscal para que tenhamos aumento do gasto público", afirmou. "Pode ser que tenha algo pequeno na área de investimento. Mas isso tudo se continuarmos na agenda de gastos obrigatórios." Pessoa disse também que para encaixar um programa social que dê continuidade à ajuda do auxílio-emergencial, o governo provavelmente fará um redesenho dos benefícios já existentes, ampliando o acesso. "O auxílio do jeito que está hoje não vai ser estendido. Vamos ter que pensar em outras coisas. O que eu acho que vai acabar saindo é uma mistura do Bolsa Família com abono salarial, com seguro defeso, com salário educação. Pega uns R$ 30 bilhões e faz um bom programa bem desenhado."
*”Guedes tenta se reaproximar de Maia por reforma tributária”* *”Se o Congresso interditar reformas, tenho que ir embora, diz Guedes”* *”De cada 3 servidores federais, 1 está em trabalho remoto por causa de pandemia”* *”Bolsonaro não entendeu que reforma administrativa não é para massacrar funcionário público, diz economista”*
*”Crise empurra mundo para lado dos que se preocupam com desigualdade, diz Thomas Piketty”* VINICIUS TORRES FREIRE - *”Guedes passeia no Congresso com CPMF fantasiada e tenta virar o jogo tributário”* NELSON BARBOSA - *”Admirável mundo novo”* *”PIB da China ganha fôlego após reabertura e cresce 3,2% no 2º trimestre”*
*”Bolsa cai 1,2% com dados negativos de China e EUA”* *”Netflix nomeia Ted Sarandos co-CEO e ganha 10 milhões de assinantes”*
*”Contágio de Covid ainda acelera em 60% das grandes cidades brasileiras”* - Em um mês, o ritmo de contágio da Covid-19 diminuiu consideravelmente em 103 das 324 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes —ou 32% delas. Em outras 193 (60%), porém, os novos casos continuam crescendo em ritmo acelerado. Das 27 capitais brasileiras, apenas Manaus, Recife e São Luís têm a situação por ora sob controle, com número reduzido de novas pessoas contaminadas a cada dia. As duas cidades nordestinas adotaram uma espécie de lockdown após o sistema de saúde chegar ao colapso, e, mesmo após retomarem parcialmente as atividades, têm diminuído significativamente a disseminação do vírus desde meados de junho. No caso da capital de Pernambuco, três cidades da região metropolitana —Olinda, Camaragibe e Igarassu, além da capital— também registram poucos casos novos. Na Grande São Luís, isso acontece com São José do Ribamar. Já Manaus foi a primeira capital a ter lotação de UTIs, ainda em meados de abril. O número de mortes disparou, e durante 33 dias os hospitais registraram mais óbitos que pacientes curados. Desde o fim de maio, contudo, o número de novos vem caindo sistematicamente. Junto com Marituba, na Grande Belém, estas são as únicas oito cidades com mais de 100 mil habitantes em que a epidemia parece estar sob controle. Para chegar a esses números, a Folha utilizou um modelo estatístico desenvolvido pelos pesquisadores Renato Vicente, professor do Instituto de Matemática da USP e membro da rede Covid Radar (que monitora a doença), e Rodrigo Veiga, doutorando em física pela USP. Eles se basearam em um estudo de epidemiologistas da Unesp. A análise da Folha levou em conta apenas municípios com 100 mil habitantes ou mais, que em geral têm dados mais consolidados e estáveis sobre a doença do que as cidades menores. Além disso, porque as cidades pequenas tendem a ter menos casos em números absolutos, o registro de algumas poucas infecções novas implicaria um aumento percentual maior. O modelo se baseia na evolução dos casos em cada local (cidade, estado, país) e tem como parâmetro um período de 30 dias, com mais peso para o período mais recente. Com isso, é medida a aceleração da epidemia, ou seja, a forma como o número de novos casos cresce ou diminui. Os números são atualizados diariamente (a cada atualização, o dia mais antigo da série de 30 dias sai do cálculo). Ao se considerar os 30 dias nessa análise, a tendência apresentada é mais sólida do que quandolevados em conta períodos mais curtos. Por outro lado, a métrica demora mais para captar mudanças, pois os dados antigos influenciam no comportamento das informações mais recentes. A Folha passa a informar diariamente em reportagens e infográficos o estágio de cidades, estados e o geral do país, de acordo com esse índice de 30 dias. Métricas como média móvel de sete dias, que a Folha também informa nos balanços sobre a Covid-19, são mais sensíveis para captar eventuais mudanças de tendências, mas também podem mostrar tendências que não virão a se confirmar no médio prazo. A partir do modelo que considera os 30 dias, a situação da pandemia em cada local avaliado recebe uma classificação. Há cinco possibilidades: inicial, acelerado, platô, desacelerado e reduzida. A fase inicial é aquela em que surgem os primeiros doentes. Neste momento, o Brasil não tem nenhuma cidade com mais de 100 mil habitantes nessa situação. A etapa acelerada é aquela em que há aumento rápido do número de novos casos. Dos 27 estados, 16 estão nessa fase —como, por exemplo, Goiás, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Roraima e Minas Gerais. Na estável, ainda há número significativo de pessoas sendo infectadas, mas a quantidade de novos casos é constante. É o que acontece hoje com a cidade de São Paulo, por exemplo. Quando o número de novos casos cai ao longo do tempo de maneira considerável, tem-se a fase de desaceleração. Essa é a etapa atual do Amapá (único entre os estados) e em 31 cidades, como Cascavel (PR), Santarém (PA), Parintins (AM) e Rio de Janeiro. Já na etapa reduzida há poucos casos novos (ou nenhum), levando em consideração o histórico da epidemia naquele lugar. Nesta quinta-feira (16), apenas as 8 cidades citadas no início desta reportagem estavam nessa fase. “Essas medidas servem como um parâmetro para nos orientar sobre o momento em que estamos. Por exemplo, serve para sabermos se teremos uma onda de estresse no sistema de saúde no futuro e para evidenciar se políticas públicas estão surtindo efeito”, diz o pesquisador Vicente, autor do modelo estatístico. As cidades que estão na fase acelerada, com o número de novos casos crescendo expressivamente, são 193 —9 delas são capitais, a exemplo de Belo Horizonte e Porto Alegre. Os números dos estados evidenciam o grande peso que o interior tem sobre a disseminação da Covid-19, inicialmente concentrada nas capitais. Bahia e São Paulo, por exemplo, são classificados como em situação acelerada. Mas Salvador e a capital paulista —que tem um dos maiores números absolutos de óbitos no mundo--- estão no nível de estabilidade. No interior, contudo, cidades importantes, como Ribeirão Preto (SP), Sorocaba (SP), Feira de Santana (BA) e Jequié (BA), estão aceleradas Também é possível perceber a mudança do epicentro da epidemia, que no primeiro momento atingiu de forma mais dura o Norte e Nordeste. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, pioneiras na flexibilização de medidas de isolamento social, todos os estados estão em fase de aceleração. Treze cidades haviam conseguido reduzir ou estabilizar o número de novos casos em junho, mas viram o ritmo de contaminação voltar a crescer neste mês. No caso de Teresópolis (RJ), Nova Friburgo (RJ), Santa Cruz do Sul (RS), Itatiba (SP) e Itabira (MG), a situação saiu de desacelerada, ou seja, quando os novos casos estão em queda, para acelerada, quando eles crescem com rapidez. Por outro lado, em 103 foi possível reduzir a disseminação do coronavírus. São municípios que conseguiram diminuir o número de novos casos, embora a doença ainda esteja circulando. Natal, por exemplo, saiu da fase de aceleração para estabilidade. Já Fortaleza tinha chegado a um platô e agora está em desaceleração. Nos estados, houve melhora em 9. Nos outros 18, a situação é a similar à de junho.
*”Brasil chega a 2 milhões de infectados pelo novo coronavírus”*
*”Casos da Covid-19 aumentam no interior da Bahia após São João”* - Na noite de 23 de junho, véspera de São João, não teve festa, forró, nem bandeirolas nas praças por causa da pandemia do novo coronavírus. Mesmo assim, muitas famílias mantiveram a tradição do reencontro: acenderam suas fogueiras e reuniram-se em comunidades rurais, sítios e casas nas cidades do interior da Bahia durante o período junino. O resultado foi uma explosão de novos casos da Covid-19 em pequenas cidades do interior da Bahia. Dados da secretaria de Saúde da Bahia, apontam que pelo menos 14 cidades tiveram um crescimento acima de 1.000% dos casos do novo coronavírus entre os dias 23 de junho e 07 de julho. Outros 178 municípios tiveram avanço de novos casos entre 100% e 1000% no mesmo período, quando a média de crescimento total foi de 87,3% na Bahia e 45,6% no Brasil. A maioria destas cidades é pequena e não tem infraestrutura para atendimento de pacientes graves da Covid-19. “Tivermos um crescimento [dos casos da Covid-19] em muitas cidades da Bahia com taxas bastante expressivas após o São João”, afirmou o governador Rui Costa (PT) em entrevista à imprensa. Ele disse ter ouvido relatos semelhantes de dezenas de prefeitos, no qual apenas uma pessoa que estava infectada com o novo coronavírus contaminou toda ou quase toda a família após encontros no período junino. O avanço dos casos no São João aconteceu a despeito do governador ter emitido um decreto que proibiu festejos e aglomerações no período junino e do feriado estadual do dia 24 de junho, dia de São João, ter sido antecipado para maio. Nas cidades que tradicionalmente abrigam maiores festas de São João da Bahia, caso de Amargosa, Cruz das Almas, Senhor do Bonfim e Santo Antônio de Jesus, houve um avanço no número de casos e no ritmo de disseminação da doença. Em Amargosa, mesmo com o cancelamento dos festejos, o número de casos da Covid-19 saiu de 25 no dia 23 de junho para 98 nesta quarta-feira (15). A média de novos casos, que era de três por semana, saltou para seis por dia, conforme explica o prefeito Júlio Pinheiro (PT). A prefeitura reforçou as barreiras sanitárias nas quatro estradas da cidade durante o período junino. Mas muita gente burlou a fiscalização entrando na cidade por vias alternativas, pela zona rural. “A gente já previa uma movimentação maior porque, apesar de não ter festa, permanece a tradição das pessoas visitarem a família e retornarem ao interior. Tivemos registro de algumas aglomerações, principalmente nas comunidades rurais”, afirma o prefeito. Diante do avanço da Covid-19, a prefeitura decertou toque de recolher noturno e durante os finais de semana. Nesta segunda-feira (13), foi decretado isolamento social rígido por dez dias. “A intenção é frear na curva de contaminação”, diz Pinheiro. A situação é semelhante em outras cidades com tradição junina. Mesmo sem festas nas praças, as cidades como Cruz das Almas e Senhor do Bonfim registraram aglomerações, sobretudo nas “guerras de espadas”, prática na qual grupos soltam fogos de artifício entre si nas ruas da cidade. A região da Chapada Diamantina foi uma das mais atingidas pelo avanço da Covid-19, com o aumento do número de contaminados em cidades como Lençóis, Iraquara e Souto Soares. O mesmo aconteceu em pequenas cidades do sertão baiano como Sítio do Quinto, Ourolândia, Várzea Nova e Capela do Alto Alegre. Principal destino turístico da Chapada Diamantina, a cidade de Lençóis não tinha nenhum caso confirmado do novo coronavírus até 23 de junho. Nesta quarta-feira, já eram 70 pessoas com a doença, incluindo 17 funcionários da prefeitura e prefeito Marcos Ailton (Republicanos). A prefeitura instalou barreiras sanitárias nas entradas da cidade desde o dia 21 de março. Mas registrou um movimento de acima do normal nas últimas semanas. Apenas no período do São João, cerca de 100 pessoas entraram na cidade, dentre familiares e amigos de moradores. O resultado foi que o isolamento social caiu e o movimento nas ruas aumentou nas ruas mesmo sem a realização da festa de São João, resultando em uma explosão de novos casos da Covid-19. “O crescimento foi muito rápido, a população está em pânico”, afirma o prefeito Marcos Ailton. Ele intensificou a testagem no município, fez a desinfecção de ruas e prédios públicos e agora preparam um decreto de isolamento rígido para a cidade. A maior preocupação é que aconteçam possíveis casos graves da doença. A cidade não possui leitos públicos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e terá que transferir pacientes para o Hospital Regional da Chapada, em Seabra, cidade que fica a 71 quilômetros. Para agravar a situação, a cidade está com todas as suas ambulâncias quebradas. Nesta terça-feira, o prefeito tomou emprestada a ambulância da prefeitura de Utinga, cidade vizinha, para levar um paciente até Itaberaba, a 140 quilômetros de distância, para fazer uma tomografia do pulmão. Outra cidade da Chapada Diamantina que teve crescimento vertiginoso de casos da Covid-19 foi Iraquara. Com 25 mil habitantes, o município viu o número de casos saltar de apenas um em 23 de junho para 92 nesta terça. Segundo o prefeito Edimario Novais (PSD), pesou no crescimento do número de casos da Covid-19 a chegada de pessoas que viviam em outras cidades, mas perderam seus empregos e retornaram ao município. Somente de São Paulo chegaram 200 pessoas nas últimas semanas. O avanço dos casos acendeu o alerta do governo baiano. Na última semana, o governador Rui Costa reuniu-se com os 100 prefeitos das cidades mais atingidas pela Covid-19 no interior do estado e intensificou as medidas de prevenção e de isolamento social. Já chega a 97 o número de cidades que tiveram toque de recolher noturno decretado, com proibição da circulação de pessoas sem justificativa e de aglomerações entre às 20h e 6h da manhã. Também houve um reforço na restrição da circulação de pessoas entre as cidades: dos 417 municípios baianos, 393 estão com o transporte intermunicipal e interestadual de passageiros suspensos. A principal preocupação do governo é que a evolução dos casos da Covid-19 nas pequenas cidades gere uma pressão sobre o sistema público de saúde das cidades maiores e da capital, resultando em um cenário de colapso. Em Salvador, quatro em cada dez pacientes internados com o novo coronavírus vieram transferidos de cidades do interior.
*”Cenas do Brasil são usadas em outros países para espalhar desinformação na pandemia”* TATI BERNARDI - *”Fique mal”* *”Especialistas não veem motivos para comemorar platô da pandemia no Brasil”* *”Governo de SP diz que vai reavaliar retomada das aulas presenciais em 8 de setembro”*
*”Motoboys do litoral de SP doam lanches a moradores de rua”* *”619 instituições para idosos vão receber auxílio no combate à Covid-19”* *”Festival de Inverno de Campos do Jordão será no verão após adiamento”*
*”Pastor, novo ministro da Educação promete ensino público laico”* - Novo ministro da Educação, o pastor presbiteriano Milton Ribeiro tomou posse nesta quinta-feira (16) e afirmou que assume um compromisso pela laicidade do ensino público. Ele prometeu também mais diálogo na pasta com instituições. "Conquanto tenha a formação religiosa, meu compromisso que assumo hoje ao tomar posse está bem firmado e localizado em valores constitucionais da laicidade do estado e do ensino público". Milton Ribeiro é o quarto ministro da Educação em pouco mais de um ano e meio de governo. Doutor pela faculdade de Educação da USP, ele não tem experiência em gestão pública. O novo ministro é pastor da Igreja Presbiteriana Jardim de Oração de Santos, litoral de São Paulo. Antes de assumir a pasta, defendeu, em vídeos publicados em redes sociais, educar crianças pela "dor" e também disse que homem tem que impor o caminho no lar. "Jamais falei em violência física na educação escolar e nunca defenderei tal prática, que faz parte de um passado que não queremos de volta", disse ele. No vídeo de uma pregação feita em abril de 2016, Ribeiro afirma que "essa ideia que muitos têm de que a criança é inocente é relativa". Ao explicar o que vê como distinção entre castigo e disciplina, cita um trecho da Bíblia: "Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-la". "Um tapa de um homem ou uma cintada de uma mulher podem ser muito mais fortes que uma criança pode suportar". Em seguida, no vídeo da pregação, afirma: "Não estou aqui dando uma aula de espancamento infantil, mas a vara da disciplina não pode ser afastada da nossa casa". Nesta quinta (16), após negar defender a violência, Ribeiro afirmou que os professores perderam a autoridade no Brasil. "Isso aconteceu devido a implementação de políticas e filosofias educacionais equivocadas, que desconstruíram a autoridade do professor em sala de aula, o que agora existem são muitas vezes episódios de violência física de alguns maus alunos contra professores", disse, sem citar a quais políticas se referia. O novo minsitro também afirmou que pretender "abrir um grande diálogo para ouvir os acadêmicos e educadores". A gestão de Abraham Weintraub ficou marcada por ataques a vários setores, como as universidades. Doente, infectado pela Covid-19, Bolsonaro participou do evento por vídeo, do Palácio da Alvorada, de onde assinou a posse do ministro. A cerimônia não foi aberta à imprensa. "Com toda certeza, a chegada de um ministro voltado para o diálogo, usando a sua experiência e querendo o melhor para as crianças, esse entendimento se fará presente", disse Bolsonaro. O MEC estava sem ministro desde 18 de junho, quando Abraham Weintraub foi demitido do cargo. Bolsonaro nomeou, mas não deu posse, a Carlos Alberto Decotelli, que pediu demissão após virem à tona falsidades em seu currículo. Na quarta (15), Ribeiro participou de reunião com o ministro Paulo Guedes (Economia) e parlamentares sobre a renovação do Fundeb, mecanismo de financiamento da educação básica. Integrantes do MEC dizem, nos bastidores, esperar alterações na equipe sob sua gestão. O secretário-executivo da pasta, Antonio Vogel, já anunciou que deixa o cargo que ocupa desde abril de 2019, quando Weintraub assumiu o MEC. O governo tenta dar um caráter técnico à escolha de Ribeiro para o MEC e também dar acenos a grupos de apoio, como os evangélicos. Dessa forma, ele não vai mexer em posições de influência da ala ideológica do governo e também daquelas oriundas de negociações políticas. Dessa forma, a presidência do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) permanece sob comando do centrão, bloco que Bolsonaro se aproximou. A secretaria de Alfabetização também continua com Carlos Nadalim, aluno do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. Como experiência acadêmica, Ribeiro foi vice-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, entre 2000 e 2003. No mesmo período, foi diretor da área de especializações da instituição. Ele ainda fez parte do conselho do Instituto Presbiteriano Mackenzie, órgão mantenedor da universidade, em dois períodos: entre 1994 e 2000 e a partir de 2015 —o Mackenzie informou que ele renunciaria ao cargo com a posse no MEC. Sua atuação acadêmica mantém ligação mais ligada à religião do que a políticas de educação pública. No mestrado, no Mackenzie, pesquisou liberdade religiosa. Em seudoutorado, finalizado em 2006, dedicou-se a examinar o calvinismo no Brasil e a relação com a educação. Também aparecem no currículo duas especializações sobre o Velho Testamento. A única disciplina que ele teria lecionado, também no Mackenzie, foi ética e disciplina, em 2001. Desde maio de 2019, ele é membro da Comissão de Ética da Presidência da República. Sua chegada ao governo se deve ao patrocínio dos ministro Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e André Mendonça (Justiça), também pastor presbiteriano. O novo ministro chega ao MEC em um cenário crítico. A pandemia de Covid-19 levou ao fechamento de escolas, exige esforços para manter o ensino e acarretará em queda de recursos. A pasta, no entanto, não liderou o enfrentamento à pandemia na educação básica e tem se mostrado ausente na manutenção de aulas remotas e na definição de protocolos de retorno às aulas. Também não criou linha de financiamento para mitigar os efeitos da pandemia, fato considerado mais grave. O MEC sofre ainda com a ineficiência na execução de recursos. A Folha mostrou no mês passado que a maior parte dos gastos feitos pelo MEC neste ano são de empenhos de 2019 mas não realizados de fato. O novo ministro terá que fazer um esforço para construir pontes com o Congresso, que analisa na próxima semana a renovação do Fundeb. Também será necessário melhorar o diálogo com os secretários de Educação e com as universidades—cuja relação foi desgastada por Weintraub.
*” Hidrelétricas na Amazônia causam mortandade maciça de árvores adaptadas à vida submersa”* *”Governo proíbe queimadas na Amazônia e no Pantanal por 120 dias”*
MÔNICA BERGAMO – *”Prefeitura de SP registrou número mais baixo de óbitos depois que a curva da Covid-19 começou a baixar”*
MÔNICA BERGAMO - *”Deputados pedem que parlamentares americanos cobrem governo sobre cooperação entre FBI e a Lava Jato”*: Mais de 70 deputados brasileiros de diferentes partidos assinam uma carta na qual pedem a parlamentares americanos que cobrem informações do governo dos Estados Unidos sobre a cooperação entre o FBI e a Lava Jato e adotem medidas legislativas quanto a isso. O documento foi idealizado pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) e tem apoio de parlamentares do PT, PDT, PSB e da Rede, e se baseia em reportagem da Agência Pública com o The Intercept Brasil sobre a proximidade entre a PF, procuradores brasileiros e o órgão de investigação do Departamento de Justiça dos EUA. “Considerando a história das ações do governo dos EUA e tentativas de influenciar outros países, as recentes revelações sobre as conexões do FBI e do DOJ [Departamento de Justiça] com a Lava Jato são muito alarmantes”, diz o documento.
MÔNICA BERGAMO - *”Diretor de game show apresentado por Mário Frias é cotado para a Cultura”* MÔNICA BERGAMO - *”Erundina e Boulos pedem na Justiça que governo de SP suspenda reintegrações de posse”* MÔNICA BERGAMO - *”Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares fala abordagem policial com procurador-geral de SP”* MÔNICA BERGAMO - *”Theatro Municipal de SP homenageia profissionais da saúde com trecho de ópera em vídeo”* MÔNICA BERGAMO - *”Orquestra Petrobras Sinfônica faz oito concertos online gratuitos”* MÔNICA BERGAMO - *”Advogados debatem iniciativas para ajudar entidades do terceiro setor na pandemia”*
CAPA – Manchete principal: *”Contágio dobra em 27 dias e atinge 2 milhões no Brasil”*
EDITORIAL DO ESTADÃO - *”A importância das eleições municipais”* - Em função da pandemia do novo coronavírus, o Congresso adiou, por meio da Emenda Constitucional (EC) 107/2020, o primeiro e o segundo turnos das eleições municipais deste ano, que serão nos dia 15 e 29 de novembro, respectivamente. No pleito, os eleitores escolherão o prefeito e os vereadores de suas cidades. Longe de ser uma esfera menos importante, o município é peça fundamental da vida democrática do País, com muitas consequências e desdobramentos, não apenas para a qualidade da vida diária, mas também para as políticas estadual e nacional. A Constituição de 1988 conferiu aos municípios caráter de ente federativo. “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito”, diz o art. 1.º da Carta Magna. O município não é, portanto, mera circunscrição administrativa, mas verdadeiro ente político, apto a estabelecer leis, criar impostos e definir sua própria organização. Segundo a Constituição, cabe aos municípios, por exemplo, legislar sobre assuntos de interesse local, além de suplementar a legislação federal e a estadual no que couber. É evidente, assim, a importância dos vereadores em relação a questões fundamentais da vida dos cidadãos, como transporte público, limpeza urbana, saneamento básico e urbanismo. A Câmara Municipal tem competência, por exemplo, para regulamentar os consórcios entre municípios. Cabe ao município promover um “adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano”, estabelece a Constituição. A rigor, esse tópico, sozinho, revela a importância de escolher responsavelmente os vereadores. São eles que definirão o presente e o futuro de cada cidade. Um adequado planejamento do espaço urbano pode mudar completamente a qualidade de vida das atuais e das futuras gerações, além de influir nos rumos, potencialidades e condicionantes do desenvolvimento social e econômico de uma localidade. Cabe também aos municípios, diz a Constituição, “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”. Uma administração municipal competente pode fazer toda a diferença na manutenção e limpeza das ruas e calçadas, na qualidade do asfalto das vias públicas, no funcionamento dos semáforos, no cuidado e na poda das árvores e, de forma especialmente decisiva, no transporte público coletivo. Todos estes são temas que afetam direta e diariamente a vida de toda a população. Outro aspecto de enorme relevância para o País que está sob competência municipal é a educação das crianças e adolescentes. Com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, o município é o responsável primário por manter os programas de educação infantil e de ensino fundamental. Ou seja, esse cuidado com a primeira infância, época decisiva para o desenvolvimento da pessoa, está sob responsabilidade direta do município. Da mesma forma, a adequada oferta de creches é fator decisivo para o desenvolvimento humano e social de muitas famílias, com reflexos sobre a renda e a autonomia das mulheres. Diante desse quadro, é impossível achar que as eleições municipais são uma questão menor, desimportante. O descuido com a esfera municipal tem efeitos imediatos sobre a população. E tem também outra consequência, menos notada, mas especialmente duradoura, sobre toda a política nacional. As novas lideranças políticas nascem no âmbito local. É nas eleições municipais que o eleitor tem maior proximidade com aqueles que, depois, estarão na esfera estadual e na federal. Por isso, votar irresponsavelmente no município significa alçar a uma posição de destaque pessoas que talvez não tenham as necessárias condições de caráter e competência para a política. De forma muito realista, as eleições municipais são oportunidade privilegiada de exercício de cidadania, de cuidado com a coletividade e de responsabilidade para com o País.
COLUNA DO ESTADÃO - *”Veto presidencial amplia clima de desconfiança”*: Oveto de Jair Bolsonaro ao Artigo 16 do novo marco do saneamento consolidou no Congresso a percepção de que o governo e o presidente não respeitam acordos, ou seja, não são “confiáveis” do ponto de vista político. Afinal, não foi a primeira vez que a corda foi roída só de um lado na relação entre representantes do Executivo e o Legislativo. Entre os muitos que ficaram pendurados na brocha, desta vez está o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. O episódio também baixou o cacife de líderes do Centrão, atualmente bem próximos de Bolsonaro. » Olha só. Apesar de não concordarem com o mérito, a quebra do acordo foi bem vista por adversários de Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela presidência da Câmara. Quanto mais pontos ele perder, melhor. » Noise. Alcolumbre deverá se empenhar pela derrubada do veto, e o mercado acredita nele. Mas, até lá, o ruído deverá atrasar investimentos no setor. » Contexto. O Artigo 16, fruto de longa costura, conferia a possibilidade de as empresas estaduais de saneamento renovarem seus contratos por mais 30 anos. » Freio de mão. Quem conhece bem o setor alerta: na sanha de atacar as empresas estaduais, o veto presidencial inviabilizou qualquer forma de associação delas com o setor privado, por meio de PPPs e de subconcessões desenvolvidas pelo BNDES, que representam os maiores projetos no setor e já estavam prontos para ir para o mercado. » Xi. Os projetos do BNDES são parcerias do setor privado com as empresas estatais de saneamento. Ou seja, foram anos jogados fora: R$ 51 bilhões que deixaram de ser aplicados. » Curto-circuito. Os investidores não estavam esperando o veto e não estão entendendo nada: de um lado o BNDES modela e de outro o governo implode?
*”Camargo fala em ‘favor’ e dá cargo a nomes do Turismo”* - Dois parentes de funcionários subordinados ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, conseguiram ocupar cargos na Fundação Palmares em prática que se assemelha a uma espécie de “nepotismo cruzado”. Em reunião fechada com auxiliares, no fim de abril, o presidente da fundação, Sérgio Camargo, admitiu ter recebido o pedido do chefe de gabinete do ministro, Hercy Ayres Rodrigues Filho, “a título de favor”. Camargo afirmou que atenderia a demanda porque precisaria da “ajuda” dos dois. “O ministro Marcelo Álvaro me pediu um cargo e o chefe de gabinete dele me pediu outro. O Marcelo quer um DAS 2 (Direção e Assessoramento Superior de nível dois) e o Hercy quer um cargo terceirizado”, disse o presidente da Palmares a servidores, de acordo com relatos obtidos pelo Estadão/Broadcast, durante reunião ocorrida no dia 24 de abril, por volta de 13h30. A contratação de parentes por influência de autoridades é definida como nepotismo. Quando há nomeações de parentes e expectativa de troca de favor ou vantagens políticas entre agentes públicos, o caso pode ser configurado como “nepotismo cruzado” ou indireto. Embora indicações de pessoas da mesma família, até terceiro grau, sejam vedadas na administração direta e indireta, a lei não é clara sobre cargos terceirizados. A Fundação Palmares é subordinada ao Ministério do Turismo. Na conversa, Camargo afirmou que não havia falado diretamente com Álvaro Antônio, mas com Hercy, de quem ouviu a solicitação. Mesmo assim, chamou as indicações de “cargos do ministro” em mais de uma ocasião. “Uma é parente do Hercy, a outra acho que é parente do ministro ou é ente. E tem que manter isso. É chato, mas tem que manter porque eu preciso deles. (...) Eles pediram (as indicações) a título de favor”, contou. Camargo expôs ali, com todas as letras, como seria a “manobra” para contratar as duas apadrinhadas por meio de empresa terceirizada, uma vez que, segundo ele, os outros cargos em comissão já teriam sido preenchidos. O cargo DAS 2, sobre o qual o ministro teria interesse, possui salário de R$ 3,4 mil. Troca. A expectativa do presidente da Palmares de obter algo em troca ficou evidente na reunião e por mais de uma vez ele mencionou a necessidade de ajuda. “Não sou obrigado a contratar ninguém que eles indiquem, mas, se eu precisar de uma ajuda deles... Vou precisar de uma mudança (possivelmente se referindo à mudança de prédio da Palmares), vou precisar de um monte de coisa. Então, não é que eles vão negar, mas não vai ter aquela presteza, aquela agilidade, as coisas vão ficar mais lentas”, avaliou Camargo. “Devem ser pessoas que perderam emprego nessa crise e eles estão querendo ajudar (...). Não é cargo político”. Em 7 de maio, Flávia Melo Braga Rodrigues, casada com Hugo Leonardo Rodrigues, sobrinho do chefe de gabinete do ministro do Turismo, foi contratada como terceirizada da Fundação Palmares. Flávia atua na área financeira da instituição. No mesmo dia, Bianca Aparecida Marchiori Thimoteo Alves ganhou o cargo de auxiliar de gabinete da fundação. Bianca é mulher do servidor Isac Caldeira de Sá, que coordena a agenda de Álvaro Antônio. O apadrinhamento e o “toma lá, dá cá” sempre foram criticados pelo presidente Jair Bolsonaro, mas o modelo é mantido em seu governo. Dois dias antes da reunião em que tratou dos pedidos para as indicações, Camargo publicou um post em uma rede social no qual destacava a prioridade dada a “direitistas” com “alta qualificação” nas nomeações da Palmares. “Há quem leve esquerdistas para dentro do governo Bolsonaro. Eu faço a coisa certa. Tiro esquerdistas, nomeio direitistas! Todos com alta qualificação”, escreveu ele, em 22 de abril. Mais tarde, em 30 de abril, Camargo classificou o movimento negro como “escória maldita”, que abriga “vagabundos”, e chamou Zumbi dos Palmares de “filho da puta que escravizava pretos”, como revelou o Estadão. Além disso, manifestou desprezo pela agenda da Consciência Negra, se referiu a uma mãe de santo como “macumbeira” e disse que não daria um centavo para terreiros. Por causa dessas afirmações, ele é alvo de inquéritos no Ministério Público, acusado de improbidade administrativa, racismo e discriminação. A empresa R7 Facilities confirmou que Flávia e Bianca foram contratadas como terceirizadas da Fundação Palmares. Questionada sobre as indicações, uma funcionária da companhia que se apresentou como “preposto” da Palmares disse que retornaria o contato depois, o que não ocorreu. No dia seguinte, o Estadão ligou novamente e a empresa afirmou que não comentaria o caso. O nome fantasia da R7 Facilities é Grupo Service. A firma mantém contratos com várias repartições do governo. No caso da Fundação Palmares, o contrato foi fechado em dezembro de 2018, no fim do governo de Michel Temer, com valor mensal de R$ 261.615,00. As contratações envolviam serviços de copa, apoio de gabinete, assistentes e técnico de comunicação. Em janeiro deste ano foi feito um aditivo ao contrato para mudar a razão social da empresa e alterar a remuneração para R$ 266.904, 32 mensais – R$ 3,2 milhões por ano. “O ministro Marcelo Álvaro me pediu um cargo e o chefe de gabinete dele me pediu outro. O Marcelo quer um DAS 2 (Direção e Assessoramento Superior de nível 2) e o Hercy quer um cargo terceirizado.” +++ A crítica feita à reportagem da Folha vale para a do Estadão também. A imprensa se recusa a abrir espaço para que a oposição critique os desmandos dos integrantes do governo federal. As empresas donas dos veículos de imprensa sabem o poder que têm.
*”Presidente da fundação diz ter recebido currículos”*
*”Governo atrai base com verba contra a covid, diz Olímpio”* - Ex-bolsonarista e integrante da bancada da bala no Congresso, o senador Major Olimpio (PSL-SP) afirmou que o dinheiro para combater a covid-19 foi distribuído pelo governo de Jair Bolsonaro para pelo menos 50 senadores e 200 deputados federais a fim de garantir a construção de uma base de apoio. “Me ofereceram R$ 30 milhões. Dinheiro da covid-19.” O senador afirma que a oferta foi feita por um representante do governo. No relato de Olimpio, cada colega seu recebeu R$ 30 milhões em emendas. O governo destinara ainda R$ 10 milhões aos deputados federais. Líder do PSL no Senado e eleito com 9,039 milhões de votos, Olimpio anunciou que está deixando o partido pelo qual foi eleito defendendo a candidatura Bolsonaro à Presidência. A razão é a reaproximação do PSL com o governo. Olimpio rompeu com o presidente após o distanciamento entre o bolsonarismo e o lavajatismo – ele participa do grupo Muda Senado, Muda Brasil, que procura se associar à Operação Lava Jato. O Estadão ouviu dois senadores – Marcos do Val (Podemos-ES) e Plínio Valério (PSDB-AM) – que confirmaram parte do relato de Olimpio. No último dia 1.º, o governo autorizou a liberação de R$ 13,8 bilhões para cidades e Estados lidarem com efeitos da pandemia do novo coronavírus. Previstos em portaria do Ministério da Saúde, os recursos podem ser usados para contratar médicos, remédios ou produtos e serviços hospitalares. Ao anunciar a portaria, o Ministério da Saúde informou que os municípios beneficiados foram escolhidos segundo o número de habitantes e a quantidade de dinheiro que receberam ano passado para atenção hospitalar e básica. Para os Estados, também foi levado em conta os leitos de UTI disponíveis para pacientes com coronavírus e a taxa de incidência da Covid-19 por 100 mil habitantes. Segundo Olimpio, porém, o governo propôs a parlamentares que indicassem onde parte desse dinheiro seria alocado. “O parlamentar distribuiu o dinheiro para as bases dele. Ele não combinou com o vírus. Onde era necessário por o recurso? Onde está morrendo gente. Se era o dinheiro para o enfrentamento do Covid-19 não seriam os infectologistas, os médicos que deveriam definir onde o dinheiro é mais necessário? Em vez disso, é a planilha do senador que vale.” Técnicos. A crítica do senador é compartilhada por especialistas em Saúde Pública. Para Raul Borges Guimarães, especialista em geografia da saúde da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a pressão política pode ser importante para que o governo efetivamente libere os recursos, mas, na hora da alocação da verba, o critério deve ser técnico. “Não tem outra saída”, diz ele. O epidemiologista e professor da USP Paulo Lotufo entende que a falta de testes prejudica a alocação dos recursos. Ele afirma que a distribuição de verba deve ser feita com base nos números de mortes, de pessoas que necessitam de terapia intensiva e de casos confirmados de covid-19. Segundo Olimpio, o dinheiro gasto por meio do carimbo dos parlamentares foi oferecido pelo governo depois que o general Eduardo Pazuello assumiu interinamente o ministério. Segundo Olimpio a oferta do governo era uma armadilha. “Era para me prender o rabo com o ‘toma lá, dá cá’.” O dinheiro destinado por parlamentares representa o dobro de valor a que um senador tem direito por ano para gastar com emendas – R$ 15 milhões. Olimpio afirma não estar recriminando os colegas que aceitaram o dinheiro. “Estou acusando o critério absolutamente imoral de um governo que disse que jamais faria o ‘toma lá, dá cá’, até iludindo parlamentar. Não tem o ‘dá cá hoje’, mas o ‘toma lá’ que eu vou cobrar depois.” De acordo com ele, o governo liberou os recursos indicados pelos parlamentares há dois dias. “Já pagaram para todo mundo que aceitou. Isso está acontecendo com a Saúde em todo o Brasil. É a coisa mais macabra.” No relato do senador, quando o dinheiro em emendas lhe foi oferecido, ele perguntou ao interlocutor se a oferta era para todos os senadores. E a resposta foi: “Claro que não.” Segundo Olimpio, a verba foi para os parlamentares considerados “cooptáveis” pelo governo. “Não falaram nada de votação, nada. Mas e na hora que eu batesse, iam dizer: ‘Você aceitou’.” Olimpio afirmou que a ideia de carimbar o dinheiro nasceu depois que deputados do Centrão reclamaram que o dinheiro da Saúde estava sendo liberado para Estados e Municípios sem que tivesse o carimbo dos parlamentares, ou seja, estivesse associado à indicação política “Aí fizeram a coisa carimbada para quem está dentro do jogo do time dos amigos.”
*”Dois senadores confirmam recurso federal”* - Dois dos senadores citados pelo major Olimpio (PSL-SP) admitiram que foram atendidos pelo governo com o repasse da verba extra contra a pandemia nos Estados, mas afirmaram que as conversas não envolveram a troca de apoio. Tanto o senador Plínio Valério (PSDB-AM) quanto Marcos Do Val (Podemos-ES) disseram que seguirão votando contra o governo quando discordarem das propostas. Olimpio disse que alguns colegas aceitaram “ingenuamente” a verba. “O Marcos do Val disse: ‘Me ofereceram, eu pensei que era pro Estado e topei’. O senador Plínio Valério disse: ‘Dividi entre os 65 municípios do Estado’. E mandou a forma de divisão que fez no Amazonas.” Valério diz que seu gabinete foi procurado pela assessoria da Presidência e informado que podia destinar R$ 20 milhões a municípios de sua escolha. Apesar de ver interesse governo em atrair apoio, ele disse que nenhum acordo foi oferecido. “Vejo o governo fazendo política e tirando proveito da verba. Um dinheiro, que já existia para o combate à covid, pegam e parte disso oferecem aos políticos para ‘fazer uma média’. Não serão R$ 30 milhões que vão influenciar meu comportamento.” Oportunidade. Já Marcos Do Val diz que foi sua equipe de assessores que descobriu a portaria ministerial e viu ali uma oportunidade para destinar recursos ao Espírito Santo. Do Val relatou uma conversa que senadores tiveram no WhatsApp, em um grupo suprapartidário Muda Senado, na qual deixou claro ter obtido os recursos sem prometer contrapartida. “Eu fiz um pedido solicitando esse recurso extra, e aí tramitou normalmente”, contou. Ele disse que constatou na conversa que a maioria dos senadores que não recebeu a verba era da oposição. O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), confirmou que ele e outros opositores não receberam repasses e vê na medida inovação em “compra de apoio”. O Ministério da Saúde reafirmou ontem que, com os representantes dos secretários estaduais e municipais de saúde, definiu critérios técnicos para distribuir os recursos da covid-19. O Palácio do Planalto não se manifestou.
*”Após 19 meses, Queiroz depõe em inquérito das ‘rachadinhas’”*
*”TCU mantém ‘penduricalho’ a militares”* - O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu ontem manter o aumento de um “penduricalho” a militares das Forças Armadas, mesmo durante a pandemia da covid-19. O plenário do TCU rejeitou pedido do Ministério Público de Contas para suspender o reajuste no “adicional de habilitação”, um complemento salarial que eleva os vencimentos de militares. O impacto previsto em 2020 é de R$ 1,3 bilhão e somará R$ 26 bilhões em cinco anos, como revelou o Estadão. O adicional incide sobre o soldo, salário- base, e é pago à medida que o militar conclui cursos ao longo da carreira. Com o aumento neste mês, as faixas do penduricalho variam agora de 12% a 42%. Antes eram limitadas a 30%. Até 2023, haverá novos reajustes que elevarão o adicional ao patamar máximo de 73%, conforme previsto na reforma dos militares, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no ano passado. “Restou demonstrado que o pagamento do adicional de habilitação não é ilegal nem é ‘agrado’, pois se trata de direito regularmente previsto em lei”, escreveu o ministro Augusto Sherman, relator do caso. A representação do subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado foi rejeitada pelo plenário sem nenhum debate entre os ministros. Para Furtado, o aumento “colide frontalmente” com a lei complementar 173. Sancionada em maio, essa lei criou o Programa Federativo de Enfrentamento ao Novo Coronavírus e determinou uma proibição em aumentos para todo o funcionalismo público, até o fim de 2021. Furtado considerou o aumento um “agrado” do presidente aos militares e afirmou ser “flagrante e inapelavelmente ilegal”. Para ele, o TCU deveria determinar ao governo Bolsonaro que se abstivesse de reajustar qualquer remuneração dos integrantes das Forças Armadas enquanto durar a pandemia ou até uma decisão de mérito da corte. Mas, no entender do ministro relator, essa representação era improcedente e deveria ser arquivada. Para Sherman, como o reajuste do adicional foi sancionado em 2019, deve ser entendido como uma “situação excepcional” prevista na lei que congelou aumentos em todo o funcionalismo público até o fim de 2021. A lei estabeleceu como “exceção” pagamentos determinados em duas situações: por “sentença judicial transitada em julgado” ou “determinação legal anterior à calamidade”. A área técnica do TCU afirmou, por meio da Secretaria de Fiscalização de Pessoal, que a preocupação do Ministério Público era “justa” por causa da crise econômica e fiscal agravada pela pandemia. Porém, argumentou que o Congresso não suspendeu os aumentos concedidos antes da lei complementar 173 e ainda autorizou recentemente que Bolsonaro desse reajuste a policiais e bombeiros militares em Brasília. O aumento no adicional de habilitação passou a valer neste mês para militares de Aeronáutica, Exército e Marinha. O penduricalho virou motivo de insatisfação entre praças das Forças Armadas. Segundo os descontentes, os cursos que permitem acesso a remunerações melhores, classificados como de “altos estudos”, hoje são oferecidos principalmente aos oficiais e só recentemente foram criados para os praças nas Forças Aérea e Naval.
*”Pazuello sinaliza interesse em voltar para antigo posto”* - Antes da crise que pressiona o presidente Jair Bolsonaro a indicar um titular para o Ministério da Saúde, o chefe interino da pasta, general Eduardo Pazuello, já havia sinalizado em conversas reservadas que tem interesse em voltar a assumir uma função no Comando Militar da Amazônia. General de três estrelas, ele não demonstra vontade em ir para a reserva para permanecer em definitivo no governo. Apesar disso, mesmo sendo o motivo do recente entrevero envolvendo as Forças Armadas e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Pazuello tem enfatizado que não vai pedir para deixar o Ministério da Saúde. O argumento, segundo interlocutores, é que ele foi convocado para uma missão e cabe ao presidente, chefe das Forças Armadas, dispensá-lo. Pazuello estava no comando da 12.º Região Militar, que engloba Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, quando aceitou, no final de abril, o convite para integrar o ministério como secretário executivo do então ministro Nelson Teich. Chegou em Brasília com 15 militares que o acompanham desde que atuou na Olimpíada do Rio de 2016. Ao aceitar a “missão”, como Pazuello se refere à sua passagem na Saúde, ficou acertado com o presidente que ele e seu grupo ficariam entre 90 e 100 dias no governo. Com a saída de Teich, em 15 de maio, o general assumiu interinamente a pasta quando o País registrava 14.962 óbitos. Atualmente, o Brasil contabiliza mais de 76 mil mortes, segundo dados do consórcio de veículo de imprensa consolidados ontem. Bolsonaro não sinalizou se pretende estender o período de “intervenção militar” no ministério – ontem, ele afirmou que Pazuello fica no cargo ( mais informações nesta página). Militares que atuam com o ministro interino seguem trabalhando com a previsão de deixar os cargos na Saúde no máximo até setembro. Pazuello não descarta estender sua permanência temporária no governo até o final do ano para reestruturar o ministério, se este for o pedido de Bolsonaro. Entretanto, sinaliza a interlocutores a vontade de reassumir o trabalho na 12.ª Região Militar, onde oficialmente segue no comando. A sala do general permanece montada com nome na porta e objetos pessoais. Em viagem a Manaus, no fim de maio, ele chegou a levar pessoas ao seu gabinete. O problema é que o Alto Comando do Exército já designou, em 29 de junho, o general de divisão Edson Rosty para o posto. A nomeação de Rosty está prevista para ser oficializada no final deste mês, junto com as promoções do Exército. Antes, porém, precisa ser assinada por Bolsonaro. Apesar de não ser comum, até lá pode haver mudanças. Segundo integrantes do Exército, Bolsonaro pode atuar para reconduzir Pazuello ao comando da 12ª Região Militar, mas não seria uma medida bem vista. Fato é que se o ministro interino da Saúde voltar à Força não ficará sem posição de destaque, principalmente após ter passado pelo governo e contar com o apreço do presidente da República.
*”Ministros da Saúde e do Meio Ambiente ficam, diz presidente”* *”PF indicia Alckmin e aliados por caixa 2, corrupção e lavagem”* *”Desembargador do TJ-RJ é denunciado”*
*”Reino Unido, Canadá e EUA acusam Rússia de tentar roubar vacina da covid”* - Autoridades de segurança britânicas, americanas e canadenses acusaram ontem um grupo de hackers ligado ao serviço de inteligência russo de tentar roubar informações sobre projetos de vacinas contra a covid-19. O Centro Nacional de Segurança Cibernética (NCSC, na sigla em inglês) do Reino Unido afirmou que os alvos eram agências de pesquisa e desenvolvimento científico no Reino Unido, nos EUA e no Canadá. “O NCSC acredita que o grupo APT29, também chamado de Dukes ou Cozy Bear, quase certamente opera como parte dos serviços de inteligência russos”, afirmou a agência britânica, em comunicado. O serviço de inteligência do Reino Unido, no entanto, não disse se os ciberataques tiveram êxito, mas garantiu que as pesquisas não foram prejudicadas. O Cozy Bear é um dos grupos de hackers mais bem-sucedidos associados ao Kremlin e esteve envolvido nos ataques de 2016 contra o Comitê Nacional do Partido Democrata – na ocasião, eles divulgaram e-mails de membros do partido às vésperas das eleições presidenciais. Em seguida, as informações foram corroboradas pela inteligência dos EUA e do Canadá. “O APT29 tem uma longa história de atacar organizações governamentais, diplomáticas, centros de estudos, associações de assistência médica e de energia para obter ganhos de inteligência. Por isso, pedimos que todos levem essa ameaça a sério”, afirmou Anne Neuberger, diretora da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA). O ministro da Defesa do Canadá, Harjit Sajjan, afirmou que é preciso haver um “entendimento comum de normas com base em regras e impedir que ciberagentes estrangeiros maliciosos tenham como alvo o país”. Britânicos e canadenses publicaram ontem alertas destinados a ajudar organizações de assistência médica a reforçar suas defesas na internet. Segundo a NCSC, os hackers russos usaram malwares e enviaram e-mails fraudulentos para tentar convencer as pessoas a entregar senhas e outras credenciais de segurança, tudo com o objetivo de acessar pesquisas e informações sobre cadeias de suprimentos médicos. “Condenamos esses ataques desprezíveis contra os que fazem um trabalho vital para combater a pandemia”, disse Paul Chichester, diretor de operações do NCSC. A acusação abriu uma nova frente de batalha na guerras cibernética entre Moscou e as principais potências do Ocidente. O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, classificou o roubo de informações como “inaceitável”. “Enquanto alguns perseguem seus próprios interesses com comportamento irresponsável, o Reino Unido e seus aliados estão trabalhando duro para encontrar uma vacina que proteja a saúde de todos.” Dmitri Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, disse ontem que a Rússia não tem conhecimento ou envolvimento em tentativas de hackers de roubar pesquisas de vacinas contra coronavírus. “Não temos informações sobre quem poderia ter invadido empresas farmacêuticas e centros de pesquisa no Reino Unido”, disse Peskov à agência russa RIA-Novosti. “A Rússia não tem nada a ver com essas tentativas.” Rotina. Mike Chapple, professor de segurança cibernética dna Universidade Notre Dame e ex-cientista da NSA, disse ontem que, provavelmente, os ataques causaram poucos prejuízos. De acordo com ele, os russos estavam apenas copiando informações, e não tentando atrapalhar o avanço das vacinas. “Não me surpreenderia se os serviços de inteligência de todos os outros países estivessem fazendo a mesma coisa e usando as informações para desenvolver suas pesquisas contra o coronavírus”, disse Chapple. “Neste caso, os prejuízos foram limitados à questão comercial, causados a empresas que estão dedicando muitos recursos ao desenvolvimento de uma vacina na esperança de que ela seja financeiramente recompensadora no futuro.” Atualmente, três vacinas – uma britânica, outra chinesa e uma americana – lideram a corrida. De acordo com cientistas, o fato de uma pesquisa ser promissora significa apenas que ela mostrou ser eficiente em mais etapas dos testes pré-clínicos (animais) e clínicos (humanos). No entanto, não quer dizer que ela seja a mais próxima de ser bem-sucedida.
*”Governo russo diz que terá vacina aprovada em agosto”* *”Quatro países respondem por dois terços dos novos casos”* *”Biden arrecada US$ 242 milhões em três meses”*
*”Trump é acusado de usar execuções para fins políticos”* - Wesley Purkey, de 68 anos, foi executado ontem com injeção letal na prisão de Terre Haute, no Estado de Indiana – ele foi o segundo condenado federal a ser executado nesta semana, após a morte de Daniel Lewis Lee, na terça-feira, que havia sido o primeiro a morrer sob custódia do governo em 17 anos. Associações de defesa dos direitos humanos e os democratas acusaram ontem o presidente americano de retomar as execuções para melhorar seu apoio junto ao eleitorado conservador e desviar a atenção da população no momento em que a pandemia de coronavírus se agrava. “Não há razão para o governo ter retomado agora as execuções federais, após quase duas décadas de moratória, durante o ápice da crise sanitária mais grave desta geração. A única explicação é tentar fazer a população esquecer do fracasso com relação à pandemia”, disse Cassandra Stubbs, diretora da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU). “Nada daria mais prazer ao presidente do que um debate nacional sobre o sistema criminal. Esse tipo de coisa entusiasma sua base eleitoral”, disse Andrew Cohen, do Brennan Center for Justice, instituto da Universidade de Nova York. “A única surpresa é que ele não tenha retomado essas execuções antes”, afirmou. Duas outras execuções de criminosos federais estão agendadas – uma para hoje e outra para 28 de agosto. Purkey foi condenado em 2003 por estuprar e assassinar Jennifer Long, de 16 anos, antes de desmembrá-la e queimar seu corpo, em 1998. Depois disso, ele jogou as cinzas em uma fossa. O prisioneiro também já tinha sido condenado pela morte de uma mulher de 80 anos. “Lamento profundamente a dor e o sofrimento que causei à família de Jennifer”, disse o condenado em suas últimas palavras, nas quais considerou que sua morte “é inútil”. Rebecca Woodman, uma das advogadas de Purkey, alegou que ele sofreu “sérios danos cerebrais e doenças mentais”. Os diversos recursos da defesa, no entanto, foram derrubados e a execução, autoriza pela Suprema Corte.
*”País chega a 2 milhões de casos de covid, com ritmo acelerado e interiorização”*
*”Fiocruz é ‘orientada’ a recomendar cloroquina”* - O Ministério da Saúde orientou a Fiocruz a divulgar amplamente e recomendar o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento precoce de pacientes da Covid-19, apesar de as evidências científicas indicarem a ineficácia de ambos no combate ao novo coronavírus. A própria Fiocruz participa do estudo Solidarity, da Organização Mundial de Saúde (OMS), cujos testes com cloroquina e hidroxicloroquina foram suspensos em junho porque todos os resultados obtidos indicavam que as substâncias “não reduziam a mortalidade dos pacientes”. Um outro grande estudo sobre a eficácia dos dois remédios, o Recovery, foi conduzido, também em junho, pelo Reino Unido com a participação de mais de 11 mil pacientes. Seus coordenadores concluíram que “não há efeito benéfico” no uso da hidroxicloroquina. Mesmo assim, em 30 de junho o secretário de Atenção Especializada à Saúde, Luiz Otávio Franco Duarte, enviou ofício à presidência da Fiocruz e aos institutos Evandro Chagas (INI) e Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), solicitando “a ampla divulgação desse tratamento, considerando que ele integra a estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos que cheguem a necessitar de internação hospitalar para tratamento de síndromes de pior prognóstico, inclusive com suporte ventilatório pulmonar e cuidados intensivos”. O ofício menciona como “medidas essenciais”: considerar a prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina, mediante livre consentimento esclarecido do paciente (...) para tratamento medicamentoso precoce, ou seja, nos primeiros dias dos sintomas, no âmbito do SUS”. Perguntado sobre as evidências que embasam tal recomendação, o Ministério da Saúde nada explicou. A Fiocruz confirmou em nota o recebimento do ofício e informou que “está ciente” das orientações do Ministério e informou que “entende ser de competência dos médicos sua possível prescrição”. o fim da nota, lembra que participa “por designação do Ministério da Saúde e é responsável no Brasil pelo estudo clínico Solidariedade, que avalia a eficácia de medicamentos para a Covid 19”. O estudo, conduzido pela OMS, é o mesmo que concluiu pela ineficácia dos remédios.
*”Governo de SP vai reavaliar volta às aulas em setembro”* *”Pastor assume MEC e defende Estado laico”*
*”Entidades da área querem aprofundamento do diálogo”* - Entidades ligadas à educação esperam que o novo ministro aprofunde o diálogo para a solução dos problemas, especialmente no contexto de desafios impostos pela pandemia do coronavírus. “Estamos aqui na ponta, precisamos ser ouvidos. Esperamos que o ministro nos escute e leve em consideração nossos questionamentos”, diz Cecilia Motta, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). Segundo Cecilia, eventual retorno às aulas presenciais após mais de quatro meses com as escolas fechadas exigirá uma série de mudanças nas instituições de ensino. Ela cita desde a necessidade de lavatórios até readequações no corpo docente para contemplar professores com comorbidades. “Deverá haver aporte financeiro do MEC. Temos de voltar e várias coisas terão de ser adquiridas.” Para Edward Madureira Brasil, vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), também é preciso que o ministro estabeleça relação de confiança com as universidades federais. “O que a Andifes espera é diálogo, algo que foi muito difícil com o ministro nesse período.” A associação também pleiteia um alívio nas restrições orçamentárias, para que as universidades consigam cumprir seu papel. Durante a gestão de Abraham Weintraub houve bloqueio de recursos das instituições de ensino superior, o que motivou muitos protestos. “Com o financiamento adequado, as universidades conseguem fazer muita coisa. Esse não pode ser um ponto de preocupação. A universidade tem de se preocupar com problemas reais, como o desenvolvimento de vacinas e respiradores”, diz o vice-presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele também espera que seja respeitada a autonomia das universidades em relação à nomeação de reitores. O MEC chegou a nomear reitores que não haviam sido escolhidos pela comunidade universitária. Para Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, é urgente que o MEC se responsabilize pela coordenação de ações “para minimizar impactos brutais na educação básica por causa da crise provocada pela covid”. Essa resposta educacional à pandemia tem sido dada pelos secretários de Educação e pelo Conselho Nacional de Educação. Além de ações emergenciais, há ainda ações estruturantes como melhorar a formação inicial dos professores e o apoio à educação de tempo integral. Segundo ela, até agora não só deixou de haver diálogo com entidades que compõem a gestão pública da educação como as “pontes foram explodidas”. “O diálogo não é apenas para dar maior legitimidade às ações. A articulação é necessária porque a implementação das políticas passa por vários atores que precisam ter alinhamento. Sem isso, a formulação perde a força. O MEC se isolou esse tempo todo, abdicou do seu poder de influência e contribuição.” Em relação ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), cuja continuidade deve ser votada na Câmara na semana que vem, o melhor que o MEC tem a fazer é apoiar a aprovação do texto, diz Priscila.
*”20% de soja e carne exportadas para EUA seria ‘ilegais’”*
*”Mercado imobiliário aponta melhora nas vendas e fala em retomada em ‘V’”* - A recuperação em “V” (cai rápido, sobe rápido), tão sonhada por diversos setores em meio à crise do coronavírus, pode estar a caminho de se tornar realidade no mercado imobiliário de São Paulo, o mais pujante do País. Os negócios apurados até aqui evidenciam quedas nas vendas de abril e maio, mas que foram abrandadas ao longo de junho, despertando otimismo entre empresários e analistas. “A sensação é que ocorreu mais um adiamento do que uma desistência das compras”, relata o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Basílio Jafet. “Após a reabertura do estandes, o movimento começou a subir”, emenda. O Secovi-SP contabilizou vendas de 1.923 imóveis novos em abril e 2.405 em maio, o que configura quedas de 27,7% e 26,7%, respectivamente, em relação aos mesmos meses do ano passado. O tamanho da queda foi considerado brando em comparação com outros setores, diz Jafet. Os dados de junho ainda estão sendo computados, mas uma sondagem preliminar feita junto aos associados indica que as vendas já chegaram a 85% do esperado para o mês. “É um resultado espetacular para este momento em que ainda há receio de sair de casa e o atendimento tem restrições de horário e fluxo”, avalia Jafet. “Os lançamentos e as vendas são menores do que antes da crise, claro, mas as atividades melhoraram em maio e junho. Para mim, isso foi uma grande surpresa”, diz o analista do BTG Pactual, Gustavo Cambaúva. Atrativo na crise. Há algumas hipóteses que explicam a melhoria dos negócios . A principal delas é que taxa de juro média do financiamento imobiliário no Brasil está no menor patamar da história, de acordo com dados do Banco Central. Em maio, ela chegou a 7,16% ao ano. Já no começo de 2019, estava em 8,31%, e no começo de 2017, 10,90%. O setor estima que a redução de cada ponto porcentual nos juros represente um desconto de 8% na parcela do financiamento, o que significa que ela passa a caber no bolso de cada vez mais consumidores. Levantamento realizado pelo banco Credit Suisse neste mês aponta outros fatores que reforçam o otimismo com o mercado. Um deles é que as vendas de imóveis residenciais ficaram em torno de 60% do seu nível histórico na última crise, entre os anos de 2015 e 2017. Isso gerou uma demanda reprimida, o que ajuda a explicar o bom movimento nos estandes. Outro fator é que os imóveis estão relativamente baratos, uma vez que a alta de preço não acompanhou a inflação. Pelos cálculos do banco, isso resultou numa desvalorização média de 25% nos últimos cinco anos das moradias nas capitais. “A demanda deprimida, associada às taxas de juros no recorde de baixa e ao desempenho fraco dos preços de moradias, criaram um ambiente único para o setor”, descreveram os analistas Daniel Gasparete e Eduardo Costa, responsáveis pelo estudo do Credit Suisse. Além disso, o aluguel de imóveis voltou a ser um investimento atrativo. O rendimento gira em torno de 5% ao ano, nada mal frente a uma taxa básica de juros (Selic) de 2,25% ao ano. Há também uma questão comportamental, aponta o copresidente da MRV, Eduardo Fischer. “O imóvel passou a ganhar mais importância na vida das pessoas, porque elas passam mais tempo em casa e querem ter um lugar agradável para ficar", comenta. Esse ponto de vista pode levar muitas pessoas a trocar o aluguel pela casa própria ou até mesmo buscar um “upgrade” para uma moradia melhor, explica.
*”Proposta para impostos sai na 3ª feira”* *”Relator do texto vê convergência entre o Congresso e governo”* *”Para Ipea, mudança vai ajudar a impulsionar PIB”* *”Pandemia fechou 522,7 mil empresas”*
CAPA – Manchete principal: *”Fuga da renda fixa desafia estabilidade financeira”*
*”Pandemia fecha 522 mil negócios no país, a maioria de pequeno porte”* - Cerca de 1,3 milhão de empresas brasileiras estavam paralisadas ou tinham fechado as portas em definitivo na primeira quinzena de junho, estima o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse universo, 522,7 mil empresas (39,4%) atribuíram o movimento à pandemia de covid-19. As informações são da primeira pesquisa Pulso Empresa, divulgada ontem pelo IBGE. O levantamento vai medir, a cada 15 dias, o impacto da pandemia no setor empresarial, extrapolando questionários realizados com 2.023 empresários para um cadastro de 4 milhões de empresas detectadas antes da pandemia. O IBGE estimou que 2,74 milhões empresas permaneciam abertas no país em meados de junho e que, entre os 1,3 milhão de negócios interrompidos por qualquer razão, 610,2 mil o fizeram temporariamente e 716,3 mil fecharam em definitivo - esses não têm condições ou planos de voltarem. O país, portanto, inicia a retomada com queda de 18% em seu número de empresas, perda que pode se intensificar devido ao prolongamento da crise sanitária. Os negócios mais atingidos pela covid-19 foram os de pequeno porte: 518,4 mil empresas ou 99,1% das que têm na pandemia o motivo do fechamento. Eram empresas com até 49 funcionários. Já os empreendimentos nessa faixa que resistiam até o meio de junho acusam as maiores dificuldades de oferta e demanda e dizem receber menos ajuda do governo para enfrentar a crise quando comparados a empresas maiores, aponta o IBGE. A pesquisa mostra que cerca de 948,8 mil empresas - 34,6% das que permaneciam abertas há cerca de um mês - promoveram alguma demissão, enquanto 61,2% conseguiram estabilidade no quadro funcional, e 3,8% o incrementou. Cortes foram mais comuns entre empresas médias, com contingente entre 50 e 499 pessoas: 45,4% delas adotaram essa estratégia, enquanto 37,2% das empresas com mais de 500 funcionários também o fizeram. Entre as empresas de pequeno porte, só 34,4% seguiram o caminho das demissões. Em contrapartida, essa faixa teve índices de paralisação (15,1%) e fechamento (17,8%) muito superiores aos de empresas maiores e destaca-se a intensidade dos cortes: 30,3% das empresas pequenas demitiram mais da metade da equipe. Na prática, os pequenos empresários resistem mais às demissões, mas acabam por cortar parcela maior da folha ou mesmo fechar. Economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rodolpho Tobler diz que a combinação da falta de reservas para crises e o difícil acesso a crédito, além da pouca flexibilidade para adaptar negócios, têm feito do micro-empreendedor a principal vítima da pandemia. “Não é necessário só dinheiro para se sustentar nesse período, tem que ter recursos para readaptar o negócio”, diz, ao citar grandes varejistas que rapidamente migraram para a venda online. “Pequenas empresas não conseguem fazer essas mudanças tão rápido”. Ele afirma, ainda, que bancos privados têm maior resistência à conceder empréstimos para pequenas companhias, devido à fragilidade das garantias. E, quanto ao crédito emergencial do governo, considera que as burocracias têm tornado o processo lento para quem não tem capital para esperar o socorro. A percepção está em linha com os resultados do IBGE. Quase sete a cada dez das empresas abertas (67,6%) que adotaram alguma medida de reação à crise julgam não ter recebido ajuda do governo. A impressão é novamente mais forte entre os pequenos empresários: só 31,9% deles diz ter recebido suporte estatal. O percentual é mais alto entre empresas médias (57,1%) e grandes (55,1%). Os dados contradizem o discurso do governo federal, de que tem auxiliado mais pequenos e micro empresários. Mas o coordenador de Pesquisas Econômicas Estruturais e Especiais do IBGE, Alessandro Pinheiro, prega cautela. “São números que medem percepção. O elemento mais objetivo é o crédito, porque é tangível. A maior parte tem caráter subjetivo”. O IBGE investigou sete possíveis medidas, que vão desde simples campanhas de informação e prevenção, introdução de trabalho domiciliar ou antecipação de férias até o lançamento de novos produtos e meios de comercialização. Foram pesquisados, também, o adiamento de impostos e a contratação de crédito para pagamento de funcionários - onde há maior espaço para atuação direta do governo. Cerca de 44,5% das empresas em funcionamento adiaram o pagamento de tributos. No quesito, os menos ajudados são, mais uma vez, as empresas menores, entre as quais metade (51,3%) se disse contemplada pelo governo. O percentual é maior entre empresas médias (73,5%) e grandes (75,2%). As linhas de crédito para pagamento de folha chegaram a só 12,6% das empresas ativas no Brasil no meio de junho. A percepção da ajuda estatal foi de 67,2% entre negócios de pequeno porte, 79,6% nos médios e 44,9% nos grandes.
*”Lopes vê melhora consistente na propagação da covid”* - Para o ex-presidente do BC, a curva de novos casos por dia, na média de sete dias, deverá começar a recuar a partir de 20 julho *”Número de infectados supera marca de 2 milhões”*
*”O fracasso na saúde e a retomada da economia”* - O pior fracasso desse governo é no enfrentamento da pandemia. O enfrentamento da crise na economia tem sido bastante razoável. Esta é a avaliação do ex-ministro Delfim Netto, passados pouco mais de quatro meses em que se assiste diariamente à contagem de infectados pelo coronavírus e mortos pela covid-19. “A grande verdade é que fracassamos miseravelmente no combate ao coronavírus. Vai ter muito mais mortes do que aconteceriam se o governo tivesse tido, desde o início, um comportamento diferente”, comentou. “O Gilmar está certo!”, completou Delfim. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse durante uma live no sábado que “não é aceitável que se tenha esse vazio no Ministério da Saúde (...) Isso é ruim! É péssimo para a imagem das Forças Armadas! É preciso dizer isto de maneira muito clara: o Exército está se associando a este genocídio. Não é razoável! Não é razoável para o Brasil! É preciso pôr fim a isto”. As duras críticas de Gilmar à atuação do governo Bolsonaro, que deixou o general Eduardo Pazuello como ministro interino da Saúde e ele se cercou de militares colocados no lugar de técnicos da área, atingiram os generais que têm cargos na administração federal. O ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva, e os três comandantes das Forças Armadas - Edson Pujol, do Exército, Ilques Barbosa Junior, da Marinha e Antônio Carlos Moretti Bermudez, da Aeronáutica - assinaram uma nota oficial em que rebatem a fala de Gilmar: “Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana”, diz o texto. Pouco depois, o Ministério da Defesa enviou à Procuradoria-Geral da República uma representação contra Gilmar em que cita como argumentos artigos da Lei de Segurança Nacional e do Código Penal Militar. As Forças Armadas são uma instituição de Estado e “não se mistura o quartel com o ‘bureau’”, acrescentou Delfim, que comandou a pasta da economia durante uma boa parte do regime militar. Porque, ao fazer isso, começa a ruir a separação fundamental. As Forças Armadas são uma instituição do Estado, estão à serviço da Nação, da Constituição, e não a serviço da vontade de alguém. “Acho que a palavra ‘genocídio’ foi mal colocada, mas a ideia não”, atestou Delfim. Na economia, a avaliação dele é menos severa. Afinal o país está sob um duplo e simultâneo choque, antes nunca visto, de oferta e de demanda provocado pela crise sanitária e cujas consequências são uma profunda recessão e deflação, tal como se vê agora. A atuação tem sido razoável e isso o leva a rever a recessão de 8% para algo um pouco melhor. Para o pós-pandemia, Delfim diz que será fundamental manter a taxa real de juros abaixo do crescimento real da economia, “para que o país possa sair do buraco”. Aí se caminha, ainda que lentamente, para uma situação de equilíbrio da dívida pública bruta como proporção do PIB. “Temos que convencer a sociedade de que o crescimento será superior à taxa de juros e que, no ano que vem, volta-se para uma política de restrição fiscal, dentro do Orçamento.” Se essa expectativa for quebrada os juros, segundo ele, vão subir dramaticamente e o país não terá recuperação alguma. Na economia, muitas vezes, as expectativas são mais importantes do que os fatos. “No fundo a grande contribuição do coronavírus foi que nós descobrimos 38 milhões de desconhecidos, para os quais vai ter que se fazer um programa de renda mínima. A renda mínima é uma exigência moral incontornável”, disse. São milhões de pessoas que agora o país sabe que existem, que votam, e precisam de uma renda mínima para ter condições de se livrar dela com uma boa educação e com igualdade de oportunidades. E melhor fazer isso a partir de um entendimento com o Congresso, mostrando com clareza o que é possível e o que tem que ser cortado. É parte do receituário do ex-ministro, por exemplo, congelar por cinco anos todos os salários do setor público acima de R$ 10 mil, cortar os subsídios, que hoje consomem mais de R$ 300 bilhões ao ano, e não “perder tempo com a reforma tributária”, que ele não acredita que seja factível. Sem uma lei que institua um programa de renda mínima politicamente aceitável e financiável também “não vamos sair para lugar algum”. O cidadão que está sendo atendido tem que ter condições de voltar ao mercado de trabalho. Para isso o governo quer reapresentar ao Congresso a proposta de criação da carteira verde amarela, que reduz substancialmente o custo de contratação. O país perdeu 16% do PIB per capita do governo de Dilma Rousseff para cá e nesse mesmo tempo em que todos ficaram mais pobres, os servidores públicos tiveram aumento de salários. É hora de o funcionalismo começar a se expor aos ciclos econômicos e, nesse sentido, ele sugere o congelamento dos salários. A economia brasileira patina desde a crise de 2014, que derrubou a atividade por dois anos seguidos. Houve um início de retomada no governo de Michel Temer, abortada pela divulgação das gravações da conversa com o então presidente, pelo empresário Joesley Batista. Os anos de 2019 e 2020 começaram com boas esperanças de recuperação. Mas ela não se consolidou no ano passado e neste ano a pandemia enterrou a expectativa. O aumento de quase R$ 1 trilhão nos gastos públicos para combater os efeitos da disseminação do coronavírus na economia estão sendo financiados por um maior endividamento que deve elevar para a casa 15% do PIB o déficit nominal e dos 100% a relação dívida/PIB. “Choque de oferta e demanda é de livro texto de macroeconomia. Quando você quer imaginar qual a pior desgraça que pode acontecer, estão lá os dois choques simultâneos”, explicou. Para sair do fundo do poço em que se encontra seria de grande utilidade uma liderança “carismática e inteligente” que desse rumos ao país. “Que sociedade queremos construir? Para mim o que falta no país é igualdade de oportunidade”, disse. O ponto de partida tem que ser igual para todos. *Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras
*”Ajuste fiscal mais brando é opção para 2021, diz Teixeira”* - Economista afirma que um déficit de 4% a 5% do PIB não é problema, desde que haja pacto fiscal à frente
*”Tensão política e vírus reduzem otimismo, diz analista da EIU”* - Para economista-chefe para a América Latina da Economist Intelligence Unit, investidor vai observar como a economia vai reagir *”UBS vê queda menos intensa do PIB”* - Banco revisou projeção de retração de 7,5% para um tombo de 5,5% em 2020
*”Ribeiro assume o MEC e promete ‘grande diálogo’”* - Novo ministro diz que irá defender a educação pública
*”Pandemia dá mais força a taxação sobre transações”* - Ideia é barganhar novo imposto por desoneração da folha *”Proposta de reforma tributária vai ao Congresso na terça-feira, diz Guedes”* - Temos que analisar bases mais amplas de tributação, como as transações eletrônicas, disse o ministro da Economia *”Coaf detecta fraudes no combate à pandemia”* - Órgão já produziu 101 relatórios sobre ações do poder público em relação à crise na saúde
*”BC permite que imóvel garanta mais de uma operação”* - Demanda antiga dos bancos, medida hoje é vedada por lei
*”Para especialistas, prorrogação de desoneração da folha é constitucional”* - Governo vetou ampliação do prazo de benefício até 31 de dezembro
*”Governo sofre nova derrota na Câmara”* - Em nova derrota para o governo, a Câmara dos Deputados aprovou ontem projeto de lei que estende o auxílio emergencial de R$ 600 para profissionais do esporte, reabre o prazo de adesão ao Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) e aumenta as desonerações para doações ao esporte. O governo tentou retirar o projeto de pauta, mas contou com apoio de apenas seis partidos, como PP, PL e PSD, e acabou derrotado por 278 votos a 147. O deputado coronel Armando (PSL-SC), vice-líder do governo, disse que o Executivo é favorável à ideia, mas queria adiar a votação para ajustar o texto. “Estimaram gasto de até R$ 1,6 bilhão, mas não sabemos se é isso ou não, pode ser mais. E tem outros pontos que precisavam de mais discussão”, disse. Após ver derrotado o requerimento para retirar o projeto de pauta, o governo apoiou a proposta, aprovada em votação simbólica e com apenas o partido Novo contra. “Aqui não é defesa do esporte não. Aqui é fazer o pobre pagar auxílio para quem não é tão pobre para receber o auxílio emergencial”, afirmou o líder do Novo, deputado Paulo Ganime (RJ), argumentando que o custo será pago por toda a sociedade. Os parlamentares favoráveis ao projeto, como o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), um dos muitos autores da proposta, rebateram que o texto é direcionado aos profissionais do esporte que não tiveram acesso ao auxílio emergencial, e não aos atletas com remunerações milionárias. O projeto diz que terão direito ao auxílio de R$ 600 por três meses os profissionais autônomos da educação física, os vinculados a uma entidade de prática esportiva de qualquer modalidade e também os trabalhadores envolvidos na realização das competições. Será preciso comprovar esse vínculo, não ter recebido o auxílio original para os informais e ser de baixa renda. A proposta também aumenta o abatimento do imposto de renda para doações para entidades esportivas em 2020. Para pessoas físicas, o desconto sobe de 6% para 7% e para pessoas jurídicas, de 1% para 2%. O argumento é estimular as doações num momento de perda de receitas dessas entidades por causa da paralisação das competições. Além disso, o projeto, relatado pelo deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), altera regras para eleição e gestão de entidades desportivas, permite o uso do dinheiro de loterias para pagar dívidas de impostos e reabre o prazo de adesão ao Profut (que permitiu aos clubes de futebol parcelarem suas dívidas tributárias com o governo federal com descontos nos pagamentos). A reabertura do Profut valeria mesmo para aqueles já excluídos por não terem pago as parcelas antes. O projeto ainda autoriza os bancos públicos a criarem linhas de crédito específicas para fomento de atividades esportivas e compra de equipamentos e o governo federal pagar premiações de até R$ 30 mil para atletas este ano, como forma de compensar a paralisação das competições. Esses dois pontos, porém, são opcionais para o governo, mera autorização. O texto segue para o Senado Federal, onde o governo tentará alterar a proposta, o que faria passar por uma nova votação pela Câmara.
*”Aprovada MP que flexibiliza licitações durante pandemia”* *”Texto do governo deve reiniciar debate”* - Após pressão de Maia, expectativa é volta da comissão do Congresso sobre a reforma tributária *”Deputados e senadores reagem a veto a saneamento”* - Bancadas da Câmara e Senado dão como certo que a decisão do Planalto será derrubada
*”Para analistas, governo caminha para centro-direita”* - Ao se associar ao Centrão, o governo Jair Bolsonaro tende a caminhar para a centro-direita, mas o ambiente político brasileiro ainda é desfavorável à agenda de reformas, na avaliação de cientistas políticos da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (Ebap/FGV). O professor Carlos Pereira destaca que, diante das animosidades com os demais Poderes, o presidente da República se aproximou de uma “coalizão mínima” no Congresso, mas que a reorganização do governo ocorreu de forma tardia e que há, hoje, diversas frentes de investigação contra o núcleo bolsonarista que trazem vulnerabilidades ao mandato. Segundo Pereira, portanto, o governo Bolsonaro deve entrar num “modo de sobrevivência sem grandes voos”. “Estou pessimista quanto à possibilidade de que uma agenda de reformas se desdobre com o presidente tão fragilizado e uma coalizão mínima do Congresso e investigações em todos os lados”, afirmou Pereira, durante evento online. Para o cientista político Octavio Amorim, a expectativa é que, após ser derrotado politicamente durante a pandemia de covid-19, o governo Bolsonaro caminhe para se tornar um governo de centro-direita, com a “domesticação” do presidente e redução da possibilidade de uma ruptura constitucional. Ele discorda, porém, de que Bolsonaro esteja praticando um presidencialismo de coalizão. “É algo muito mais próximo de uma cooptação. Coalizão significa concessões programáticas e mudanças na orientação das políticas de cada ministério. Ainda não estamos vendo isso claramente”, disse. Amorim, porém, afirma que ainda é cedo para se ter clareza se a mudança no tom do governo Bolsonaro é uma pausa tática ou estratégica. Segundo ele, a forma como o presidente e as demais instituições se comportarão nas escolhas do futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Ministério da Saúde darão mais clareza se Bolsonaro marchará, de fato, em direção à centro-direita. O cientista político acredita que as eleições municipais deste ano poderão servir de teste à popularidade de Bolsonaro. “As eleições municipais em geral não são [nacionalizadas], mas minha sensação é que nas grandes cidades poderá haver a nacionalização. Um dos pilares da política de Bolsonaro [transferir os custos das grandes decisões para outros Poderes] será posto à prova”, comentou. Já na avaliação do economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Samuel Pessôa, o tema mais importante do semestre, para o futuro da governabilidade de Bolsonaro, será a discussão, no Congresso, sobre o projeto de lei orçamentário anual de 2021. Segundo o economista, a votação do Ploa vai determinar a estabilidade fiscal do país. “Haverá uma pressão imensa para haver alguma flexibilização do teto de gastos. Minha percepção é que o Congresso tem uma preocupação de haver uma desancoragem fiscal, que foi rigorosamente o que aconteceu no segundo semestre de 2015 quando ficou claro que a então presidente Dilma [Rousseff] não tinha condições de aprovar medidas estruturantes. Tenho um certo otimismo de que o Congresso vai estar recolocando o orçamento no teto de gastos garantindo a governabilidade e estabilidade econômica”, afirmou. Pessôa destacou que, mesmo com a tendência de juros baixos no mundo, não há espaço fiscal para que o Brasil mantenha a estratégia de aumento de gastos públicos por meio de mais dívida.
*”MPF denuncia ‘Rei do Ônibus’ e desembargador”* - Jacob Barata Filho tem participação em mais de 25 empresas do ramo de transportes e responde a várias ações na Justiça *”PF indicia Alckmin por suspeita de corrupção”* - Ex-governador diz que indiciamento é “inacreditável” e afirma que prestará esclarecimentos
*”Governo Trump ataca relação de empresas com a China”* - Em discurso em Michigan, secretário de Justiça dos EUA criticou a indústria do entretenimento de Hollywood, a Walt Disney, e gigantes da tecnologia como Google e Apple, ao dizer que estão prontos para colaborar com o Partido Comunista chinês
*”Agências de inteligência acusam hackers russos de tentar roubar vacina”* - Alerta dos serviços de inteligência do ocidente ocorre num momento geopolítico delicado, a poucos meses de uma disputada eleição nos EUA, e com o mundo mergulhado numa recessão provocada pela covid-19
*”G20 debate novas ações para sair da recessão”* - Brasil deverá falar sobre ações na área de infraestrutura, como uso de tecnologias, colaboração com o setor privado, e implementação de investimento de qualidade
*”Estatais poderão prorrogar contratos só com privatização”* - Veto presidencial a artigo que permitia renovação de contratos por mais 30 anos gerou crise com Estados e pode cair
*”Com dólar mais alto, carro importado volta a ser artigo de luxo”* - Quem puder pagar reajustes terá acesso às melhores tecnologias do mundo
*”Bolsonaro rebate estudo da ‘Science’ e afirma que Europa é ‘seita ambiental’”* - O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que a Europa é uma “seita ambiental” e criticou a imprensa, que repercutiu um estudo publicado na revista “Science” com impacto negativo para a imagem ambiental do Brasil. Bolsonaro garantiu ainda que Ricardo Salles, seu criticado ministro do Meio Ambiente, “só sai se quiser”. Na contramão, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que um dos cientistas responsáveis pelo estudo, Raoni Rajão, contribui com o Conselho da Amazônia, colegiado que reúne 14 ministérios e é comandado por ele. E que o Ministério da Agricultura analisará os dados para se contrapor a eles ou “esclarecer melhor o que está colocado ali”. De acordo com o estudo publicado na “Science”, cerca de 20% da soja e 17% da carne do Brasil exportada para a Europa podem ter origem em áreas “contaminadas por desmatamento ilegal”. A divulgação ocorre no momento em que empresários brasileiros e investidores estrangeiros cobram o governo Bolsonaro pela alta no desmatamento e os incêndios florestais na Amazônia. “Essa guerra da informação não é fácil. Nós temos problemas, o Brasil é uma potência no agronegócio. E a Europa é uma seita ambiental. Eles desmataram tudo, não reflorestaram nada e atiram em nós o tempo todo de forma injusta. É uma briga comercial", disse Bolsonaro em sua live semanal no Facebook. “Nós somos bombardeados 24 horas por dia porque grande parte da mídia aproveita o momento para criticar o governo, como se em outros governos estivesse uma maravilha a questão ambiental no Brasil”, afirmou. Bolsonaro disse, ainda, que a mídia publica “mentiras a nosso respeito”, que são republicadas pela imprensa de outros países e replicadas no Brasil como se fossem “descobertas” dos estrangeiros. De acordo com ao presidente, boa parte do problema teria sido resolvido se a MP da regularização fundiária, que expirou, tivesse sido votada pelo Congresso. “Você teria como saber por satélite quem é o dono daquela área. E aí teria como saber se já era uma área permitida para desmatamento”, afirmou. Esse foi o único ponto de concordância de Bolsonaro com seu vice, que momentos antes conversou com jornalistas ao deixar seu gabinete no Palácio do Planalto. Questionado, o vice-presidente Mourão admitiu que o estudo atrapalha seus esforços de melhorar a imagem ambiental do país. “Eu já tinha conhecimento desse estudo porque eu tenho tido bastante contato com o Raoni Rajão. É um dos cientistas ligados à área do meio ambiente que tem nos apoiado no conselho”, afirmou. “Tenho consultado, ele já tinha me mandado esses dados. É um estudo. Nós temos que avaliar, verificar, nós temos que fazer isso com o Ministério da Agricultura.”
*”Cotações das commodities terão década de retrações”* - Pandemia aumentou a pressão, diz estudo de OCDE e FAO
*”Brasil deverá ganhar ainda mais peso no comércio global”* - O Brasil continuará ampliando seu peso no comércio agrícola mundial, ao mesmo tempo em que crescerá a preocupação dos consumidores sobre a sustentabilidade ambiental dos alimentos, aponta o relatório “Perspectivas Agrícolas 2020-29”, publicado por OCDE e FAO. Segundo o trabalho, América Latina Caribe como um todo deverão consolidar sua posição de primeiro fornecedor mundial de produtos agrícolas na próxima década - a produção deverá aumentar 14% no período e as exportações tendem a crescer 1,7% ao ano, em média. Assim, em 2029 a região representará 60% das exportações mundiais de soja, 40% no caso do milho, 39% no de açúcar e terá fatia de 35% nas vendas de carnes bovina e de frango. Depois da América Latina e do Caribe, a América do Norte será o segundo fornecedor mundial, mas suas exportações avançarão menos (1,3% ao ano). O Leste Europeu (Rússia e a Ucrânia, principalmente) e a Ásia Central ficarão em terceiro. A Asia-Pacífico, região mais povoada do planeta, continuará a exercer a maior influência na demanda de produtos destinados à alimentação humana nos próximos dez anos, já que deverão representar 53% da população mundial em 2029 (4,5 bilhões de habitantes). Nesse cenário, as projeções são de que Brasil, China, EUA e União Europeia (UE) representarão cerca de 60% da produção mundial de carnes até o fim da década. A produção brasileira de carne bovina ficará atrás da dos EUA. Mas o país vai superar a Índia como maior exportador global. O Brasil continuará na liderança das exportações de carne de frango. A oferta de frango terá o maior crescimento globalmente e representará quase metade do aumento da produção total de carnes. No caso de carne suína, o Brasil também manterá um peso importante. A parte da China nas importações mundiais passará de 17%, em 2017, para 29% em 2020, e a maior parte dessas importações virá de Brasil, Canadá, EUA e UE. O estudo também atesta que as despesas alimentares dos consumidores estão mudando. Haverá um aumento global da quantidade de carnes consumida, mas com diferenças: o crescimento anual do consumo de carnes por habitante nos países desenvolvidos será de 0,24% ao ano, representando apenas um quarto da taxa de crescimento da ultima década, enquanto alcançará 0,8% nos países em desenvolvimento, ou o dobro da taxa da década precedente. Nas nações ricas, preocupações ambientais e com saúde vão favorecer uma transição de fontes animais de proteínas para outras fontes (vegetais e insetos), bem como a substituição mais imediata de carne vermelha, como a bovina, por carne de frango e pescado, considerados mais saudáveis, dizem OCDE e FAO. No caso da soja, o Brasil que já superou os EUA como maior produto e exportador mundial nos últimos anos, terá na próxima década uma taxa de crescimento anual superior a dos EUA (1,5% contra 0,6%) na produção. Assim, a colheita brasileira deverá alcançar 140 milhões de toneladas em 2029, ante 120 milhões nos EUA. O Brasil será responsável por 48% das exportações mundiais do grão em 2029, 1 ponto percentual a mais do que atualmente. O principal cliente de brasileiros e americanos continuará a ser a China. As importações chinesas de soja deverão aumentar 1,8% ao ano e alcançar 105 milhões de toneladas em 2029, dois terços do total mundial. O Brasil também voltará se consolidar como maior produtor mundial de açúcar, depois de ter perdido a posição para a Índia. A parte de etanol na utilização de cana deverá aumentar dos atuais 23% para 25% até 2029. Isso, em parte, graças à extensão do programa brasileiro RenovaBio, que visa reduzir emissões de gases de efeito estufa provocados pelo setor de combustíveis. Já as exportações brasileiras de algodão deverão registrar alta de 94% e firmar o país como o segundo exportador mundial até 2029. Pela projeção, o Brasil terá 10% da produção e 22% das exportações no fim do período, só atrás dos EUA - com fatias de 15% e 35%, respectivamente. Quanto ao milho, finalmente, o Brasil poderá abocanhar 20% das exportações mundiais, abaixo da participação de 31% prevista para os Estados Unidos.
*”Exportações brasileiras de suco cresceram em 2019/20”*
*”Juro traz preocupação com estabilidade”* - BC monitora rearranjo nas carteiras; renda fixa perde recursos *”Nos bancos, nova cara para o tradicional CDB”* - Executivos de instituições financeiras afirmam que o volume total das captações bancárias permanecerá estável *”Tesouro Nacional realiza maior leilão de títulos públicos do ano”* - Operações com títulos de longo prazo ainda estão fracas
*”Apesar de juro baixo, incertezas e ruído político seguram investimento”* - Também pesam as dúvidas sobre a retomada da economia após a pandemia do novo coronavírus *”Governo quer ampliar recursos do Pronampe”* - Ideia é que os bancos utilizem o mesmo volume de garantias oferecidas pelo Fundo Garantidor de Operações (FGO)
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