segunda-feira, 6 de julho de 2020

Brasil segue sem ministros da Saúde e da Educação


Na sexta-feira, parecia já tudo acordado. Mas, no domingo, o secretário da Educação do Paraná, Renato Feder, publicou em seu Facebook uma nota curta agradecendo ao convite para assumir o MEC — e o recusando. (Leia.) 

Nos dois dias anteriores, foi duramente atacado pela militância bolsolalivsta online. Concluiu que o desgaste não valia o cargo. (Poder360)

O Brasil está há 15 dias sem ministro da Educação. E, na mais grave crise sanitária em um século, há 51 dias sem ministro da Saúde.
Pois é. Há algumas semanas, o presidente Jair Bolsonaro pediu ao filho Carlos que baixasse o tom nas redes — principalmente contra o Judiciário —, informa Bela Megale. (Globo)

Pode ser. Mas a trégua é instável e há ruído, nas redes bolsolavistas, provocado pela postura de opção pelo diálogo que o presidente decidiu adotar — ao menos por enquanto. Carlos Bolsonaro avisou ao pai que os afagos que dirigiu aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, incomodaram, revela Guilherme Amado. (Época)
Os bolsolavistas radicais nas redes estão atacando também os militares. “O Feder é mais um episódio do Comando Maluco”, escreveu o blogueiro Allan dos Santos. “Ministro Luiz Ramos e Braga Netto conseguiram o impossível: fazer o povo ter pavor das Forças Armadas.” Este grupo considera o MEC área suaquer indicar o novo ministro. (Globo)



João Moreira Salles: “Trump não interessa. Entrou na história por ser o modelo de que Bolsonaro se pretende imitador. A coisa é trazida de Washington e aqui piora um pouco mais, como a má tradução de um livro ruim. Uma das diferenças é que a ausência de empatia no norte-americano está associada ao solipsismo radical de seu narcisismo, ao passo que em Bolsonaro ela tem uma origem mais perigosa. É algo anterior a toda convenção, um impulso que corre por baixo, mais primitivo, mais perturbador, e que no entanto, quando se manifesta, parece lógico: a morte o excita. Não existe bolsonarismo, apenas bolsonaristas. 

Bolsonarismo implicaria um conjunto coerente de ideias e uma visão de mundo articulada. Bolsonaro investe mais em atos de destruição, não em visões de futuro. No campo propositivo, todas as suas ideias são tomadas de empréstimo. O liberalismo econômico foi o cavalo que passou selado num momento em que as elites econômicas desembarcavam da sociedade com o petismo. O lavajatismo serviu para fisgar o velho udenismo das classes médias locais. Os pobres estavam com os evangélicos, e Bolsonaro logo se fez batizar no Rio Jordão. Esse é o liberalismo de um nostálgico do intervencionismo da ditadura; o moralismo de quem declara afinidade com milicianos que vivem de extorsão e arreglos com o crime; o conservadorismo cristão do homem de 52 anos que no terceiro casamento esposa a moça de 25.” (Piauí)

Marcos Nobre: “O que Bolsonaro fez foi forçar um golpe. A posição que tomou desde o início da pandemia era, de fato, para obrigar contingentes armados em geral a se perfilarem com ele. Porque justamente o caos social é aquilo que impõe a ordem. Ele fez isso no começo impedindo que existissem medidas de política pública que pudessem compensar as medidas necessárias de isolamento. Ou seja, os governadores e prefeitos tomam medidas de isolamento, só que, para que elas funcionem, é preciso que você tenha medidas econômicas para proteger os pequenos negócios, as pessoas que estão na informalidade. Ele barrou isso, no início. O resultado seria caos social. E aí, o que acontece? O sistema começa a produzir compensação. O Congresso, que aprova o auxílio emergencial, que é fundamental; que aprova crédito para as empresas — não chegou, mas aprovou; aprovou uma atuação do Banco Central que é inédita. Houve uma série de aprovações para evitar o caos social. Houve também iniciativas da iniciativa privada mesmo, de doação de alimento, doação de produto, porque estava todo mundo olhando que, se fosse depender do governo, o caos social seria produzido mesmo. Não só porque o governo é inoperante. É porque o governo decidiu ser inoperante. É mais grave que isso. E, portanto, o que impediu o caos social foi a sociedade brasileira. O isolamento foi imposto a alguém? Não, mas quem pôde ficou em casa. Quem não pôde, não tinha jeito.” (UOL)



O senador tucano José Serra, ex-governador paulista, foi denunciado pela Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro. As acusações também envolvem sua filha, Verônica. De acordo com os procuradores, entre 2006 e 07, Serra usou sua influência para receber pagamentos indevidos da Odebrecht. A empreiteira pagou a ele R$ 4,5 milhões neste período, que foi de campanha, e, depois, mais R$ 23,3 milhões enquanto era governador. Em contrapartida, o governo liberava pagamentos com rapidez pelas obras do Rodoanel. A Justiça determinou o bloqueio de cerca de R$ 40 milhões depositados na Suíça. (G1)

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