Lulistas e bolsonaristas juntos contra a Lava Jato

A Lava Jato está contra as cordas. O primeiro revés veio do procurador-geral da República, Augusto Aras, que acusou os procuradores da operação em Curitiba, liderados por Deltan Dallagnol, de manter uma “caixa de segredos” com dados de mais de 38.000 pessoas. A investida de Aras, feita ante anfitriões críticos da Lava Jato, foi considerada sem precedentes e operou uma novidade no cenário político: colocou parte do bolsonarismo anti-Sergio Moro ao lado da oposição, que sempre criticou os excessos da operação. Para completar a má semana da Lava Jato, o presidente do Supremo, Antonio Dias Toffoli, decidiu paralisar uma parte bastante ativa da operação, em São Paulo: duas investigações em curso contra o senador tucano José Serra. A reportagem de Gil Alessi analisa os últimos lances da disputa às vésperas do julgamento de Dallagnol por seus pares do Conselho Nacional do Ministério Público. O tabuleiro da Lava Jato não é o único a se mover no Judiciário. O correspondente em Brasília Afonso Benites conta como vai a corrida para se tornar o primeiro ministro do Supremo da era Bolsonaro. A disputa põe sob holofotes a atuação de favoritos do presidente. Entre eles, estão o presidente do STJ, João Otávio de Noronha, e o ministro da Justiça, André Mendonça. O primeiro concedeu prisão domiciliar a Fabricio Queiroz, pivô do escândalo da família presidencial, e o segundo está sendo atrelado ao monitoramento de servidores "antifascistas". Também nesta edição, a repórter Joana Oliveira escreve sobre a Cinemateca Brasileira, que agoniza e se torna símbolo da falta de política cultural do Governo Bolsonaro. Criada na década de 1940 e conhecida como a quinta maior cinemateca em restauro do mundo, há quatro meses, os 150 funcionários que lá trabalham não recebem salários e entraram em greve, incluindo a brigada de incêndio, fazendo pairar sobre o local o fantasma da tragédia do Museu Nacional, que pegou fogo em 2 de setembro de 2018.

Lava Jato contra as cordas Aras ataca operação e une esquerda e bolsonarismo anti-Moro contra forças-tarefas. Presidente do STF paralisa investigações contra Serra