Sem alarde, São Paulo muda divulgação de óbitos da covid-19

Em meio ao debate sobre o retrato atual da pandemia no Brasil, a Prefeitura de São Paulo mudou a forma como vinha divulgando as notificações de mortes pela covid-19 na cidade. Sem fazer alarde, a gestão de Bruno Covas (PSDB) está, desde a semana passada, divulgando os óbitos pela data em que ocorreram e não mais pelo dia da notificação da morte no sistema, ou seja, não sabemos mais quantas mortes foram confirmadas nas últimas 24 horas. A nova estratégia, que se assemelha, ao menos em parte, àquela que o Ministério da Saúde tentou implementar no início do mês passado, mas acabou voltando atrás, causa confusão na interpretação de dados e falsa sensação de estabilidade na evolução da pandemia na maior cidade do país, criticam especialistas ouvidos pela repórter Marina Rossi. A gestão Covas rebate dizendo que todos os dados seguem disponíveis. A covid-19, que segue alarmando mesmo em países em que parecia mais controlada, como a Espanha, continua redesenhando também o mundo econômico. Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) propõe que os Governos de 132 nações em desenvolvimento garantam uma renda básica temporária, enquanto a pandemia durar, para quase três bilhões de pessoas, 44% da população global. “Isto não é um apelo por doações, e sim uma proposta para que os Governos desses países examinem suas opções para confrontar a pandemia”, esclarece Achim Steiner, administrador do PNUD. No Brasil, metade da população foi beneficiada pelo auxílio emergencial do Governo em junho. A reportagem de Heloísa Mendonça mostra também que as pessoas mais pobres foram mais alcançadas com a ajuda criada para a pandemia, recebendo 75,2% das transferências, segundo o IBGE. Também nesta edição, a estreia de uma série de artigos que discute o mundo após o advento do novo coronavírus. O primeiro a escrever é José Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai: "Hoje, se eu pudesse acreditar em Deus, diria que a pandemia é uma advertência aos sapiens", escreve.

Sem alarde, São Paulo muda divulgação de óbitos da covid-19 Gestão Bruno Covas evita o número de mortes confirmadas em 24 horas e redistribui óbitos de acordo com data de ocorrência