quarta-feira, 31 de março de 2021

O Brasil já tem um novo recorde de mortes por Covid-19 em um único dia: 3.668

 O Brasil já tem um novo recorde de mortes por Covid-19 em um único dia: 3.668, segundo dados apurados pelo consórcio de veículos de comunicação. Para se ter uma ideia, segundo o Worldmeter, os Estados Unidos, país com segundo maior número de óbitos, teve ontem 873 vítimas. Já são 317.936 mortos pelo coronavírus no Brasil. A média móvel de 2.728 óbitos em sete dias também foi recorde. (G1)

E, para piorar, todos os estados e o Distrito Federal estão com “nível crítico” nos estoques de medicamentos para intubação, fundamentais para manter vivos os pacientes em estado mais crítico. (UOL)

À exceção do Amazonas, que viveu o caos no início do ano, todos os estados tiveram recorde na média de mortes em março. (UOL)

A situação é tão grave que cemitério de Vila Cachoeirinha, o segundo maior da capital paulista, suspendeu os novos enterros devido à falta de vagas. Somente enterros de crianças e de pessoas cujas famílias têm jazigos estão mantidos. Para receber novos corpos, será necessário fazer exumações. (G1)

Mais necessárias que nunca, as vacinas enfrentam problemas. Somente 4,5 milhões de doses da CoronaVac têm entrega garantida em abril – a expectativa era de 15,7 milhões. Responsável pela produção do imunizante, o Instituto Butantan informou que depende da chegada de insumos da China para confirmar o restante do lote. (Globo)

A aprovação da vacina indiana Covaxin no Brasil sofreu um revés pesado nesta terça-feira. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou ao laboratório Bharat Biotech, responsável pelo imunizante, a Certificação de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos, exigida para a importação de um medicamento. Segundo a agência, foi constatado descumprimento de regras sobre documentos, métodos de análises e integridade de recipientes, entre outros. A Precisa Medicamentos, que representa o Bharat no Brasil, disse que vai recorrer, até por já ter um contrato com o Ministério da Saúde. E, por conta da decisão da Anvisa, o Paraguai colocou 100 mil doses da Covaxin em quarentena. (UOL)

E a Fundação Oswaldo Cruz anunciou que vai pedir à Anvisa autorização para testar a vacina de Oxford/AstraZeneca em crianças. Atualmente, o imunizante está liberado somente para aplicação em maiores de 18 anos. Veja como são os testes em menores. (G1)

Enquanto isso... A USP está estudando um fenômeno que intriga especialistas: pessoas que têm convívio direto com portadores de Covid-19 e não adoecem nem desenvolvem anticorpos. A grande dúvida é como esses indivíduos responderão às vacinas, cujo objetivo é desenvolver no organismo esse tipo de imunidade. (Estadão)

Lembram dos empresários e políticos que pagaram R$ 600 cada para serem vacinados clandestinamente em Minas? A Polícia Federal encontrou soro e ampolas na casa da enfermeira responsável pela aplicação e trabalha com a possibilidade de os “espertos” terem recebido uma vacina falsa. (Folha)




Entre 2016 e 2020 a área registrada irregularmente dentro de terras indígenas na Amazônia cresceu 55%, segundo dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Isso indica uma pressão maior de grileiros sobre as reservas. Em outro dado, o território ocupado pelas tribos na região foi o que registrou o menor índice de queimadas e desmatamento no período. (Globo)

Crise desgasta Bolsonaro com comando militar

 Nunca antes na história: os comandantes do Exército, Edson Pujol, da Marinha, Ilques Barbosa, e da Aeronáutica, Antonio Carlos Bermudez, foram sumariamente e simultaneamente demitidos por ordem do presidente Jair Bolsonaro. O trio decidira entregar os cargos em solidariedade ao general Fernando Azevedo e Silva, demitido na véspera do Ministério da Defesa por, supostamente, não dar o apoio militar que Bolsonaro desejava. Walter Braga Netto, o novo ministro, convocou-os para uma reunião na manhã de ontem. Parecia que era para tentar dissuadi-los. Mas já chegou com as ordens de demissão. (Folha)

O tom da reunião pegou de surpresa os comandantes. O encontro foi marcado por frases duras e tapas na mesa. Braga Netto disse que as mudanças eram para o “realinhamento” das Forças Armadas com Bolsonaro e a manutenção do apoio ao governo, o que irritou ainda mais os demitidos. O mais exaltado, segundo participantes, foi o almirante Ilques, considerado justamente o gentleman do trio. (Estadão)

Cresceu na ativa o desgaste de Braga Netto por ter aceitado o cargo. Por ser mais jovem com quatro estrelas, pula etapas e quebra a hierarquia. Os militares temem que incentive a exploração política das Forças Armadas. (Folha)

Para o ex-ministro e general da reserva Alberto Santos Cruz, não há “explicação plausível” para a substituição do comando militar. “Os comandantes das Forças estavam cumprindo com as funções deles, de acordo com a Legislação. Isso é um desrespeito, uma ofensa ao Exército, à Marinha, à Aeronáutica.” (Globo)

A substituição, especialmente de Pujol, não é tão simples. A praxe é que comandante seja escolhido entre os três generais de quatro estrelas há mais tempo na corporação. O favorito do Planalto para o Exército é o chefe militar do Nordeste, Marco Antônio Freire Gomes, o quinto mais antigo. (Folha)

A demissão sumária também repercutiu no meio político, especialmente na oposição. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, lamentou a inquietação militar junto a uma crise econômica e à pandemia, enquanto o governador paulista João Doria se solidarizou com os demitidos. Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), botou água na fervura dizendo ter confiança na preservação do Estado Democrático de Direito. (G1)

Militares bolsonaristas estão tentando construir nas redes uma narrativa que joga a responsabilidade pela crise sobre o Centrão. Segundo eles, a mudança no Ministério foi provocada pela necessidade de acomodar um representante do grupo político, a deputada Flávia Arruda (PL-DF), na Secretaria de Governo. A demissão de Azevedo e Silva teria sido resultado dessa acomodação, apurou Juliana Dal Piva. (UOL)

Ainda por cima... Hoje faz 57 anos que um golpe civil-militar apeou do poder João Goulart, em 1964. A data, que voltou a ser celebrada no governo Bolsonaro, terá a leitura de uma Ordem do Dia escrita pelo novo ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto. Mais moderada que a de anos anteriores, o texto procura contextualizar o golpe no clima da Guerra Fria e diz que ação buscou “pacificar o país” e “garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos”, conta Tales Faria. (UOL)

Meio em vídeo. Não é simples dar um golpe de Estado em 2021 — em 1964 era mais fácil. Numa edição extra do Ponto de Partida, explicamos por que Jair Bolsonaro teria muita dificuldade. Assista. E, na edição desta semana do Conversas com o Meio, Ricardo Rangel, colunista da Veja, ajuda a compreender o impacto da reforma ministerial e os últimos movimentos no cenário político. Confira no YouTube.




Enquanto as atenções se dividiam entre a tensão militar e horror da pandemia, o líder do PSL na Câmara, Major Vitor Hugo (GO), tentou emplacar um projeto dando poderes especiais ao presidente da República. O parlamentar queria incluir “crises na saúde pública” entre as situações em que o Executivo poderia decretar “mobilização nacional”, prevista hoje para casos de invasão estrangeira. Oposicionistas classificaram a iniciativa como tentativa de golpe, e o projeto não entrou na pauta. (G1)




Carlos França, novo ministro das Relações Exteriores, vai mudar o discurso belicoso de Ernesto Araújo em relação à China e melhorar as relações bilaterais com os EUA, avaliam especialistas. Mas a ala ideológica, comandada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), não vai ficar ao relento. Para agradá-la, França deve manter a postura ultraconservadora em relação a questões de comportamento, como tratados sobre direitos reprodutivos. (Folha)

Míriam Leitão: “De um diplomata com aquele humor típico da Casa de Rio Branco falando do novo ministro: ‘O França é um sujeito tranquilo, discreto. Ele só não se interessa muito por esse negócio de política externa’.” (Twitter)




O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Marco Aurélio, marcou ontem para 5 de julho sua aposentadoria – uma semana antes de completar 75 anos, data-limite para a permanência de um ministro na Corte. (Poder360)

O mais cotado para substitui-lo é André Mendonça, que está trocando o Ministério da Justiça pela AGU, embora haja resistência de parte do Centrão a seu nome. (Globo)

Conflito entre Exército venezuelano e grupos armados ganha força

 

Conflito entre Exército venezuelano e grupos armados ganha força
Conflito entre Exército venezuelano e grupos armados ganha força
Na fronteira, moradores acusam policiais venezuelanos de matar camponeses. Governo de Maduro critica “abandono” pela Colômbia

"O maior risco para a democracia é incentivar revoltas nas polícias"

 


Há exatos 57 anos, em 31 de março de 1964, começava o golpe que deu início à ditadura militar no Brasil. Quase seis décadas depois, o país é governado por Jair Bolsonaro, um exaltador da ruptura democrática e que faz dessa celebração uma missão em quartéis pelo país, uma situação inimaginável em qualquer democracia madura. É este mesmo Governo que enfrenta uma crise militar sui generis. De Brasília, Afonso Benites conta que a demissão do ministro da Defesa, seguida da saída em protesto dos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, algo inédito desde a redemocratização, levou o Planalto a reagir. Falando especialmente para sua base, Bolsonaro fez circular a versão de que ele demitira o alto comando, e não que houve uma renúncia coletiva. Agora, todos os holofotes se voltam para escolha dos novos chefes das armas para medir o quanto estarão dispostos a manter a proximidade simbiótica com o ultradireitista.

"Essa aventura militar de entrar no Governo está saindo muito cara para as Forças Armadas. É proximidade demais com um Governo instável”, afirma João Roberto Martins Filho, estudioso do tema, ao repórter Gil Alessi. Para Martins Filho, a atual crise escancarou as fissuras internas dentro dos quartéis, algo que só acontece por causa da entrada em massa dos militares no Governo. O professor da Universidade Federal de São Carlos não vê risco de ruptura institucional com participação das Forças Armadas, mas mostra preocupação com o incentivo feito por bolsonaristas a motins e revoltas dentro das polícias estaduais: “Isso pode levar a um nível de violência difícil de prever”. Já o colunista Oliver Stuenkel analisa a substituição de Ernesto Araújo por Carlos França no Itamaraty, que traz um árduo — porém, óbvio— desafio: reverter o desmonte da diplomacia brasileira e mitigar o impacto nocivo de Bolsonaro na reputação internacional. "França terá que pensar pequeno e, como um cozinheiro que só tem acesso a ingredientes estragados, montar um prato minimamente palatável”, escreve.

A turbulência política dividiu dividiu atenções, nesta terça-feira, com mais um recorde de mortes pelo novo coronavírus no Brasil, com 3.780 óbitos. Já são duas semanas desde que o país estacionou em um novo patamar de destruição na pandemia, com a média móvel, quando se descarta as variações diárias e do fim de semana, sempre acima de 2.000 mortes por dia. A repórter Beatriz Jucá conta que em São Paulo, o Estado responsável por quase um terço dos óbitos desta terça, a fase emergencial e a imposição de medidas restritivas mais rígidas implicou em variações tímidas nas taxas de isolamento e na diminuição das novas hospitalizações, uma situação que se reflete em todo o Brasil. Também nesta edição, o EL PAÍS explica como fazer para diluir a presença de partículas contagiosas em suspensão e mitigar a transmissão do coronavírus em ambientes fechados. É obrigatório abrir as janelas de carros e salas de aula ou reuniões.

Ninguém sabe com certeza como será a “nova normalidade” pós-pandemia de covid-19 e, no processo de retirada das restrições, é possível que o mundo tal qual conhecemos já não seja mais o mesmo. Francesc Miralles traz conselhos para lidar com o cenário da incerteza que começa a se delinear no horizonte. Um deles? Um conselho de Bruce Lee: “Seja água, meu amigo”.

Fique em casa se puder. Ajude os mais vulneráveis se tiver chance. Se cuide!


Acuado, Bolsonaro tenta enquadrar militares e faz investida na Câmara
Acuado, Bolsonaro tenta enquadrar militares e faz investida na Câmara
Vice Mourão diz que Forças Armadas se pautarão pela legalidade. Deputado apresenta projeto para aumentar poderes do Planalto, com apoio das PMs
Em protesto, chefes do Exército, Marinha e Aeronáutica deixam cargo
Em protesto, chefes do Exército, Marinha e Aeronáutica deixam cargo
Saída simultânea dos comandantes das três forças é inédita e vem como reação à demissão do general Fernando Azevedo nesta segunda

terça-feira, 30 de março de 2021

Há um clima estranho no ar

Há um clima estranho no ar — um clima de censura, de ameaça a quem fala o que pensa. Democracia existe quando tanto esquerda quanto direita podem se apresentar para um debate aberto e franco, quando uma imprensa diversa pode expor os fatos que levanta, além das opiniões de quem reflete. Apoie o jornalismo. É hora.

Com 1.969 óbitos registrados ontem, 314.268 no acumulado, a média em sete dias chegou a 2.665, quarto recorde consecutivo

 O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ontem, em audiência no Senado, que sua pasta prepara uma campanha para “uso racional” de oxigênio para economizar o insumo. O ministério também vai pedir que a rede privada retire do SUS seus pacientes de Covid-19, de forma a liberar leitos para doente que dependem exclusivamente do sistema público. O ministro informou ainda aos senadores ter pedido que a Pfizer antecipe a entrega de metade do lote de 100 milhões de doses de vacinas previstas para o segundo semestre. (UOL)

Mais cedo, Queiroga voltou a descartar a adoção de um lockdown nacional. Na avaliação dele, medidas mais extremas devem ser adotadas “de forma localizada”. (CNN Brasil)

Então... A média móvel de mortes por Covid-19 no país voltou a bater recordes. Com 1.969 óbitos registrados ontem, 314.268 no acumulado, a média em sete dias chegou a 2.665, quarto recorde consecutivo. A variação em relação ao período anterior é de 34%, o que indica alta fora de controle. (G1)

Um fenômeno vem sendo observado por profissionais na linha de frente do combate à Covid. Pessoas que eram negacionistas convictas entendendo a gravidade da pandemia quando já é tarde demais e estão internadas numa UTI. “Pessoas que aderem ao ‘tratamento precoce’ ficam em casa esperando uma melhora que não vem, porque o ‘kit’ não funciona, e chegam ao serviço de saúde mais graves”, diz uma profissional de saúde sob condição de anonimato. (UOL)

E no Rio, o governador em exercício Cláudio Castro pediu desculpas por ter feito uma festa para comemorar o próprio aniversário apenas dois dias depois de pedir que a população evitasse reuniões. Ele chegou a dizer que tinha feito apenas um “almoço para familiares em Petrópolis”, mas foi desmentido por imagens das pessoas sem máscaras na comemoração. Aí disse “amigos foram aparecendo”. As imagens vazadas, porém, mostram que nem os empregados, alguns deles funcionários públicos, usavam máscaras. (G1)




O governo dos EUA mandou um recado curto e grosso ao Brasil. “Queremos ver coisas tangíveis contra o desmatamento ilegal”, disse um representante do Departamento de Estado. “E queremos ver uma diminuição real ainda este ano, não esperar cinco ou dez anos.” O Brasil pode ficar sem investimentos americanos e, como último recurso, ser alvo de sanções. (Estadão)

Bolsonaro afaga Centrão e tenta enquadrar militares

 A segunda-feira já havia amanhecido tensa, em Brasília, com deputadas bolsonaristas tentando insuflar um motim policial-militar na Bahia. Como se o Senado inteiro não tivesse declarado guerra ao ministro das relações exteriores apenas na véspera. Mas aí Ernesto Araújo caiu e num repente, uma após a outra, mudaram de ocupante ao todo seis cadeiras ministeriais. E o choque: demitido o ministro da Defesa. Ameaça de demissão do comandante do Exército. Ruídos de autogolpe. Como de hábito, acuado, Jair Bolsonaro tentou simultaneamente agradar ao Centrão — como revela Andréia Sadi — para afastar risco de impeachment enquanto, com a outra mão, fazia um aceno de radicalização. Esta não é uma história ainda com desfecho claro. Aqui vai o que sabemos até agora. (G1)

A primeira mudança do dia era a prevista. Ernesto Araújo pediu demissão obrigado após dois anos colecionando polêmicas e uma semana de guerra com o Senado. Depois de vários nomes serem especulados, a escolha caiu sobre Carlos Alberto França, um diplomata que, como Araújo, não tem expressão no Itamaraty, mas que se aproximou de Bolsonaro ao chefiar o cerimonial do Planalto. (Folha)

Segundo Sonya Racy, é tido como um homem que não cria arestas e foi chefe de gabinete da ex-presidente Dilma Rousseff. (Estadão)

Meio em vídeo. O chanceler Ernesto Araújo caiu e o Senado ganhou a batalha, certo? Não. Esta é uma disputa de poder. O Centrão quer espaço, Bolsonaro reluta em dar. Confira o Ponto de Partida no YouTube.

Aí veio a surpresa... O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva anunciou que havia sido demitido. Menos de duas horas depois, publicou uma nota curta. A frase mais importante que, segundo interlocutores, ele quis destacar: “Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado.” De acordo com Malu Gaspar, Azevedo não queria reviver “maio passado”, quando bolsonaristas fizeram protestos pedindo golpe de Estado e atacando o STF. (Globo)

Lauro Jardim: “A demissão de Azevedo e Silva deu-se numa conversa rápida entre ele e Jair Bolsonaro. Ao todo, foram três minutos de reunião. Foi o resultado de muitos meses de desacertos. Bolsonaro, por exemplo, pediu mais de uma vez ao ministro que o comandante do Exército, general Edson Pujol, fosse demitido. Azevedo e Silva resistiu o quanto pôde e segurou Pujol em seu cargo. Bolsonaro também costumava reclamar com o general que precisava de demonstrações públicas de apoio das Forças Armadas. E culpava Azevedo e Silva por não tê-las.” (Globo)

Ricardo Kotscho tem a informação de que a recusa a apoiar um decreto de Estado de Sítio está entre os motivos da demissão de Azevedo. (UOL)

Merval Pereira sugere que Bolsonaro acena com o desejo de um autogolpe. Mas não acredita na possibilidade. “Os militares estão comprometidos com o Estado democrático de direito”, escreve. “Não será fácil a Bolsonaro usar as Forças Armadas como instrumento político para um possível autogolpe.” (Globo)

O general Walter Braga Netto, que ocupava a Casa Civil, assumirá a Defesa. (Poder360)

Igor Gielow: “Se há setores bolsonaristas nas Forças Armadas, em especial nos escalões inferiores, todo o movimento da cúpula da ativa foi o de tentar se isolar da inevitável simbiose com um governo coalhado de fardados. As benesses frequentes à categoria vinham garantindo um equilíbrio em meio a essas críticas, mas tal estabilidade agora estará entregue às mãos de Walter Braga Netto, que tem várias famas, mas não a de um conciliador como era Fernando Azevedo. Qualquer gesto que endosse a ideia bolsonarista de que ‘meu Exército’ está aí para servir a causas como impedir lockdowns causará um ruído ensurdecedor na relação entre presidente/ala militar e o serviço ativo.” (Folha)

Os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica devem colocar seus cargos à disposição de Braga Netto hoje de manhã. (Folha)

Então... Malu Gaspar sugere que o general Marco Antônio Freire Gomes, 63 anos, atual Comandante Militar do Nordeste deve assumir o Exército. É um moderado, porém o quinto mais antigo. Em geral, um dos três mais antigos ocupa o cargo. (Globo)

O dia já estava confuso quando José Levi, advogado-geral da União, entregou seu cargo. Ele estava irritado desde que Bolsonaro entrou com uma ação no STF à revelia da AGU contra toques de recolher impostos por governadores. Para o lugar dele vai — ou volta — o ministro da Justiça, André Mendonça, substituído pelo secretário de segurança do DF, Anderson Torres, amigo do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). (Estadão)

Bela Megale: “Enquanto esteve à frente do Ministério da Justiça, Sergio Moro nunca escondeu que o então secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, era um de seus maiores desafetos.” (Globo)

E, por fim, o Centrão recebeu sua parte. A Secretaria de Governo, a quem compete a interlocução com o Congresso, coube à deputada Flávia Arruda (PL-DF). Além de ter a bênção do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Flávia é do partido de Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão do PT e hoje aliado de Bolsonaro. E o sobrenome dela vem do marido, o ex-senador e ex-governador do DF José Roberto Arruda, condenado por corrupção. (Globo)

E enquanto Brasília entrava em ebulição, o vice Hamilton Mourão publicava um tuíte mostrando o momento em que recebia uma dose da CoronaVac, justamente a vacina patrocinada pelo governador paulista João Doria (PSDB), visto como inimigo no Planalto. “Hoje fiz minha parte como cidadão consciente”, escreveu. (Twitter)




Pegou muito mal a tentativa das redes bolsonaristas de politizar a morte de um PM baiano baleado por colegas após um surto psicótico. A presidente da Comissão de Constituição de Justiça da Câmara, Bia Kicis (PSL-DF), apagou as postagens em que Weslei Soares era tradado como herói. Vídeos mostraram o PM abrindo fogo contra colegas de farda antes de ser atingido. Opositores não perdoaram, e o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a citar o Barão do Itararé num tuíte: “De onde menos se espera é que não sai nada mesmo.” (Globo)




Dizendo-se vítima de uma “seita intolerante e autoritária”, o governador paulista João Doria anunciou que está se mudando com a família para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo. Nas últimas semanas, apoiadores de Jair Bolsonaro têm feito protestos cada vez mais ruidosos próximos à residência pessoal do governador. (UOL)




E ontem foi divulgado mais um vazamento constrangedor de conversas entre procuradores da Lava-Jato de Curitiba. Em março de 2019, a procuradora Jerusa Viecili dizia ao chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, que era melhor o grupo se distanciar do governo já que “a FT (força tarefa) ajudou a eleger Bozo (Bolsonaro)”. Nas transcrições, entregues pela defesa do ex-presidente Lula ao STF, Viecili teme a proximidade com o Bolsonaro porque “se ele atropelar a democracia, a LJ (Lava Jato) será lembrada como apoiadora”. (Poder 360)

México admite que cifra de mortos por covid-19 é ao menos 60% maior

 

México admite que cifra de mortos por covid-19 é ao menos 60% maior
México admite que cifra de mortos por covid-19 é ao menos 60% maior
Secretaria de Saúde publica em seu site um cálculo de cifras vinculadas à covid-19 que eleva número de óbitos a 322.000, ultrapassando o Brasil

Bolsonaristas insuflam tensão na PM da Bahia após morte de soldado

 

Bolsonaristas insuflam tensão na PM da Bahia após morte de soldado
Bolsonaristas insuflam tensão na PM da Bahia após morte de soldado
Parlamentares, entre eles filho do presidente, politizam caso de Wesley Soares Góes, que teve surto e atirou contra colegas, segundo comando

Troca na Defesa denuncia crise militar no Governo Bolsonaro

 


A segunda-feira parecia agitada pela notícia da saída do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Mas foi a carta de demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, que revelou o tamanho do caos no Governo Bolsonaro. O pfresidente resolveu trocar, de uma tacada só, seis de seus ministros. Num momento de turbulências em Brasília com a pressão pela gestão pífia da pandemia de covid-19, a saída de Azevedo, amigo de longa data do presidente Jair Bolsonaro, evidenciou uma crise na relação com as Forças Armadas, escreve Carla Jiménez. “Esta é uma crise militar séria”, disse João Roberto Martins Filho, estudioso do tema no Brasil, comentando a possibilidade de haver renúncia conjunta dos chefes das três armas —o que especula-se que pode ocorrer ainda nesta terça-feira. “Se confirmado, será a primeira vez desde a redemocratização que acontece isso. O que falta desvendar é o que Bolsonaro vai fazer”, diz ele.

De Brasília, Afonso Benites explica que a mexida no gabinete, que ainda não terminou e pode derrubar Ricardo Salles (Meio Ambiente) ainda nesta semana, tem o objetivo de acomodar o Centrão, do qual o Governo é cada vez mais dependente, e tentar evitar a criação de uma CPI contra o Planalto ou uma eventual abertura de processo de impeachment. Já Sérgio Leo analisa a margem de manobra do novo chanceler que substituirá Araújo, Carlos França, e o custo ambiental que o Planalto paga com a permanência de Salles. "Discreto, o posto mais alto que já ocupou na diplomacia foi o de segundo no comando da embaixada do Brasil na Bolívia. De temperamento cordial, caiu na simpatia também do filho 03, Eduardo Bolsonaro, e do assessor internacional do Presidente, Filipe Martins, ambos os principais influenciadores das ações do presidente no campo das relações internacionais", escreve ele.

Uma prisão sem armas nem policiais, onde os próprios condenados administram o local. Não é uma utopia, mas uma realidade onde mais de 50.000 criminosos saldaram suas contas com a Justiça nas últimas décadas. A repórter Naiara Galarraga Gortázar foi até Paço do Lumiar, no Maranhão, de onde conta sobre a realidade desse ambiente onde a fé tem um peso enorme, e a máxima é “matar o criminoso, salvar o homem”. Um sistema idealizado nos anos setenta e recomendado pelo Ministério da Justiça por ser visto como muito eficaz. "É mais barato. E a taxa de reincidência, menor”, diz a antropóloga Karina Biondi.

No Chile, o sucesso da vacinação não foi suficiente para conter a alta na onda de contágios pela covid-19, e o recrudescimento da pandemia ameaça afetar o calendário político do país. Nesta segunda, o Governo de Sebastián Piñera anunciou que apresentará uma proposta para adiar a votação da Constituinte, agendada para os dias 10 e 11 de abril. De Santiago, a correspondente Rocío Montes explica que o adiamento vai botar à prova as instituições chilenas e a própria democracia representativa no país, já que o pleito é destinado a eleger os representantes que redigirão a nova Constituição após a população decidir pela mudança na Carta herdada da ditadura de Pinochet.

A pandemia não alterou apenas datas de eleições, rotinas ou dinâmicas familiares. A crise sanitária também nos obrigou a repensar o mito da “solidão escolhida”. Raquel Peláez conta como a experiência de passar um confinamento em solidão serviu para que muitos recalibrassem sua relação com a falta de companhia.“Na vida pré-pandemia, para os que moram sozinhos era relativamente fácil evitar a sensação de solidão com vida social, trabalho, vida familiar, lazer. Todas essas saídas para não lidar com a solidão foram bloqueadas pela nova realidade. Apesar das adaptações esse sentimento claramente continuou estando ali”, diz o psicólogo e psicoterapeuta Rafael García.

Fique em casa se puder. Ajude os mais vulneráveis se tiver chance. Se cuide!


Bolsonaro troca seis ministérios para acomodar Centrão e sair das cordas
Bolsonaro troca seis ministérios para acomodar Centrão e sair das cordas
Mudanças envolvem Justiça e Secretaria de Governo. Expectativa é que Planalto troque Meio Ambiente ainda nesta semana
Troca na Defesa marca divisão entre generais sobre radicalismo de Bolsonaro
Troca na Defesa marca divisão entre generais sobre radicalismo de Bolsonaro
Saída de ministro e comandantes das Forças Armadas pega o país de surpresa e abre incógnita sobre as apostas do presidente

A farra das diárias em Curitiba

 


A farra das diárias em Curitiba

Intercept publica hoje uma matéria muito importante para a compreensão do funcionamento do Ministério Público e da moralidade seletiva de seu ativismo anticorrupção. Trata-se do mesmo ativismo que mobilizou a sociedade brasileira por anos, sempre com o apoio da imprensa e a serviço de interesses eleitoreiros. No entanto, os mesmos procuradores que corriam o Brasil em campanha pelas "dez medidas contra a corrupção" não viam qualquer problema nos colegas que engordavam seus já fartos vencimentos graças a diárias pagas pelo erário. Pelo contrário, as chancelavam.

A justificativa dos procuradores é a de sempre: as diárias estão previstas em lei. Mas a reportagem da #VazaJato de hoje apresenta diversas situações em que o pagamento delas, se não foi ilegal, certamente é imoral.

Entre as histórias contadas por Vinicius Konchinski, merece destaque a do procurador Diogo Castor de Mattos. Em cinco anos, Castor recebeu 425 diárias ou R$ 373,6 mil. Dessas, 411 diárias referem-se a viagens para Curitiba, uma vez que o procurador aceitou trabalhar para a força-tarefa quando residia em Jacarezinho, Norte do Paraná. 

Só que o próprio Castor garantiu à justiça, em cinco ocasiões entre 2014 e 2019, que morava em Curitiba. Tinha, inclusive, um apartamento na cidade. E isso era de conhecimento de Deltan Dallagnol, então coordenador da Lava Jato, e de todos os demais procuradores, como deixam claro mensagens trocadas pelo aplicativo Telegram.

Por exemplo, em mensagem de 5 de dezembro de 2018, Castor convida os colegas para uma festa de fim de ano em sua casa:

Diogo Castor - 14:00:52 - pessoal, happy hour de encerramento do ano na casa do Castor, rua _______________

O caso de Diogo Castor não é o único. Kochinski também apurou a história do procurador Orlando Martello. Martello recebeu 457 diárias, ou R$ 461 mil extras. Ele está vinculado à comarca de São Paulo e recebia as diárias para trabalhar em Curitiba. Acontece que ele é casado com uma procuradora que mora na capital paranaense, e ficava na residência da família, onde vivem a esposa e o filho do casal, quando ia à cidade. Martello não só acumulou diárias, como também recebia auxílio-moradia – assim como sua esposa. 

Os diálogos da Vaza Jato demonstram que o tema não só era tratado abertamente entre os procuradores da força-tarefa, como tornou-se motivo de piada para eles. Em uma ocasião, após a imprensa noticiar a farra das diárias, os procuradores conversaram de forma jocosa:

19 de setembro de 2017 - Grupo Filhos do Januario 2
Galvão - 16:18:04 - de relevante dessa matéria, é eu verificar que ganhei muito menos diárias do que outros que ainda ficam resmungando das minhas opções de restaurante...
Jerusa Viecili 16:34:14 - quanto a mim, as diarias que recebi, em 8 meses de 2017, nao cobrem minhas despesas de aluguel e condominio em curitiba. 🤦🏻♀️
Athayde Ribeiro Costa - 16:35:57 - Acho que vale uma vaquinha com os mais probresss....
Roberson Pozzobon - 16:36:17 - Probiiiinhos
Pozzobon - 16:36:30 - Probinho do Robinho

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Editor Contribuinte Sênior