Ainda consequência da reaparição política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aumentou a pressão sobre Jair Bolsonaro para troca de comando no Ministério da Saúde. A decisão de tirar o general Eduardo Pazuello já foi tomada, mas não há sucessor claro. O presidente passou a tarde de ontem reunido com a médica Ludhmila Hajjar, indicada pelo Centrão. Ela se especializou em Covid-19, é médica do Incor em São Paulo e da rede de hospitais Vila Nova Star, além de professora associada da Faculdade de Medicina da USP. (Folha)
Por algumas horas, pareceu o nome mais cotado. Mas as redes sociais bolsonaristas logo trataram de metralhá-la. Além de circularem um vídeo da médica conversando com a ex-presidente Dilma Rousseff, fizeram chegar a Bolsonaro um áudio atribuído a ela em que o presidente é chamado de “psicopata”. A médica logo apagou sua conta no Twitter, mas não adiantou. Ela e o presidente concordam em muito pouco a respeito da pandemia. “O Brasil está fazendo tudo errado”, comentou numa entrevista recente. Em sua opinião, o país deveria estar “já com cinco ou seis vacinas disponíveis”. Ela também se manifestou contra tratamentos sem comprovação, como a cloroquina, e em defesa de medidas de isolamento social. (Globo)
Painel: “‘Fizeram montagem. Não tenho esse vocabulário. Não falaria isso nunca de homem nenhum’, disse Hajjar, em referência ao áudio. “Não tenho vínculo partidário. Não sou ligada politicamente a ninguém. Sou médica.” (Folha)
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que a médica tem as qualidades necessárias para ter “bom desempenho à frente da pandemia”. Lira chegou a ser tratado por ela, assim como seu antecessor, Rodrigo Maia, e o próprio Pazuello. (Poder360)
Pois é... Se por aquelas horas do domingo o seu pareceu nome certo, a médica comunicará hoje ao governo que está fora do páreo, conta Lauro Jardim. (Globo)
De acordo com Alberto Bombig, na Coluna do Estadão, o real candidato do Centrão é o deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ). Além de médico, é gestor público, conhece o SUS, e tem bom trânsito no governo federal, no Congresso e nos Estados. Teria o perfil ideal. Hajjar foi, sugerem nos corredores de Brasília, boi de piranha para saciar a fúria que sempre vem do bolsonarismo-raiz quando Centrão e Militares tentam encaixar num eixo racional as ações do governo. (Estadão)
Outro na lista é Marcelo Queiroga, presidente da Associação Brasileira de Cardiologia, que passou a tarde falando com jornalistas após seu nome ser ventilado como uma alternativa para o ministério. O cardiologista, que aguarda confirmação pelo Senado para assumir uma vaga na Agência Nacional de Saúde, disse que o presidente conhece seu trabalho, mas prefere esperar a saída de Pazuello para comentar. “Um médico não assume o plantão de outro. É preciso deixar o lugar vago para o outro ocupar”, brincou. Lutar por uma indicação desta sorte, alguns percebem mais rápido, é se sujeitar à virulência da turba. (Folha)
No início da tarde de domingo circulou a informação de que Pazuello havia pedido para sair alegando problemas de saúde. Não combinaram com o general, que parecia bem saudável ao ir, segundo Lauro Jardim, comprar cerveja e carne em um supermercado de Brasília. Horas depois, Pazuello negou, por intermédio de sua assessoria, tanto que estivesse doente ou que tivesse deixado o ministério. “Não estou doente, não entreguei o meu cargo e o presidente não o pediu, mas o entregarei assim que o presidente solicitar”, afirmou o futuro-quem-sabe-ex-ministro. (Globo)
Mas a situação dele só piora. Nos estados, por exemplo, a rejeição a Pazuello é generalizada. Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), disse que, após dez meses com o general à frente do ministério, a maior parte dos secretários perdeu a paciência. Ele, que é secretário de Saúde do Maranhão, diz que não esperava chegar a março com um colapso. Carlos Lula ressalta, porém, que o ministro não é o único responsável pela situação. “Ele tentou resolver a CoronaVac lá atrás. O presidente não deixou.” (Folha)
A doença, claro, não está prestando atenção às mudanças no ministério e segue causando destruição. Neste domingo, a média móvel de mortes em sete dias foi 1.832, o 16º recorde consecutivo. Foram 1.111 óbitos em 24 horas, com total de 278.327, lembrando que diversos estados não divulgam seus números no fim de semana. (UOL)
Diante desses números, os integrantes do Fórum Nacional dos Governadores enviaram uma carta ao Ministério da Saúde pedindo medidas restritivas em âmbito nacional, incluindo o controle de portos, aeroportos e rodovias. (G1)
A situação é muito grave. Em Porto Alegre (RS) há filas no cartório da Central de Atendimento Funerário em função do aumento das mortes por Covid-19. Os pedidos de certidão de óbito saltaram de 60 para 148. (Estadão)
São Paulo, que adota hoje medidas ainda mais rígidas contra a pandemia, ultrapassou no domingo a marca de 10 mil pessoas internadas, com taxa de ocupação de UTIs de 90% na região metropolitana da capital e 88,4% em todo o estado. Ao menos 60 pacientes já morreram na fila por um leito. (G1)
Veja como está a situação da Covid-19 em seu estado. (Globo)
E, além da doença em si, a população ainda tem que lidar com a desorganização. Em Bertioga, no litoral paulista, um homem de 93 anos recebeu doses de vacinas diferentes. João Raimundo de Souza foi vacinado em fevereiro com a CoronaVac, mas, ao voltar em março para a segunda dose, recebeu o imunizante de Oxford/AstraZeneca. A Secretaria de Saúde disse que houve uma falha humana e que Raimundo recebera hoje uma nova dose da CoronaVac.
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