A decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, de tornar nulas as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava Jato de Curitiba, injetou adrenalina no Brasil nesta segunda, quando o país só tinha olhos para a pandemia de covid-19. A recuperação dos direitos políticos do ex-presidente lançou de vez na praça a corrida por 2022 enquanto deixou frenéticos os grupos de WhatsApp de advogados e juristas que faziam cálculos em cima da decisão de Fachin, cujos desdobramentos só ficarão claros nos próximos dias. O consenso é que a determinação do magistrado, com base em uma argumentação que a defesa de Lula fazia desde 2016, foi minuciosamente estudada, de modo a reorganizar forças no que diz respeito aos processos de Lula e a Lava Jato, explicam Carla Jiménez e Gil Alessi. A crise que atingiu a Lava Jato pelas mensagens entre a força-tarefa de procuradores e Sergio Moro respingou na própria Corte, que se preparava para julgar se o ex-juiz fora parcial no julgamento do ex-presidente. “Fachin antecipa a discussão desse processo reconhecendo a nulidade, tentando desidratar um pouco a situação para proteger Moro e a própria biografia”, afirma Marco Aurélio Carvalho, do grupo Prerrogativas, um dos mais combativos ao apontar desvios da operação. Lula está de volta à contenda política —ao menos por enquanto — e pressiona os pré-candidatos de centro, conta Afonso Benites, de Brasília. Agora é a Justiça do Distrito Federal que definirá o ritmo da tramitação dos processos contra o petista, mostra a reportagem de Regiane Oliveira que explica a decisão do ministro do STF. Em Bruxelas, a ruptura do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, com o conservador Partido Popular Europeu ameaça abrir uma cisão geográfica dentro da União Europeia. O correspondente Bernardo de Miguel explica que além de gerar um desgaste para os conservadores — que dominam as instituições europeias há mais de duas décadas — a saída de Orbán poderia se apresentar como um catalisador de correntes que, à direita e à esquerda, desconfiam da integração supranacional representada pelo bloco e pregam uma soberania nacional eventualmente próxima do protecionismo e da xenofobia. Nesta segunda-feira celebrou-se o Dia Internacional da Mulher, com mais manifestações nas redes do que nas ruas no Brasil devido à pandemia. No México, o presidente Andrés Manuel López Obrador erigiu um símbolo sinistro para sua relação conflituosa com o feminismo. Francesco Manetto conta que a cerca construída pelo Governo ao redor do Palácio Nacional acabou se tornando uma intervenção, onde ativistas escreveram centenas de nomes de vítimas de feminicídios, transformando-a em um “muro da memória”contra a violência machista. Ainda nesta edição, o EL PAÍS conta a história de seis mulheres esquecidas por anos, condenadas ao ostracismo ou desvalorizadas por causa de seu gênero. Relatos que representam milhares de pioneiras em uma sociedade que não lhes dava importância, mas cujas ações influenciaram — e continuam a influenciar — gerações. | ||||||||||
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