Um ano e 12 dias após a primeira morte por Covid-19, o Brasil atingiu a assustadora marca de 300 mil vítimas fatais da doença. Mais precisamente, 301.087, contando os 2.244 óbitos registrados ontem, com uma média móvel em sete dias de 2.279. Mas o número pode estar subestimado. Na terça-feira o Ministério da Saúde mudou os critérios de confirmação de óbitos, fazendo cair artificialmente o total de mortos em pelo menos três estados, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Após protestos, o ministério desistiu da mudança. (G1)
Veja em um gráfico animado a evolução das mortes no Brasil e a comparação com o resto do mundo. (Globo)
Então... Com um ano e 300 mil mortes de atraso, Jair Bolsonaro reuniu ontem no Palácio da Alvorada os presidentes dos Três Poderes, seus ministros e um grupo de governadores aliados para criar um comitê anti-Covid que coordenará as ações contra a pandemia. Os governadores presentes cobraram mudanças de postura do presidente, incluindo autonomia do Ministério da Saúde, uma retórica menos radical e o abandono da defesa de “tratamento precoce” sem respaldo científico – que Bolsonaro voltou a defender após o encontro. (Folha)
Excluídos da reunião, os governadores de oposição veem com ceticismo o comitê, classificado pelo paulista João Doria (PSDB) como adulação. (Estadão)
Se a ideia da reunião era blindar o presidente, não parece ter funcionado. Horas depois do encontro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez um discurso duro no Plenário da Casa. Ele criticou a política externa do governo e cobrou ações contra a pandemia. Lira lembrou que os “remédios políticos” do Congresso são “conhecidos” e “todos amargos”, em referência indireta a um processo de impeachment. (Globo)
Gerson Camarotti: “Integrantes do Palácio do Planalto ficaram preocupados com o discurso de Arthur Lira. Na avaliação de um interlocutor de Bolsonaro, Lira acenou com um processo de impeachment, mesmo que não tenha citado isso explicitamente. Na Câmara, o consenso é que a fala de Lira reflete um sentimento dos parlamentares de esgotamento com as ações erráticas do governo.” (G1)
Em sua primeira entrevista coletiva já como ministro da Saúde, Marcelo Queiroga disse que a meta do governo é vacinar um milhão de pessoas por dia “no curto prazo”. Na prática, isso significa mais que dobrar o ritmo atual de vacinação. Segundo dados do consórcio de veículos de comunicação, a média de vacinas aplicadas nos últimos sete dias foi de 421,2 mil doses. O ministro não explicou como pretende atingir essa meta. (UOL)
Painel: “O escolhido por Queiroga para supostamente coordenar um grupo sobre protocolos de combate a Covid-19 é um dos maiores críticos do país sobre a utilização da cloroquina. Carlos Carvalho, professor da USP, apontou desde o início da pandemia que não havia comprovação de eficácia do medicamento. O novo ministro da Saúde pediu os protocolos usados no Hospital das Clínicas e no InCor, onde ele trabalha, para levar a todo Brasil.” (Folha)
Durante a posse reservada de Queiroga, na terça-feira, seu antecessor, o general Eduardo Pazuello, soltou um pote de mágoas, dizendo que foi alvo de boicotes por parte de integrantes do próprio ministério e que sofreu pressões de políticos interessados num “pixulé”. Sem dar nomes, ele afirmou ter identificado oito “ações orquestradas” contra sua gestão. (Veja)
Enquanto isso, a Anvisa autorizou o Instituto Butantan a testar em seres humanos um soro contra a Covid-19. Os testes serão feitos em pacientes voluntários internados em hospitais. (Poder360)
No Rio, que entra amanhã junto com São Paulo num recesso de dez dias, o prefeito Eduardo Paes anunciou um auxílio emergencial para 900 mil pessoas no município. Os valores vão de R$ 108 a R$ 500. Já o governador interino Cláudio Castro baixou decreto fechando todas as praias do estado. O documento autoriza abertura de bares e restaurantes até 23h, mas ressalta que, se as regras municipais forem mais rígidas, elas terão precedência. (Globo)
Três pessoas que receberam nebulização de hidroxicloroquina diluída em soro morreram em um hospital de Camaquã (RS). O tratamento, sem qualquer comprovação científica e fora dos protocolos, foi prescrito pela médica Eliane Scherer, que foi demitida e denunciada ao Conselho Regional de Medicina do RS e ao Ministério Público. (Zero Hora)
Mesmo assim, o Conselho Federal de Medicina se recusa rever o aval ao uso da cloroquina. (Estadão)
Em Minas Gerais, um grupo de empresários do setor de transportes e de políticos é suspeito de ter se vacinado clandestinamente. Contrariando a lei, eles teriam importado vacinas da Pfizer sem fazer a doação obrigatória ao SUS. Segundo a denúncia, os responsáveis pelas cem doses, suficientes para imunizar 50 pessoas, foram os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur. Cada pessoa teria pagado R$ 600 pelas duas doses. O ex-senador Clésio Andrade admitiu que tomou a vacina, mas disse que a recebeu gratuitamente. (Piauí)
Mônica Bergamo: “O deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) pediu ao Ministério Público de Minas Gerais que confisque as vacinas contra a Covid-19 adquiridas por políticos e empresários mineiros sem que fossem repassadas doses ao SUS.” (Folha)
Meio em vídeo. No #MeioExplica desta semana, relembre 12 momentos em que o presidente Jair Bolsonaro negou ou minimizou os impactos da pandemia no Brasil. Isso ajuda a explicar como chegamos até aqui e reforça a necessidade de medidas urgentes para que vidas sejam salvas. Confira no Youtube.
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