Aliada ao aumento da impopularidade do presidente Jair Bolsonaro, a dramática crise da saúde tem assanhado a fome do Centrão por novos ministérios: o grupo aumenta seu preço para apoiar o Planalto. Casa Civil, Secretaria de Governo, Minas e Energia, Relações Exteriores e Educação são as pastas desejadas pelo grupo fisiológico de legendas de centro-direita, mesmo que o comando dessas frentes esteja ocupado por militares e pelo grupo mais ideológico ligado ao bolsonarismo. O repórter Afonso Benites explica que os parlamentares do Centrão põem na mesa de negociação a gestão da pandemia pelo Planalto, reprovada por 54% dos entrevistados da pesquisa Datafolha, além da reentrada do ex-presidente Lula no tabuleiro eleitoral. Como instrumentos de pressão, os novos presidentes da Câmara e do Senado fazem pequenas mudanças de discurso em dois temas que assombram Bolsonaro: um processo de impeachment e a CPI da Covid. Mas a culpa não é apenas do presidente. Um ano depois de a OMS declarar a existência da pandemia de coronavírus, hospitais continuam prescrevendo medicamentos que não têm comprovação de funcionamento contra a doença. O repórter Diogo Magri conta que centros da rede privada, como o Prevent Senior em São Paulo ou a Unimed no Ceará, ainda distribuem os chamados “kits de tratamento precoce”, que incluem, além da cloroquina, remédios como a ivermectina, usado originalmente para combater vermes. A indicação tem acontecido inclusive para casos que nem sequer testaram positivo para a covid-19. A ordem é: primeiro medicar, depois fazer o diagnóstico. “O problema desse caso é que não há benefício. Então tudo que sobra é o efeito adverso, inclusive os que nem conseguimos prever”, diz Paula Herrmann, professora de farmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Além de espalhar mortes e saturar os sistemas de saúde pelo mundo, a pandemia de coronavírus causou um retrocesso histórico em termos financeiros e profissionais para milhares de latino-americanas. No Brasil, os impactos foram ainda profundos: quase 8,5 milhões de mulheres saíram do mercado de trabalho, e sua participação caiu a 45,8%, o nível mais baixo em três décadas, segundo o IBGE. Dentro desse universo feminino, María Magdalena Arregala e Patricia Monteiro escrevem sobre as mães solo —que no Brasil são mais de 11,5 milhões— e os riscos, dificuldades e sobrecarga mental e de tarefas que este grupo enfrenta. "A rede, que já era pequena, se esgota ainda mais neste tempo de ‘salve-se quem puder’. Cozinhar, arrumar, lavar, trabalhar, brincar, respirar... Pouco tempo para ser eu mesma”, queixa-se a carioca Verônica da Costa. | |||||
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