O Brasil ainda não sabe o que fazer com Isaac, Danilo e Rafael. Com idade entre 7 e 8 anos, o trio vive na periferia do Rio de Janeiro e teve a frustração de ter a volta às aulas canceladas com a piora da pandemia. As respectivas mães estão acompanhando seus estudos mas temem as consequências de tanto tempo perdido pelo confinamento. Parte do estudo é por programa educativo da televisão, e eles têm a sorte de contar com mães que não estão trabalhando e dão o jeito de equilibrar os muitos pratos de uma vida limitada para dar algum alento à educação dos rebentos, como mostra a reportagem de Mariana Assis, que abre esta edição. “Crianças não alfabetizadas na idade certa têm muita dificuldade de aprender o que devem na trajetória escolar. Também lá na frente, quando forem mais velhas, têm uma maior tendência à evasão, a não concluírem a educação básica, porque a escola para de fazer sentido", alerta Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais da ONG Todos pela Educação. Não faltaram sugestões e estudos para nortear ações do Governo. Mas a ausência de interesse em construir soluções prejudicou a vida dos milhões de alunos do Brasil, conta a repórter Regiane Oliveira, de São Paulo. “As escolhas que fizemos para as crianças foram terríveis”, lamenta a pedagoga Leila Oliveira. Uma das mais recentes demonstrações da falta de envolvimento do Governo com a questão foi o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que previa destinar 3,5 bilhões de reais para Estados e municípios aplicarem em ações que garantissem o acesso à internet para estudantes e professores da educação básica. Se a falta de rumo no Brasil atingiu seu ápice, o cansaço com o descaso também. Uma carta assinada por banqueiros e centenas de economistas dá o tom da pressão que Bolsonaro enfrentará no setor econômico mais decisivo. A carta é assinada pelos presidentes do Conselho de Administração do banco Itaú, Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles. O Itaú é o maior banco privado do Brasil. A carta desfaz o que os signatários chamam de “falso dilema” entre salvar vidas e garantir o sustento da população vulnerável e para isso colocam como prioridade zero a vacinação em massa. Até a Venezuela alcançou o milagre de unir Nicolás Maduro e Juan Guaidó na missão de acertar um pacto para a compra de vacinas contra a covid-19. O pacto prevê que os recursos dos ativos retidos no exterior pelas sanções contra o regime chavista sejam destinados ao acesso à chamada plataforma Covax, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A tensão por medidas eficazes sobe ao mesmo tempo que uma terceira onda de coronavírus bate com força na Europa. Em três semanas, a incidência de casos no continente subiu 34%. Fique em casa se puder. Ajude os mais vulneráveis se tiver chance. O Brasil do futuro agradece. | ||||||||||
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário