A CPI no Senado que vai investigar a conduta do governo federal na pandemia começa a funcionar hoje em clima de guerra entre Legislativo e Executivo, via Judiciário. Um juiz de primeira instância do Distrito Federal, atendendo a pedido da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), determinou em liminar que Renan Calheiros (MDB-AL) não pode ser escolhido relator da comissão. Mas, com base em seu regimento interno, o Senado deve ignorar a decisão judicial. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), soltou nota dizendo que a escolha do relator cabe ao presidente da CPI e não admite interferência de um juiz. (Globo)
Coluna do Estadão: “Não durou muito a conversa de Jair Bolsonaro de que não teme a CPI. Qualquer que seja o desfecho da tentativa de afastar Renan Calheiros da relatoria, quem convive com o influente senador alagoano diz que ele já esperava a investida jurídica e se preparou para revertê-la: é conhecido pela frieza na atuação contra adversários. Ou seja, se permanecer na relatoria, Bolsonaro deverá ter pesadelos.” (Estadão)
Na noite de ontem sete titulares e um suplente da comissão, todos identificados como independentes ou oposicionistas, se reuniram na casa do senador Omar Aziz (PSD-AM), que deve ser eleito hoje para presidir a CPI. Além de traçar estratégias para os trabalhos, os parlamentares discutiram o documento com 23 possíveis acusações contra o Executivo, elaborado pela Casa Civil para que os ministérios preparem defesas. (Poder360)
A lista, aliás, causou surpresa. Para os oposicionistas, o documento de dentro do Palácio do Planalto é uma confissão antecipada. “É um caso único de delação precoce”, ironizou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que deve ser escolhido vice-presidente da CPI. “Eles contribuíram com um roteiro a ser seguido por nós.” (Estadão)
Enquanto isso... Tido como personagem central nas investigações da CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi flagrado passeando sem máscara em um shopping center de Manaus. Interpelado, o general reagiu com ironia: “Onde compra isso?” Só lembrando, Pazuello é alvo de inquérito sobre responsabilidade no caos da saúde exatamente na capital do Amazonas. (Folha)
Meio em vídeo. Existe uma guerra pegando fogo nos bastidores do governo Bolsonaro. Olavistas contra militares. As metralhadoras estão voltadas contra o ex-ministro Eduardo Pazuello. O mesmo com quem Bolsonaro conta para defendê-lo na CPI. Se preciso, até se sacrificar. Humilhar Pazuello não é boa estratégia. A CPI, afinal, começa a trabalhar hoje. Confira o Ponto de Partida no YouTube.
Aliás... O vice-presidente Hamilton Mourão procurou dissociar a imagem do Exército da atuação de Pazuello, ainda general da ativa, no Ministério da Saúde. (Folha)
E a Procuradoria-Geral da República denunciou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e outros 16 servidores por suposta fraude na compra de respiradores. A denúncia serve como uma luva à estratégia do Planalto de focar as investigações sobre a gestão da pandemia em estados e municípios. (UOL)
Recém-afastado da Superintendência Regional da PF no Amazonas, o delegado Alexandre Saraiva disse ontem, em depoimento na Câmara, que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles tornou legítima a ação de madeireiros ilegais e participou de fraude para proteger criminosos. Além do desmatamento, explicou o delegado, a liberação de 200 mil metros cúbicos de madeira ilegal envolve “grilagem de terras em larga escala”. (Globo)
O depoimento vai ser a base para um pedido de CPI feito pela bancada do PT, revelam Malu Gaspar e Mariana Carneiro. O objetivo é investigar atuação de Salles em favor de madeireiras na Amazônia, o que também motivou uma notícia-crime enviada por Saraiva ao STF. (Globo)
Jair Bolsonaro respondeu com ofensas à pergunta de uma repórter em Feira de Santana, na Bahia. Driele Veiga, da TV Aratu, indagou sobre a foto em que o presidente, dois ministros e um apresentador de TV aparecem segurando uma placa com um CPF e a tarja “cancelado”, uma expressão usada por grupos de extermínio para confirmar que alguém foi assassinado. “Não tem o que perguntar? Deixa de ser idiota”, reagiu Bolsonaro (vídeo do YouTube). Em sua conta no Instagram, Driele comentou: “A mim o xingamento não ofendeu. Só mostrou que estava no caminho certo. Sou jornalista e estou aqui para perguntar, por mais que a indagação incomode”. (Poder360)
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