segunda-feira, 12 de abril de 2021

Bolsonaro pressiona para mudar foco de CPI da Covid

 A abertura de uma CPI para investigar a conduta do Executivo na pandemia, determinada pelo ministro do STF Luiz Roberto Barroso, acendeu um sinal amarelo no Palácio do Planalto. A estratégia adotada pelo presidente Jair Bolsonaro é de pressionar senadores a ampliar o escopo para investigar também governadores e prefeitos. Sem isso, diz o presidente, a CPI “só vai ouvir gente nossa” e produzir “um relatório sacana”. A pressão (e os termos) estão numa conversa por telefone com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), que a gravou e divulgou no YouTube. Bolsonaro pediu também que Kajuru cobrasse andamento para os pedidos de impeachment contra ministros do Supremo, como forma de contra-atacar a Corte. (Globo)

E a pressão parece surtir efeito. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), protocolou um pedido à Mesa Diretora do Senado para que a comissão investigue também as condutas de prefeitos e governadores, o que não consta do pedido original. (Poder360)

Bem que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), resistiu, mas, diante da ordem de Barroso, anunciou para terça-feira a leitura em plenário da CPI. É o primeiro passo para sua instalação, mas não garante que ela funcione. Para isso, os partidos políticos precisam indicar seus representantes na comissão, algo geralmente usado para atrasar os trabalhos. Mas a pressão é grande. O presidente do STF, ministro Luiz Fux, marcou para quarta-feira a sessão virtual em que o Plenário vai decidir se mantém ou não a ordem de Barroso. (G1)

Bela Megale: “Sob forte pressão de Bolsonaro, a maioria do STF indica que manterá a decisão de Barroso sobre a instalação da CPI da Pandemia. Magistrados avaliam que a conversa por telefone entre o presidente e o senador Kajuru deixou mais evidente o medo de Bolsonaro da investigação que será aberta para analisar omissões do governo federal no combate à Covid-19.” (Globo)

Independentemente do escopo, há uma avaliação nos bastidores de que a comissão aumenta o poder de barganha do Senado, especialmente de Pacheco, diante do Executivo. Normalmente, os olhos do Planalto estão voltados para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em cuja gaveta hibernam os pedidos de impeachment. Agora, dependendo das investigações, os senadores terão de ser agradados também. (Folha)

Malu Gaspar: “Depois de fracassar na primeira tentativa de impedir a CPI da Covid-19, convencendo senadores a retirar assinaturas do requerimento por sua criação, o governo Bolsonaro agora tenta interferir na escolha dos integrantes, garantindo que a maioria seja a seu favor. Nesse xadrez, o bloco formado pelo PSDB e pelo Podemos é hoje o fiel da balança.” (Globo)




Para ler com calma. Existe uma instituição do Estado brasileiro que operou no extremo oposto ao negacionismo do Planalto da pandemia de Covid-19: o Exército. Aplicou amplamente testes de contágio, implementou regras de distanciamento e impôs o uso de equipamentos de proteção. O resultado foi que a taxa de letalidade pela doença na Arma foi de 0,17%, contra 2,6% da população em geral. E esse foi um dos motivos para o comandante Edson Pujol ser trocado. (Piauí)

Divergir do governo virou um risco para funcionários públicos, mesmo concursados, protegidos pela estabilidade. Levantamento mostrou pelo menos 650 casos de profissionais perseguidos ou vítimas assédio moral por motivos ideológicos nos últimos dois anos. (Globo)




Um dos maiores temores na eleição para o comando da Câmara era que, entronizado um aliado de Jair Bolsonaro, a pauta de costumes ultraconservadora avançasse na casa. Aconteceu o contrário. Diante da pandemia de Covid-19 e da queda de braço do Orçamento, Arthur Lira (PP-AL) adiou sine die a maioria dos temas caros a esse grupo, em especial à bancada evangélica. Apenas o projeto que regulamente a ensino doméstico dá sinais de prosseguimento. (Globo)




O Facebook escolhe por critérios de impacto a sua imagem os casos de manipulação política que combate. A acusação é feita Sophie Zhang, ex-funcionária do setor de combate a estes abusos. Ela mostrou a repórteres do jornal The Guardian pelo menos 30 casos de páginas com desinformação, quase sempre em favor de governantes, cujos acessos eram turbinados por likes e comentários de contas falsas. Este engajamento falso, devidamente identificado pelo próprio Facebook, faz com que as postagens sejam distribuídas para muito mais gente — ampliando acesso. Mas por ocorrerem em países considerados menos capazes de prejudicar a imagem da companhia — casos de Afeganistão, Iraque, Mongólia, México e um bom naco da América Latina — eram deixados de lado. A gigante do Vale não contesta qualquer um dos casos listados pelo jornal britânico, mas nega a conclusão de que o critério de dano à imagem da companhia é o que pesa na hora de interferir. (Guardian)




O ex-banqueiro Guillermo Lasso, candidato da direita, venceu ontem o segundo turno das eleições presidenciais no Equador, derrotando o economista Andrés Arauz, aliado do ex-presidente Rafael Correa. Coordenada pelo consultor Jaime Durán Barba, que ajudou a eleger na Argentina o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), a campanha de Lasso, muito centradas nas redes sociais, concentrou-se basicamente em ataques a Correa, que está exilado, e Arauz. O novo presidente terá de buscar uma coalizão no Congresso, já que sua aliança de partidos elegeu pouco mais 22% dos parlamentares. (Globo)




Manifestantes entraram em confronto com a polícia em Minneapolis, após um negro de 20 anos ser morto por policiais brancos ao tentar fugir de uma abordagem. O incidente aconteceu a poucos quilômetros de onde, em maio do ano passado, o também negro George Floyd foi asfixiado até a morte pelo policial também branco Derek Chauvin, cujo julgamento está em andamento. (G1)

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