Uma demanda nova para um debate antigo. A falta de vacinas para a covid-19 reaviva a pressão pela suspensão das patentes de empresas farmacêuticas na Organização Mundial de Comércio. Entidades de trabalhadores da Saúde afirmam que, se for liberada, a produção poderia passar de 12 milhões a 60 milhões de doses diárias. “Enquanto nos países ricos uma vacina é aplicada a cada 10 segundos, nos pobres apenas uma em cada 10 pessoas irá recebê-la neste ano”, diz Vanessa López, diretora da organização Saúde como Direito. À frente da discussão na OMC estão a África do Sul e a Índia, dois países com capacidade para fabricar os imunizantes em seus respectivos territórios. O Brasil, que no passado quebrou as patentes para os fármacos contra a AIDS, é hoje o único entre os países de renda média contra a suspensão dos direitos das farmacêuticas. O assunto divide a União Europeia. Emilio de Benito explica que o bloco, tradicionalmente defensor das patentes da farmaindústria, conta com elevado número de parlamentares (270 de 705) a favor da suspensão temporária desses direitos. O assunto que mobiliza as atenções na pandemia brasileira é outro, contudo. O Supremo Tribunal Federal (STF) terá a palavra final no debate sobre o funcionamento dos templos religiosos durante o auge da crise sanitária. Nos últimos três dias, os ministros da corte tomaram decisões distintas sobre a abertura das igrejas. Gilmar Mendes vetou o funcionamento de templos religiosos de São Paulo, enquanto Kassio Nunes Marques permitiu a abertura em Belo Horizonte. De Brasília, o repórter Afonso Benites conta que, após a divergência nos entendimentos, os 11 ministros do STF se reunirão na próxima quarta-feira para analisar todas as ações sobre o tema e criar uma regra unificada. Também nesta edição, um mapeamento do modus operandi dos quatro filhos mais velhos de Jair Bolsonaro —Flávio, Carlos, Eduardo e Jair Renan— na engenharia do poder em Brasília. “É um Governo feito a dez mãos”, diz o deputado federal Delegado Waldir (PSL-SP), integrante da base governista, sobre os herdeiros tão influentes quanto ministros na agenda e nas decisões do Planalto. Gil Alessi explica que além das investigações por crimes, que vão da prática de rachadinha e contratação de funcionários fantasmas até tráfico de influência, os integrantes do clã Bolsonaro partilham papéis na articulação política e atuam como conselheiros do pai. Bem longe daqui, na Rússia, para todos os efeitos 2024 deveria ser o ano da aposentadoria de Vladimir Putin. No entanto, uma lei assinada por ele zerou o contador de mandatos presidenciais e lhe permitirá, caso o presidente russo queira, disputar mais duas eleições e se perpetuar no poder. De Moscou, a correspondente María R. Sahuquillo conta que a polêmica medida, que tramitou durante um ano e foi submetida a consulta popular, dá a Putin a oportunidade de continuar ocupando o assento presidencial até 2036. Ainda nesta edição, o retorno de Greys Anatomy, a série que tornou o fato de detestar a sua protagonista um gênero em si mesmo. Noelia Ramírez escreve que a nova temporada reacendeu o desprezo pela personagem Meredith Grey nos fóruns de discussão da internet, como o “Odeio Meredith Grey” no Reddit. Na vida real, sua intérprete, Ellen Pompeo, é, agora, a atriz mais bem paga da televisão, mesmo após as 17 temporadas do drama egoísta de sua personagem. Fique em casa se puder. Ajude os mais vulneráveis se tiver chance. Se cuide. | |||||
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